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Vict�ria K. L. Card�so Feriment�s e cicatrização Ferimentos Tipos de ferimentos: ● Feridas abertas: são lesões com descontinuidade da pele, que podem variar em profundidade, comprimento e forma.bvgjkhhkhkbkvkgkgk ● Escoriações ou abrasões: ferimentos simples que atingem a camada mais superficial da pele. ○ Mecanismos de trauma: atrito da epiderme em uma superfície regular e não perfurante. ● Ferimentos perfurantes ou puntiformes: são causados por instrumentos finos e pontiagudos com diâmetro transverso reduzido e comumente têm aspecto circular. ○ Mecanismo do trauma: prego, espeto, agulha, lápis, caneta, anzol… ■ Faca não entra pois tem corte lateral. ● Ferimento por incisas ou por cortantes: tem por consequência a separação (perfeita) das bordas, podendo ou não ser profundo. ○ Mecanismos do trauma: bisturi (feridas de cirurgia são chamadas de incisas), lâminas, estilete e navalha. ● Feridas corto-contusas: são causadas por objetos “que não tem corte preciso”, então a força do traumatismo é que causa a penetração dele na pele → são lesões normalmente graves. ○ Mecanismo do trauma: machado, tesoura, dentes, facas não afiadas, quina de mesa… @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Feridas perfurocontusas: são lesões causadas por arma de fogo (PAF), muitas vezes com lesão de entada e de saída → a gravidade depende do dano causado. ○ Mecanismo do trauma: arma de fogo. ● Feridas lácero-contusas: causas a partir da compressão da pele pelo objeto, mas que também pode ocorrer por tração, com rasgo ou arrancamento tecidual → presença de bordas irregulares e deformadas, com mais de um ângulo. ○ Mecanismo do trauma: mordida de animais. Ferimentos limpos X potencialmente contaminados X contaminados X infectados: ● Ferimentos limpos: são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos sistemas como o digestório, respiratório e genito-urinário. ○ Ocorre quando a probabilidade de infecção é baixa, comumente < 5%. ● Ferimentos potencialmente contaminados: há contaminação evidente, como por exemplo por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que houve abertura de sistemas contaminados. ○ Risco mediano de infecção, geralmente em torno de 11%. ○ Ferimentos desse tipo e com mais de 8h também são considerados potencialmente contaminados. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Ferimentos contaminados: há contaminação evidente e presença de reação inflamatória (dor, calor, edema, rubor e perda de função), como por exemplo pelo contato com terra, fezes, detritos... ○ Feridas desse tipo e com mais de 6h também são consideradas contaminadas. ○ O risco de infecção da ferida já atinge até 17%. ● Ferimentos infectados: contaminação certeira e sinais nítidos de infecção local ou sistêmica. ○ Aqui também entram alguns traumas específicos: mordedura de animais, lesões em igarapé, asfalto com fezes de animais e ferimento em solo de chácara e fazenda. Avaliação clínica: ● Sempre questionar se há dor e qual o nível. ● Indagar sobre o agente causador. ● Verificar o tempo entre o trauma e o atendimento médico. ● Verificar a possibilidade de contaminação. ● Questionar sobre HPP → atenção às patologias como DM e doenças com alterações no mecanismo de coagulação. ● Realizar o exame detalhado da ferida. ● Verificar a necessidade do uso de ATB. ○ Caso necessário, se usa comumente uma cefalosporina de terceira geração (cefalosporina). ● Em caso de mordedura de animais, realizar vacina anti-rábica e protocolo de soro. ● Verificar a necessidade de cobertura e curativo. ○ Tipos de cobertura: alginatos, carvão ativado, hidrocolóide, hidrogel, filmes e AGE. Obs: para o caso de queimaduras, ulceras de perna, escaras de decúbito e feridas cirúrgicas, usa-se sulfadiazina de prata. Antissepsia X Assepsia: ● Antissepsia: higienização do ferimento, para remover bactérias. ● Assepsia: desinfecção do local (ambiente), para deixar o ambiente estéril. Limpeza do ferimento: 1. Soro fisiológico. 2. Antissépticos: álcool, clorexidina e iodo (povidine). ○ Cuidado → alergia a iodo. ○ Em possibilidade de alergia, preferir a clorexidina, pois é um antisséptico amplo (ação @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so antimicrobiana e antisséptica de prevenção) e que comumente não causa alergia. ○ Álcool sozinho só tem ação imediata, ele não tem efeito residual. ○ clorexidina e iodo → ação imediata e residual. Processos de reparo Cicatrização X Regeneração: ● Cicatrização: quando os tecidos são capazes de restituir os componentes lesados e retornar ao seu estado normal. ● Regeneração: quando os tecidos lesados não são capazes de se reconstruírem por completo, na qual há deposição de tecido fibroso. Pontos essenciais do processo de reparação: ● Restabelecer o aporte sanguíneo. ● Controlar o processo infeccioso. ● Restaurar a integridade mecânica. Processos de reestabelecimento da conexão epitelial: ● Primeira intenção: aproximação das bordas da ferida → pode ocorrer naturalmente ou por meio de fitas e suturas. ○ Aqui as bordas do ferimento são próximas e há pouca perda de tecido, ausência de infecção e pouco edema no tecido de granulação. ● Segunda intenção: processo de reepitelização quando não há o processo de primeira intenção. ○ Há algum grau de perda de tecido, ocorre a formação de coágulos e há um maior processo inflamatório, com maior possibilidade de infecção. ● Terceira intenção: quando intencionalmente a ferida é mantida aberta para permitir a diminuição ou a redução do edema ou da infecção. Fases de cicatrização: 1. Inflamação: a. Objetivo: cessar o extravasamento sanguíneo, remover células mortas, microorganismos e outros conteúdos estranhos do local. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so i. Vasoconstrição. ii. Agregação plaquetária. iii. Depósito de fibrina. iv. Migração de leucócitos. v. Atuação celular. b. Tempo: inicia junto com a lesão e dura entre 3 a 7 dias. 2. Proliferação ou granulação: a. Objetivo: formar o tecido de granulação. b. Composição do tecido de granulação: tecido conjuntivo, capilares sanguíneos, leucócitos, colágeno tipo III e proteoglicanos. c. Tempo: inicia 48h após a lesão e permanece por até 2 semanas. d. Subfases: epitelização → angiogênese → fibroplasia → formação do tecido de granulação. 3. Remodelação ou maturação: a. Objetivo: modificação do colágeno tipo III (mais frouxo), por fibras densas, mais grossas e fortes e com produção de colágeno. b. Tempo: inicia por volta dos 20 dias de lesão e pode durar de meses a anos, dependendo da extensão da lesão. Fase inflamatória: (média de 5 dias) ● Vasoconstrição: ○ Liberação de prostaglandinas pelas células lesadas. ○ Diminuição e cessamento do sangramento, iniciado com a liberação de aminas vasoativas, que causam vasoconstrição reflexa. ○ Liberação de epinefrina para a circulação periférica e de norepinefrina local. ○ Células relacionadas: leucócitos polimorfonucleares (PMN), macrófagos e linfócitos. ● Agregação plaquetária: ○ Agregação plaquetária no subendotélio vascular. ■ Processo de recrutamento de plaqueta: ocorre a partir de ADP e trombina. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Fatores envolvidos: receptores de superfície das plaquetas, fibrinogênio, fibronectina e fator de Von Willebrand. ● Depósito de fibrina: ○ Fatores intrínsecos e extrínsecos da cascata de coagulação, que culminam na produção de trombina. ○ A trombina catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina e, com isso, há a produção do coágulo. ● Migração de leucócitos: ○ Aqui há o sinais flogísticos da inflamação, com eritema, edema, dor e calor, que resulta na liberação de citocinas e quimiocinas, que atraem leucócitos. ○ Consequência: aumento da permeabilidade vascular e migração sequencial de leucócitos para o espaço extravascular. ● Ativação celular: (de macrófagos) ○ Desbridamento celular a partir de macrófagos e neutrófilos. ● Ordem de todo o processo: 1. Lesão. 2. Vasoconstrição → diminuir o sangramento. 3. Hemostasia da ferida → para o sangramento. a. Formação damatriz inicial de fibrina. b. Formação do trombo. 4. Aumento da permeabilidade celular → linha de defesa. a. Neutrófilos e macrófagos → principais da fase inflamatória. 5. Liberação de citocinas. a. TNF-alfa. b. Interleucinas. Proliferação ou granulação: (dura em torno de 2 semanas) ● Reepitelização: ○ No caso de feridas incisas: início do processo em 24 a 48 horas depois da lesão inicial. ○ No caso de feridas maiores: o tempo de início pode ser um pouco maior. ● Migração de fibroblastos: ○ Tempo: inicia 3 dias após a lesão e atingem seu pico em 7 dias. ● Formação de tecido de granulação: ○ Tempo: início da invasão por um novo estroma em 4 dias após a lesão = tecido de granulação. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Angiogênese: ○ Tempo: inicia a partir de 2 dias da lesão. ○ De acordo com cada lesão pode haver: elevação de lactato, desregulação de pH (pH ácido), e diminuição da tensão de oxigênio. ● Síntese proteica: ○ Tempo: inicia 4-5 dias depois da lesão. ○ Eventos predominantes: síntese e deposição de proteínas. ● Contração da ferida: ○ Tempo: inicia 4 ou 5 dias após a lesão e continua por uma média de 2 semanas. ■ Em caso de DM e ou de feridas crônicas, esse tempo pode ser prolongado. ○ Ferida aberta: aproximação das bordas da lesão. ○ Ferida incisa: há menor cicatriz, muitas vezes inaparente em processo final. ● Resumo: 1. Granulação. a. Ricos em fibroblastos → principal célula. b. Formação de colágeno tipo III. c. Angiogênese no local. 2. Epitelização → presença de queratinócitos → miofibroblastos. 3. Contração → aproximação das bordas da ferida. a. Processo ativo de quelóide. Remodelação: (dura de 7 dias a 1 ano) ● Processo principal: troca do colágeno tipo III (mais frouxo) por colágeno tipo 1, mais denso e com maior organização (ligação cruzada de colágeno) = maior resistência. ● Resumo: 1. Conversão do colágeno tipo III em tipo I. 2. Aumento da força tênsil. 3. Aumento de linfócitos T, fibroblastos e macrófagos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Fatores que dificultam e que estimulam a cicatrização Fatores locais que dificultam: ● Isquemia: ○ Diminuição do aporte sanguíneo = diminuição da oxigenação = diminuição de ATP = redução da fagocitose = aumento da proliferação bacteriana. ○ Diminuição do aporte sanguíneo = diminuição de citocinas e quimiocinas = inibição da angiogênese e epitelização. ● Infecção: ○ Aumento da fase = interferência no processo de epitelização, contração e deposição de colágeno. ● Técnica cirúrgica incorreta: ○ Ocorre por: sutura inadequada, uso de fios inapropriados, dissecção extensa da ferida e escolha inadequada do curativos. Fatores sistêmicos que dificultam: ● Diabetes: ○ Hiperglicemia = diminuição da deposição do colágeno denso = distúrbio de remodelação e cicatrização. ● Desnutrição: ○ Prolongamento da fase inflamatória, que diminui a proliferação de fibroblastos, e angiogênese e a síntese do colágeno. ● Baixos níveis de ácidos graxos livres: ○ Redução da síntese de prostaglandina e tromboxano. ● Deficiência de vitamina C: ○ Causa diminuição da síntese de colágeno e da proliferação de fibroblastos = distúrbio da cicatrização. ● Tabagismo: ○ Nicotina = vasoconstrição = diminuição do aporte sanguíneo = diminuição de oxigênio = diminuição de nutrição = diminuição dos fatores cicatriciais. ○ Aumento da agregação plaquetária. ● Hipotireoidismo: ○ Diminuição da concentração de colágeno e retardo da maturação das cicatrizes. ● Outros: Síndrome de Ehler-Danlos, idade avançada, choque, septicemia, insuficiência renal ou hepática, distúrbio respiratório e irradiação, drogas imunossupressoras, corticoides, aspirina e anti-inflamatórios. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Fatores de estímulo à cicatrização: ● Aumento da pressão de oxigênio no local da ferida. ● Técnica cirúrgica correta. ● Bom estado nutricional. ● Vitamina C e Vitamina E (melhoram a síntese do colágeno e tem efeito antioxidante e anti-inflamatório). ● Vitamina A (aumenta a síntese do colágeno). ● Complexo B. Cuidados Cuidados pré-operatórios ● Avaliação e cuidados com o aporte nutricional. ● Necessidade de degermação. ● Verificar a necessidade de tricotomia. Cuidados intra-operatórios: ● Realizar assepsia e antissepsia. ● Antibioticoterapia. ● Verificar a melhor técnica adequada. Cuidados pós-operatórios: ● Cuidados com o curativo. ● Controle da patologia de base e comorbidades. Complicações dos ferimentos Deiscência cicatricial: ● Conceito: ruptura parcial ou total das camadas cicatriciais da cirurgia. ● Normalmente ocorre 3-5 dias após a cirurgia. ○ Ocorre antes do processo de remodelação, no qual há a troca do colágeno frouxo para o denso. ● Deve-se utilizar os mecanismos de cicatrização por segunda ou terceira intenção. Infecção da ferida: ● Processo necrótico: profundo, superficial, com complicação sistêmica ou local. ● Conduta: ○ Abrir o ferimento parcial ou totalmente. ○ Realizar desbridamento de todos os tecidos desvitalizados. ○ Drenar a secreção purulenta. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Realizar antibioticoterapia. ○ Internação se necessário. Cicatrização exacerbada: ● As cicatrizes podem ser hipertróficas (quando não ultrapassam a borda da lesão) ou com quelóide. ● No caso da quelóide, é tido como um processo não esperado. Retração: ● Processo de retração da ferida para dentro de planos profundos. @p�sitivamed
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