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CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS - processo cicatricial: comum a todas feridas, independente do agente causador → coordenada cascata de eventos celulares, moleculares e bioquímicos que interagem para que ocorra a reconstituição tecidual sistêmico e dinâmico diretamente relacionado a condições gerais do organismo - Clark reclassificou o processo em 3 fases: inflamatória, de proliferação/granulação e de remodelamento/maturação estímulo: a lesão tecidual é o estímulo inicial para o processo de cicatrização → coloca elementos sanguíneos em contato com o colágeno e outras substâncias da matriz extracelular, provocando degranulação de plaquetas e ativação das cascatas de coagulação e do complemento a liberação de mediadores vasoativos e quimiotáticos que conduzem o processo cicatricial mediante atração de células inflamatórias para a região da ferida fase inflamatória: inicia imediatamente após a lesão, com liberação de substâncias vasoconstritoras, principalmente tromboxana A2 e prostaglandinas, pelas membranas celulares o endotélio lesado e as plaquetas estimulam a cascata da coagulação visando a hemostasia essa cascata é iniciada e grânulos são liberados das plaquetas, as quais contêm fator de crescimento derivado das plaquetas, fator de crescimento derivado dos fibroblastos, fator de crescimento epidérmico, prostaglandinas e tromboxanas, que atraem neutrófilos à ferida coágulo: formado por colágeno, plaquetas e trombina, que servem de reservatório proteico para síntese de citocinas e fatores de crescimento, aumentando seus efeitos resposta inflamatória se inicia com vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, promovendo quimiotaxia (migração de neutrófilos para a ferida) neutrófilos: primeiras células a chegar, com maior concentração 24h após lesão; atraídos por substâncias liberadas por plaquetas e aderem à parede do endotélio mediante ligação com as selectinas (receptores de membrana) macrófagos: chegam após 48-96 h da lesão, e são as principais células antes dos fibroblastos iniciarem a replicação *término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos e secreção de citocinas e fatores de crescimento *contribuem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para transição para fase proliferativa fase proliferativa: 4 etapas fundamentais → epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até o término da segunda semana fibroblastos e células endoteliais → principais células fatores de crescimento: 1. epitelização: ocorre precocemente se a membrana basal estiver intacta → células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias → de baixo pra cima se a membrana basal for lesada → células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora → aproximando das bordas 2. angiogênese: estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada 3. formação de tecido de granulação: parte final dessa fase 4. deposição de colágeno: liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida fase de maturação ou remodelamento: deposição de colágeno de maneira organizada (+ importante clinicamente) o colágeno produzido inicialmente é mais fino que o presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele o colágeno inicial (tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso (tipo I) é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão → aumento da força tênsil da ferida *fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que promovem a lise da matriz antiga *a cicatrização tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da antiga mesmo após um ano a ferida apresentará um colágeno menos organizado do que o da pele sã, e a força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% após três meses importância do colágeno: proteína mais abundante do tecido conectivo em fase de cicatrização; as várias diferenças na composição química determinam as funções biológicas degradação do colágeno: se inicia precocemente e é muito ativa durante o processo inflamatório a digestão ocorre em ambiente extracelular e é mediada por colagenases específicas: as séricas (elastase, catepsina C e protease neutra) e as metaloproteinases a formação da matriz extracelular é resultante de um balanço entre a deposição (síntese) e degradação de colágeno - tipos de cicatrização: primeira intenção: união imediata das bordas da ferida ● evolução asséptica e cicatriz mais linear e “estética” ● condições requeridas: coaptação das bordas e dos planos anatômicos ● evolui em 4 a 10 dias segunda intenção: não há contato entre as bordas da ferida por perda tecidual excessiva → espaço preenchido por tecido de granulação (superfície posteriormente irá reepitelizar) terceira intenção: limpeza, desbridamento e formação de tecido de granulação saudável para posterior coaptação das bordas = limpeza da lesão → surgimento do tecido de granulação → fechamento com sutura da lesão - fatores que influenciam a cicatrização: fatores locais: isquemia, infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho e edema/pressão tecidual elevada fatores sistêmicos: DM, deficiências de vitaminas, idade, hipotiroidismo, doenças hereditárias (síndrome de Ehler-Danlos), alterações da coagulação, trauma grave, sepse, queimaduras, insuficiência hepática e renal, insuficiência respiratória, tabagismo, radioterapia, desnutrição e uso de corticosteróides, drogas antineoplásicas, ciclosporina A, colchicina e penicilamina QUELOIDES e CICATRIZES HIPERTRÓFICAS: distúrbios da cicatrização; diferenciados pelo comportamento clínico - queloides: ultrapassam os limites da incisão - cicatrizes hipertróficas: restritas aos limites da incisão *não existem diferenças histológicas - microscopia: substância amorfa ao redor dos fibroblastos e há maior atividade metabólica e presença de anticorpos antinucleares - causa: resposta inflamatória excessiva durante a cicatrização, com perda do controle normal entre síntese e degradação - fatores de risco: trauma, disfunção de fibroblastos, níveis aumentados de fatores de crescimento ou outras citocinas e diminuição da apoptose - mais comuns em negros e em orientais - tratamento: o melhor tratamento para cicatrizes hipertróficas e queloides é a prevenção (fechamento sob mínima tensão) cuidados locais: hemostasia, manuseio adequado dos tecidos, uso de fios monofilamentares e desbridamento de tecidos desvitalizados formas de tratamento: ressecção cirúrgica, infiltração intralesional de corticóide, laser, uso de lâminas de silicone e betaterapia
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