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Fases da cicatrização Introdução • Feridas são interrupções do tecido cutâneo, quando ocorrem há desequilíbrio fisiológico • Objetivo: discutir o processo de cicatrização, e as possíveis causas e tratamento utilizados em lesões cutâneas Pele • É o maior órgão dos vertebrados ➢ 24% peso de cães filhotes ➢ 12% de cães adultos • É a barreira seletiva com o meio externo, faz a proteção mecânica contra microorganismos e evita a perda de fluidos e calor Epiderme – mais fina na maior parte do corpo nas áreas com pelame mais denso • Mais grossa e queratinizada no focinho e coxins Derme – mais espessa • Contém os vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, folículos pilosos, glândulas, ductos e fibras musculares lisas • Fibras colágenas, reticulares e elásticas Hipoderme – tecido subcutâneo Particularidades • Cães e gatos não possuem vasos musculocutâneos como nos humanos, suínos e macacos • Nos humanos os vasos são perpendiculares a pele, diferente nos cães e gatos que tem vasos paralelos – agem de maneira negativa em alguns enxertos pediculares • Gatos tem uma perfusão sanguínea menor em comparação aos cães (demora mais para cicatrizar) • Feridas cicatrizadas por primeiro intensão tem força de tensão menor, hipótese de menor produção de fibras de colágeno • Normalmente feridas por segunda intenção em cães nota-se mais exsudativa, edematosa e eritematosa • Gatos formam menos tecido de granulação, com coloração mais pálida e tende a crescer das bordas para o centro Cicatrização > É um processo biológico que restauram a continuidade do tecido perdida > Restauram ou substituem por colágeno, essas fibras podem voltar a ter a mesma função que antes ou não > Eventos físicos x químicos x celulares > Fases: Ferida → Inflamação → Proliferação ou reparo → Remodelamento ou maturação > As fases não precisam acontecer de maneira isolada, podem acontecer em conjunto 1. Inflamação • Se inicia no início da lesão • Há aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia de células circulatórias, liberação de citocinas e liberação de fatores de crescimento • Ocorre a ativação de células (macrófagos, neutrófilos, linfócitos e fibroblastos) • No início há contração dos vasos para diminuir o calibre dos vasos (por 5 a 10 minutos), essa diminuição ajuda a promover uma coagulação mais eficiente Através da trmboplastina vinda das células lesionadas, ocorrerá a união plaquetária que irão se difundir com a tromboplastina começando a formais mais agregados plaquetários • Depois disso os vasos começam a se dilatar e extravasar fibrinogênio e outros elementos de coagulação (para formar o coágulo) • Plaquetas liberam fatores que serão importantes em todos os estágios da cicatrização (fatores de crescimento transformadores) • Transudato de plasma e fibrina – preenchem a ferida e confinam a inflamação “colando” a ferida de maneira limitada • Coágulo é a barreira contra infecções e perda de líquido e substrato • Coágulo formado (agregado de plaqueta + transudato de plasma e fibrina) seca e forma uma crosta que irá auxiliar na cicatrização por cima dela • Depois da formação do coágulo começa uma segunda fase, há o aparecimento de outras células inflamatórias que começam a chegar na ferida (plaquetas, mastócitos, macrófagos) que liberam mediadores inflamatórios, como: histamina, serotonina, enzimas lisossomais, tromboxano e fatores de crescimento Desbridamento (fase de limpeza) • Formação de exsudato composto por leucócitos e tecido morto • Neutrófilos e monócitos – 6 a 12 horas após a lesão • Neutrófilos aumentam – fagocitose de microorganismo que controlam a infecção • Monócitos são estimulados e começam a liberar fatores de crescimento e promovem a remodelação tecidual, os macrófagos secretam colagenases, removendo o tecido necrosado 2. Proliferação ou reparação • Inicia de 3 a 5 dias após a lesão • Além da ação dos macrofágos, as citocinas e a acidez celular promovem a proliferação de fibroblasto • Os fibroblastos são produzidos nas células adjacentes e migram pela fibrina no coágulo por diapedese • Fibroblastos que sintetizam e depositam colágeno, elastina e proteoglicanos • Conforme há deposição de colágeno as fibrinas vão desaparecendo e a força da ferida aumenta • Colágeno tipo III é o primeiro a ser depositado e depois será substituído por colágeno tipo I (cerca de 2 a 3 semanas) • A substituição por colágeno tipo I determina o final da dase de reparação Vascularização • Ocorre a invasão de capilares atrás da migração de fibroblastos estimulada pelos macrófagos • Surgem nos vasos existentes e se unem a vasos rompidos ou outros capilares • O tecido de granulação é formado por capilares + fibroblastos + tecido fibroso. Cresce de 0,4 a 1mm por dia, e é carnoso e vermelho vivo • Vai substituir o coágulo por completo e preenche a ferida, protege contra infecções e propicia superfície para migração epitelial Epitelização • As células epiteliais que estão em volta da ferida vão começar a se mobilizar, migrar, proliferar e se diferenciar por cima do tecido de granulação (sem tecido de granulação não há epitelização) • Células epiteliais aumentam de tamanho, tornam-se planas e movem-se até preencher todo o leito da ferida • Há formação de um novo epitélio que é uma camada fina e frágil, que vai se espessando com o tempo • A epitelização de feridas suturadas é visível em 4 a 5 dias (ambiente úmido é favorável) • Feridas suturadas com epitélio justaposto, o processo de epitelização se dá nas primeiras horas Contração da ferida • Ocorre de maneira simultânea as outras fases e é responsável por aproximar as bordas da ferida para o centro • Reduz o tamanho da ferida: reorganizando o colágeno e contraindo os miofibroblasto nas bordas (0,6 a 0,8 mm por dia) • As bordas são puxadas para dentro, esticando a pele ao redor, conferindo um aspecto estrelado para ferida • Há restrição quando a pele é inelástica ou esta sob tensão 3. Remodelamento ou maturação • Se inicia após a deposição total e adequada do colágeno • Podendo durar vários anos • O tecido de granulação reduz (é absorvido e vai embora) • As fibras de colágeno se remodelam e aumentam a força da ferida, porém só recuperam 80% da força original • Há redução de capilares, conferindo a ferida um aspecto mais claro INFLAMAÇÃO PROLIFERAÇÃO REMODELAMENTO • Aumenta permeabilidade dos vasos • Agregação plaquetária • Formação do coágulo = fibrina + plasma • Ativa células circulatórias • Mediadores inflamatórios • Desbridamento – ação específica de cada célula • Migração de fibroblastos • Substituição da fibrina por colágeno - FORÇA • Colágeno III -> Colágeno I • Capilares invadem ferida • Tecido de granulação • Migração, Proliferação e diferenciação de células epiteliais • Contração da ferida • Reorganização do colágeno • Redução dos capilares Classificação de feridas Fatores que interferem na cicatrização • Fatores do hospedeiro x Características das feridas x Fatores externos Fatores do hospedeiro > Animais velhos tendem a demorar mais a cicatrizar > Animais desnutridos com concentrações protéicas baixas (1,5 – 2 mg/dL), animais com concentração de albumina baixa vão ter uma cicatrização mais lenta > Doenças hepáticas causa deficiência nos fatores de coagulação > Hiperadrenocorticismo, diabetes melitus > Animais que tiveram tempos cirúrgicos e anestesicos longos > Gatos tem força da ferida reduzida comparada à cães, cicatrização por segunda intensão é mais lenta com menor tecido de granulação Características das feridas > Periósteo, fáscia, tendão e bainha de nervos não suportam tecido de granulação > Materiais estranhos na ferida (sujeira, resíduos, fios e implantes) podem causar reações inflamatórias intensas, dificultando o processo natural > Agentes infecciosos podeminibir antibióticos e leucócitos, e liberar enzimas colagenoliticas > Prejuízos no suprimento de sangue por traumas ou ataduras apertadas retardam a cicatrização Fatores externos > Corticosteroides inibem as fases da cicatrização e aumentam a chance de infecção > Aines (anti-inflamatórios não esteroidais) suprimem a inflamação – mas tem pouco efeito ( é usado e sempre é preferível aos corticosteroides) > Aspirina retarda a coagulação porque inibi a agregação plaquetária > Algumas drogas quimioterápicas e radioterapia podem inibir a cicatrização Fatores que favorecem a cicatrização • Fatores do hospedeiro x Características das feridas x Fatores externos Fatores do hospedeiro > Filhotes tem reparação tecidual mais rápida Características das feridas > Feridas fechadas com curativo bem-feito > Curativo não pode ter pressão, porque pode comprometer o fluxo sanguíneo, oxigenação tecidual e estimula granulação > Feridas fechadas fazem um controle bacteriano mais eficaz e dimunui o risco de movimentação celular Fatores externos > Vitamina A, Vitamina E e Aloe vera podem promover melhora na cicatrização > Tratamento com campo eletromagnético, acelera as fases de contração > Oxigenioterapia hiperbárica , estimula a formação de novos capilares > Ultrassom e fototerapia, encurtam inflamação e estimulam reparação tecidual > Ambiente úmido e quente, estimula cicatrização > Feridas criadas com bisturis cicatrizam mais rapidamente do que com outros objetos cortantes (tesouras, bisturis elétricos, e feridas traumáticas) Feridas • “Quebra da continuidade cutânea, com comprometimento da proteção do tecido ou de funções fisiológicas.“ • Fatores intrínsecos (infecções, defeitos metabólicos, neoplasias) ou extrínsecos (traumático) • Classifica-las e identificar causa e origem, importante que histórico e anamnese seja muito bem- feito Classificação: • Abertas – lacerações ou perdas de pele expondo o tecido subcutâneo • Fechadas – lesões por esmagamento e contusões (hematoma), onde não há perda da pele Etiologia (quem causou a ferida): • Abrasão – perda de epiderme e derme (coceira excessiva, ralado grande) • Avulsão – ruptura do tecido e suas inserções • Incisão – criada por objeto cortante com bordas bem regulares • Laceração – quando há ruptura dos tecidos com bordas irregulares (“incisão” mordida) • Punção ou puntiforme – projétil ou objetivo pontiagudo Contaminação > Informações são obtidas no histórico e exame físico do paciente • Limpa: ferida cirúrgicas assépticas • Limpa-contaminada: cirúrgicas contaminadas ou leve contaminação externa • Contaminada: moderada infecção ou uma contaminação controlada • Suja e infectada: alto grau de infecção LIMPA LIMPA CONTAMINADA CONTAMINADA SUJA-INFECTADA • Cirúrgica asséptica • Não traumática • Ex. Cirurgias respiratórias, gastroentericas ou geniturinárias • Cirurgias sem aparente contaminação: respiratórias, gastroentéricas e geniturinárias • Feridas limpas e com menor grau de contaminação • Abertas de origem traumática • Cirúrgicas com grande quebra da antissepsia • Cirúrgicas em áreas inflamadas • Cirúrgicas em áreas infeccionadas ou próximas a ela • Traumática antiga Infecção clínica ou perfuração de vísceras • Contaminação por pús • Nível superior a 10ˆ5 microrganismos por grama de tecido Feridas abertas Duração da contaminação • Classe I: Limpas ou com mínima infecção bacteriana, de 0 a 6 horas de duração • Classe II: Moderada infecção bacteriana, de 6 a 12 horas de duração • Classe III: Importante infecção bacteriana, acima de 12 horas de duração Causas cirúrgicas • Incisão: sem perda tecidual e bordos justapostos, normalmente suturados • Excisão: remoção de pele (área de retirada de enxerto), quando há perda tecidual • Punção: procedimentos terapêuticos (cateterismo, paracentese, biópsias) Causas traumáticas • Mecânica: perfuração ou corte • Química: agente químico ácido ou alcalino que lesiona o tecido (soda caustica, ácido sulfúrico) • Físico: frio, calor ou radiação, colchão térmico, ferro Causas ulcerativas → Escavamento, normalmente circunscritas leva a necrose do tecido • Ausência do suprimento sanguíneo ao tecido ou causa metabólica • Pressão, estase venosa ou arterial e diabéticas Evolução • Agudas: Recentes • Crônicas: Tempo maior de cicatrização que o esperado, ou quando não há cicatrização alguma. Difícil de cicatrizar
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