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DIREITO CIVIL META 01 PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 3 SUMÁRIO SUMÁRIO ........................................................................................................................................................................... 3 D. CIV - META 01 ............................................................................................................................................................. 5 QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................................... 5 1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL ............................................................................................................ 5 1.1. Conceito ............................................................................................................................................................................... 5 1.2. A Codificação Do Direito Civil ...................................................................................................................................... 5 1.3. O Código Civil De 1916 ................................................................................................................................................. 6 1.4. O Código Civil De 2002 ................................................................................................................................................. 7 1.5. Princípios Norteadores Do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade E Operabilidade ................................. 8 1.6. Do Direito Civil-Constitucional ................................................................................................................................. 11 1.7. Da Eficácia Horizontal Dos Direitos Fundamentais ........................................................................................... 14 1.8. A Eficácia Diagonal Dos Direitos Fundamentais ................................................................................................. 15 2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO .......................................................................... 16 2.1. Vigência, Aplicação, Obrigatoriedade, Interpretação E Integração Das Leis ............................................. 16 2.2. Antinomias ...................................................................................................................................................................... 23 2.3. Aplicação Temporal Das Normas ............................................................................................................................ 24 2.4. Revogação Das Leis ..................................................................................................................................................... 25 2.5. Aplicação Espacial das Normas (art. 7º-19, LINDB) .......................................................................................... 26 2.6. Lei Federal nº 13.655/2018. ...................................................................................................................................... 27 2.7. Aplicação Do Direito Público ..................................................................................................................................... 31 QUESTÕES PROPOSTAS ....................................................................................................................................................... 37 JURISPRUDÊNCIA DO TEMA - DIZER O DIREITO ................................................................................................. 59 É possível que o cassino cobre no Brasil por dívidas de jogo contraídas no exterior .......................................... 59 Lei aplicável para reger a sucessão causa mortis e bem imóvel situado no exterior........................................... 59 PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 5 D. CIV - META 01 TEMA DO DIA Constitucionalização do Direito Civil. Lei de introdução às normas do direito brasileiro. Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no tempo. Eficácia das leis no espaço. Material revisado em 16/02/2022 QUAL DEVE SER O FOCO? 1. Constitucionalização do Direito Civil 2. Aplicação e vigência das leis. 3. Conflito das leis no tempo. 4. Eficácia das leis no espaço. 5. Lei nº 13.655/2018 1. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL 1.1. Conceito O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano. Tem como objeto o regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os seus momentos, daí ser chamado de direito comum. Contempla direitos patrimoniais (obrigações, responsabilidade civil, contratos, etc.) e direitos existenciais (família, vida, estado civil, etc.). É o direito do dia-a-dia, é o direito de todas as pessoas. 1.2. A Codificação Do Direito Civil Como se sabe, o Brasil foi colonizado por Portugal de modo que nos primeiros séculos da nação brasileira se experimentava neste território a aplicação do direito português. As denominadas PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 6 Ordenações do Reino (Legislações de Portugal) eram as que se aplicavam a um Brasil rural, patriarcal, escravagista, colonizador e não-republicano. Em 07 de setembro de 1822 veio a lume a independência do Brasil. No ano de 1867, Portugal revogou as Ordenações Filipinas que, nada obstante, continuaram a viger no Brasil por longos anos, até o advento do Código Civil de 1916. 1.3. O Código Civil De 1916 O primeiro Código Civil brasileiro coube à autoria de Clóvis Bevilaqua e foi promulgado em 01 de janeiro de 1916, entrando em vigor no dia 01 de janeiro de 1917. O Código Civil de 1916 foi construído mediante as influências do Código Civil Napoleônico de 1804 e do Código Civil alemão de 1896, especialmente a estrutura defendida por Savigny de uma Parte Geral e uma Parte Especial. O Código Civil de 1916 também optou por separar-se do Direito Comercial, mantendo a dualidade dos Diplomas Jurídicos. Trata-se de um código patrimonialista, agrário, conservador, individualista, que seguiu a lógica do iluminismo. Criado sobre a égide de uma sociedade colonial, patriarcal, rural e escravagista, valores como o trabalho, a igualdade e a função social da propriedade não estavam presentes no primeiro Código Civil Brasileiro. Teve como grande embasamento internacional o Código Civil de Napoleão, o qual era centrado na propriedade, em uma ótica patrimonial possessiva. Tinha-se a ordem jurídica do ter, fincada no patrimônio (patrimonialização do direito civil). Este código sobreviveu por mais de 80 (oitenta) anos. Não foram poucas as leis ordinárias e os microssistemas que surgiram após este Código Civil, que não foi capaz de se sustentar ante as mudanças sociais que se seguiram a sua publicação, máxime, diante do Dirigismo Estatal e da 1ª Grande Guerra Mundial. Fazia-se necessário relativizar o pacta sunt servanda (princípio da força obrigatória dos contratos), diante das necessidades sociais e do abuso do poder econômico. A propriedade individualista carecia atender à função socioambiental. Ignorava-se a união estável e a igualdade na filiação. Alguns institutos estavam em decadência, como a enfiteuse. Por outro lado, a vida moderna exigia nova reflexão sobre a responsabilidade civil. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 7 De fato, o Código Civil de 1916 não foi capaz de resistir às importantes mudanças sociais experimentadas pelo Brasil nas décadas que se seguiram, sendo digna de notas a urbanização, o industrialismo, as guerras mundiais,as mudanças nos usos e costumes, os microssistemas jurídicos que lhe seguiram, dentre os mais importantes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei de Registros Públicos, a Lei do Divórcio, do Inquilinato, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), entre outros. A gota d’água foi o advento de uma nova ordem constitucional em 1988, cidadã e fundada na tutela do ser humano digno, o que causava grave descompasso em relação a um Código Civil patrimonialista fincado na ordem do ter. 1.4. O Código Civil De 2002 Ao contrário do trabalho isolado de Clóvis Beviláqua e que redundou no Código de 1916, o Código Civil de 2002 exsurge de uma ação conjunta e coordenada que deu azo a um anteprojeto apresentado em 1972, sob a liderança de Miguel Reale. Além de ab-rogar todo o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 derrogou a parte geral do Código Comercial de 1850, redimensionando a disciplina dos atos e fatos jurídicos, ao eleger os negócios jurídicos como instrumento de trânsito das relações civis, além de alterar a ordem da parte especial e unificar as obrigações civis e mercantis (direito empresarial). Adentra o novo diploma na ordem do ser da Constituição Federal de 1988, promovendo a despatrimonialização e uma repersonificação do direito civil. O ser humano, antes esquecido em detrimento da propriedade, passa a ocupar papel central, sendo a propriedade funcionalizada em prol do ser humano (função social). O mesmo ocorreu com os contratos, a empresa, a família, etc. Ressocializa-se o direito civil. A legislação civilista passa a ter contato direto com os direitos e garantias fundamentais, sendo o direito civil constitucionalizado (“constitucionalização do direito civil”). Os direitos e garantias fundamentais, na feliz expressão do professor Daniel Sarmento, passam a ter eficácia radiante, aplicando-se às relações horizontais ou privadas. Exige-se, por exemplo, o devido processo legal para a exclusão de associado dos quadros da associação (art. 5 º, inciso LV, da CF/88 c/c art. 57 do CC), e confere-se direito a recurso à minoria vencida, na hipótese de alteração do estatuto funcional (art. 68 do CC). PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 8 Contemplando 2046 artigos, o Código Civil de 2002 se dividiu em duas partes. A Parte Geral regular as pessoas, os bens e os fatos jurídicos, enquanto que a Parte Especial foi dividida em 05 (cinco) subpartes: o direito das obrigações, o direito da empresa, o direito das coisas, o direito de família e o direito das sucessões. 1.5. Princípios Norteadores Do Novo Código: Eticidade, Sociabilidade E Operabilidade Também é interessante notar que o Código Civil de 2002 contempla inédita preocupação principiológica, elegendo a eticidade, a operabilidade e a sociabilidade como os três pilares fundamentais sobre os quais se construiu o texto legislativo do novo diploma. O novo código passa a adotar o modelo de cláusulas gerais (abertas), abandonando a concepção positivista pretérita, que defendia a possibilidade da normatização prever todos os problemas concretos. Por cláusula geral se infere uma norma, obediente ao devido processo legislativo, na qual há uma hipótese legal que confere tratamento jurídico a um domínio amplo de casos. É o antônimo das normas casuísticas, as quais abrangem um domínio específico de casos. a) Eticidade Consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um agir segundo os valores sociais e morais relevantes, fincados na boa-fé e na equidade. Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socioafetividade, nas relações existenciais. 1)A boa-fé nas relações patrimoniais pode ser inferida sobe seu prisma subjetivo e objetivo. A subjetiva revela um estado psicológico, enquanto a objetiva uma norma de conduta esperada pela comunidade. ATENÇÃO!!! Não se pode confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva. Deve-se decorar as principais diferenças entre esses conceitos: Boa-fé SUBJETIVA Boa-fé OBJETIVA PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 9 Não é um princípio, mas sim um estado psicológico (um fato). Muito utilizada no Direito Real (exs: posse, usucapião, benfeitorias etc). É uma regra de conduta. Significa manter uma conduta de acordo com padrões sociais de lisura, honestidade e correção. Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança da outra parte. Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar se a pessoa pensava, sinceramente, que agia ou não de acordo com o direito (é examinado se a pessoa tinha boas ou más intenções). Para examinar a boa-fé objetiva, deve-se analisar se a pessoa agiu de acordo com os padrões de comportamento(standards) impostos pelo direito em determinada localidade e em determinada situação. Deve ser examinada internamente, ou seja, de acordo com o sentimento da pessoa. Deve ser examinada externamente, ou seja, não importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim a sua conduta. Aplicação nos ramos do direito Normalmente, o estudo da boa-fé objetiva é feito no Direito Civil. No entanto, indaga-se: É possível a aplicação da boa-fé objetiva nos demais ramos do Direito? SIM. A boa-fé objetiva surgiu inicialmente no Direito Civil, mas a sua aplicação foi expandida para todos os demais ramos do direito, inclusive para os ramos do chamado “direito público”, como é o caso do Direito Administrativo. Assim, por exemplo, de acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios (venire contra factum proprium) é aplicada ao poder público. Em suma, a boa-fé objetiva deve estar presente em toda e qualquer relação jurídica. O atual código civil trouxe a boa-fé, em sua aplicação relacionada à esfera patrimonial, nos artigos 113 e 422, os quais dispõem respectivamente: Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (...) Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 10 A boa-fé objetiva possui 03 (três) funções: função interpretativa, integrativa e restritiva ou limitadora. A função interpretativa impõe ao operador do direito a leitura das relações patrimoniais calcado Na ética, observando-se as interpenetrações sistemáticas do Código Civil e demais diplomas jurídicos, além dos fatores metajurídicos. O papel integrativo, com construção de deveres anexos de cooperação, traz a existência no contrato de certas obrigações, independentemente de disposição contratual expressa, como o dever de zelo, informação, confiança, lealdade, redução das perdas (duty of mitigate) e assistência recíproca. O descumprimento de um dever anexo é denominado de violação positiva do contrato ou adimplemento fraco/imperfeito/defeituoso. Para o STJ, a violação a quaisquer deveres anexos implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa (REsp 595631/SC). A função restritiva ou limitadora assevera a possibilidade de revisão do contrato sobre a ótica da boa-fé, sendo restringidas certas cláusulas. 2) Por outro lado, destaque-se que as relações extrapatrimoniais não são estranhas a eticidade, sendo terreno fecundo no qual a ética é veiculada mediante a socioafetividade geradora de confiança. Tem-se como exemplo as relações de família, que hoje devem ser construídas pela via do afeto, da desbiologização, da igualdade, do caráter democrático e plural. b) Sociabilidade Sociabilidade é outro princípio geral marcante do vigente Código Civil, consistindo na quebra do paradigma liberal-individual e ascensão do transindividual. É a transmutação da visão individualista da codificação de 1916, para a solidária de 2002, em combate ao exacerbado individualismo possessivo de outrora.Traduz a consagração e materialização na órbita civil dos princípios do solidarismo social, justiça distributiva e diminuição das desigualdades sociais, todos de base constitucional (art. 3º, inciso I, III e IV, da CF/88), em afronta à visão egoística pretérita. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 11 A sociabilidade é instrumentalizada no Código Civil em três esferas principais: função social do contrato (art. 421), função social da propriedade e função social da posse (art. 1228). Dentre elas, é a função social da propriedade a única que, expressamente, tem sede constitucional, especificamente nos arts. 5º, XXIII; art. 170, inciso III; e artigos 182 e 186, todos da CF/88. A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) não fica estranha a esse fenômeno de revisão, verificando-se a necessidade de estabelecer trocas úteis e justas, com vistas à promoção da equivalência material das prestações ou, como também é denominada, justiça contratual. c) Operablidade Operabilidade é o terceiro princípio informador do atual Código Civil. Consiste no fato de as normas do vigente Código serem de mais fácil acesso, possibilitando que uma gama bem maior da sociedade as entenda e utilize mais corriqueiramente. É a qualidade de ser operável. Relaciona-se de forma perfeita com o princípio constitucional do acesso à justiça (art. 5º, inciso XXXV, da CF/88). Uma vez conhecida a norma, por ser operável e inteligível à maioria da população, tem-se maior acesso ao Poder Judiciário. Operabilidade é princípio que remonta a construção do princípio vetor de interpretação constitucional da coloquialidade. Remete ao ideal do direito operável à sua maleabilidade, a qual foi deveras aumentada em virtude da inserção de cláusulas gerais. 1.6. Do Direito Civil-Constitucional A constitucionalização do direito civil, ou direito civil-constitucional, é um movimento doutrinário e jurisprudencial que visa a imprimir uma reinterpretação do Código Civil, em consonância com a Constituição Federal. Assim, relativiza-se o princípio da autonomia privada para abarcar outros princípios superiores, a saber, dignidade da pessoa humana, eficácia horizontal dos direitos fundamentais, função social da propriedade, entre outros. Em síntese, deve-se entender que as normas de direito civil têm que ser lidas e aplicadas á luz dos princípios e valores consagrados no texto constitucional. Este é um ditame do chamado Estado Democrático de Direito que tem na Constituição sua base hermenêutica. Ou seja: o direito civil-constitucional nada mais é do que um novo caminho metodológico que procura analisar os PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 12 institutos privados a partir da Constituição, e, eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir do Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma análise de mão dupla. A Constituição Federal de 1988, além de ser a norma superior do ordenamento, passa a ser um vetor interpretativo do novo Código Civil de 2002, complementando suas normas e princípios. Desse modo, o Código Civil não poderá deixar de observar esse novo modelo jurídico, que preza pelos direitos fundamentais, e aquelas normas que não observam tais preceitos deverão ser reinterpretadas ou simplesmente afastadas, já que esbarram na Lei Maior. Há, portanto, uma unificação do direito civil ao direito constitucional, formando um todo que regula as relações privadas, com fulcro na observância dos preceitos constitucionais. Esta civilização da constituição evidencia hoje o papel central do texto constitucional no ordenamento jurídico, passando institutos privados, a exemplo do trabalho, propriedade e contrato, a ocuparem locus constitucional. Assim, assume a Constituição Federal, com isto, o seu verdadeiro papel de elemento unificador, integrador e orientador de todo o sistema civil, sendo o vértice axiológico do qual necessitava o ordenamento para integrá-lo. Ocorre que, quando promove a Constituição de 1988, a reunificação do sistema, pautada no ideal do ser, encontra um então Código Civil fincado na ordem do ter, instalando-se um verdadeiro descompasso ideológico, sendo esse o fundamento da mudança da legislação civilista. Abre-se caminho para a despatrimonialização do direito civil, sendo retirados do seu centro imediato institutos como propriedade e o contrato, os quais cedem seus lugares ao homem, sua dignidade, bem-estar e procura de justiça social. Ao lado dessa respersonificação, infere-se o rompimento do individual, o qual cede espaço para o difuso e o socialmente relevante. Desse modo, mitiga-se o paradigma liberal-individual, pois o constitucionalismo de 1988 não mais confere espaço par ao singular em detrimento do difuso. Chega-se ao solidarismo. Exemplo prático da referida constitucionalização do direito civil está na interpretação que o Supremo Tribunal Federal (STF) conferiu ao art. 1723 do Código Civil de 2002. A um primeiro momento era visto como regra proibitiva da união estável entre pessoas do mesmo sexo. A partir de uma interpretação conforme, em consonância com os preceitos constitucionais, houve uma revalorização do dispositivo, para nele albergar as uniões homoafetivas, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana e da isonomia (art. 1º, inciso III c/c art. 5º, caput, ambos da CF/88). PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 13 DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO (HOMOAFETIVO). INTERPRETAÇAO DOS ARTS. 1.524, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇAO EXPRESSA A QUE SE HABILITEM PARA O CASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO. VEDAÇAO IMPLÍCITA CONSTITUCIONALMENTE INACEITÁVEL. ORIENTAÇAO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO STF NO JULGAMENTO DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF. 1. Embora criado pela Constituição Federal como guardião do direito infraconstitucional, no estado atual em que se encontra a evolução do direito privado, vigorante a fase histórica da constitucionalização do direito civil , não é possível ao STJ analisar as celeumas que lhe aportam "de costas" para a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei Maior. Vale dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo sua missão deuniformizar o direito infraconstitucional, não pode conferir à lei uma interpretação que não seja constitucionalmente aceita. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme à Constituição para dele excluir todo significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar , entendida esta como sinônimo perfeito de família . (...)8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento familiar. 9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a maioria, mediante seus representantes eleitos, não poderia http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/topico/10613814/artigo-1723-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027027/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/topico/10631851/artigo-1514-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002http://www.jusbrasil.com/topico/10631418/artigo-1521-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com/topico/10631007/artigo-1523-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com/topico/10629936/artigo-1535-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com/topico/10626526/artigo-1565-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027027/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 14 mesmo "democraticamente" decretar a perda de direitos civis da minoria pela qual eventualmente nutre alguma aversão. Nesse cenário, em regra é o Poder Judiciário - e não o Legislativo - que exerce um papel contramajoritário e protetivo de especialíssima importância, exatamente por não ser compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com a lei e com a Constituição, sempre em vista a proteção dos direitos humanos fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. (REsp 1183378 RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 25/10/2011, DJe 01/02/2012) 1.7. Da Eficácia Horizontal Dos Direitos Fundamentais Incialmente, é possível afirmar que os direitos fundamentais estão para a Constituição Federal, assim como os direitos de personalidade estão para o Código Civil brasileiro. São dois lados de uma mesma moeda denominada dignidade da pessoa humana. É consabido que os direitos fundamentais surgiram numa ideia de limitação do poder absoluto do Estado e proteção do indivíduo, conferindo-se direitos básicos e garantias a qualquer pessoa. Nesta relação Estado-indivíduo, diz-se que há uma eficácia vertical dos direitos fundamentais, pois nesta relação há um poder “superior” (o Estado) e um infinitamente “inferior” (o indivíduo), certo que não estão em posições iguais, sendo evidente a proeminência de força do Estado. Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações particulares em que há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos fundamentais que é justamente incidência e observância de todos os direitos fundamentais nas relações privadas (particular-particular). A teoria irradiante, ou da eficácia horizontal, disciplina que a direta aplicação dos direitos fundamentais às relações do direito civil, visando dar máximo efeito dos valores constitucionais a toda legislação brasileira, em prol da dignidade da pessoa humana. Nas palavras do Professor Ingo Wolfgang Sarlet: http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 15 (...) a constatação de que os direitos fundamentais, na qualidade de princípios constitucionais, e por força do princípio da unidade do ordenamento jurídico, se aplicam relativamente a toda ordem jurídica, inclusive privada; bem como a necessidade de se protegerem os particulares também contra atos atentatórios aos direitos fundamentais provindos de outros indivíduos ou entidades particulares (A eficácia dos direitos fundamentais, Livraria do Advogado, 2003, p. 356). À guisa de exemplo, cite-se o emblemático caso decidido pelo STF no RE 201819/RJ, publicado em 11/10/2005, que determinou a reintengração de associado excluído do quadro daquela pessoa jurídica, em direito à defesa e contraditório como comprovação forense da eficácia horizontal destes direitos fundamentais. Em outras oportunidades o Supremo Tribunal Federal prestigiou os direitos da personalidade e a teoria irradiante, como se infere nos RE’s de números 160222-8, 158215-4 e 161243-6. 1.8. A Eficácia Diagonal Dos Direitos Fundamentais É cediço que as relações entre particulares nem sempre se apresentam de forma equilibrada. Por isso, é relativamente comum nos depararmos com situações em que as pessoas estão em uma posição de desigualdade, com prevalência de uma sobre a outra. Os principais exemplos desses tipos de situação de desigualdade entre particulares são as relações trabalhistas e consumeristas. Tanto no direito do trabalho quanto no direito do consumidor o poderio econômico-financeiro das empresas/patrão pode resultar em graves violações aos direitos fundamentais de consumidores e trabalhadores, partes hipossuficientes nas respectivas relações jurídicas. Foi a partir dessa realidade que nasceu a teoria da eficácia diagonal dos direitos fundamentais. Para a referida teoria, os direitos fundamentais devem ser aplicados/respeitado em relações privadas caracterizadas por uma notória desigualdade de poder, em razão da hipossuficiência de uma das partes da relação. Este teoria recebe a denominação de eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em situações equivalentes, não havendo uma preponderância de uma sobre a outra. Ocorre que, na prática, aquele que possui o poder econômico consegue se sobrepor perante a outra parte, razão PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 16 pela qual se defende o devido respeito e a consequente aplicabilidade dos direitos fundamentais nas relações entre particulares. Desse modo, é possível concluir que a eficácia diagonal dos direitos fundamentais nada mais é que a efetiva aplicação dos direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela desigualdade entre os particulares, em especial quando puder se verificar um relação de intimidade entre o poderio econômico-financeiro e a vulnerabilidade da parte hipossuficiente. 2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO A LINDB disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas, e possui natureza de norma de sobredireito ou de apoio, consistente no conjunto de regras cujo objetivo é disciplinar as próprias normas jurídicas, isto é, disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas (=postulados normativos). 2.1. Vigência, Aplicação, Obrigatoriedade, Interpretação E Integração Das Leis A) VIGÊNCIA: É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem força obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem o prazo de vacância, geralmente previsto na própria norma. ATENÇÃO VACATIO LEGIS: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser definido como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e variará de acordo com a repercussão social da matéria. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 17 Decreto-Lei nº 4.657/42 (LINDB): Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. OBS.: Em havendo norma corretiva, mediante nova publicação do texto legal, os prazos acima devem correr a partir da nova publicação, pois as correções do texto de lei em vigor devem ser consideradas como sendo lei nova. No concurso da PGE GO (FCC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: Determinada lei foi oficialmente publicada em 1º de fevereiro de 2021. Em 2 de fevereiro de 2021, foi republicada no Diário Oficial, destinando-se essa nova publicação à correção do seu texto. Em ambas as publicações, o texto da lei se limitou a dispor que ela passaria a ter vigência “na forma da lei”. Nesse caso, sabendo-se que, de acordo com o artigo 1º , caput, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, a lei começa a vigorar em todo o país, salvo disposição contrária, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, pode-se afirmar que a lei em questão começoua vigorar no País quarenta e cinco dias depois da publicação ocorrida em A) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação e a inclusão do último dia do prazo. B) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação e do último dia do prazo. C) 1º de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo. D) 2 de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo. E) 1º de fevereiro de 2021, contando-se esse prazo com a exclusão da data da publicação e a inclusão do último dia do prazo. A alternativa considerada correta foi a letra D. No concurso da PGM CAMPO GRANDE (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte forma: Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o item a seguir. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 18 Salvo expressa disposição em contrário, a lei entrará em vigor no primeiro dia útil após a sua publicação no Diário Oficial da União. O item foi considerado errado. B) OBRIGATORIEDADE: Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode descumpri-la alegando que não a conhece: Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. → A Lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas: • Generalidade - a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo eficácia erga omnes. • Imperatividade - a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros da coletividade. • Permanência - a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia. • Competência - a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente, com o respeito ao processo de elaboração. No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte forma: Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o item a seguir. Autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para julgar ações relativas a imóveis que, situados no Brasil, sejam de propriedade de estrangeiros. O item foi considerado errado. No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte forma: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 19 No que diz respeito ao local de aplicação da lei, nos termos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta. A) A sucessão por morte ou ausência obedece à lei do país de origem do defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. B) Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. C) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira. D) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que residir o proponente, ainda que diversa do local onde situados os bens. E) A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que ele for celebrado, independentemente do local de residência das partes. A alternativa considerada correta foi a letra B. • Autorizante - o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de uma autorização (a norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese de que não há norma sem sanção (Hans Kelsen). C) INTERPRETAÇÃO: “Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica” (Maria Helena Diniz). I. Classificação quanto ao agente: • AUTÊNTICA OU PÚBLICA: Apresentada pela via legislativa; • JUDICIAL: Realizada pelos juízes e tribunais na atividade judicante, ao aplicar a lei na solução aos casos em julgamento; • DOUTRINÁRIA: Proveniente das obras de juristas, a partir de trabalhos teóricos ou pareceres; • ADMINISTRATIVA: Manifestada pelos órgãos da administração pública, ao editar atos normativos ou julgar processo administrativo. II. Classificação quanto à natureza: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 20 LITERAL OU GRAMATICAL É a extração do sentido da norma através das regras linguísticas; LÓGICA OU RACIONAL É a compreensão da norma por meio de raciocínios lógicos, analisando as leis e comparando-as com outros trechos, de forma a alcançar a perfeita compatibilidade; SISTEMÁTICA Proveniente da consideração do sistema em que se encontra a norma, relacionando-a com outras concernentes ao mesmo objeto; HISTÓRICA Decorrente da análise do processo histórico em que surgiu a lei; TELEOLÓGICA OBJETIVA OU SOCIOLÓGICA É a compreensão da norma com o intuito de adaptar a sua finalidade às novas exigências sociais. Possui substrato legal, o art. 5º da LINDB. III. Classificação quanto à extensão: EXTENSIVA OU AMPLIATIVA Forma de interpretação que amplia o sentido da norma além do que indicam os seus termos; RESTRITIVA Redução da amplitude do preceito, com o objetivo de dar àquela norma aplicação razoável e justa; DECLARATIVA Extração do sentido da lei sem a necessidade de expansão ou retração do alcance do enunciado normativo. D) INTEGRAÇÃO DAS LEIS: Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável diretamente ao caso concreto. De acordo com os arts. 4º da LINDB, são formas de integração da lei: ANALOGIA COSTUMES PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 21 analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Importante ressaltar que a EQUIDADE não se encontra nestes artigos, mas alguns doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a inclui nas formas de integração da lei. No Direito Tributário, é expressa a equidade como forma de integração da lei no art. 108, inciso IV, do CTN. ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser: AUTÊNTICAS (PRÓPRIAS) Ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese. NÃO- AUTÊNTICAS (IMPRÓPRIAS) O legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto. OBS.: Silêncio Eloquente = Opção do legislador em excluir, intencionalmente, certo fato do comando legal (DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2008). É o contrário de lacuna da lei, pois nessas hipóteses não se pode fazer analogia (RE 130522, DJ 28.6.1991, pág. 529) OBS.2: Maria Helena Diniz classifica as lacunas, ainda, em: - Normativa: ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto. - Ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social. - Axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta. - De conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto. As antinomias serão estudadas oportunamente, em seção própria. I. Analogia: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 22 É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em: • ANALOGIA LEGAL: A relação da semelhança toma por base outra lei; • ANALOGIA IURIS: A relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso concreto. No concurso da PGM CAMPO GRANDE - MS (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte forma: Considerando as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o item a seguir. Diante de omissão legal, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumese os princípios gerais de direito, visando atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum. O item foi considerado correto. ATENÇÃO: ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA Na analogia rompe-se com os limites do que está previsto na norma, havendo integração da norma jurídica. Na interpretação extensiva apenas amplia-se o seu sentido. II. Costumes: São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser: • COSTUME SEGUNDO A LEI (secundum legem): Incide quando há referência expressa ao costume no texto legal. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 23 • COSTUME NA FALTA DA LEI (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo denominado de costume integrativo. • COSTUME CONTRA A LEI (contra legem): É a aplicação do costume contraria a lei. Nesse caso, há abuso de direito. III. Princípios gerais do Direito: São as ideias centrais do sistema, estabelecendo suas diretrizes e dando um conteúdo harmonioso, lógico e racional. OBS.: O CC/02 consagra 3 princípios fundamentais, conforme se extrai da sua exposição de motivos: - Princípio da Eticidade: trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquele que existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo CC, a boa-fé objetiva tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral; serve como controle das condutas humanas, eis que sua violação pode gerar abuso de direito (ilícito); bem como tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato. - Princípio da Sociabilidade: um dos escopos da nova codificação foi o de superar o caráter individualista da codificação anterior. Assim, todas as categorias têm função social: o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil. - Princípio da Operabilidade: tem o sentido de simplicidade e de concretude/efetividade. 2.2. Antinomias É o choque de duas normas jurídicas válidas emanadas de autoridade competente. Para a solução desses conflitos, utilizam-se três critérios: CRONOLÓGICO ESPECIALIDADE HIERÁRQUICO Norma posterior prevalece sobre norma anterior. Norma especial prevalece sobre norma geral. Norma superior prevalece sobre norma inferior. ATENÇÃO 1: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 24 Quanto aos critérios de colisão, as antinomias podem ser classificas em: • DE PRIMEIRO GRAU: o choque envolve apenas um dos critérios de solução de conflito; • DE SEGUNDO GRAU: o choque envolve dois critérios de solução de conflito. Já quanto à possibilidade ou não de solução do conflito, classificam-se em: • APARENTE: quando, de acordo com os três critérios de solução, há possibilidade de resolução do conflito; • REAL: não se consegue resolver o conflito. ATENÇÃO 2: • Se houver conflitos de segundo grau envolvendo os critérios cronológico e da especialidade: prevalecerá o da especialidade – Conflito aparente; • Se houver conflitos entre os critérios cronológico e hierárquico: prevalecerá o hierárquico – Conflito aparente; • Se houver conflito de segundo grau, envolvendo os critérios da especialidade e hierárquico: haverá conflito real, pois, a doutrina aponta o critério hierárquico como mais forte e, ao seu turno, o critério da especialidade está na CF/88 (princípio da isonomia). Caso de conflito real Maria Helena aponta duas soluções: ➢ LEGISLATIVA: A edição de uma terceira norma para estabelecer qual prevalecerá; ➢ JUDICIAL: O aplicador do direito escolherá uma das duas normas, tendo como base os art. 4º e 5º da LICC – analogia, princípios gerais do direito e função social da norma. 2.3. Aplicação Temporal Das Normas O art. 2.º da Lei de Introdução consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma, a partir da sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 25 A irretroatividade é a regra prevista na LINDB (art. 6º). No entanto, para ser possível, não pode prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Adota-se a ideia do tempus regit actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência, os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que foram praticados. Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei nova, para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre retroatividade máxima, média e mínima: • RETROATIVIDADE MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA: A lei alcança a coisa julgada (sentença irrecorrível) ou os fatos jurídicos consumados; • RETROATIVIDADE MÉDIA: A lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. A lei nova atinge os direitos exigíveis, mas não realizados antes de sua vigência; • RETROATIVIDADE MÍNIMA, TEMPERADA OU MITIGADA: A lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores verificados após a data em que ela entra em vigor. Logo, alcança apenas as prestações futuras de negócios firmados antes do advento de nova lei. 2.4. Revogação Das Leis É a perda de vigência de uma lei em razão do surgimento de outra lei no ordenamento, incompatível com a primeira. A revogação pode ser: • TOTAL (abrogação): ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral, com a supressão total do seu texto por uma norma emergente. Ex.: CC/16 → CC/02; • PARCIAL (derrogação): uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior, como se deu em face da parte primeira do Código Comercial de 1850; • EXPRESSA (por via direta): Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico; • TÁCITA (por via oblíqua): A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior; • GLOBAL: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior. O QUE É REPRISTINAÇÃO? É POSSÍVEL SUA OCORRÊNCIA? PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 26 Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude da revogação da lei revogadora. Segundo o art. 2º, §3º, da LICC, salvo disposição em contrário, a lei revogada NÃO se restaura por ter a lei revogadora perdido sua vigência. Direito Civil - Fernanda Gomes - Repristinação x efeito repristinatório https://youtu.be/rmgoAW6_qkg 2.5. Aplicação Espacial das Normas (art. 7º-19, LINDB) A LINDB determina as regras de aplicação espacial das normas, dentre elas destacam-se: → Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa, inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família. → Casamento – se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Além disso, a LINBD estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal. Quanto ao divórcio realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que produzirá efeito imediato. → Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas. → Sucessão por morte ou por ausência: obedece as normas do país do último domicílio do de cujus. → Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para suceder bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhosas normas do último domicílio. https://youtu.be/rmgoAW6_qkg PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 27 → Sociedades e fundações: deve ser aplicada a norma do local de sua constituição. 2.6. Lei Federal nº 13.655/2018. LEI Nº 13.655, DE 25 DE ABRIL DE 2018. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), passa a vigorar acrescido dos seguintes artigos: “Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. ” “Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 28 podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. ” “Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. ” “Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. Parágrafo único. (VETADO). ” “Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 29 posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. ” “Art. 25. (VETADO). ” “Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1º O compromisso referido no caput deste artigo: I - Buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais; II – (VETADO); III - Não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; IV - Deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. § 2º (VETADO). ” PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 30 “Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebradocompromisso processual entre os envolvidos. ” “Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. § 1º (VETADO). § 2º (VETADO). § 3º (VETADO). ” “Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.Vigência § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. § 2º (VETADO). ” “Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 31 Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terãocaráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. ” Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao art. 29 acrescido à Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), pelo art. 1º desta Lei, que entrará em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. Brasília, 25 de abril de 2018; 197º da Independência e 130o da República. MICHEL TEMER 2.7. Aplicação Do Direito Público A Lei nº 13.655/2018 incluiu diversos artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que cuidam de regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. São normas aplicadas nas esferas administrativa (como nos processos administrativos), controladora (como o Tribunal de Contas) e judicial (como nos processos que tramitam perante o Poder Judiciário). Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. Desse modo, a decisão administrativa, judicial ou do órgão controlador pode ser fundamentada em valores jurídicos abstratos, como os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana, porém o julgador deve esclarecer suas considerações quanto às consequências práticas da decisão, como, por exemplo, as repercussões econômicas da medida. Constata-se, ainda, que a norma legal trata expressamentedos corolários do princípio da proporcionalidade, quais sejam a necessidade e adequação. Assim, a medida deve ser necessária, PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 32 não excedendo os limites indispensáveis à conservação do direito, e adequada, mostrando-se efetivamente apta a alcançar os objetivos pretendidos. O art. 21 dispõe que: Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. Busca-se, assim, uma reflexão aprofundada do julgador sobre as consequências jurídicas e administrativas de sua decisão, que - ao invalidar ato, contratos, ajuste, processo ou norma administrativa – atingirá, direta ou indiretamente, a coletividade. Nesse sentido, sendo possível a regularização, a decisão deverá indicar os meios para tanto, de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais. No concurso da PGE MS (CESPE - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: No âmbito de um processo administrativo, determinado secretário decidiu editar um ato normativo que afeta diretamente usuários dos serviços prestados pelo poder público. Diante disso, submeteu a proposta de ato normativo a consulta pública. A convocação dessa consulta, que continha a minuta do ato normativo, disponibilizou a motivação do ato e fixou o prazo e as demais condições para a manifestação dos interessados. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando os termos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, o Decreto n.º 9.830/2019 e a Lei n.º 9.784/1999. A) A realização da consulta pública, independentemente da vontade do secretário de estado, é obrigatória, uma vez que afeta diretamente usuários de serviços públicos. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 33 B) O secretário de estado deverá comentar ou considerar individualmente as manifestações apresentadas pelos interessados, podendo, no entanto, a fundamentação fazer remissão ao conteúdo de notas técnicas, pareceres, informações, decisões ou propostas que precederam a elaboração do ato. C) A decisão do secretário pela convocação de consulta pública terá de ser motivada, mesmo que o ato de convocação da consulta pública seja considerado ato vinculado. D) O secretário de estado não será obrigado a comentar ou considerar individualmente as manifestações apresentadas pelos interessados, podendo, inclusive, eliminar aquelas de conteúdo irrelevante para a matéria em apreciação. E) A consulta pública deverá ser realizada por meio eletrônico. A alternativa considerada correta foi a letra D. No tocante à interpretação das normas sobre gestão pública, o art. 22 estabelece que serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos administrados. Dessa maneira, as normas de gestão pública devem ser interpretadas considerando as peculiaridades de cada ente público, especialmente, por exemplo, dos Municípios – na maioria das vezes menores e localizados no interior do Estado – onde a estrutura administrativa e técnica é precária. Além disso, os parágrafos do art. 22 dispõem que, em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente, sendo que as sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. O art. 23 prevê uma espécie de modulação de efeitos ao prescrever que a decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. Dispõe o art. 24 que: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 34 Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz de um entendimento geral válido. O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. No concurso da PGE GO (FCC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: Com a edição da Lei Federal nº 13.655/2018, que alterou o Decreto-lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), o controle externo dos atos da Administração pública A) passou a, expressamente, dever considerar as consequências práticas das decisões proferidas nesse âmbito, assim como demonstrar a necessidade e adequação das medidas PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 35 impostas, embora o princípio da proporcionalidade e a motivação dos atos já informassem aquela atuação. B) continua abrangendo a possibilidade de imposição de sanção aos agentes públicos, inovando, no entanto, no que se refere a dosimetria da pena, que passou a admitir a aplicação de sanção não positivada, além de considerar a natureza e gravidade da infração. C) passou a levar em consideração as consequências práticas das decisões administrativas, não havendo que se falar em anulação ou nulidade de atos administrativos que não tenham gerado prejuízo ao erário. D) continua a ser exercido nas mesmas circunstâncias, passando a responsabilidade do agente público, no entanto, a apenas ter lugar nas hipóteses de conduta dolosa. E) passou a abranger a possibilidade de sustação e declaração de nulidade de atos e contratos administrativos diretamente pelos Tribunais de Contas, sempre que restar evidenciado prejuízoao erário ou erro grosseiro por parte do agente público. A alternativa considerada correta foi a letra A. Consoante o art. 27: Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre os envolvidos. Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. Ressalta-se, contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece a responsabilidade do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo ou culpa. Ademais, o Código de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos específicos que tratam da responsabilidade dos magistrados e dos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública, o que afastaria a aplicação do art. 28 da LINDB. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 36 O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. Ressalva-se, apenas, que apenas esse dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos 180 dias de sua publicação oficial, que ocorreu em 25/04/2018. No concurso da PGE RS (FUNDATEC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: Quanto à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, assinale a alternativa correta. A) Será apenas parcialmente aplicável às licitações e contratos da Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações), que positivou princípios autônomos. B) São as decisões administrativas que se utilizem de princípios as que devem apresentar as alternativas decisórias e respectivas consequências, mas só caso decretem a invalidade de atos e contratos. C) Estatui competência para negociações administrativas e celebração de acordos como técnica de solução de conflitos e irregularidades. D) Exige a edição contínua de súmulas administrativas como forma de conferir estabilidade ao funcionamento da Administração Pública e pressuposto às sanções administrativas. E) Somente exige o regime de transição em caso de mudança de compreensão já estabilizada em súmulas e regulamentos administrativos. A alternativa considerada correta foi a letra C. Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB. André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado. PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 37 QUESTÕES PROPOSTAS 01 - 2015 - FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Analista Legislativo É correto afirmar sobre a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. a) A sanção da lei pelo Chefe do Poder é o termo inicial para o início da vigência da lei no território em que a legislação houver sido editada. b) A vigência da lei municipal, quando admitida, na União, nos Estados e no Distrito Federal se inicia três meses depois de oficialmente publicada. c) A obrigatoriedade da lei brasileira passa a viger, no exterior, seis meses depois de oficialmente publicada. d) A vigência da lei depende da sua publicação oficial, que deverá ocorrer quarenta e cinco dias após a sua aprovação pelo legislativo. e) A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. COMENTÁRIOS A- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” B- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º: Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.” C- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º: Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.” D- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” E- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” LETRA E 02 - 2015 - FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Analista Legislativo De acordo com a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, as correções a texto de lei já em vigor consideram-se: a) lei nova. b) lei reguladora. c) emenda corretiva. d) emenda legislativa. e) substitutivo legislativo. COMENTÁRIOS A, B, C, D e E: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 38 LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. (..) § 4º: As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” LETRA A 03 - 2015 - FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Analista Legislativo A revogação tácita de uma lei ocorre quando: a) o prazo de vigência da lei revogada tenha expirado. b) ocorrer nova publicação de seu texto antes da sua entrada em vigência. c) a lei posterior revoga a anterior expressamente d) a lei revogadora restaura os efeitos da de outra lei que havia perdido a vigência. e) a lei posterior seja incompatível com a lei vigente. COMENTÁRIOS A- LINDB/2010. Art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.” B- LINDB/2010. Art. 1º, § 4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” C- LINDB/2010. Art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.” D- LINDB/2010. Art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.” E- LINDB/2010. LINDB/2010. Art. 2º, § 1º: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.” LETRA E 04 - 2015 - FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Analista Legislativo A lei, quando passa a ter vigência no ordenamento jurídico, possui efeito geral e imediato. Contudo, em relação a situações já consumadas segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou ela não produzirá seus efeitos. Assinale a alternativa que indica corretamente o nome desse instituto. a) direito adquirido b) coisa julgada formal c) coisa julgada material PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 39d) ato jurídico perfeito e) ato administrativo COMENTÁRIOS A- LINDB/2010. Art. 6º, § 2º: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.” B- LINDB/2010. Art. 6º, § 3º: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.” Coisa Julgada Formal consiste na proibição de reabertura e redecisão de um processo já encerrado (ou da fase cognitiva processual já encerrada), de forma que, toda sentença, seja de mérito ou não, faz coisa julgada formal, pois sempre veicula comando que encerra o processo como um todo ou sua fase cognitiva. C- LINDB/2010. Art. 6º, § 3º: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.” CPC/2015. Art. 502: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.” D- LINDB/2010. Art. 6º, § 1º: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.” E- Não é o caso! LETRA D 05 - 2015 - FEPESE - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Analista Legislativo A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo previsão expressa. Assinale a alternativa que indica corretamente o nome desse instituto cuja Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro veda a sua aplicação. a) revogação b) derrogação c) subrogação d) repristinação e) efeito translativo COMENTÁRIOS A- A revogação é o fenômeno pelo qual uma lei perde a sua vigência. LINDB/2010. Art. 2º: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º: A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º: A lei nova, que PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 40 estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. B- A revogação total denomina-se ab-rogação e a revogação parcial da lei denomina-se de derrogação. C- Para Roberto Gonçalves (2004), subrogação é a substituição de uma pessoa, ou de uma coisa, por outra, com relação jurídica. Neste caso a coisa que torna o lugar da outra fica com os mesmos ônus e atributos da primeira. É o que ocorre, por exemplo, na sub-rogação do vínculo da inalienabilidade, em que a coisa gravada e pelo testador ou doador é substituída por outra, ficando esta sujeita àquela restrição (art.1911, do CC, parágrafo único). D- A repristinação é o instituto jurídico pelo qual a norma revogadora de uma lei, quando revogada, traz de volta a vigência daquela que revogada originariamente. LINDB/2010. § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.” E- Alguns autores, como é o caso de Nelson Nery, chamam a profundidade do efeito devolutivo de Efeito translativo, embora sejam essencialmente a mesma coisa. Segundo o autor supracitado, este fenômeno ocorre toda vez que o Tribunal apreciar questão fora dos limites impostos pelo recurso. LETRA D 06 - 2014 - FEPESE - Prefeitura de Florianópolis - SC - Auditor Fiscal Assinale alternativa correta de acordo com a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro a) A lei revogada tem seus efeitos restaurados quando a lei revogadora perder a vigência. b) A obrigatoriedade da lei brasileira, nos estados estrangeiros, inicia três anos depois de oficialmente publicada. c) A lei começa a vigorar em todo o país, impreterivelmente, dentro de quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. d) Não se consideram lei as correções a texto de lei já em vigor. e) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue COMENTÁRIOS A- LINDB/2010. Art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência." B- LINDB/2010. Art. 1º, § 1º: “Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada." PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 41 C- LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada." D- LINDB/2010. Art. 1º, § 4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova." E- LINDB/2010. Art. 2º: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue." LETRA E 07 - 2013 - FEPESE - DPE-SC - Analista Técnico Assinale a alternativa correta. a) A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias após a sua sanção. b) Não se consideram lei nova as correções a texto de lei já em vigor. c) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a equidade, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. d) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. e) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia noventa dias depois de oficialmente publicada. COMENTÁRIOS A-LINDB/2010. Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” B- LINDB/2010. Art. 1º, § 4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova." C- LINDB/2010. Art. 4º: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” D- LINDB/2010. Art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.” E- LINDB/2010. Art. 1º, § 1º: “Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada." LETRA D 08 - 2012 - FEPESE - DPE-SC - Defensor Público Sobre a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é correto afirmar: PREPARAÇÃO PGE/PGM DIREITO CIVIL– META 01 42 a) A lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. b) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova. c) A lei posterior revoga a anterior apenas quando expressamente o declare. d) A lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada e se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo continua correndo da primeira publicação. e) Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. COMENTÁRIOS A- LINDB/2010. Art. 2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência." B- LINDB/2010. Art. 1º, § 4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova." C- LINDB/2010. Art. 2°, §1°: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.” B- LINDB/2010. Art. 1º, § 4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova." D- LINDB/2010. Art. 1°: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. (..) §3° Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada