Buscar

Tutoria 2 4 - infecções

Prévia do material em texto

Tutoria 2.4 - infecções
1) Definir infecção e diferenciá-la da inflamação.
Inflamação - é uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode partir, também, do sistema imunológico. Nesse caso, são as nossas células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos corporais para o local lesionado. Por isso, esse processo causa sintomas como: vermelhidão, edema, dor e calor.
Infecção - são causadas por agentes externos. O organismo reage a entrada de micro-organismos como vírus e bactérias, parasitas ou fungos. Nesse processo, as células de defesa tentam combater os micro-organismos, o que normalmente dá origem ao aparecimento de pus. Alguns sintomas que podem ser causados por infecções: febre, dor no local infectado, aparecimento de pus (formado por leucócitos e micro-organismos invasores mortos), dores musculares, diarreias, fadiga e tosse.
· Infecções causadas por bactéria - tratadas com antibióticos. Em alguns casos é preciso descobrir que tipo de bactéria está causando a infecção para saber que medicação será mais eficaz.
· Infecções causadas por vírus – tratadas com antivirais. Há infecções virais para as quais ainda não há medicamentos, como herpes, hepatite B, Hepatite C, gripe e HIV, por exemplo. Ela se inicia quando o vírus liga-se à célula hospedeira e lá introduz seu material genético para que ocorra a replicação. Os sintomas desse tipo de infecção podem surgir devido a alguns fatores, como a destruição das células por esses vírus ou a produção de toxinas em células infectadas.
· Infecções causadas por fungos - combatidas por antifúngicos. Algumas lesões na pele e nas unhas podem ser causadas por infecções fúngicas.
· Infecções causadas por parasitas - combatidos por antiparasitários. Doenças como a malária são infecções parasitárias.
Nesse processo de invasão, ao menos uma parte do ciclo vital do agente infeccioso ocorre dentro do hospedeiro e como consequências desse processo, surgem as doenças.
Existem vários fatores que deixam as pessoas mais susceptíveis a infecções, como a idade, geralmente crianças e idosos que possuem imunidade fragilizada e são os mais acometidos, pessoas imunocomprometidas, que possuem doenças crônicas como a AIDS e a diabetes mellitus, que interfere no processo de cicatrização da pele, obesidade, pacientes que estão fazendo tratamento de câncer, transplantados, e a permanência de internação hospitalar, que está associada as infecções hospitalares e deve ser reduzida ao máximo possível em pessoas com imunidade comprometida.
O nosso sangue é estéril, mas inúmeros patógenos podem penetrar na corrente sanguínea e causar sérios problemas, caso ocorra a proliferação descontrolada, causando a sepse (infecção generalizada) e em casos mais graves o choque séptico, que resulta na falência de órgãos e pode levar ao óbito.
→ Infecção nos rins
A pielonefrite ou infecção nos rins pode ter diversas causas. Essa infecção tem origem principalmente por via ascendente, decorrente de cistite causada por Escherichia coli. Pode estar também associada à litíase renal, também conhecida como pedra nos rins, entre outras causas. Entre os sintomas, podemos citar os sintomas de infecção urinária descritos no tópico anterior, além de febre alta, dor lombar, calafrios, náusea e vômito. O diagnóstico e tratamento devem ser feitos com urgência, pois essa é uma infecção que podem ser agravadas, levando à falência renal, abcesso renal, sépsis e até a morte.
→ Infecção intestinal
Está entre as principais causas de mortalidade em crianças com menos de cinco anos de idade. Esse tipo de infecção pode ser causada por diversos agentes, como bactérias (Staphylococcus aureus), vírus (Rotavírus – responsável por 60% das infecções em crianças) e protozoários (Entamoeba histolytica). Os principais sintomas são diarreia aquosa, vômitos, dores abdominais, febre, entre outros. Pode causar desidratação, principalmente em crianças e idosos. O tratamento é feito de acordo com o agente causador, e a hidratação é essencial.
→ Infecção hospitalar
As infecções hospitalares são as que ocorrem em decorrência da permanência de um paciente em hospital ou que estejam relacionadas à hospitalização. As bactérias são as principais responsáveis por infecções que ocorrem nos ambientes hospitalares e causas de mortalidade de pacientes.
As chamadas superbactérias, presentes principalmente nesses ambientes, têm aumentado os casos de infecções hospitalares. Essas superbactérias apresentam alta resistência à antibióticos. O uso indiscriminado de antibióticos contribui para o surgimento de bactérias resistentes. 
Três fatores contribuem para que as infecções hospitalares ainda aconteçam e causem a morte de pacientes: falta de medidas de controle para as infecções, como medidas de higiene básica; uso excessivo de antibióticos em ambiente hospitalar; e pacientes com sistema imune comprometido.
2) Descrever a biologia das bactérias (morfologia, estrutura, classificação, replicação e patogênese). 
As bactérias de importância médica são caracterizadas morfologicamente por: tamanho, arranjo e forma.
· TAMANHO: variam de 0,3 por 0,8 μm até 10 por 25 μm. As espécies de maior interesse médico medem entre 0,5 a 1,0 μm por 2 a 5 μm.
· FORMA: 
• Esférica: Cocos Grupo homogêneo em relação ao tamanho, sendo células menores (0,8 a 1,0 μm). 
• Cilíndrica: Bacilos Forma de bastão, podendo ser longos ou delgados, pequenos ou grossos, extremidade reta, ou arredondada. 
• Espiralada =>Espirilos: possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos externos. =>Espiroquetas: são flexíveis e locomovem-se provavelmente às custas de contrações do citoplasma
Formas de transição: 
· cocobacilos: bacilos muito curtos. Ex.: Prevotella e 
· vibriões: espirilos muito curtos, assumindo formas de vírgula. Ex.: Vibrio cholerae.
· ARRANJO:
· Diplococos: cocos agrupados aos pares. Ex: Neisseria. 
· Tétrades: agrupados de 4 cocos Sarcina: 8 cocos em forma cúbica.
· Estreptococos: cocos agrupados em cadeia. Ex: Streptococcus.
· Estafilococos: cocos em arranjos irregulares. Ex: Staphylococos.
· Bacilo isolado, diplobacilos, estreptobacilos, paliçada: agrupados lado a lado.
· ESTRUTURA: fímbrias, cápsula, flagelo, camada externa + camada de peptidoglucano = parede celular, membrana plasmática e DNA.
· Flagelos: locomoção - movimento rotatório, formam longos filamentos que partem do corpo da bactéria e se estendem externamente à parede celular, ancorado na superfície da célula e é uma proteína flagelina.
· Fimbrias: natureza protéica (pilina), mais curtos que os flagelos, aderência fímbria ou Pili F – transferência de material genético durante a conjugação.
· Cápsula: polímero viscoso e gelationoso situado externamente à parede celular, composto de polissacarídeo e/ou polipeptídeo. Faz a proteção da célula bacteriana contra desidratação. Têm função de aderência – auxiliam na ligação da bactéria à superfícies bióticas ou abióticas; e de proteção - resistência à fagocitose pelas células de defesa do corpo (fator de virulência). => bactérias encapsuladas são mais VIRULENTAS do que as não encapsuladas.
· Membrana plasmática: transporte de moléculas, síntese, geração de energia para fosforilação oxidativa, secreção de enzimas e toxinas.
· Glicocálix: em algumas bactérias, dá uma aderência extra a outras superfícies.
· Parede celular: confere rigidez estrutural à célula. Proteção contra lise osmótica. Sítio receptor para proteínas e outras moléculas. Constituída de peptidioglicano. Essa estrutura é alvo de muitos antibióticos que inibem as enzimas transpeptidase e carboxipeptidase, responsáveis pela síntese dos peptidoglicanos.
· Parede celular de Gram positiva: Várias camadas de peptidioglicano (cerca de 90% da parede). Ácido teicoico (polissacarídeo ácido com resíduo de glicerol fosfato ou ribitol fosfato). Retém o corante e permanecem roxas.
· Parede celular de Gram negativa: Poucas camadas de peptidioglicano (cerca de 10%). Membrana externa - Lipopolissacaríedo(LPS) - Proteínas: porinas, lipoproteínas. Espaço periplasmático – entre a membrana externa e membrana citoplasmática. Perdem o corante quando expostas a um solvente de lipídeo durante o processo de coloração.
· As bactérias não apresentam núcleo, desta forma, o DNA fica espalhado no citoplasma da célula. A região que abriga o material genético é chamada nucleóide. Além desse DNA, há pequenos DNAs circulares denominados plasmídeos e são nessas regiões que se encontram os genes de resistência aos antibióticos e que são transferidos para outra bactéria através da conjugação. 
· Reprodução: A principal forma de reprodução das bactérias é por divisão binária. Além dessa, para garantir a variabilidade genética as bactérias realizam: 
(i) conjugação: duas bactérias ligam-se através das fímbrias, transferindo o DNA de uma para outra; 
(ii) transdução: há a participação de vírus (bacteriófagos) que, ao se reproduzirem nas bactérias, incorporam o DNA bacteriano que, ao infectarem outra bactéria, transfere-o para a mesma; 
(iii) transformação: absorção de DNA extracelular por uma bactéria que incorpora o mesmo no seu DNA.
· Patogenicidade são as propriedades únicas de cada patógeno que contribuem para a sua capacidade em causar doença. 
Bactérias Patogênicas: 
-Primárias (normalmente não fazem parte da microbiota) 
-Oportunistas (presentes onde normalmente não ocorrem ou também quando coloniza indivíduos imunocomprometidos ou debilitados).
3) Descrever o mecanismo de agressão por bactérias intra e extracelulares.
Efeitos prejudiciais das respostas imunes a bactérias extracelulares:
As principais consequências prejudiciais da resposta do hospedeiro contra as bactérias extracelulares são a inflamação e choque séptico. As mesmas reações de neutrófilos e macrófagos que agem para erradicar a infecção também causam danos teciduais através da produção local de espécies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais. Estas reações inflamatórias geralmente são autolimitadas e controladas. As citocinas secretadas por leucócitos em resposta a produtos bacterianos também estimulam a produção de proteínas de fase aguda e causam as manifestações sistêmicas da infecção. 
O choque séptico é uma consequência patológica grave da infecção disseminada por algumas bactérias Gram-negativas e bactérias Gram-positivas. É uma síndrome caracterizada pelo colapso circulatório e coagulação intravascular disseminada. A fase inicial do choque séptico é causada pelas citocinas produzidas por macrófagos, que são ativados pelos componentes da parede celular bacteriana, incluindo LPS e os peptideoglicanos. Esta explosão inicial de uma grande quantidade de citocinas, por vezes, é chamada de tempestade de citocinas. Há alguma evidência de que a progressão do choque séptico está associada às respostas imunológicas defeituosas, talvez relacionadas à depleção ou supressão das células T, resultando em uma disseminação microbiana não controlada.
Uma complicação tardia da resposta imune humoral contra a infecção bacteriana pode ser a geração de anticorpos produtores de doenças. Os exemplos mais definidos são duas sequelas raras de infecções estreptocócicas da garganta ou da pele que se manifestam semanas ou mesmo meses após as infecções serem controladas. A febre reumática é uma sequela da infecção faríngea com alguns tipos sorológicos de estreptococos β-hemolíticos. A infecção leva à produção de anticorpos contra uma proteína da parede celular bacteriana (proteína M).
4) Conceituar microbiota normal, localizá-la e diferenciá-la das patogênicas.
A microbiota humana ou microbiota humana é a soma de todos micro-organismos que residem nos tecidos e fluidos humanos, composto principalmente de bactérias. A microbiota humana normal também inclui alguns fungos, archaea e vírus. Cada local anatômico (pele, boca, intestino, vagina...) possui sua microbiota específica.
· Pele: Na pele a maioria são cocos gram-positivos e aeróbicos. É frequente encontrar Staphylococcus e Streptococcus.
· Boca, nariz e esôfago: Regiões muito povoadas, principalmente por anaeróbios, mas também é comum encontrar Staphylococcus, Streptococcus e Lactobacillus.
· Intestinos: Principalmente anaeróbios como bacteroides. A maioria são bacilos gram-negativos.
· Vagina: Principalmente lactobacilos produtores de ácido láctico e peróxido de hidrogênio, que suprimem o crescimento de patógenos. O desequilíbrio dessa flora é chamado de vaginose bacteriana.
A flora ou microbiota quando considerada normal oferece algumas relações específicas com o corpo hospedeiro. A seguir alguns exemplos:
· Mutualismo – é uma relação em que todos os relacionados se beneficiam, nesse caso os organismos e nós, os hospedeiros.
· Comensalismo – é uma relação em que um dos organismos é beneficiado, enquanto o outro não é, mas esse outro organismo também não será prejudicado.
· Parasitismo – é uma relação em que um dos organismos se beneficia, enquanto outro será prejudicado, o hospedeiro pode sofrer de danos leves até danos fatais. No caso do parasitismo existem as opções do parasita ser externo ou interno. O parasitismo pode ser considerado uma relação patogênica. Nessa relação o organismo invasor irá provocar danos ao hospedeiro durante uma infecção. Um patógeno oportunista normalmente leva vantagem quando a defesa do organismo hospedeiro está prejudicada.
O desequilíbrio da microflora está associado não só com muitas infecções, mas também com doenças crônicas como obesidade, doença inflamatória intestinal, diabetes mellitus, síndrome metabólica, aterosclerose, doença hepática alcoólica, doença hepática gordurosa não alcoólica, gastrite, cirrose e até câncer de fígado.
5) Explicar os mecanismos inatos e específicos na defesa contra as bactérias.
Imunidade Inata a Bactérias Extracelulares 
Os principais mecanismos de imunidade inata a bactérias extracelulares são a ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. 
• Ativação do complemento. Os peptidoglicanos presentes nas paredes celulares de bactérias Gram-positivas e o LPS encontrado em bactérias Gram-negativas ativam o complemento pela via alternativa. As bactérias que expressam manose em sua superfície podem se ligar à lectina ligante de manose, a qual ativa o complemento pela via da lectina. Um resultado da ativação do complemento é a opsonização e a aumentada fagocitose das bactérias. Somando-se a isso, o complexo de ataque à membrana gerado pela ativação do complemento lisa as bactérias, em especial as espécies de Neisseria que são particularmente suscetíveis à lise devido a suas finas paredes celulares; e os subprodutos do complemento estimulam respostas inflamatórias via recrutamento e ativação de leucócitos. 
• Ativação de fagócitos e inflamação. Os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) usam receptores de superfície, incluindo receptores de manose e receptores scavenger, para reconhecer bactérias extracelulares, e receptores Fc e de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento, respectivamente. Os produtos microbianos ativam receptores do tipo Toll (TLRs, do inglês, Toll-like receptors), além de diversos sensores presentes em fagócitos e outras células. Alguns destes receptores atuam principalmente promovendo a fagocitose dos microrganismos (p. ex.: receptores de manose, receptores scavenger); outros estimulam as atividades microbicidas dos fagócitos (principalmente TLRs); e ainda outros promovem tanto fagocitose como ativação de fagócitos (receptores Fc e do complemento). Em adição, as células dendríticas e os fagócitos ativados pelos microrganismos secretam citocinas que induzem infiltração de leucócitos em sítios de infecção (inflamação). Os leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias. A maioria das bactérias extracelulares são suscetíveis ao killing pelos fagócitos, uma vez que os microrganismos não se adaptaram à sobrevivência no interior dessas células. 
Imunidade Adaptativa a Bactérias Extracelulares 
A imunidade humoral constitui uma das principais respostas imunesprotetoras contra bactérias extracelulares, e atua bloqueando a infecção, eliminando os microrganismos e neutralizando suas toxinas. As respostas de anticorpo contra bactérias extracelulares são dirigidas contra os antígenos da parede celular e as toxinas, que podem ser polissacarídeos ou proteínas. Os polissacarídeos são antígenos T independentes que induzem respostas de anticorpo sem, contudo, ativar células T. Dessa forma, a imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra bactérias encapsuladas ricas em polissacarídeos. Para esses microrganismos, incluindo Streptococcus pneumoniae, espécies de Neisseria e outros, o baço exerce papel importante tanto na produção de anticorpos como na eliminação fagocítica de bactérias opsonizadas. As pessoas que perdem o baço em decorrência de traumatismo ou distúrbios hematológicos correm grande risco de contrair infecções graves causadas por bactérias encapsuladas. Os antígenos proteicos, presentes ou secretados pela maioria das bactérias, induzem anticorpos mais potentes, bem como imunidade mediada por células. Os mecanismos efetores usados pelos anticorpos para combater as infecções incluem neutralização, opsonização e fagocitose, e ativação do complemento pela via clássica. 
Imunidade Inata a Bactérias Intracelulares 
A resposta imune inata a bactérias intracelulares é mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK). Os fagócitos — inicialmente neutrófilos e depois macrófagos — ingerem e tentam destruir esses microrganismos, porém as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação no interior dos fagócitos. Os produtos dessas bactérias são reconhecidos por TLRs e proteínas citoplasmáticas da família de receptores do tipo NOD (NLR, do inglês, NOD-like receptor), resultando na ativação dos fagócitos. O DNA bacteriano no citosol estimula respostas de interferon do tipo I através da via STING. 
As bactérias intracelulares ativam células NK por meio da indução da expressão de ligantes ativadores de células NK nas células infectadas, e também estimulando a produção por células dendríticas e macrófagos de IL-12 e IL-15, que são citocinas ativadoras de células NK. As células NK produzem IFN-γ que, por sua vez, ativa macrófagos e promove o killing das bactérias fagocitadas. Sendo assim, as células NK conferem uma defesa inicial contra esses microrganismos antes do desenvolvimento da imunidade adaptativa. 
Imunidade Adaptativa a Bactérias Intracelulares 
A principal resposta imune protetora contra bactérias intracelulares é o recrutamento e ativação de fagócitos mediados pela célula T (imunidade celular). Indivíduos com imunidade celular deficiente, como pacientes com Aids, são extremamente suscetíveis a infecções com bactérias intracelulares (bem como por fungos e vírus intracelulares). 
As células T conferem defesa contra infecções por meio de dois tipos de reações: ativação de fagócitos pelas células T CD4 +, por meio das ações do ligante de CD40 e do IFN-γ, resultando no killing de microrganismos ingeridos que sobrevivem dentro dos fagolisossomos dos fagócitos; destruição de células infectadas por linfócitos T citotóxicos (CTLs) CD8 +, eliminando os microrganismos que escapam dos mecanismos de killing dos fagócitos. 
Numerosas citocinas, em adição ao IFN-γ, exercem papéis importantes na defesa contra bactérias intracelulares, como Mycobacterium tuberculosis. O TNF, produzido por macrófagos ativados e outras células, recrutam e ativam fagócitos mononucleares para combater as micobactérias.
As bactérias fagocitadas estimulam respostas de células T CD8 + se antígenos bacterianos forem transportados dos fagossomos para o citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma de células infectadas. No citosol, os microrganismos deixam de ser suscetíveis aos mecanismos microbicidas e, para a erradicação da infecção, as células infectadas devem ser eliminadas pelos CTLs. Assim, os efetores da imunidade mediada por células, a saber as células T CD4 + que ativam macrófagos e os CTLs CD8 + , atuam de modo cooperativo na defesa contra bactérias intracelulares.
A ativação de macrófagos que ocorre em resposta aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual. Essa lesão pode resultar de reações de hipersensibilidade tardia (DTH, do inglês, delayed-type hypersensitivity) a antígenos proteicos microbianos (Capítulo 19). Como evoluíram para resistir ao killing no interior dos fagócitos, as bactérias intracelulares frequentemente persistem por longos períodos e causam ativação crônica das células T e dos macrófagos, e isso pode resultar na formação de granulomas circundando os microrganismos (Fig. 19.8). A marca histológica da infecção com alguma bactéria intracelular é a inflamação granulomatosa. Esse tipo de reação inflamatória pode servir para localizar e prevenir a disseminação dos microrganismos, mas também está associado a graves comprometimentos funcionais causados por necrose e fibrose tecidual. 
6) Compreender sistema complemento 
O sistema complemento é um dos principais mecanismos efetores da imunidade humoral e é também um importante mecanismo efetor da imunidade inata. 
É um grupo de aproximadamente 30 proteínas que auxiliam diretamente nosso sistema imune com várias funções. Existem diversas vias de ativação do sistema complemento e cada uma tem sua característica e função única.
O sistema complemento é ativado por microrganismos e por anticorpos que estão ligados aos microrganismos e outros antígenos. Dessa maneira, o complemento direciona o ataque imune às superfícies microbianas. 
Funções:
· Anafilaxia: capacidade das moléculas do sist. Comp. Em fazer o recrutamento de células inflamatórias.
· Lise celular: feita por meio do MAC (complexo que ataca membrana), fazendo poros em cavidades externas de células invasoras provocando a lise.
· Retirada de imunocomponentes do sangue: células mortas no sangue são retiradas.
· Opsonização: facilitação da fagocitose para viabilizar o trabalho dos fagócitos.
A primeira etapa na ativação do sistema complemento é o reconhecimento de moléculas em superfícies microbianas e não em células do hospedeiro, e isso se dá de três formas, cada uma das quais referida como uma via distinta de ativação do complemento. 
São 3 vias:
• A via clássica usa uma proteína plasmática denominada C1q para detectar anticorpos ligados à superfície de um microrganismo ou outra estrutura, ela é ativada por meio de IgM e IgG, é uma via da imunidade adquiridade, pois há a presença de imunoglobulinas, ou seja, há a ativação de linfócitos. Uma vez que C1q se liga à porção Fc dos anticorpos (IgM ou IgG), induz a ativação de C1r e C1s (duas serinas proteases associadas), são ativadas e iniciam uma cascata proteolítica envolvendo outras proteínas do complemento (C4 – C4a e C4b; C2 – C2a e C2b) - - todas as moléculas do sist. Comp. Terminadas em a vão subir para o plasma (sair da memb. Plasmática e vão para o sangue). Então C4a e C2a vão para o plasma e restam C4b e C2b, que se unem formando o C3 que faz clivagem e continuar com a cascata proteolítica. C3a e C5a são grandes estimuladoras da inflamação, são anafilotoxinas (induzem a inflamação), facilitam a diapedese, induzem a degranulação dos mastócitos. C3b retira os imunocomplexos do sangue.
• A via alternativa, é uma via da imunidade inata e é deflagrada quando uma proteína do complemento chamada C3 reconhece diretamente certas estruturas presentes na superfície microbiana, como o LPS bacteriano. O C3 também é constitutivamente ativado em solução, em níveis baixos, e se liga às superfícies celulares, mas então é inibido por moléculas reguladoras presentes nas células dos mamíferos. Como os microrganismos não têm essas moléculas reguladoras, a ativação espontânea pode ser amplificada nas superfícies microbianas. Assim, essa via consegue distinguir entre o próprio normal e os microrganismos estranhos, com base na presença ou ausência das proteínas reguladoras. 
• A via da lectina é deflagrada por uma proteína plasmáticachamada lectina ligante de manose (MBL), a qual reconhece resíduos de manose terminais em superfícies externas microbianas (glicolipídeos e glicoproteínas). Depois que a MBL se liga aos microrganismos, dois zimogênios (proteínas que adquirem atividade enzimática proteolítica pela ação de outras proteases) chamados MASP1 e MASP2, com funções similares as de C1r e C1s, associam-se à MBL e iniciam etapas proteolíticas downstream idênticas às da via clássica.
O nome complemento é derivado de experimentos realizados por Jules Bordet logo após a descoberta de anticorpos. Ele demonstrou que se um soro fresco contendo anticorpo antibacteriano for adicionado a uma cultura de bactérias mantida a temperatura fisiológica (37°C), as bactérias são lisadas. Se, no entanto, o soro for aquecido a 56 °C ou mais, ele perde sua capacidade lítica. Essa perda não se deve ao decaimento da atividade dos anticorpos, porque as moléculas são relativamente estáveis ao calor, e mesmo o soro aquecido é capaz de aglutinar bactérias. Bordet concluiu que o soro deve conter algum outro componente termolábil que auxilia, ou complementa, a função lítica dos anticorpos, e esse componente recebeu posteriormente o nome complemento. 
7) Descrever os mecanismos de febre e a ação dos antitérmicos.
A febre é uma síndrome na qual o sintoma predominante é a hipertermia, estando frequentemente associada à astenia, à taquicardia e à oligúria. 
A febre ocorre quando alguma coisa aumenta o ponto de equilíbrio hipotalâmico, estimulando o centro vasomotor a iniciar a vasoconstrição, derivando o sangue da periferia a fim de diminuir perda de calor e, algumas vezes, induzindo calafrios, que aumentam a produção de calor. 
Vários são os fatores determinantes e geradores da febre; o mais comum é a infecção. A febre ocorre com a produção de pirógenos endógenos (ou citocinas). Já foram caracterizados vários pirógenos endógenos, entre os quais destacamos a interleucina-1 (IL-1), a interleucina-6 (IL-6), o fator de necrose tumoral (caquetina, TNF), interferon alfa e beta (FNT), proteína α1 inflamatória do macrófago (PIM), entre outras. Estas substâncias são produzidas por grande variedade de células do organismo, especialmente aquelas capazes de realizar a fagocitose (essencialmente os macrófagos), no entanto acredita-se que outras células sejam capazes de produzi-las, tais como, granulócitos, monócitos, linfócitos, eosinófilos, hepatócitos, etc. 
Estes pirógenos endógenos não podem ser confundidos com pirógenos bacterianos (exógenos) sendo distinguidos por produzir febre após período de latência, causar leucopenia, e a injeção repetida do mesmo conduzir ao estado de refratariedade. Para que os pirógenos endógenos sejam liberados pelas células responsáveis pela sua produção, ocorre necessidade de indução, e entre os indutores de pirógenos endógenos, destacamos: as endotoxinas de microorganismos, vírus, bactérias, hormônios (esteróides, progesterona, etiocolanolona), pólen, vacinas, proteínas ou produtos de sua desintegração, etc. Estes agentes indutores estimulam a produção de pirógenos endógenos por estas células. É importante salientar que a febre não é produto do efeito farmacológico destes mediadores químicos no organismo. Os pirógenos endógenos, por meio da interação com elementos sensoriais no órgão vascular da lâmina terminal (OVLT) e outras regiões em torno do cérebro, promovem a síntese de prostaglandinas E2 pela estimulação da cicloxigenase. As prostaglandinas E2 difundem-se e atravessam a barreira hemato-encefálica até a área pré-óptica do hipotálamo, gerando a liberação de citocinas nos sítios terminais e distais dos neurônios responsáveis pelos componentes autonômicos, endócrinos e condutores da resposta febril. Existem evidências de que ocorre produção destas citocinas fora do cérebro. A indução da variação do ponto prefixado hipotalâmico da temperatura está mediada pela prostaglandina E2. Ao gerar ascensão do ponto prefixado hipotalâmico, estimula-se a produção de calor pelo centro promotor de calor, por meio de seus mecanismos (calafrios, aumento do metabolismo celular e vasoconstrição). O aumento no valor prefixado do hipotálamo desenvolverá mecanismos cuja resultante funcional é a perda de calor, principalmente por vasodilatação e sudorese, que tendem a abaixar a temperatura até a faixa considerada normal. A este fenômeno dá-se o nome de crises e ocorre por diferentes razões fisiológicas, tais como, o controle e ou o desaparecimento do agente causador da febre, o uso de antipiréticos, etc.
Os antitérmicos são medicamentos que ajudam no controle da febre. Eles atuam de forma indireta no hipotálamo, o principal centro de regulação térmica do sistema nervoso central1 e que responde a diversos tipos de estímulos, como, por exemplo, as infecções1. “Os antitérmicos atuam no mecanismo da cascata de inflamação, mas especificamente nas enzimas conhecidas como cicloxigenases (COX). Desta forma, também impedem a liberação das prostaglandinas e passam a ter um efeito indireto central no hipotálamo”, afirma Dr. Bruno. Ou seja, ao atuar nessas substâncias, o medicamento acaba modulando os comandos do hipotálamo em relação ao aumento da temperatura.
Por isso devido à ação dos antitérmicos no sistema termorregulador, o corpo começa a produzir o suor para reduzir a temperatura. “Após a ação do antitérmico, como mecanismo de redução de febre, o suor é liberado para liberar o calor em excesso produzido pela febre”
08)Discutir os tipos de imunização.
Imunização Passiva: administração de anticorpos previamente formados (imunoglobulinas) ou soros hiperimunes. Útil em pacientes com defeito na formação de anticorpos ou imunodeprimidos.
A imunidade protetora também pode ser conferida por imunização passiva, por exemplo, pela transferência de anticorpos específicos. Na situação clínica, a imunização passiva é mais comumente usada para o tratamento rápido de doenças potencialmente fatais causadas por toxinas, como o tétano, e para proteção contra raiva e hepatite. Anticorpos contra veneno de cobra podem salvar vidas quando administrados após a picada de serpentes venenosas. A imunidade passiva, empregando as abordagens correntes, tem curta duração, porque o hospedeiro não responde à imunização e a proteção dura apenas enquanto os anticorpos injetados persistirem. Além disso, a imunização passiva não induz memória, por isso um indivíduo imunizado não está protegido contra a exposição subsequente à toxina ou ao microrganismo. 
Imunização ativa: uso de micro-organismos vivos atenuados, mortos e componentes inativados de micro-organismos. são induzidas pela vacina, que ao ser administrada induz uma resposta biológica do nosso corpo com a produção de anticorpos específicos ao mesmo micro-organismo que foi administrado, protegendo contra futuras infecções. A duração da vacinação é de muitos anos ou até mesmo a vida toda. Também adquirimos imunidade ativa quando contraímos uma doença e respondemos com anticorpos.
Tipos:
Vacinas inativadas: a partir de microorganismos mortos ou inativados. São mais seguras (problema da doença induzida por vacina que, apesar de rara, poderia se tornar mais frequente do que a doença naturalmente adquirida), porém é necessária mais de 1 dose para efeito de proteção prolongada. Ex: gripe, poliomielite, hepatite A e raiva. 
Vacinas atenuadas: a partir de microorganismo inteiro e vivo, porém enfraquecido. Retira-se alguns mecanismos utilizados pelo vírus ou bactéria que causam a doença. A grande vantagem das vacinas microbianas atenuadas é a indução de todas as respostas imunes inatas e adaptativas (tanto humorais como celulares) que o microrganismo patogênico induziria, sendo assim a forma ideal de indução de imunidade protetora, melhor simulação da infecção natural. Ex: febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e catapora. 
Vacinas de subunidade: Fragmento isolado do microrganismo, como uma proteína (hepatite B e HPV). Possui algumas vantagens como: 
*remoção ou redução de componentes imunosupressivos ou inflamatórios (talvezreduzida hipersensibilidade); 
*habilidade para produzir quantias grandes de antígeno de modo eficaz, barato e seguro; 
*facilidade p/ desenvolver ensaios diagnósticos. 
No entanto, possui desvantagens como:
* não podem estimular resposta local e celular; 
* difícil induzir ampla proteção; 
*a efetividade continuada da vacina depende da ausência de desvio antigênico. (Deve ser administrada via parenteral)
Vacinas toxoides: Quando a doença não é causada pelo microorganismo, mas sim pela toxina que ele produz. Esse tipo de vacina estimula a resposta contra a toxina liberada pelo microorganismo (neutralização), porque as toxinas podem ser tornadas inofensivas sem perder a imunogenicidade, e esses toxoides induzem fortes respostas de anticorpo. São preparados a partir de caldos de culturas de onde são extraídos, purificados e tratados com formaldeído. Ex: tétano e difteria.
09) Entender o complexo principal de histocompatibilidade
O MHC é o locus do genoma onde encontram-se genes importantes para o sistema imune, auto-imunidade e para o sucesso reprodutivo.
Tem a função de codificar proteínas de superfície que reconhecem e apresentam antígenos próprios ou externos para o nosso sistema imune adaptativo.
· Descoberta: o MHC foi descoberto como um locus genético cujos produtos eram responsáveis pela rejeição dos enxertos de tecidos transplantados entre espécies isogênicas de camundongos. Existem genes que estão presentes em formas alternativas ou variantes, em frequências estáveis, nos diferentes membros da população de uma dada espécie. Esses genes são considerados polimórficos. Os genes responsáveis por fazer com que um tecido enxertado seja semelhante aos próprios tecidos foram chamados genes de histocompatibilidade, e as diferenças entre estranho e próprio foram atribuídas a polimorfismos genéticos entre diferentes alelos de histocompatibilidade. Os genes que determinam o destino dos tecidos enxertados estão presentes em todas as espécies de mamíferos e são homólogos aos genes H-2 que foram primeiro identificados nos camundongos, e todos são designados como MHC. A região genética que controlava a rejeição aos enxertos e continha vários genes ligados foi denominada complexo principal de histocompatibilidade.
As moléculas do MHC humanas são chamadas antígenos leucocitários humanos (HLA) e são equivalentes às moléculas H-2 dos camundongos.
O locus do MHC contém dois tipos de genes de MHC polimórficos: os genes de MHC de classe I e de classe II, que codificam dois grupos de proteínas estruturalmente distintas, porém homólogas; e outros genes não polimórficos, cujos produtos estão envolvidos na apresentação de antígenos.
Os polimorfismos se referem às variações em um gene entre os indivíduos de uma população não consanguínea. As moléculas do MHC de classes I e II polimórficas são aquelas com função de exibir antígenos peptídicos para o reconhecimento pelas células T CD8 + e CD4 + , respectivamente. As moléculas não polimórficas codificadas no MHC não apresentam peptídeos para reconhecimento pela célula T.
O complexo principal de histocompatibilidade (MHC) é uma região genética ampla que codifica moléculas do MHC de classes I e II, altamente polimórficas, expressas de modo codominante.

Continue navegando