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CLÍNICA E TERAPÊUTICA DAS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO I O SISTEMA DIGESTÓRIO: Descrito como um tubo longo, oco, irregular que se estende da boca até o ânus, contendo glândulas anexas. Adaptado à mastigação dos alimentos, secreção de substâncias químicas, absorção de nutrientes e eliminação dos nutrientes não assimilados. ETAPAS DIGESTIVAS: Ingestão: regulada pela sensação de fome, caracterizada por mastigação, efetuada pelos músculos da mandíbula, dentes e língua, fragmentação do alimento e mistura com a saliva para deglutição. Digestão: transformação mecânica e química das macromoléculas por enzimas (pepsina, lipase, amilase gástrica), bile, tripsinas, quimotripsina, carboxipeptidases, elastase, colagenase, amilase, lipase, fosfolipase, colinesterase, ribo e desoxirribonucleases. Absorção: transporte dos alimentos digeridos, água, sais minerais e vitaminas para os capilares sanguíneos e linfáticos da mucosa intestinal. Excreção: eliminação dos resíduos não digeridos e/ou não absorvidos, restos de células e substâncias secretadas no intestino. BOCA: 1. ESTOMATITE (Inflamação da mucosa oral): A estomatite pode ter causa primária, na própria boca, devido a inflamações como a gengivite ou irritações por agressões químicas, mecânicas ou térmicas. A gengivite pode regredir, porém, se o animal desenvolve periodontite por cálculos dentários (tártaro), a extração dos cálculos e o tratamento podem controlar a inflamação, mas sem possibilidade de remissão total. 2. LESÃO DA REABSORÇÃO OSTEOCLÁSTICA: Os gatos apresentam gengivite e halitose comumente associadas à LROF (causa desconhecida) com aspecto semelhante à cárie. Ocorre a desmineralização do dente e inflamação e infecção da polpa (dor evidente). TRATAMENTO: Extração dos dentes comprometidos, uso de antibióticos e corticoterapia. 3. IRRITAÇÃO DA MUCOSA ORAL: Alimentação quente e apetite voraz (queimaduras que podem resultar em estomatite). Objetos pontiagudos e ossos – agressão mecânica da mucosa. Ingestão ou lambedura de substâncias corrosivas. 4. GENGIVITE: Inflamação da gengiva, que pode estar associada à estomatite, podendo evoluir para periodontite. TRATAMENTO: remoção da causa, higiene local, uso de anti-séptico e dieta líquida-pastosa (Solução salina e Bicarbonato de sódio – 3 a 4 vezes por dia). LÍNGUA: Nos gatos com rinotraqueíte, calicivirose, panleucopenia, FIV/FELV e cães com uremia, leptospirose podem ser observadas lesões ulcerativas da língua. TRATAMENTO: visa a reversão e alívio dos sintomas (Corticosteróide – 0,5 mg/kg, Anti-histamínico, alimentação líquida-pastosa). FARINGE: 1. FARINGITE: Inflamação da faringe que pode ocorrer por extensão dos problemas orais, cavidade nasal ou corpos estranhos. Sintomas comuns: anorexia ou falta de condições de se alimentar, disfagia, elevação da temperatura, sialorréia, aumento dos linfonodos submandibulares, tosse e engasgo simulando vômito por incapacidade de deglutir. Diagnóstico: exame de reflexo positivo – tocando os anéis traqueais suavemente, provocando reflexos de tosse. TRATAMENTO: remoção das causas, antibioticoterapia, dieta semi pastosa e sedativos da tosse. 2. DISFUNÇÃO CRICOFARÍNGEA OU ACALASIA: Obstrução por espasmo do esfíncter cricofaríngeo durante a deglutição – retardo da abertura do esfíncter superior ou abertura incompleta do esfíncter por distúrbio nervoso (idiopático). Sintomas comuns: regurgitação em cães jovens, animais imaturos quando passam a se alimentar. TRATAMENTO: miotomia cricofaríngea (prognóstico favorável em caso de tratamento cirúrgico). ESÔFAGO: 1. ESOFAGITE: Inflamação do esôfago. Pode ser consequência de ação por corpos estranhos, irritações térmicas, químicas e cáusticas, e por refluxo gastroesofágico. Sintomas comuns: regurgitação, disfagia, sialorréia, dor ao deglutir, anorexia, depressão e febre (pneumonia por aspiração) e perda de peso, desidratação (crônica ou grave). Diagnóstico: baseado na sintomatologia e por endoscopia. TRATAMENTO: nutrição, antagonistas de H2 (Cimetidina, Ranitidina e Famotidina). 2. ANOMALIAS DO ANEL VASCULAR: Má formações congênitas dos grandes vasos e seus ramos, que envolvem o esôfago torácico causando sinais de obstrução, geralmente causadas pela persistência do arco aórtico direito. Principais sintomas: regurgitação de alimento sólido (desmame), perda de peso, apetite normal e tosse/dispnéia (pneumonia). Diagnóstico: feito com auxílio de radiografia torácica e de contraste. TRATAMENTO: cirúrgico. 3. HIPOMOTILIDADE ESOFÁGICA, DILATAÇÃO ESOFAGIANA, MEGAESÔFAGO: Lesão anatômica devido a distúrbios do peristaltismo por desordem neuromuscular. Pode ser um problema congênito (megaesôfago idiopático congênito) ou adquirido, secundário a doenças como cinomose, hipotireoidismo, esofagite, neoplasias, entre outros. Principais sintomas: regurgitação, perda de peso, dispnéia, tosse, febre. Diagnóstico: é feito baseado na idade, sintomatologia, exames de radiografia, radiografia contrastada e endoscopia. TRATAMENTO: mudança alimentar (alimento semi pastoso), pequenas porções diárias, comedouros com pedestais. GLÂNDULAS SALIVARES: 1. SIALOADENITE: Inflamação das glândulas salivares (sublinguais, mandibular, zigomática e parótida). Sintomas comuns: exoftalmia, lacrimejamento, estrabismo divergente, relutância em ingerir alimentos, dor ao abrir a boca e glândulas firmes, quentes e doloridas. Diagnóstico: é feito baseado na palpação e sintomatologia. TRATAMENTO: antibioticoterapia, na presença de abscesso – drenagem cirúrgica. 2. CISTOS SALIVARES, MUCOCELE, SIALOCELE: Produção de saliva com obstrução de seu trajeto, com formação de massa indolor flutuante e mole. Dependendo das condições do paciente não deve ser manipulada ou drenada. TRATAMENTO: drenagem cirúrgica para retirada do líquido para exame. Em casos de recidivas aconselha-se a cirurgia. 3. NEOPLASIAS E TUMORES: As neoplasias mais frequentemente diagnosticadas em animais de companhia são: 1. Cães: fibrossarcomas, melanoma maligno, carcinoma epidermóide. 2. Gatos: carcinoma epidermóide Dependendo da neoplasia – o animal não se alimenta, fica prostrado e entra em emagrecimento progressivo. TRATAMENTO: pode ser cirúrgico, associado à quimioterapia e tratamento por radiação. · Existem tumores benignos muito frequentes nos animais, denominados epúlides, que podem se apresentar sob quatro tipos diferentes: 1. Acantomatoso (invasivo podendo se transformar em carcinoma); 2. Fibromatoso; 3. Ossificante (pode se transformar em osteossarcoma); 4. Células gigantes.
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