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Alteraçõe� d� consciênci� Consciência → estado vigil, grau de clareza do sensório. ● estado de estar desperto, acordado, vigil e lúcido ● nível de consciência → principais características: 1. o nível de consciência facilita a interação da pessoa com o ambiente de forma adequada ao contexto 2. o nível de consciência adequado pode ser evocado por estímulos externos ambientais e estímulos internos (pensamento, emoções, recordações) 3. o nível de consciência pode ser modulado pelas características dos estímulos externos e pela motivação que o estímulo implica no indivíduo 4. o nível de consciência varia ao longo do continuum desde o estado total de aleta até por redução do nível de consciência como estado do sono (fisiológico) ou coma (patológico) O nível de consciência está relacionado ao Sistema Reticular Ativador Ascendente oriundo do tronco cerebral que projeta suas ações até o córtex cerebral pelas projeções talâmicas. Além disso, os neurônios da parte superior da ponte e do mesencéfalo recebem impulsos das vias ascendentes como estímulos intrínsecos (proprioceptivos e viscerais) e extrínsecos (órgãos dos sentidos). **A lesão nesse sistema pode levar a alteração do nível de consciência. **Atividade do lobo parietal direito → reconhecimento do próprio corpo e objetos. **O tálamo filtra e regula as informações que chegam ao córtex cerebral. Assim, uma lesão nessa região pode gerar alterações dos níveis de consciência. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA: 1. Ritmo circadiano → oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico no período de 24h com oscilação do nível de consciência entre vigília e sono. ● são sincronizados pelo nível de luminosidade ● geram respostas em relação às situações do ambiente ● modulam a homeostase interna do cérebro ● se expressam em diversos níveis do funcionamento do organismo como molecular e órgãos 2. Sono → características: ● estado reversível com postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade ● estados cíclicos de sono não REM e sono REM ● mecanismos de regulação homeostáticos controlam sua duração e intensidade ● sofre influência de experiências que ocorreram na vigília Fases do sono: se repetem de forma cíclica a cada 70 min. 1. sono sincronizado sem movimentos oculares rápidos → sono não REM: O sono não REM é marcado por atividade cerebral síncrona com elementos eletrencefalográficos próprios (fusos do sono, complexos K e ondas lentas e de grande amplitude). ● redução da atIvidade do SNA simpático ● aumento do tônus do SNA parassimpático ● FC, FR, PA, DC e movimentos intestinais permanecem estáveis ● 4 estágios: a. Estágio 1 → mais leve e superficial com atividade regular do EEG de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2-5% do tempo total de sono) b. Estágio 2 → um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K (45-55% do tempo total de sono) c. Estágio 3 → sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3- 8% do tempo total de sono) d. Estágio 4 → estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas deltas e traçado bem lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10-15% do tempo total de sono) 2. sono dessincronizado com movimentos oculares rápidos → sono REM O sono REM é caracterizado por instabilidade no SNA simpático com variações da FC, FR, PA e do DC e fluxo sanguíneo cerebral. Além disso, observa-se um padrão de movimentos oculares rápidos e conjugados com relaxamento muscular profundo e generalizado. ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA: 1. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS → rebaixamento ou elevação do nível de consciência. a. Grau 1 = obnubilação: turvação da consciência ou sonolência patológica leve com rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. À inspeção inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o que pode dificultar o diagnóstico desse estado. De qualquer forma, há sempre diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Nota-se que o indivíduo tem dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente. Assim, mesmo não se notando a sonolência do paciente de forma evidente, observa-se, nos quadros de obnubilação, que a pessoa se encontra um tanto perplexa, com a compreensão dificultada, podendo o pensamento que expressa revelar confusão mental. No geral, o indivíduo diminui a atenção para as solicitações externas, dirigindo-se para a sonolência. Já se pode observar alguma lentificação do traçado eletroencefalográfico. b. Grau 2 = torpor: grau mais acentuado de rebaixamento da consciência onde o paciente se apresenta sonolento, responde apenas quando é chamado de forma enérgica e retorna ao estado de sonolência. A resposta aos estímulos externos, quando solicitado energicamente, é mais curta do que nos estados de obnubilação, mas menos frustra que no estado de sopor. Na obnubilação e no torpor, o paciente pode ainda apresentar traços de crítica e pudor, tentando cobrir as partes íntimas de seu corpo com o cobertor, quando em uma enfermaria ou emergência de hospital. No sopor e no coma, tal pudor e crítica da situação não existe mais, estando o indivíduo totalmente indiferente à exposição de partes íntimas (o que deve ser evitado sempre que possível, em respeito à pessoa). c. Grau 3 = sopor: marcante e profunda turvação da consciência como sonolência intensa que o paciente desperta por um período curto de tempo e em resposta a uma dor intensa. Nesse momento, o paciente pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa. Retorna, então, muito rapidamente, em segundos, à quase ausência de atividade consciente. Portanto, aqui, ele sempre se mostra intensamente sonolento, quase em coma. Embora ainda possa apresentar reações de defesa muito esporádicas, é incapaz de qualquer ação espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do que nos estados de obnubilação e de torpor. O traçado eletroencefalográfico acha-se global e marcadamente lentificado, podendo surgir as ondas mais lentas, do tipo delta e teta. d. Grau 4 = coma: perda completa do nível de consciência onde não há nenhuma atividade voluntária consciente. Presença dos seguintes sinais neurológicos: movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. Além disso, dependendo da topografia e da natureza da lesão cerebral, podem ser observadas rigidez de decorticação ou descerebração, anormalidades difusas ou focais do EEG com lentificações importantes e presença de ondas patológicas. 2. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS → modificação da propriedade do conteúdo da consciência. a. Estado crepusculares: Consistem em um estado patológico transitório no qual uma obnubilação leve da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada. os estados crepusculares, há, portanto, estreitamento transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência (que se restringe a um círculo de ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos. O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). Geralmente ocorre amnésia lacunarpara o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. Os estados crepusculares foram descritos classicamente como associados à epilepsia (relacionados à turvação da consciência após uma crise ou a alterações pré-ictais ou ictais), mas também podem ocorrer em intoxicações por álcool ou outras substâncias, após traumatismo craniano, em quadros dissociativos histéricos agudos e, eventualmente, após choques emocionais intensos. b. Estado segundo: Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Com certa frequência, alguns autores utilizam os termos “estado segundo” e “estado crepuscular” de forma indistinta ou intercambiável. Em geral, atribui-se, ao estado segundo, uma natureza mais psicogenética, sendo produzido por fatores emocionais (choques emocionais intensos). Já ao estado crepuscular, são conferidas causas mais frequentemente orgânicas (confusão pós-ictal, intoxicações, traumatismo craniano, etc.). c. Dissociação da consciência: Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. O termo “dissociação” pode cobrir não apenas a consciência como também a memória, a percepção, a identidade e o controle motor. Ocorre com mais frequência nos quadros anteriormente chamados histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). Nessas situações, observa-se a dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho (ganhando o caráter de estado onírico), em geral desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que produzem grande ansiedade para o paciente. Essas crises duram de minutos a horas, raramente permanecendo por dias. Alguns pacientes têm crises ou estados dissociativos agudos que se iniciam com queda ao chão, abalos musculares e movimentação do corpo semelhante à crise convulsiva (da epilepsia). Nesses casos, designa-se tal crise como crise pseudoepiléptica (em relação à crise epiléptica verdadeira). A dissociação da consciência pode ocorrer também em quadros de ansiedade intensa, independentemente de se tratar de paciente com personalidade histriônica ou traços histéricos, sendo a dissociação, então, vista como uma estratégia defensiva inconsciente (i.e., sem a deliberação voluntária plena) para lidar com a ansiedade muito intensa; o indivíduo desliga da realidade para parar de sofrer. Quadros dissociativos são também frequentes em pessoas com o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline. d. Transe: Estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. Ocorre sobretudo em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro- brasileiras e religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais). O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico-religioso, ocorrendo geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. Não se deve confundir o transe religioso, culturalmente contextualizado e sancionado, com o chamado transe histérico, que é um estado dissociativo da consciência relacionado frequentemente a conflitos interpessoais e alterações psicopatológicas. Os estados de transe e possessão culturalmente contextualizados e sancionados são fenômenos muito difundidos nas várias culturas em todo o mundo, vistos, na atualidade, como um recurso religioso e sociocultural que permite às pessoas, sobretudo às mulheres, lidar com as dificuldades da vida por meio de estratégias religiosas socialmente legitimadas. e. Estado hipnótico: É um estado de consciência reduzida e estreita e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e sua atenção, concentrada no hipnotizador. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico ou paranormal na hipnose. É apenas uma técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado da consciência.
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