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26/06/2017 1 Ecologia microbiana dos alimentos Biodiversidade de carnes Produtos enlatados Outros produtos Prof. Uelinton Pinto Capacidade de sobrevivência ou multiplicação Fatores intrínsecos aW pH Eh Composição Fatores extrínsecos Temperatura UR Atmosfera Fatores implícitos Interações positivas Interações negativas 26/06/2017 2 Como elas se adaptam às diversas variações impostas pelo ambiente? Como as células integram estímulos externos em seu interior? Bactérias deterioradoras Proteínas Deterioração de leite e derivados Gorduras Lactose Gosto amargo Gelatinização Rancidez Flavour de sujo Flavour metálico Acidez Acidez 26/06/2017 3 - Alta atividade de água; - Rica em substâncias nitrogenadas; - Minerais; - pH favorece o crescimento da maioria dos micro- organismos. Carne: excelente meio de cultura Condições de criação dos animais Ambiente do matadouro Operações de abate Evisceração Manipulação pós-abate Fontes de contaminação 26/06/2017 4 Carnes PSE (Pálida, Flácida e Exsudativa) - estresse no momento do abate acúmulo de lactato (redução rápida do pH) + temperatura alta do músculo carne libera água, torna-se flácida e com coloração amena. Carnes DFD (Escura, Firme e Seca) - estresse prolongado antes do abate esgota as reservas de glicogênio impede o declínio normal do pH músculo retém mais água, fica firme e de coloração escura mais susceptível à deterioração microbiana Fatores que afetam a ecologia microbiana em carnes - pH Micro-organismos deterioradores Grande potencial de deterioradores – carnes e produtos cárneos 1. Estocagem resfriada e aeróbica • Pseudomonas • Alcaligenes • Acinetobacter • Psychrobacter • Moraxella • Enterobacteriaceae 26/06/2017 5 Alterações em condições de aerobiose Limosidade superficial: - Pseudomonas e Alcaligenes: carnes frescas refrigeradas - Micrococos e leveduras: salsichas e lingüiças Rancificação; Fluorescência; Produção de pigmentos; Odores e sabores estranhos. Crescimento microbiano em carne vermelha refrigerada e estocada em aerobiose (DAINTY & MACKEY, 1992) Brochotrix thermosphacta Bactérias láticas Enterobactérias Pseudomonas Tempo em dias Odor indesejável Fatores extrínsecos – atmosfera gasosa 26/06/2017 6 Alterações em condições de anaerobiose São causadas por bactérias aeróbias facultativas e anaeróbias: crescem no interior da carne: Acidificação: acúmulo de ácidos orgânicos (fórmico, acético, propiônico): Clostridium butíricos e coliformes. Putrefação: decomposição anaeróbia de proteínas, produção de substâncias de odor desagradável: H2S, indol, escatol, putrescina, cadaverina. Clostridium e bactérias aeróbias facultativas. Crescimento microbiano em carne vermelha refrigerada e estocada a vácuo (DAINTY & MACKEY, 1992) Bactérias láticas Brochothrix thermosphacta Enterobactérias Pseudomonas Tempo em semanas Fatores extrínsecos – atmosfera gasosa Carne embalada a vácuo ácida, adocicada ou rançosa 26/06/2017 7 Alterações em carnes e derivados produzidas por micro-organismos Produtos fermentados (secos/semisecos) leveduras e fungos Enlatados esterilizados comercialmente gás e putrefação por Bacillus sp., Clostridium sp. Jay, cap. 5 26/06/2017 8 Biodiversidade microbiana de Alimentos Enlatados Classificação dos alimentos segundo o pH Baixa acidez - pH > 4,6 • produtos cárneos e marinhos; leites; alguns vegetais (milho, vagem) Ácidos - pH 4,0 - 4,6 • frutas (tomates, peras) Muito ácidos - pH < 4,0 • frutas, sucos de frutas, picles, chucrute 26/06/2017 9 ESTERILIDADE COMERCIAL O que é? Ausência de: • Micro-organismos capazes de multiplicar e de deteriorar o produto nas condições normais de armazenamento • Micro-organismos patogênicos capazes de multiplicar no produto Pasteurização < 100ºC • Temperatura baixa – Tempo longo (LTHT) – 62,8 ºC por 30 min • Temperatura alta – Tempo curto (HTST) – 71 ºC por 15 segundos – Eliminar células vegetativas de patógenos, reduzir deterioradores a níveis aceitáveis TRATAMENTO TÉRMICO 26/06/2017 10 Branqueamento < 100ºC Primariamente usado para frutas e hortaliças • Elimina alguns micro-organismos • Inativa enzimas • Remove oxigênio dos tecidos • Fixa cor TRATAMENTO TÉRMICO TRATAMENTO TÉRMICO Esterilização comercial > 100ºC – popularmente conhecido como apertização (enlatados) Enlatados: alimentos estáveis, térmicamente processados, embalados em recipientes selados hermeticamente 26/06/2017 11 Efeito do calor nos alimentos – Inativa micro-organismos – Inativa muitas enzimas – Destrói algumas vitaminas – Aumenta vida útil – Modifica textura – Modifica gosto 1 TEMPO/TEMPERATURA combinação necessária para inativar micro- organismos resistentes 2 CURVAS DE PENETRAÇÃO DE CALOR - características de aquecimento do alimento - características da embalagem (forma, tamanho, material) DETERMINAÇÃO DO TRATAMENTO TÉRMICO 26/06/2017 12 ALIMENTOS DE BAIXA ACIDEZ - pH > 4,5 inativação de esporos de Clostridium botulinum ALIMENTOS DE ALTA ACIDEZ - pH < 4,5 inativação de deterioradores : fungos, leveduras e bactérias lácticas ou esporuladas TRATAMENTO TÉRMICO Esterilização comercial TRATAMENTO TÉRMICO DE ALGUNS ALIMENTOS 26/06/2017 13 • Fatores que afetam a penetração do calor: tamanho da embalagem forma da embalagem consistência e espessura do alimento (características reológicas do meio) natureza do alimento (particulado vs líquido) TRANSFERÊNCIA DE CALOR Consideração: • Inativação de micro-organismos pelo calor é Logarítmica – Se, 90% da população é inativada no primeiro minuto de aquecimento, então: – 90% dos sobreviventes são inativados no segundo minuto e, – 90% dos sobreviventes serão inativados no terceiro minuto e etc….. CURVAS DE INATIVAÇÃO TÉRMICA 26/06/2017 14 log10N Tempo (min) 1 ciclo log valor D (min) Curva de destruição térmica TEMPO DE REDUÇÃO DECIMAL - D Valor D • Tempo necessário para reduzir em 90% a população a uma dada temperatura. • D = tempo p/ redução de um ciclo log a Temperatura T(°C) • D a 121 C é também conhecido como Dref 26/06/2017 15 Consideração: Sob condições de temperatura constante, a mortalidade de uma população microbiana é uma função logarítmica do tempo N0 é o número inicial de bactérias, N é o número de bactérias no tempo t de exposição a uma dada temperatura, D é uma taxa constante de inativação de bactérias (em minutos) a uma dada temperatura t= valor F tempo para reduzir “x” logs de m.os. Ou t= D.(logNo-logN) Valor D para algumas bactérias importantes em alimentos termicamente processados 26/06/2017 16 Tempo de morte térmica – Valor F • Tempo para inativar um certo número de micro-organismos a uma temperatura específica. • Fo: valor de referência, em minutos, a 121 C (~ 2,52 min). Destruição “12D” de C. botulinum (Conceito 12D) • Outro ex. de valor F: 63 C por 30 min é o tempo de pasteurização. F da pasteurização, F63C = 30 min Conceito 12D • Em 1012 recipientes contendo 1 esporo de C. botulinum em cada, apenas um recipiente sobraria com 1 esporo. • Fo= Dref (loga – logb) Dref do C. botulinum é 0,21 min • 2,52 min a 121C. Normalmente tomado como 3 min. Temp (oC) D (min) 110 19,65 113 10,46 115 4,92 118 2,56 121 1,23 Valor D para Clostridium sporogenes PA 3679 em função da temperatura 26/06/2017 17 log10D Temp (oC) 1 ciclo valor Z (oC) Valor Z Valor Z (oC) aumento de temperatura necessário para reduzir 10 vezes o valor D Valor z D em função da temperatura T1 e T2 são duas temperaturas (oC) dentro de uma faixa estabelecida, z é uma constante logarítmica (oC). Valor Z (oC) aumentode temperatura necessário para reduzir 10 vezes o valor D Ou Z= T2-T1/(logDT1- logDT2) 26/06/2017 18 Exercício Tratamentos térmicos equivalentes Tem que conhecer o Z e também um tratamento específico Neste caso, seria FT1 e FT2 Ex.: Pasteurização Lenta 63C, F é 30 min = Rápida 72 C, F é 20 segundos Qual o tratamento térmico equivalente na temperatura de 67 C? 26/06/2017 19 • Tipo e espécie • Fase de crescimento e estado fisiológico • Estado (biofilme, planctônico) • Condições físico-químicas do ambiente Fatores que afetam a resistência térmica de populações microbianas • Após envase: – Simples – Forma mais antiga de conservação pelo calor (apertização – esterilização comercial) • Antes do envase: – Menor dano ao produto – Requer condições de envase asséptico TRATAMENTO TÉRMICO ANTES OU APÓS ENVASE 26/06/2017 20 Armazenamento * Exaustão passagem das latas por túnel com injeção de vapor. Remove O2 residual da salmoura Recravação * somente vapor de água fica na lata Resfriamento * 35-37 °C água clorada Enlatamento com adição de salmoura Branqueamento* Água 85-90 °C, auxilia na fixação da cor, inativação de enzimas, melhora textura, remove O2 dos tecidos ETAPAS BÁSICAS DO ENLATAMENTO Seleção Recepção e lavagem da matéria-prima Água clorada 15 ppm Esterilização Comercialização CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza química corrosão interna da lata liberação de H2 mais comum em alimentos ácidos 26/06/2017 21 CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza física • enchimento excessivo da lata • ausência ou espaço livre inadequado • exaustão deficiente • operação incorreta da autoclave • vácuo excessivo da lata CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza química Natureza física Natureza microbiológica • Resfriamento inadequado 26/06/2017 22 CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza química Natureza física Natureza microbiológica • Resfriamento inadequado • Armazenamento altas temperaturas Germinação de esporos termófilos e consequente multiplicação CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza química Natureza física Natureza microbiológica • Resfriamento inadequado • Armazenamento altas temperaturas • Sub-processamento térmico 26/06/2017 23 CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Natureza química Natureza física Natureza microbiológica • Resfriamento inadequado • Armazenamento altas temperaturas • Sub-processamento térmico • Vazamento das latas Microbiota mista CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DE UM ALIMENTO ENVASADO Outros tipos de deterioração • ferrugem • corrosão externa Natureza química Natureza física Natureza microbiológica 26/06/2017 24 ALTERAÇÕES DE NATUREZA MICROBIOLÓGICA Deterioração pré-processamento térmico ou deterioração incipiente causa: tempo de espera muito longo até a esterilização • cultivos Ausência de crescimento no produto acabado Gera falhas no vácuo Produto com características alteradas (pH, sabor, odor, precipitados etc.) ALTERAÇÕES DE NATUREZA MICROBIOLÓGICA (cont) Deterioração por resfriamento inadequado das latas, após a esterilização comercial • esporos de micro-organismos termófilos podem multiplicar Cultivo • Micro-organismos termófilos 26/06/2017 25 Outros alimentos Produtos com alto teor de áçucar: balas, chocolates, xaropes, méis, doces Leveduras osmofílicas e fungos xerofílicos Peróxido de hidrogênio Lisozima Compostos fenólicos Ácidos orgânicos (pH 4) Aw ~ 0,55-0,65 Bebidas carbonatadas (refrigerantes) baixo pH (<4); alta conc. CO2; conservantes deterioração por leveduras e bac. ácido lático Falhas no processamento (limpeza inadequada dos equipamentos, controle de qualidade inadequado dos ingredientes) Deterioração: produção de gás excessiva, turbidez ou sedimentação, odores e sabores desagradáveis 26/06/2017 26 Cruz, 2012 Sucos refrigerados http://www.citrosuco.com.br/pt/fabrica.php Leveduras fermentativas, bolores, bactérias acidúricas Contaminação pós-processamento ou equip/ mal sanitizados 26/06/2017 27 Condimentos Havendo correta desidratação/armazenamento raramente deterioram-se Muitos possuem antimicrobianos naturais Problema de contaminação com esporos de bolores contaminam outros produtos relatos de contaminação com patógenos BPF, irradiação Maionese conservação por adição de ácidos (pH entre 3,6 – 4,0) e benzoato de sódio e sorbato de potássio. Aw – 0,93 deterioração: separação de fase, oxidação dos óleos por ação química ou biológica, produção de gases e odores butíricos por micro-organismos Zygosaccharomyces bailii; Saccharomyces; Lactobacillus 26/06/2017 28 Cervejas Viscosidade, bactérias do ácido lático (Lactobacillus, Pediococcus). Acidez Acetobacter. Turbidez e maus odores Zymomonas e leveduras selvagens (Saccharomyces). Vinhos Formação de filme na superfície levedura Candida valida. Acidificação Acetobacter oxidação do etanol a ácido acético. 26/06/2017 29 Referencias Sperber, W.H.; Doyle, M.P. Compendium of the microbiological spoilage of foods and beverages. Springer, 2009. Doyle, M.P.; Buchanan, R.L. Food microbiology: fundamentals and frontiers. 4th ed., Washington, DC, ASM., 2013, p.111- 126. QS – Prof. Uelinton Pinto - USP https://www.youtube.com/watch?v=zyNMWjd7ds8&feature=yo utu.be Vídeos de interesse Bonnie Bassler – Ted talk https://www.youtube.com/watch?v=TVfmUfr8VPA
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