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O ABC da avaliação neuropsicológica Jurema Alcides Cunha A avaliação neuropsicológica é um tipo bastante complexo de avaliação psicológica, porque exige do profissional não apenas uma sólida fundamentação em psicologia clínica e familiaridade com a psicometria, mas também especialização e treinamento em contexto em que seja fundamental o conhecimento do sis tema nervoso e de suas patologias (Lezak, 1995). Conseqüentemente, foge da abrangên cia deste livro um maior aprofundamento do assunto, tendo nos limitado, na edição ante rior, a discutir tópicos, como conceito da ava liação neuropsicológica, objetivos, métodos de inferência ou, ainda, tipos de abordagem (Cunha & Minella, 1993). Neste capítulo, vamos nos restringir a cha mar a atenção sobre algumas questões bási cas, enquanto o próximo capítulo será dedica do ao exame de alguns aspectos essenciais na avaliação de sintomas demenciais em idosos. Na área da avaliação neuropsicológica, con forme Lezak (1995), uma das maiores autori dades no assunto, há duas regras que, em hi pótese alguma, podem ser quebradas: a) "Tra te cada paciente como um indivíduo” e b) "Pen se a respeito do que você está fazendo” (p.110). Talvez você considere essas regras por demais elementares para serem propostas. Mas a idéia básica é de que todo o exame, todas as estra tégias usadas, as tarefas propostas e toda a sua atenção, numa avaliação neuropsicológi ca, têm de se adequar às particularidades indi viduais do examinando, às suas necessidades, bem como às suas competências e limitações. Isso vale dizer que, por mais que um psicólogo tenha especial preferência pelos ensinamentos freudianos, frente a um adulto que apresen tou mudanças de personalidade marcantes, afetando funções cognitivas, ele não vai se contentar em dizer que tais sintomas podem ter uma explicação psicodinâmica (Weinstein & Seidman, 1994), ainda que saiba que a de pressão pode ter efeitos sobre a atenção, con centração e memória. Não, cada caso é um caso, que deve ser examinado sob todas as perspectivas adequadas, a partir de hipóteses fundamentadas e não na base de idéias pre concebidas. Portanto, se as questões do enca minhamento envolvem menção de dificulda des cognitivas associadas com mudanças mar cantes de personalidade, num adulto, essas dificuldades constituem obrigatoriamente um primeiro foco de atenção. Entre as dimensões de comportamento, a que é o principal objeto de análise, na avalia ção neuropsicológica, é a cognição (e, particu larmente, a memória), seja por serem os pre juízos das funções cognitivas os principais cor- relatos de alterações cerebrais, seja por sua acessibilidade à mensuração, mas isso não sig PSICODIAGNÓSTICO - V 171 nifica que os problemas do SNC não se refli tam em outras dimensões do comportamento (Lezak, 1995). São prioridades no exame que se estabelecem. Por necessidades de pesquisa, entende-se que certos serviços ofereçam triagem, utilizan do baterias neuropsicológicas compreensivas, que são fixas, abrangendo um elenco invariá vel de testes administrados a todos os exami nandos (Goldstein & Hersen, 1990). Ainda que detenha algumas vantagens, a avaliação neu- ropsicológica competente implica que o psicó logo consiga enxergar, através de escores de testes, fatores pessoais que podem modificar o desempenho (Levin, Soukup, Benton et alii, 1999), com uma focalização mais completa no indivíduo. Por outro lado, outros advogam estratégias mais flexíveis, propondo uma abordagem de testagem de hipóteses. Às vezes, estas podem ser derivadas das questões de encaminhamen to. Mas, como salienta Lezak (1995), uma vez que tais questões não provêm de experts em neuropsicologia, nem sempre são apropriadas, pelo menos quanto à hierarquização das ne cessidades de investigação. Então, têm de ser consideradas não só tais questões, mas hipó teses podem ser geradas a partir de queixas do paciente, de sua história, do exame de seu estado mental, da impressão que causou ou de suas circunstâncias de vida atual. O que se pretende dizer é que iniciar uma avaliação for mal muito precocemente pode ser inadequa do pela perda de informações que acarreta (Lishman, 1998). Tais informações é que vão definir as áreas de investigação (Weinstein & Seidman, 1994), estabelecer prioridades e fun damentar a seleção de estratégias a serem uti lizadas. Tais hipóteses podem ser confirmadas por achados, utilizando normas quantitativas. Outras vezes, servem para dar início ao pro cesso com endereço predeterminado e, no de correr do exame, são redefinidas. Freqüentemente, o processo suscita, por sua vez, a testagem de duas hipóteses superpos tas: a) a hipótese da presença de um déficit cognitivo específico, levantada pela emergên cia de uma determinada resposta ou de um desempenho anômalo, e b) uma segunda hi pótese sobre a presença de determinada dis função cerebral, gerada por achados compro- batórios da primeira hipótese (Kaplan, Fein, Morris et alii, 1991). Este é um enfoque basi camente qualitativo. Conseqüentemente, esse tipo de avaliação pode se desenvolver a partir de hipóteses oriun das de várias fontes, inclusive podendo ser eli- ciadas durante a própria testagem. Portanto, podemos representá-la da seguinte maneira (vide Figura 8.1): Neste esquema, procuramos resumir duas possíveis abordagens, porque a hipótese sobre um déficit cognitivo pode ser gerada por qual quer das fontes de indícios ou pode só se defi nir mais adequadamente pela observação do desempenho do examinando. Essas duas abor dagens muitas vezes são equacionadas num modelo quantitativo e qualitativo, respectiva mente. Um exemplo do último caso pode ocor rer quando o encaminhamento se deu para um psicólogo clínico, por problemas em dimensão do comportamento diferente da cognição, e se verifica a emergência de determinados si nais no desempenho (por exemplo, nas esca- Fontes de indícios Hipóteses a< ’ Questões do encaminhamento Queixas do paciente História clínica ___ História da vida passada Circunstâncias atuais Desempenho em testes Figura 15.1. > Hipótese(s) sobre déficit cognitivo . Hipótese/s sobre disfunção cerebral 172 J u rem a A lcid es C unha las Wechsler), sinais sugestivos o suficiente para permitir levantar a hipótese de um déficit cog nitivo, que pode vir a ser confirmado em in vestigação mais especializada, desde que ou tras causas possam ser afastadas. Os déficits cognitivos podem ocorrer em quatro diferentes funções, que Lezak (1995), com muita propriedade, descreve conforme suas analogias com operações do computador, como de input, armazenagem, processamen to e output (vide Quadro 15.1): QUADRO 15.1 Capacidades envolvidas pelas funções executivas Funções cognitivas Manejo das informações Funções receptivas (input) seleção, aquisição, classificação e integração Memória e aprendizagem armazenamento e re- (armazenagem) evocação Pensamento organização e (processamento) reorganização mental Funções executivas comunicação ou infor- (output) mação posta em ação Fonte: Lezak, 1995, p.22 (adaptado do texto). Portanto, a partir de diferentes fontes de indícios, podem ser geradas hipóteses sobre a presença de déficit ou déficits em determina das funções cognitivas. Com base nas hipóte ses, são selecionadas tarefas (testes) que en volvem o exercício de certas atividades, com preendidas por tais funções. No decorrer do desempenho dessas tarefas, ou em seu produ to final, poderão ser encontrados resultados comprobatórios da probabilidade de uma dis função cerebral. Já numa abordagem mais exploratória, será o desempenho na tarefa que permitirá levan tar uma hipótese sobre déficit numa função cognitiva. Chegar a tal hipótese seria possível, porque certo sinal ou sinais (erros, omissões, distorções, etc.) sugeriram a possibilidade de um déficit cognitivo. "Se tal déficit é confirma do por outras respostas, torna-se a base para levantar hipótesesacerca de disfunção do SNC” (Kaplan, Fein, Morris et alii, 1991, p.107). Tarefas do neuropsicologista, pois, são "a identificação e a mensuração de déficits psico lógicos, porque é primariamente através de deficiências e de alterações disfuncionais da cognição, da emocionalidade, bem como da autodireção e manejo (isto é, das funções exe cutivas), que a lesão cerebral se manifesta com- portamentalmente” (Lezak, 1995, p.97). Ava liar tais déficits e alterações, porém, não dimi nui a importância de fazer uma apreciação das competências do indivíduo, bem como de me dir mudanças, no quadro neuropsicológico, através do tempo (Seidman, 1994). Essas refe rências a tarefas servem para lembrar que, ver dadeiramente, muitas das avaliações neurop- sicológicas pressupõem propósitos múltiplos, ainda que não raramente o encaminhamento tenha sido feito apenas por uma razão (Lezak, 1995). Não obstante, um encaminhamento ocor re quando há pelo menos uma pressuposição da presença de déficit ou de comportamentos sintomáticos supostamente "resultantes de danos, doenças ou desenvolvimento cerebral anormal” (Levin, Soukup, Benton et alii, 1999). Assim, os casos passíveis de encaminhamento para avaliação neuropsicológica são muito va riados. Weinstein e Seidman (1994), após uma revisão da literatura sobre casos de adultos que poderiam se beneficiar com tal exame, fizeram uma lista da qual vamos extrair alguns exem plos. Pacientes podem ser encaminhados por que foi observado que apresentaram "mudan ças marcantes de personalidade, após os 40 anos” ou após uma intervenção cirúrgica, ou, ainda, por demonstrarem "um gradual declí nio na cognição”. Podem ter tido um acidente vascular cerebral ou terem "uma história lon ga de abuso de substâncias”. Podem ter sofri do "um dano cerebral traumático (até aparen temente leve)” ou virem apresentando "explo sões de cólera transitórias, mas incontroláveis”. Podem estar sendo submetidos a "medicações múltiplas que afetam cognição/comportamen to” ou terem "déficits cognitivos secundários a transtornos de ordem médica, como AIDS ou diabete melito” (p.56). Na realidade, pode-se concordar que as questões levantadas sobre os mais variados casos podem ser classificadas resumidamente em duas categorias: questões diagnósticas e questões descritivas (Lezak, 1995). As questões PSICODIAGNÓSTICO - V 173 diagnósticas sempre envolvem perguntas que têm que ver com diagnóstico diferencial. É cla ro que a abordagem atual não admite um con ceito unitário de patologia cerebral (Cunha & Minella, 1993), mas procura fazer discrimina ções importantes entre condições que podem apresentar efeitos comportamentais semelhan tes, ou comparar, por exemplo, o nível atual de desempenho com o presumível desempe nho pré-mórbido, etc. Na realidade, "neuro- psicologistas não podem estabelecer um diag nóstico neuropsicológico, mas podem forne cer dados e formulações diagnósticas que con tribuem para as conclusões diagnósticas” (Le- zak, 1995, p.111). Já as questões descritivas envolvem a ava liação de capacidades específicas, que vão fun damentar decisões sobre o indivíduo, seja no que concerne à sua vida escolar, profissional ou, mesmo, no que diz respeito a seus direitos e deveres como cidadão. Por outro lado, tam bém nesta categoria, recaem avaliações que se sucedem através do tempo, num sentido de documentar melhora ou deterioração, seja para planejar ou monitorar o tratamento. Mas há dois pontos dignos de nota, que devem ser analisados. Em primeiro lugar, se os encaminhamentos a exame neuropsicológico, em que questões diagnósticas principalmen te, no passado, tinham que ver com localiza ção cerebral, atualmente, são muito pouco fre qüentes, dada a sofisticação atual de recursos técnicos, mas ainda persistem em "condições em que mesmo os estudos laboratoriais mais sensíveis não podem ser esclarecedores, do ponto de vista diagnóstico” (Lezak, 1995, p.8). Entre tais condições, a autora cita "encefalo- patias tóxicas, doença de Alzheimer e outros processos demenciais”, bem como "trauma cerebral leve” (p.8). O outro ponto que seria importante salien tar é que, por vezes, há uma grande expectati va em relação à avaliação neuropsicológica, sendo "esperado um grau de exatidão dos tes tes psicométricos que é irrealístico” (Lishman, 1998, p.108). Assim, por um lado, é essencial lembrar que os instrumentos não podem ser utilizados sem serem submetidos a estudos de suas características psicométricas e normatiza- dos, em amostras de sujeitos normais e de gru pos de pacientes com diagnóstico formaliza do. Isso demanda tempo. Dessa maneira, os avanços que ocorrem no campo da psicome- tria não podem seguir par a par com progres sos tecnológicos que ampliam o conhecimen to do SNC e de suas patologias. Por outro lado, inúmeros fatores, como fadiga, motivação, tipos de medicação, etc., podem ocasionar flutuações no ritmo do desempenho do pa ciente. Portanto, a contribuição da neuropsi- cologia só pode ser feita numa base probabi- lística. Já a situação parece ser um pouco diversa no acompanhamento da evolução dos casos, pois, tendo-se uma linha de referência prelimi nar, acréscimos e decréscimos são mais facil mente estimados, considerando que se com para o paciente com ele mesmo, através do tempo, com grande vantagem para a monito rização dos casos de interesse. Mas quaisquer que sejam as razões do en caminhamento e a categoria das questões en volvidas no exame, todas as informações e to dos os achados só podem ser entendidos den tro de um contexto, em que são essenciais, pelo menos, a idade do indivíduo, sua história de vida, seu nível de escolaridade (o número de anos de educação formal) e sua dominância manual. Ao se falar em idade, não se tem em mente o tipo de bateria de testes utilizados, pois é óbvio que há instrumentos diferenciados con forme a faixa etária. Assim, em termos de uma avaliação neuropsicológica, só nos interessam normas da população geral, para descrever como o sujeito se situa, em termos de forças e fraquezas individuais, quando, por exemplo, ele vai ter de usar suas capacidades profissional mente (isto é, vai competir com os demais). Caso contrário, um dos marcos de referência básicos é a idade. Vejamos as escalas Wechs ler. Constituem conjuntos de subtestes que subentendem tarefas que envolvem atividades dependentes de funções cognitivas. Ora, fun ções cognitivas desenvolvem-se com a idade e declinam com a idade. Qualquer escore de sub teste só adquire sentido em relação a normas do grupo etário do examinando, mesmo por- 174 Jurem a A lc id e s C u n h a que, se existe qualquer déficit, dados globais, como o QI, são de escasso interesse como re ferencial. Além disso, a história de vida, colhida com muito cuidado e minúcia, é sobremodo útil. A propósito, há um relato na literatura, aqui apre sentado muito resumidamente, que parece especialmente ilustrativo a esse respeito. Tra ta-se do caso de uma senhora de 34 anos, per feitamente ajustada ao seu estilo de vida, que subitamente apresentou mudanças marcantes de personalidade e modificações de hábitos. Certas habilidades manuais, que desenvolvera muito bem e lhe davam muito prazer, já não tinham interesse. Na história, chamaram a atenção as queixas de leves sintomas de cefa- léia, sonolência, de certa irritabilidade com os filhos e algumas dificuldades de memória que apareceram após um acidente de carro, mas, aparentemente, sem relação com tal ocorrên cia, uma vez que resultados de exames de roti na (CT e MRI) foram normais. Uma exploração mais profunda e uma extensiva avaliação neu- ropsicológica não só confirmaram a hipótese de uma disfunção cerebral, como de uma rea ção emocional a essa, sentindo-se a mulher culpada, porque suas limitações não lhe per mitiam dar aos filhos o apoio e a ajuda de an tes (Weinstein & Seidman, 1994). Cada vez mais, tem-se consciência sobre a influênciaque tem a quantidade em anos de educação formal sobre o desempenho do indi víduo, não só em instrumentos verbais, como também em tarefas cujo caráter nada tem de verbal. Os dados normativos mais recentes de vários instrumentos usados em avaliação neu ropsicológica, como, por exemplo, o Teste Wis consin de Classificação de Cartas (Heaton, Che- lune, Taley et alii, 1993), são corrigidos demo- graficamente em relação às variáveis idade e escolaridade. Tal influência do fator escolaridade já vem sendo reconhecida há bastante tempo, tendo importância não só para a seleção de técnicas, como na interpretação dos achados. Foi feito, por exemplo, um estudo que demonstrou a existência de correlação, em nível significante, de cada um dos cinco índices da Escala de Memória Wechsler Revisada, a WMS-R (Wechs- ler, 1987) e escolaridade. Assim, um escore do Índice de Memória Geral, igual para dois indi víduos, poderia ser considerado baixo para o que tivesse mais de 12 anos de educação for mal, e perfeitamente aceitável para aquele com oito anos de escolaridade apenas. Tal informa ção sobre anos de educação formal permite uma interpretação mais realística de um acha do de teste, quando inexistem dados sobre o funcionamento pré-mórbido da memória. Quanto à dominância lateral, é uma infor mação também importante, porque o desem penho, com a mão preferida ou com a não- preferida, pode variar quanto à velocidade e força e, eventualmente, levar a erros de distor ção. Segundo estudos revisados por Lezak (1995), sabe-se que cerca de 90 a 95% dos in divíduos são destros. A mão direita é preferi velmente usada, não só por seres humanos, mas pelos primatas em geral, e isso decorre de uma determinação genética. Conforme a lite ratura, "trauma precoce ou, mesmo, aconteci mentos pré-natais podem afetar a preferência manual do adulto” (p.301), embora se regis trem variações em alguns grupos étnicos ou em certas famílias. Torna-se, pois, extremamen te importante verificar qual a mão usada pre ferencialmente pelo paciente, pois o fato pode ter implicações para a organização cerebral. E, uma vez que existe determinação genética, é essencial investigar qual a preferência manual dos parentes de primeiro grau do examinan do. Weinstein e Seidman (1994) apresentam exemplos de reproduções gráficas feitas por pessoas normais, chamando a atenção para alguma diferença observável no desenho de um sujeito destro com pais canhotos, situação que caracterizam como de "dominância anômala” (p.58). Por certo, essas são apenas algumas infor mações, pequenos exemplos, que visam a ilus trar a complexidade da avaliação neuropsico- lógica, o que lembra a total superação das an tigas formulações de comprometimento cere bral como condição unitária. Atualmente, como afirma Lezak (1995), "em neuropsicologia, re conhece-se lesão cerebral como um fenômeno mensurável multidimensionalmente, que exi ge uma abordagem de exame multidimensio- Psicod iagn óstico - V 175 nal”. E acrescenta que, "ainda que lesão cere bral seja útil, como um conceito organizacio nal para uma ampla série de transtornos com- portamentais, ao lidar com pacientes individuais, o conceito de lesão cerebral só se torna significa tivo em termos de disfunções comportamentais específicas e de suas implicações referentes à patologia cerebral subjacente”* (p.19). *N. da A. O grifo é nosso. 176 Jurem a A lc id e s C u n h a