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O pensamento mercadológico O Pensamento Mercadológico É fato notório a presença do intitulado “marketing” na vida cotidiana das pessoas, ainda mais no século XXI. Muitas vezes de forma explícita, mas, muito mais vezes, de forma imperceptível. Isso acontece fundamentalmente por meio de ações, ora quando um grupo de pessoas é caracterizado como “alvo”, ora quando tais pessoas são afetadas pelas decisões estratégicas das instituições em que trabalham. O grande desafio passa por entender o significado desse contexto. Afinal, o que é marketing? Muito se fala dele, sobre ele, contra ele, parecendo ser esse “ele” um ente superior que tenta controlar a vida de todos os seres humanos. Marketing não é uma pessoa. É um processo. A definição clássica de Kotler resume em uma frase a concepção fundamental de marketing: “Satisfazer as necessidades dos clientes, com lucro, num relacionamento de longo prazo”. Todo e qualquer conceito presente no universo de marketing deriva-se desse conceito. A partir daí, toda ação de marketing presente na vida de pessoas e instituições é planejada, executada e gerenciada a partir da satisfação de desejos e necessidades dos clientes. A lógica do pensamento mercadológico considera que um bom produto/serviço é aquele que tem bom desempenho em vendas, mas também que isso só acontece porque os desejos e necessidades dos clientes são atendidos. Se esse é o princípio, pode-se concluir que o processo de marketing não se presta a questionar tais desejos e necessidades, mas se atenta a entendê-los e atendê-los. Pode-se afirmar então que se um produto existe e vende, é porque atende a um conjunto de necessidades. O processo de marketing não questiona esse conjunto de necessidades, eles as entende e atende. Ser fiel a esse princípio implica, muitas vezes, em estabelecer uma nova visão de mundo. Diante dele, fica impossível caracterizar um produto de bom desempenho em vendas como um produto ruim, como comumente acontece com aqueles com forte identidade popular. Um bom gestor de marketing compreende um show de música sertaneja da mesma forma que entende um concerto de música de clássica. Ambos existem, podem ter vendas de ingressos esgotadas, mas atendem desejos e necessidades diferentes, ainda que presentes na mente de um mesmo consumidor final. Porque seriam esses desejos e necessidades necessariamente excludentes? A visão mais evoluída do conceito de marketing leva em consideração que não basta atender desejos e necessidades somente dos clientes, mas também de todos os grupos de interesse envolvidos nesse processo, os chamados stakeholders. É o que se denomina como “visão holística de marketing”. Obviamente, sabe-se que empresas possuem uma quantidade imensa de grupos de interesse relacionados a seu negócio e, por causa disso, deve estabelecer uma hierarquia nesse sentido. A título de exemplo, pode-se pensar que os fabricantes de remédio prescritos por meio de receita médica tem como alvo principal de suas campanhas de marketing os médicos, aqueles que não vão fazer uso de seu remédio, tão pouco comprá-lo e pagar por ele. Outra ressalva importante é considerar como princípio mercadológico que o processo de marketing não cria necessidades, todas elas já existem. Até mesmo aquelas a serem atendidas por produtos que ainda não existem. As necessidades a serem atendidas por um forno de micro-ondas já não estavam presentes na mente dos consumidores quando esse produto ainda não existia? Na verdade, o processo de marketing cria desejos, mas não necessidades. Tais desejos mudam ao longo do tempo, afinal, os desejos atendidos por um micro-ondas na época de seu lançamento eram muito próximos das necessidades atendidas por ele. Atualmente, vai muito além disso. Outra forma de se conceber o pensamento mercadológico é partir do pressuposto de que um produto é vendido em função do confronto existente entre o valor que se percebe nele e o valor do dinheiro necessário para adquiri-lo. Se essa diferença for positiva a favor do valor percebido, o produto é adquirido. Caso contrário, não. Mas exceções existem. E esse valor percebido, atualmente, é construído por meio de grandes investimentos em gestão de marcas. Marcas são signos que carregam um conjunto de significados e associações responsáveis por fazer com que o valor percebido em um produto se dê muito mais em função de questões emocionais do que racionais. Pensar mercadologicamente implica em conceber ou analisar um produto/serviço, antes de tudo, em função do conjunto de desejos e necessidades atendidos por ele. Esse conjunto é tão importante que o processo de marketing o considera como “o próprio produto”. Um bom profissional de marketing encara um shampoo feminino em função da necessidade de higiene pessoal a ser atendida, sendo essa comum a todo e qualquer cosmético desse tipo – o chamado ponto de paridade. Entretanto, tal profissional o encara, principalmente, em função do desejo presente, em maior ou menor grau, na mente de toda mulher, a vaidade. E a manifestação concreta dessa vaidade é o produto estampado com uma marca, juntamente com seu preço, o lugar onde se pode adquiri-lo e a forma como é promovido. Define-se como composto de marketing o conjunto de variáveis fundamentais para concepção de uma visão estratégica mercadológica inteligente. Na versão mais simples, são elas: produto/serviço, preço, distribuição e comunicação. Considerando a denominação em inglês, têm-se os 4P´s. É por meio da integração dessas quatro variáveis que desejos e necessidades serão atendidos. Trata-se de pensar, conceber, planejar e executar estratégias levando- se em conta tais variáveis de forma indissociável. Tem-se aí, a concepção de estratégia de marketing-mix. Ao conjunto de todas as necessidades e desejos que se atrelam a um produto/serviço se dá o nome de demanda. Evidentemente, a demanda advém daquilo que se denomina como mercado. Entende- se por mercado o conjunto de todos os clientes e possíveis clientes que uma empresa pretende atender por meio de suas categorias de produto/serviço. O mercado pode ser formado por pessoas (consumidores finais) e/ou empresas/instituições (corporativos), que podem adquirir bens diretamente de seus fabricantes ou por meio de intermediários, que juntos formam os canais de marketing. Se faz importante considerar que a demanda relacionada a um produto/serviço oferecido por determinada empresa está submetida à influência de forças incontroláveis, aquelas que tem sua origem no macroambiente, que podem ser pertencer aos seguintes cenários: natural, demográfico, político-legal, tecnológico, sócio-cultural ou econômico. Existem as forças parcialmente controláveis, advindas do microambiente, entendido aqui como a relação existente entre uma instituição e seus stakeholdres. Por fim, a própria empresa pode ou não estar preparada para o atendimento dessa demanda, em função de seus pontos fortes e fracos, que se originam de seu ambiente interno. Atividade extra Nome da atividade: assistir o filme “Do que as mulheres gostam” procurando identificar os princípios do pensamento mercadológico presentes no filme. http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27552/ Referência Bibliográfica KANAANE, Roberto; RODRIGUES, Carlos Eduardo, Curso de Marketing - Cenários, Estratégias e Ferramentas. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. LAS CASAS, Alexandre Luzzi, Marketing - Conceitos, Exercícios, Casos, 9ª edição. Rio de Janeiro: Atlas, 2017. GREWAL, Dhruv; Marketing. Porto Alegre: AMGH, 2017. AAKER, D. A. Marcas Brand Equity Gerenciando o Valor da Marca. São Paulo: Negócio, 1998. KELLER, K.L.; MACHADO, M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing, 14ª edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27552/
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