Prévia do material em texto
ERGONOMIA A primeira etapa do processo de engenharia de sistemas corresponde à identificação da situação. Essa etapa compreende o levantamento de grande quantidade de informação. Deve-se então ter uma definição clara do problema, uma análise do meio ambiente e também a delimitação da área de atuação (MORAES; MONT’ALVÃO, 2009). Para a definição do problema, as autoras destacam que o seu reconhecimento é a primeira fase, na qual se destacam os aspectos mais graves e flagrantes. A segunda é a delimitação do problema, que compreende a seleção e a classificação dos aspectos da situação. Por fim, a terceira é a formulação do problema, com detalhamento dos tópicos, destaque dos efeitos e dos aspectos mais importantes e solucionáveis. Já quanto à categorização dos problemas, as autoras apresentam aquelas descritas na Tabela 1. Problemas Caracterização Interfaciais Posturas extremas decorrentes de inadequações de campo visual; tomada de informações; alcances de componentes comunicacionais, com prejuízos ao sistema musculoesquelético. Instrumentais Arranjos físicos incorretos de painéis e comandos, dificultando a tomada de informações e de acionamentos; inconsistências em navegação e exploração visual, com prejuízos cognitivos. Informacionais/Visuais Deficiências na detecção, discriminação e identificação de informações em telas, painéis, mostradores ou placas de sinalização. São resultantes de má visibilidade, legibilidade e compreensibilidade de signos visuais, com prejuízos para a tomada de decisões. Acionais Constrangimentos biomecânicos no acionamento (manual ou com o pé) de comandos e empunhaduras; ângulos de movimentação e aceleração. Dimensões, conformações e acabamentos que prejudicam a apreensão, acarretam pressões localizadas e calos. Comunicacionais Falta de dispositivos de comunicação a distância. Ruídos na transmissão de informações sonoras ou gestuais. Má audibilidade de informações transmitidas por rádios, telefones etc. Cognitivos Dificuldades de decodificação, aprendizagem, memorização em face de inconsistências lógicas e de navegação dos subsistemas comunicacionais e dialogais. Resultam em perturbações para a seleção de informações, estratégias cognoscitivas, resolução de problemas e tomada de decisões Interacionais Dificuldades no diálogo computadorizado provocadas pela navegação, pelo encadeamento e pela apresentação de informações em telas (softwares). Problemas de utilidade (realização da tarefa), usabilidade (diálogo) e amigabilidade (apresentação de telas) de interfaces informatizadas. Movimentacionais Excesso de peso, distância, frequência de movimentação de cargas a levantar ou transportar. Desrespeitos aos limites recomendados de movimentação manual de materiais, com riscos musculoesqueléticos. Posto de Trabalho I3 TEXTO DE APOIO Problema�zação do Sistema Homem-máquina Problemas Caracterização De deslocamento Excesso de deslocamentos e deambulações. Grandes distâncias a serem percorridas para a realização das atividades (sem transporte de materiais). De acessibilidade Despreocupação com a autonomia de usuários Portadores de Necessidades Especiais (PNE), idosos, crianças. Considera-se a locomoção e o acesso nas edificações e nos sistemas de transporte. Espaços inadequados para a movimentação de cadeirantes, falta de apoios etc Urbanísticos Deficiência de circulação dos utilizadores na cidade. Ausência de pontos ou marcos de referência que auxiliem a orientação e circulação no espaço urbano. Falta de áreas públicas de lazer e integração. Espaciais / Arquiteturais de Interiores Deficiências de fluxo, circulação, isolamento de colaboradores, aeração, insolação, iluminação natural, isolamentos acústico, térmico ou radioativo em função das atividades realizadas. Deficiências de iluminamento, de cor, da ambiência gráfica, do paisagismo etc. Físicoambientais Temperatura, ruído, iluminação, vibração, radiação fora dos níveis regulamentados. Químicoambientais Partículas, elementos tóxicos, aerodispersoides em concentrações fora dos níveis regulamentados. Biológicos Deficiências na higiene e assepsia, com a possível proliferação de agentes patogênicos. Naturais Exposição às intempéries ou ao sol. Acidentários Comprometem a Segurança do Trabalho. Falta de dispositivos de proteção em máquinas, precariedade de solo, andaimes, rampas e escadas. Falta de manutenção. Deficiências em rotinas e equipamentos de combate a incêndios. Operacionais Ritmo intenso, repetitividade, monotonia, pressão por prazos e produtividade ou excesso de controles operacionais. Organizacionais Parcelamento taylorizado do trabalho, falta de objetivação, responsabilidade, autonomia e participação. Gerenciais Inexistência de gestão participativa, centralização de decisões, hierarquia, falta de transparência, política de cargos e salários etc. Instrucionais Desconsideração das atividades concretas da tarefa durante treinamentos, manuais de instrução confusos. Psicossociais Conflitos entre indivíduos e grupos. Dificuldades de comunicação ou interações interpessoais. Falta de opções de repouso, alimentação, descontração e lazer no ambiente de trabalho. Tabela 1. Categorias de problemas ergonômicos nos sistemas homem-tarefa-máquina. Fonte: Adaptado de Moraes e Mont’Alvão (2009, p. 130-134). Quanto às disfunções que podem ser observadas no sistema, tem-se ainda o disposto na Tabela 2. Disfunções Caracterização Entradas Não conformidade em matérias-primas. Deficiências no armazenamento e estocagem (planejamento e reposição). Saídas/Resultados despropositados Unidades em número inferior ao esperado. Descumprimento de prazos. Falta de qualidade dos produtos. Excesso de retrabalhos e refugos. Disposição dos Elementos Falta de ordem e organização de ferramentas e materiais. Resultam em prejuízos para a agilidade, qualidade e desempenho da tarefa. Disfunções Caracterização Funcionamento/Confiabilidade Capacidade do sistema abaixo do esperado. Baixa confiabilidade de subsistemase componentes. Manutenção/Conservação de máquinas Deficiências na limpeza e manutenção. Equipamentos obsoletos. Irregularidades em reparos e reposições de peças. Depredação por uso incorreto. Entorno Sujeira e entulho no ambiente, desconsiderando a limpeza e a conservação do espaço arquitetural. Rendimento do trabalho Deficiências no desempenho da tarefa. Lentidão, erros, paradas com prejuízo ao ritmo de trabalho. Resultam em irritação, acomodação e desmotivação para o trabalhador. Desempenho do sistema Capacidade abaixo da esperada. Baixa confiabilidade de subsistemas e componentes com problemas de saídas relativos à efetividade, eficiência, qualidade e conformidade. Ecológicas Despejo de resíduos, refugos ou subprodutos em locais inadequados. Prejuízos ao meio ambiente, com destruição de matas ou esgotamento de reservas não renováveis. Ambiente externo Incompatibilidade com prioridades de investimentos e necessidades da sociedade. Insuficiência de condições para atualização e inovação tecnológica em face de políticas organizacionais ou governamentais. Instabilidade institucional e política. Tabela 2. Categorias de problemas ergonômicos nos sistemas homem-tarefa-máquina. Fonte: Adaptado de Moraes e Mont’Alvão (2009, p. 130-134). REFERÊNCIAS IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. MÁSCULO, Francisco Soares; VIDAL, Mário César (org.). Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier / ABEPRO, 2011. MORAES, Anamaria; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: Conceitos e Aplicações. 4ª ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2009.