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4 - Fatores humanos no trabalho

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ERGONOMIA DO 
AMBIENTE 
CONSTRUÍDO
Dulce América de Souza
Fatores humanos 
no trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar o papel do ser humano com o papel das máquinas.
  Aplicar o design ao espaço de trabalho. 
  Avaliar o impacto do trabalho sobre a qualidade de vida.
Introdução
O mundo do trabalho estabelece relações entre o ser humano e as 
máquinas agenciadas pelas mais variadas atividades, relação esta que 
nem sempre promove o bem-estar, a segurança dos trabalhadores e a 
melhor produtividade. Nas últimas décadas, os estudos centrados nas 
características psicofísicas dos indivíduos e os processos de produção 
de forma sistêmica têm sido aplicados e assimilados pelos gestores, com 
resultados positivos. A ergonomia atua nesse campo multidisciplinar, 
implementando ferramentas para promover a adequação das máquinas 
às capacidades humanas.
Neste capítulo, estudaremos a relação entre os seres humanos e as 
máquinas, e, sob a ótica ergonômica, conheceremos como os projetos 
de design devem articular as condicionantes humanas com a criação de 
máquinas, equipamentos, produtos, sistemas e ambientes. Os fatores 
envolvidos no projeto ergonômico dos ambientes — como o conforto 
ambiental, a percepção ambiental, as cores e texturas e as medidas antro-
pométricas — são investigados, a fim de se desenvolver uma abordagem 
sistêmica e propor soluções integradas para a melhoria da qualidade de 
vida do trabalhador e maior produtividade do trabalho.
O ser humano e as máquinas
O ser humano sempre buscou adaptar ferramentas e utensílios para facilitar 
seu cotidiano. De maneira artesanal, os instrumentos pré-históricos eram 
construídos para atender a uma necessidade básica: a sobrevivência do grupo. 
A relação homem–máquina é mediada pelas tecnologias disponíveis, que 
avançaram proporcionalmente às complexidades das demandas humanas. 
Historicamente, as adaptações realizadas nas máquinas, nos instrumentos e 
nos utensílios vêm gradativamente evidenciando os fatores humanos como 
fundamentais na concepção de novos sistemas. Moraes e Mont’Alvão (2000) 
destacam que as incompatibilidades entre o humano e o tecnológico eviden-
ciaram-se no período da Segunda Guerra Mundial e, desde então, têm sido 
objeto de estudo da ergonomia. O homem como o “operador das máquinas” 
é o agente que interpreta as informações, e as capacidades humanas são as 
que permitem a realização efi ciente das tarefas, quaisquer que sejam elas.
O ser humano deve ser contemplado em todas as etapas do projeto de uma 
máquina ou um equipamento, dos sistemas e de todos os ambientes, com 
especial atenção aos locais de trabalho. Iida (2005, p. 19) inclui o ser humano 
como um dos componentes do processo de projeto, destacando que “[...] as 
características desse operador devem ser consideradas conjuntamente com as 
características ou restrições das partes mecânicas, sistêmicas ou ambientais, 
para se ajustarem mutuamente umas às outras [...]”. O autor defende a relevân-
cia da ergonomia e atribui a ela os mais significativos estudos de métodos e 
técnicas de pesquisa consagrados cientificamente, centrados no trabalhador 
enquanto este realiza a sua tarefa de trabalho.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2019) pontua que, 
às várias definições de ergonomia existentes, alguns aspectos são comuns 
mundialmente: a natureza multidisciplinar; o fundamento nas ciências; e o 
principal objeto de estudo como sendo a concepção do trabalho. O homem é o 
centro da área de conhecimento da ergonomia, que, em algumas publicações, é 
designada como “fatores humanos”, termo que mereceu um capítulo próprio na 
publicação referencial do professor Iida (2005), “Ergonomia: projeto e produ-
ção”. Neste estudo, Iida (2005, p. 341) examina as características do organismo 
humano que influem no desempenho do trabalho: “[...] a adaptação humana ao 
trabalho abrange as transformações que ocorrem quando o organismo passa 
do estado de repouso para a atividade e também aquelas transformações de 
caráter mais duradouro, devido ao treinamento [...]”.
O projeto de design articula os conhecimentos das condicionantes físi-
cas e psicológicas humanas à concepção de produtos, sistemas, interfaces 
Fatores humanos no trabalho2
e ambientes. Todos os segmentos que realizam análise e projetos para o 
desenvolvimento do trabalho humano devem considerar três aspectos muito 
importantes: a monotonia, a fadiga e a motivação. “Monotonia e fadiga estão 
presentes em todos os trabalhos e não podem ser totalmente eliminados, mas 
controlados e substituídos por ambientes mais interessantes e motivadores 
[...]” (IIDA, 2005, p. 341).
Outras questões influem diretamente no desempenho do trabalho humano 
e têm atraído a atenção dos pesquisadores, são as relativas a idade, sexo e 
deficiências físicas dos trabalhadores. O paradigma do trabalhador tem se 
modificado, o padrão do homem adulto com idade entre 20 e 30 anos torna-se 
cada vez menos real, uma vez que a diversidade de segmentos da sociedade 
tem sido ampliada nas atividades produtivas. Qualquer que sejam os fatores 
humanos envolvidos, a ergonomia visa a garantir o conforto e a adaptação 
do homem interagindo com o ambiente, com o artefato ou a ferramenta de 
trabalho (TILLEY, 2005).
Entendemos, portanto, que as condições de adaptação e conforto humano 
ao trabalho são almejadas nas três especificações sugeridas pela International 
Ergonomics Association (IEA, 2019): ergonomia física, ergonomia cogni-
tiva e ergonomia organizacional. A ergonomia física estuda os aspectos de 
postura, segurança e saúde do trabalhador, área do conhecimento que enfatiza 
o corpo humano e o ambiente físico onde se desenvolve a atividade laboral; 
a ergonomia cognitiva centra-se na carga mental de trabalho, estudando as 
questões de memória, raciocínio e percepção; a ergonomia organizacional foca 
seus esforços na melhoria dos sistemas socio-técnicos que envolvem equipes, 
comunicação e gerenciamento de recursos humanos.
As classificações da IEA (2019) contribuem na orientação dos projetos de 
desenvolvimento de produtos na área do design. De acordo com Gomes (2013, 
p. 13), “[...] esta classificação tem apenas finalidades didáticas para compre-
ensão de conceitos. Uma realidade de trabalho é um sistema complexo onde 
cada um dos aspectos intervém a seu modo, porém de forma interdependente 
ou sistêmica [,,.]”.
O conhecimento da aplicação do sistema homem–máquina–tarefa–am-
biente (SHMTA) é condicionante para falarmos de ergonomia centrada nos 
fatores humanos. Trata-se da organização dos componentes “homem” (operador 
ou usuário) e “máquina” (qualquer objeto físico utilizado para a realização de 
uma atividade), de forma a trabalharem em conjunto para alcançar um objetivo 
comum, estando integrados por uma rede de comunicações (KROEMER; 
GRANDJEAN, 2005). Moraes e Mont’Alvão (2000, p. 41) afirmam que “[...] 
um sistema homem-máquina significa que o homem e a máquina têm uma 
3Fatores humanos no trabalho
relação recíproca um com outro [...]”. Segundo os autores, os principais com-
ponentes desse sistema podem ser resumidos em: interação com utensílios; 
evolução constante das tecnologias, trazendo impactos aos operadores; forte 
presença dos aspectos cognitivos; são planejados, construídos e operados pelo 
homem; as máquinas são caracterizadas pela alta velocidade, precisão e força; 
e o homem é caracterizado pelo aspecto flexível e adaptável. 
O design no ambiente de trabalho
A forma como um indivíduo se relaciona com o ambiente que o envolve é 
intermediada pelo projeto físico desse espaço. As condições do ambiente 
podem contribuir favoravelmente para determinada execução de tarefas, 
ou prejudicar o nível de produção, o conforto e a adaptação dos usuários ou 
trabalhadores. A aplicação das prescrições advindas da área da ergonomia 
nos projetos de postos de trabalho é fundamental para a qualidade espacial do 
ambiente construído, poisultrapassam o limite estritamente material do espaço, 
aprofundando a investigação na relação do usuário com o meio (FRASCARELI 
LELIS; FARIA; PASCHOARELLI, 2014).
Para estabelecer inter-relações harmônicas entre o ambiente projetado e seu 
usuário, a arquitetura e o design adotam os estudos ergonômicos consolidados 
pela bibliografia de referência. Esses estudos contemplam a ergonomia física, em 
particular a antropometria, visto que incorporam as dimensões do corpo humano 
como unidade de medida para o projeto de ambientes, mobiliário e equipamen-
tos. Panero e Zelnik (2008, p. 19) contribui significativamente com esse debate 
quando afirma que é preciso “[...] concentrar-se nos aspectos antropométricos 
da ergonomia e aplicar os relativos dados ao projeto de espaços interiores [...]”. 
O domínio da escala humana é essencial para projetistas, e Neufert (2013, 
p. 27) defende que o arquiteto “[...] deve saber qual a melhor posição funcional 
do mobiliário, permitindo assim ao homem a possibilidade de trabalhar com 
conforto tanto em casa, como no escritório ou oficina, assim como de repousar 
adequadamente [...]”. Reforçando a colocação, o autor destaca a importância de 
considerar os aspectos comportamentais dos indivíduos, devendo-se respeitar 
as características do corpo humano, seus sistemas sensorial e motor, além das 
suas condutas individuais e sociais. 
No que se refere aos ambientes construídos — com ênfase nos postos de 
trabalho —, a ergonomia é a disciplina que centra seus estudos em reconhe-
cer a capacidade do ser humano para a realização do seu trabalho de forma 
confortável e segura, a fim de aliar bem-estar e produtividade. Entendemos, 
Fatores humanos no trabalho4
então, que os ambientes exercem influências sobre os usuários, devendo ser 
saudáveis, funcionais, acessíveis e confortáveis. A ergonomia deve estar incor-
porada — desde as fases iniciais — ao projeto dos ambientes de trabalho, pois 
as metodologias ergonômicas dizem respeitos às satisfações e às insatisfações 
dos usuários, buscando respostas para contribuir com o processo projetual 
(BITENCOURT, 2011).
Fatores envolvidos no projeto ergonômico 
dos ambientes
Os estudos relacionados à ergonomia do ambiente construído levam em conside-
ração condições de conforto ambiental (lumínico, térmico e acústico), percep-
ção ambiental (aspectos cognitivos), adequação dos materiais (revestimentos 
e acabamentos), cores e texturas, acessibilidade, medidas antropométricas 
(leiaute e dimensionamento) e sustentabilidade (FRASCARELI LELIS; FARIA; 
PASCHOARELLI, 2014; MONT’ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). É recomendá-
vel a utilização de metodologias que permitam verifi car a adequação ergonômica 
dos espaços construídos, considerando os aspectos físicos e a identifi cação da 
percepção do usuário em relação ao espaço. Conforme sugerem Mont’Alvão e 
Villarouco (2011, p. 30): “Faz-se necessário uma abordagem sistêmica quando 
se trata de avaliar o ambiente sob a ótica da ergonomia [...]”.
Em relação ao conforto ambiental nos espaços de trabalho, Slack et al. 
(1999, p. 218) relatam que: “O ambiente imediato no qual o trabalho acontece 
pode influenciar a forma como ele é executado. As condições de trabalho que 
são muito quentes ou frias, insuficientemente iluminadas, ou excessivamente 
claras, barulhentas ou irritantemente silenciosas. Todas vão influenciar a forma 
como o trabalho é levado avante [...]”. A bibliografia referencial de ergonomia 
voltada aos espaços ou ambientes destaca que as principais condições que um 
bom ambiente de trabalho deve possuir são:
Temperatura: entre 20ºC e 24ºC;
Umidade relativa: entre 40% e 60%;
Ruído: até 80 decibéis não se observam danos ao aparelho auditivo do tra-
balhador, podendo haver danos a partir deste nível;
Iluminação: a iluminação pode variar em função do tipo de trabalho realizado, 
mas seja qual for o local de trabalho recomenda-se um mínimo de 300 lux 
como iluminação mínima de escritórios, 400 a 600 lux para trabalhos normais 
e 1.000 até 2.000 lux para execução de trabalho de precisão. Note-se que não 
adianta ultrapassar os 2.000 lux, pois, não haverá melhora para o operador, 
podendo existir fadiga visual para níveis de iluminação acima de 2.000 lux 
(MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 105, grifos nossos).
5Fatores humanos no trabalho
No domínio do conforto ambiental, destacamos aspectos que influem 
fisiológica e psicologicamente no desempenho dos trabalhadores. O primeiro 
aspecto é a iluminação, cujo planejamento adequado pode ampliar a sensação 
de satisfação no trabalho, reduzindo a fadiga e os acidentes e aumentando 
a produtividade (BOLETTI; CORRÊA, 2015; IIDA, 2005). Aproveitar a 
luminosidade natural é a solução mais adequada para ambientes de trabalho. 
Por exemplo, as mesas, quando locadas abaixo das janelas, proporcionam 
postos de trabalho com conforto visual e bom desempenho ótico, conforme 
ilustra a Figura 1.
Figura 1. Iluminação natural.
Fonte: ImageFlow/Shutterstock.com.
Em grande parte dos locais de trabalho, faz-se necessária a utilização de 
iluminação artificial, e, nesses casos, há recomendações de posicionamento, 
de modo a evitar ofuscamentos. Segundo Iida (2005, p. 473), as luminárias 
“[...] devem situar-se acima de 30° em relação à linha de visão (horizontal) 
e, se possível, devem ser colocadas lateralmente ou atrás do trabalhador, 
para evitar a luz direta ou refletida nos seus olhos”. Devemos considerar que 
existem sistemas de iluminação diferentes e que podem ser combinados. 
Fatores humanos no trabalho6
Os mais comuns são: iluminação geral, iluminação localizada e iluminação 
combinada, como exemplifica a Figura 2. 
Figura 2. Sistemas de iluminação típicos em ambientes de trabalho.
Fonte: Iida (2005, p. 473).
Algumas condições devem ser atingidas para garantir conforto visual e 
bom desempenho ótico em um ambiente de trabalho: 
1. Nível de luminância, ou seja, da quantidade de luz refletida ou emitida de 
uma superfície, adequado.
2. Equilíbrio espacial das luminâncias das superfícies.
3. Uniformidade temporal da iluminação.
4. Eliminação de ofuscamento com luzes apropriadas: nenhuma fonte de luz deve 
aparecer no campo visual dos trabalhadores durante as atividades de trabalho 
(KROEMER; GRANDJEAN, 2005 apud BOLETTI; CORRÊA, 2015, p. 48).
7Fatores humanos no trabalho
Há dois tipos de ofuscamento que interferem drasticamente no trabalho visual e que 
podem ser evitados com ações ergonômicas adequadas, são eles:
Ofuscamento direto: ocorre ao olhar diretamente para a fonte de luz, 
como o sol, os faróis de um carro ou a luminária de trabalho. 
Ofuscamento indireto: é refletido pela superfície, alcançando os olhos, 
como os faróis do veículo refletidos no espelho retrovisor, a luminária 
de trabalho ou a janela refletida na tela do computador (BOLETTI; 
CORRÊA, 2015, p. 50).
O estudo das cores e da sua aplicação nos ambientes também tem sido 
frequente quando nos referimos à “humanização dos espaços”. Nos ambientes 
de trabalho, as cores podem interferir no ânimo do trabalhador e na sua conse-
quente produtividade. Iida (2005, p. 483) aponta que: “Em todas as épocas, as 
cores e formas aparecem ligadas a diversos códigos e símbolos nas sociedades 
organizadas, sendo frequente atribuir-lhes até um certo caráter mágico [...]”. 
Do ponto de vista da percepção ambiental, há cores mais tranquilizantes (nor-
malmente as cores frias) e cores mais vibrantes, que remetem ao movimento 
(cores quentes) (Figura 3).
Figura 3. Ambientes de trabalho com cores quentes e cores frias, respectivamente.
Fonte: ImageFlow/Shutterstock.com e Kalakutskiy Mikhail/Shutterstock.com
As normas ISO padronizam a indicação para o uso das cores, considerando 
os requisitos de segurança do trabalho; os códigos de cores são informados, 
de acordo com Kroemer e Grandjean (2005), no Quadro 1.
Fatores humanos no trabalho8
Fonte: Adaptado de Boletti e Corrêa (2015, p. 51).
Cor Indicação
Vermelho Perigo, parar e proibido; alertas para fogo (é empregada 
em extintorese equipamentos de combate a incêndio).
Amarelo Perigo de colisão, atenção, alerta, risco de tropeço; 
em geral, as listras amarelas sobre um fundo 
preto indicam alerta nos transportes.
Verde Nos serviços de resgate, indica a saída de segurança e que 
“as coisas estão em ordem”; refere-se a todas as formas 
de equipamento de resgate e primeiros socorros.
Azul Mesmo não sendo considerada uma cor de segurança, 
serve para dar direções, avisos e indicações gerais.
Quadro 1. Códigos de cor e sua indicação
Para garantir boa qualidade ambiental, a seleção dos materiais e das cores 
de revestimentos de pisos, tetos, paredes e mobiliário é fundamental para 
controlar a variação do nível de reflexão. Para o projeto de ambientes de 
trabalho, as recomendações para a escolha de cores são: selecionar cores de 
luminâncias similares para as diferentes superfícies; evitar efeitos que chamem 
a atenção com contrastes de preto e branco; dar preferência ao tratamento de 
superfícies não polidas, inclusive para as cores (BOLETTI; CORRÊA, 2015).
Outros importantes requisitos para a adequação ambiental de um espaço 
de trabalho são o controle do calor, dos ruídos e das vibrações. Iida (2005) 
alerta que condições desfavoráveis geram tensão no trabalho, sendo fatores 
que acarretam desconforto, riscos acentuados de acidentes e consequentes 
danos à saúde do trabalhador. As diferentes configurações espaciais para o 
desempenho da atividade laboral dificultam prescrições únicas ou totalizantes. 
Os ambientes voltados ao trabalho administrativo (desenvolvido em escritórios) 
e os ambientes destinados às atividades industriais, por exemplo, possuem 
programas arquitetônicos distintos e dimensões e estruturas específicas. O 
design de ambientes para locais de trabalho deve atender às normas técnicas, 
às resoluções legais e às orientações para projetos fornecidas pela bibliografia 
de referência da área do conforto ambiental.
Os arranjos físicos podem otimizar as condições de trabalho, além de 
estimular o bem-estar e a produtividade dos usuários. Esse é um aspecto 
que deve ser bem observado pelos arquitetos e designers, uma vez que a 
9Fatores humanos no trabalho
distribuição física de um determinado espaço comercial, institucional ou de 
serviços precisa atender satisfatoriamente às necessidades dos usuários, tanto 
trabalhadores quanto clientes ou público em geral (CURY, 2005).
Iida (2005) considera que, no quadro de objetivos de um bom arranjo físico 
(layout), está incluída a redução da fadiga. Sabemos que a boa disposição e 
a escolha do mobiliário e dos equipamentos, bem como o dimensionamento 
adequado das circulações, proporciona melhor interação com o ambiente e 
resultam em maior eficiência dos fluxos internos das atividades. O arranjo 
físico atua diretamente na percepção que temos de um ambiente, pois, do ponto 
de vista psicológico, o estímulo e o ânimo são potencializados em espaços 
criativos, contemporâneos e bem organizados. 
A Figura 4 apresenta um arranjo espacial estimulante. A iluminação natural, 
advinda das janelas nas duas faces do ambiente, é apoiada pela iluminação 
artificial, locada sobre cada ilha de trabalho, sendo que a sala também conta 
com iluminação geral. As circulações ocorrem de forma confortável por entre 
os módulos de trabalho de forma simétrica e regular, facilitando a interação 
e o movimento necessário no ambiente. As cores utilizadas definem áreas de 
trabalho específicas, diferenciadas pelos anteparos sobre as mesas: verde (cor 
fria) e cor de laranja (cor quente). As texturas do piso e do teto são contrastantes, 
com acabamento polido no piso e acabamento rústico no teto, cujo aspecto 
bruto confere um ar mais informal ao projeto de interiores.
Figura 4. Arranjo espacial estimulante.
Fonte: Mangostar/Shutterstock.com.
Fatores humanos no trabalho10
Recomenda-se que o layout seja flexível, podendo ser alterado sempre 
que for necessário, para atender às constantes mudanças ocorridas nas 
empresas globais. 
A ergonomia como mediadora da qualidade 
de vida associada ao trabalho
O trabalho humano é identifi cado em muitos processos como um signifi cativo 
intermediário nos diferentes convívios sociais e na saúde humana. Os múltiplos 
processos envolvidos na atividade laboral podem benefi ciar ou prejudicar 
grupos ou indivíduos de quaisquer modalidades de atividades produtivas. 
Kroemer e Grandjean (2005, p. 149) afi rmam que “Várias pesquisas favore-
cem a hipótese que há uma ligação entre a qualidade de vida no trabalho e a 
qualidade de vida em geral [...]”. 
Sob o olhar da ergonomia, a monotonia e a falta de motivação no trabalho 
são os maiores estimuladores da fadiga no ambiente de trabalho. Embora nos 
encontremos em um momento em que tendências alternativas e flexíveis se façam 
presentes numa economia internacionalizada, ainda encontramos repetições de 
velhas fórmulas e métodos prejudiciais à produtividade e ao trabalhador. As 
velhas fórmulas e métodos são aquelas associadas ao taylorismo, que, segundo 
Kroemer e Grandjean (2005), produzem tédio no trabalhador, uma vez que 
reduzem suas habilidades mentais e físicas e desperdiçam seu potencial.
Iida (2005, p. 280) utiliza o exemplo da indústria para definir a monotonia, 
identificando-a como “[...] a reação do organismo a um ambiente uniforme, 
pobre em estímulos ou com pouca variação das excitações. Os sintomas mais 
indicativos da monotonia são uma sensação de fadiga, sonolência, morosidade 
e uma diminuição da atenção. As operações repetitivas na indústria e o trá-
fego rotineiro são condições propícias à monotonia [...]”. As tarefas repetidas 
tendem a promover a diminuição dos níveis de excitação cerebral, podendo 
ocorrer saturação psíquica, que provoca ansiedades e tensões (IIDA, 2005; 
WISNER, 1995).
Conforme Kroemer e Grandjean (2005), as condições que desencadeiam 
o surgimento de estados de monotonia são: atividades repetitivas de longa 
duração e tarefas de observação de longa duração com obrigação de atenção 
permanente. Em ambos os casos, as atividades que apresentam mínimo grau 
de dificuldade ou pobreza de estímulos são consideradas as mais monótonas. 
Via de regra, a monotonia resulta em fadiga e falta de motivação (IIDA, 2005; 
KROEMER; GRANDJEAN, 2005; WISNER, 1995).
11Fatores humanos no trabalho
Em relação à fadiga, Kroemer e Grandjean (2005) a relacionam com 
diminuição da capacidade de produção e perda de motivação para desempe-
nhar qualquer atividade. A fadiga também pode estar relacionada aos fatores 
ambientais ou sociais. Conforme Iida (2005, p. 284):
Fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução reversí-
vel da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. 
A fadiga é causada por um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são 
cumulativos. Em primeiro lugar, estão os fatores fisiológicos, relacionados 
com a intensidade e duração do trabalho físico e intelectual. Depois, há uma 
série de fatores psicológicos, como a monotonia e a falta de motivação e, por 
fim, os fatores ambientais e sociais, como a iluminação, ruídos, temperaturas 
e o relacionamento social com a chefia e os colegas de trabalho.
A motivação de um trabalhador pode ocorrer de diversas formas: desafios 
mais enriquecedores, participação mais efetiva nos processos produtivos, 
novas responsabilidades e reconhecimento profissional. A motivação, segundo 
Wisner (1995), é uma necessidade humana que se refere aos valores da mente 
e do espírito, portanto, é mais difícil de ser identificada pelos administradores.
A evolução da indústria tecnológica ressaltou a necessidade de conhecer 
as capacidades e os limites humanos e, como resultado, promover o bem-estar 
do trabalhador. A ergonomia atua especificamente neste quesito: na busca 
de segurança, conforto e bem-estar, recuperando o sentido antropológico do 
trabalho. Como afirmam Moraes e Mont’alvão (2000, p. 15): 
A razão mais óbvia para estudar as relações entre seres humanos e artefatos e 
ambientesque eles usam (além da simples curiosidade) é a intenção de mudar 
as coisas para melhor – seja para incrementar o desempenho, produtividade, 
saúde ou segurança do usuário, ou simplesmente para tornar a experiência 
do usuário mais prazerosa e satisfatória.
A relevância da ergonomia como mediadora na promoção da qualidade de 
vida do trabalhador é preconizada pela publicação da Norma Regulamentadora 
17, que visa a definir os melhores padrões para o trabalhador em seu posto de 
trabalho, considerando suas características psicofisiológicas (BRASIL, 2009). 
Além da Norma (NR 17), as definições e conceitos dos autores mencionados 
nos encaminham para a compreensão da ergonomia enquanto um importante 
agente na busca da interação do usuário com o ambiente, o mobiliário, os 
equipamentos e as tarefas dentro de um sistema. Seria equivocado estudar e 
aplicar isoladamente esdes elementos, pois eles exercem influências entre si.
Fatores humanos no trabalho12
A ergonomia, portanto, visa a agenciar mudanças na qualidade do trabalho 
humano, cujos procedimentos resultarão em benefícios não somente centrados 
no bem-estar da força de trabalho, mas de toda a sociedade.
ABERGO. Site. [2019]. Disponível em: http://www.abergo.org.br/. Acesso em: 18 jul. 2019.
BITENCOURT, F. (org.). Ergonomia e conforto humano: uma visão da arquitetura, enge-
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BOLETTI, R. R.; CORRÊA, W. M. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: 
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2009. Disponível em: http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/norma-
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em: 18 jul. 2019.
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FRASCARELI LELIS, V.; FARIA, J. R. G.; PASCHOARELLI, L. Ergonomia do ambiente construído 
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Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/280054408_Ergonomia_
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GOMES, J. F. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: 
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IEA. Site. [2019]. Disponível em: https://www.iea.cc/. Acesso em: 19 jul. 2019.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 
KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao 
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Fatores humanos no trabalho14

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