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tcc DOS DIREITOS E DEVERES ADQUIRIDOS NA UNIÃO ESTÁVEL - KARINA TCC

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
FACULDADE DE DIREITO
 KARINA JULLYE DE DEUS MELO
DOS DIREITOS E DEVERES ADQUIRIDOS NA UNIÃO ESTÁVEL
SÃO PAULO 
2021
30
 
 KARINA JULLYE DE DEUS MELO
DOS DIREITOS E DEVERES ADQUIRIDOS NA UNIÃO ESTÁVEL
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Graduação em Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Orientadora: Prof. Ma. Renata Cunha
SÃO PAULO 2021
Karina Jullye de Deus Melo.
Dos direitos e deveres adquiridos na união estável / Melo, Karina.- 2021.
35 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, São Paulo, 2021.
Área de Concentração: Direito Civil. Orientadora: Prof. Ma. Renata Cunha
1. Guerra Fiscal do ICMS. 2. Benefícios fiscais unilaterais. I. Ferreira, Rogério (orientador). II.Título.
KARINA JULLYE DE DEUS MELO
DOS DIREITOS E DEVERES ADQUIRIDOS NA UNIÃO ESTÁVEL
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Graduação em Direito apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado em:
 BANCA EXAMINADORA:
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista UNIP
agradecimentos
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, Todo Poderoso.
Agradeço a minha orientadora Professora Renata por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa.
A todos os meus professores do curso de Direito da Universidade Paulista pela excelência da qualidade técnica de cada um.
Ao meu esposo Eli Fernando, pelo apoio, pelo incentivo e por acreditar em mim.
As minhas filhas e a minha mãe por me apoiarem e por sonharem esse sonho comigo.
Resumo
O presente trabalho tem com o objetivo a interpretação da norma que prevê o instituto da união estável, precisamente o artigo 226, parágrafo 3º da Constituição Federal.
 
Abordando o real conceito da união estável, traçando alguns pontos importantes, em seguida trazendo a baila os seus elementos, suas principais características, discorrendo minuciosamente os deveres e direitos adquiridos na constância da união estável, inserindo posições doutrinárias de vários autores, assunto este que será dedicado especialmente no capítulo II deste trabalho.
 
Palavra chave: União estável. Conceito. Elementos. Direitos e Deveres
INTRODUÇÃO..........................................................................................09            
1- DA UNIÃO ESTÁVEL...........................................................................10          
1.1- Conceito de União estável.................................................................10        
1.2- Elementos da União Estável..............................................................12        
1.2.1- Da inexistência dos impedimentos matrimoniais...........................12     
1.2.2- Da Diversidade de sexos................................................................14          
1.2.3- Da Convivência pública, contínua e duradoura..............................15    
1.2.4-Da Convivência Affectio Maritalis e More Uxório............................17     
           
2- DOS DIREITOS E DEVERES ADQUIRIDOS NA UNIÃO ESTÁVEL...      
2.1- Dos deveres.....................................................................................20      
2.1.1- Lealdade.......................................................................................20  
2.1.2- Respeito........................................................................................21  
2.1.3- Assistência....................................................................................22  
2.1.4-Guarda, sustento e educação dos filhos......................................23         
2.2- Dos direitos.....................................................................................25  
2.2.1- Alimentos.....................................................................................25    
2.2.2- Previdência..................................................................................26  
2.2.3- Partilha........................................................................................27    
 
CONCLUSÃO.......................................................................................29     
ANEXO.................................................................................................31  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................33 
    
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
Inicialmente, podemos dizer que a união estável se trata de uma forma de convivência afetiva, um tanto recente no ordenamento jurídico. Antes mesmo de o instituto ser reconhecido pela nossa Carta Magna e colocado no Direito de Família, a união estável já era praticada por vários casais.
Pelo Código Civil de 1.916, as relações familiares eram admitidas somente o casamento formal como verdadeira entidade familiar.
Com o passar do tempo, o Código Civil de 2002, trouxe em seu artigo 1.723 caput, declarando o reconhecimento do instituto da união estável como entidade familiar, passando a adquirir o casal, os mesmos direitos e deveres de como se casado fossem, desde que observado os requisitos, ou seja, convivência pública, contínua e duradoura.
 
No tocante aos direitos e deveres, a Lei 8.971/94, foi a primeira lei que regulamentou a união estável e disciplinou os direitos e deveres dos companheiros perante a entidade familiar, bem como os direitos patrimoniais derivados desta relação.
 
 Existem ainda grandes polêmicas, acerca destes direitos e obrigações advindas da união estável, haja vista que os que vivem na forma de união estável, automaticamente recebem os mesmos direitos e deverem de como casados fossem, sem passar pelo casamento formal.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1- DA UNIÃO ESTÁVEL
 
1.1- Conceito de União estável
 
Ab initio, a introdução do parágrafo 3º, do artigo 226 da Constituição Federal, inseriu no ordenamento jurídico o instituto da união estável. A qual define como entidade familiar, formado pela união entre o homem e a mulher, sem passar pelo crivo da celebração do casamento civil.
 
Observa-se que a entidade familiar, tanto é aquela oriunda do casamento civil, como aquela formada entre homem e mulher de forma pública, contínua e duradoura. Aliás, temos como fundamento disto, o artigo 1.723 do Código Civil de 2002, o qual traz a seguinte redação: “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
 
A união estável tem de preencher os requisitos objetivos e os requisitos subjetivos. Foram estabelecidos como requisitos objetivos a diversidade de sexos, a inexistência de impedimento matrimonial, a vida em comum sob o mesmo teto, o período transcorrido na convivência, notoriedade e fidelidade, e como requisitos subjetivos, a convivência more uxorio e affectio maritalis.[1][footnoteRef:1] [1: ROCHA, Silvio Luís Ferreira da. Introdução ao Direito de Família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.] 
 
A expressão latina “more uxório” é uma das condições do casamento civil, que é a convivência do homem e mulher como se fossem casados, deixando claro o intuito deste desejo.
 
Em contrapartida o “affectio maritalis” refere-se ao apego e amor entre ambos, atentando-se sempre para requisito, pois sem este, não configuraria união estável.
 
Vale transcrever aqui, o parecer do doutrinador Murilo Sechieri, no que diz respeito ao assunto:                                                                                                     
 
Deve-se verificar a existência entre eles da chamada affectiomaritalis, própria das relações entre marido e mulher. Deve haver um laço espiritual, um compromisso entre os partícipes de tal relação. Não há necessidade de que o casal viva sob o mesmo teto. É indispensável, no entanto, que ambos adotem posturas compatíveis com a vontade de formar um núcleo familiar.[2][footnoteRef:2] [2: NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito Civil 5: Direito de Família. 3ª ed. rev.e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 169.] 
 
Neste sentido Maria Berenice, leciona que:
 
A união estável, porém, não dispõe de qualquer condicionante. Nasce do vínculo afetivo e se tem por constituída a partir do momento em que a relação se torna ostensiva, passando a ser reconhecida e aceita socialmente. Não há qualquer interferência estatal para sua formação, sendo inócuo tentar impor restrições ou impedimentos. Tanto é assim que as provas da existência da união estável são circunstanciais, dependem de testemunhas que saibam do relacionamento ou de documentos que tragam indícios de sua vigência.[3][footnoteRef:3] [3: DIAS, Maria Berenice. A união estável. p.01] 
                
Partindo-se destes conceitos, explica-se o motivo da prática tão comum da união estável nos dias de hoje, tendo em vista esta modalidade ser mais simples e informal do que o casamento civil.
 
Por fim, a união estável por sua vez se assemelha ao casamento civil, caracterizada pela convivência sob o mesmo teto, apresentando publicidade e notoriedade, demonstrando a comunhão de vida e interesses comuns.
 
Nesse passo, para o reconhecimento da união estável, se faz necessário a demonstração dos seus elementos caracterizadores que serão mais bem estudados no tópico a seguir, quais sejam, publicidade, continuidade e permanência e com a intenção de constituir família, conforme preceitua o artigo 1.723 do Código Civil Brasileiro.
 
A Carta Magna de 1988, em seu artigo 226, parágrafo 3º, passou a reconhecer o instituto da união estável, indicando como aquela convivência informal entre homem e mulher, com o objetivo de permanência como se marido e esposa fosse (more uxório), com o escopo de constituir família, aparentando assim um casamento civil.
 
Finalmente, ainda no conceito de união estável o brilhante doutrinador Washington de Barros, nos traz a definição:
 
União estável é a relação lícita entre um homem e uma mulher, em constituição de família, chamados os partícipes desta relação de companheiros. Concubinato é relação que não merece a proteção do direito de família, por ter caráter adulterino, denominados concubinos os seus partícipes.[4][footnoteRef:4] [4: MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: direito de família. volume 2. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 34] 
 
1.2- Elementos da União Estável
 
Nossa jurisprudência pátria têm muito contribuído para o reconhecimento da união estável. Aliais o artigo 1º da Lei 9.278/96, nos dá a seguinte base: “É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.”
 
Diante da fundamental importância dos requisitos, decidiu-se explanar cada um deles, conforme será demonstrado a seguir.
           
Os elementos da união estável podem ser classificados como objetivos e subjetivos. Como elementos de caráter objetivo são: a inexistência de impedimentos matrimoniais, a diversidade de sexos, a convivência pública, contínua e duradoura (artigo 1.723 do CC) e os subjetivos são a convivência more uxória e affectio maritalis.
1.2.1- Da inexistência de impedimentos matrimoniais
O artigo 1.723, parágrafo 1º do Código Civil, afirma taxativamente que não será constituída a união estável, caso ocorra um dos impedimentos previstos no artigo 1.521 do referido diploma, saldo os casos das pessoas separadas judicialmente ou de fato, há mais de dois anos.
O doutrinador Plácido e Silva, explica o que venha a ser o impedimento matrimonial:
 
É toda causa ou razão inscrita em lei, pelo qual se veda o casamento entre as pessoas nela mencionadas. Vulgarmente, pois, é a proibição do casamento entre certas pessoas. E, se infringida, acarreta a nulidade ou anulação do mesmo casamento. A lei civil enumera os casos de impedimentos matrimoniais, ou causas impeditivas das justas núpcias, instituindo – não podem casar. Está aí contido o caráter proibitivo do impedimento matrimonial. Para transgressão ao princípio, a lei estabeleceu duas sanções: o casamento é nulo, para certos casos, ou, anulável, para outros.[5][footnoteRef:5] [5: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 705.] 
 
O artigo 1.521 e seus incisos trazem um rol dos impedimentos: I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
 
Faz-se pertinente colacionar, o que diz Washington de Barros:
Para o reconhecimento dessa união, é necessário que os companheiros não tenham os impedimentos matrimoniais absolutos, apontado no art. 1.529, exceto na hipótese do inc. VI do aludido dispositivo, referente às pessoas casadas, se estiverem separadas de fato ou judicialmente. Além disso, a união estável deve ser pública, notória, contínua, entre pessoas de sexo diferente, não importando o tempo que dure, nem a existência de filhos comuns. Os impedimentos matrimoniais referidos no art. 1.52310 não servem de empecilho à constituição da união estável, que não se confunde com o concubinato, de acordo com o previsto no art. 1.72711: as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato, e não geram os mesmos efeitos jurídicos da união estável. [6][footnoteRef:6] [6: MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões, v.6, 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p.99.] 
 
Assim sendo, conclui-se que para existência da união estável, os companheiros deverão estar livres de quaisquer impedimentos, ressaltando a hipótese do previsto no inciso VI do artigo 1.521 do Código Civil, ao contrário, constando-se algum dos impedimentos, não será considerada a união estável, logo não trará nenhum efeito jurídico.           
 
 
1.2.2- Da Diversidade de sexos
No tocante a este elemento, a nossa legislação pátria é clara ao afirmar que constituem união estável o relacionamento entre o homem e a mulher, não deixando margens a outro posicionamento.
Muito tem- se discutido na possibilidade de adequar o artigo 226, parágrafo 3º da Constituição Federal, as pessoas do mesmo sexo, com o fim de resguardar e igualar os mesmos direitos até então conquistados por pessoas de sexos opostos.
O doutrinador Rainer, bem assevera acerca disto:
Condição se impõe porque duas pessoas do mesmo sexo não podem assumir uma perante a outra as funções de marido e esposa, ou de pai e mãe em face de eventuais filhos. Não se trata em princípio, de perquirir sobre a qualidade física ou psicológica das relações sexuais entre homossexuais, nem emitir sobre tais qualquer julgamento moral.
(...) o primeiro elemento necessário para a caracterização de um ente familiar informal decorrente de uma união livre estável é a dualidade de sexos.[7][footnoteRef:7] [7: CZAJKOWSKI, Rainer. União Livre. Curitiba: Editor Juruá, 1996. p. 27.] 
Tal requisito como mencionado, é previsto taxativamente na nossa Carta Magna, norma que está acima de todas as outras. Sobre a possibilidade de adequar o instituto da união estável para as pessoas do mesmo sexo, a lei se silencia, deste modo não há que se cogitar em excluir o elemento da diversidade de sexo para compor a real união estável.
Por fim, é pertinente descrever o que diz o doutrinador Parizatto, acerca da diversidade de sexos:
À evidência exige-sepela regra legal que a convivência seja entre um homem e uma mulher, excluindo-se, assim, as relações existentes entre um homem e outro homem e uma mulher com outra mulher, lembrando-se até mesmo que o espírito da lei, é a conversão da união em casamento, o que seria impossível na espécie. No âmbito constitucional também se contempla tal entendimento (CF. artigo 226, § 3º), o que já vinha prestigiado antes mesmo da Carta Magna de 1988 e de qualquer disposição legal, fundando-se a repulsa na moral e nos bons costumes. Não se adite, pois para o efeito de proteção do Estado, mormentemente no que se refere ao Direito de Família, quer em âmbito legal, a união ainda que estável, duradoura e pública entre homossexuais.[8][footnoteRef:8] [8: PARIZATTO, João Roberto. Os direitos e deveres dos concubinos: união estável. Ouro Fino: Parizatto, 2002, p.88.] 
 
1.2.3- Da Convivência pública, contínua e duradoura
                       
A publicidade, também chamada de notoriedade para alguns doutrinadores, se dá pelo fato de ser pública a relação, porém atinada, ou seja, o relacionamento não deve ser clandestino, pois se assim fosse, poderia ser classificado como com concubinato impuro.
 
Sobre o elemento da convivência pública, Nelson Nery, assevera que:
 
A lei qualifica a espécie de convivência que autoriza o reconhecimento da existência de união estável (ou seja, casamento de fato) entre cônjuges. O primeiro requisito é a publicidade dessa convivência. Isto pressupõe que os companheiros queiram tornar conhecida de toda a gente a circunstância de que vivem como se marido e mulher fossem, e que essa convivência se destina com o fim de constituir família.[9][footnoteRef:9] [9: NERY JÚNIOR, Nelson. Código Civil Comentado. – 6. ed. rev., ampl. e atual. até 28 de março de 2008. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.117.] 
 
O requisito da publicidade torna-se primordial para que a união estável seja reconhecida no meio social, não necessitando assim de registro em cartório como prevê a Lei 9.278/96.
 
Nesta esteira, Euclides coloca a publicidade da seguinte forma:
 
Afastam-se da configuração legal de entidade familiar, portanto, as relações consistentes em encontros velados, às escondidas, só conhecidos no estrito ambiente doméstico, que sugerem, pela clandestinidade, segredam de vida em comum incompatível com a constituição de uma verdadeira família no meio social.[10][footnoteRef:10] [10: OLIVEIRA, Euclides de. União Estável: do concubinato ao casamento. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.132.] 
 
O mesmo doutrinador em sua obra União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil, afirma que:
 
Há de ser pública a convivência na união estável, isto é, de conhecimento e reconhecimento no meio familiar e social onde vivam os companheiros. Não é preciso que eles proclamem, festejem ou solenizem a vida em comum. Se o fizerem, tanto melhor, mas a formalização da união se mostra dispensável na espécie, diferente do casamento, que é ato eminentemente solene e de pública celebração.
 
Na união estável, ainda que iniciada sem alarde preciso é que o madus vivendi dos companheiros se evidencie socialmente como se fossem marido e mulher. Seu comportamento deve ser apreciado nesse enfoque, como se casados fossem, ainda que se saiba que é união informal.[11][footnoteRef:11] [11: OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. São Paulo: Editora Método, 2003, 132] 
 
Sendo assim, a publicidade torna-se um elemento probatório para que seja caracterizada a verdadeira união estável, não permitindo assim que seja considerada tal união aqueles encontros ocultos ou até mesmo de forma secreta, deve ser aberto e notório.
 
Em que pese o elemento continuidade, que também é classificado na doutrina como estabilidade e como o próprio nome sugere, a relação deve ser pautada na permanência e continuidade, isto é, deve ser levada com seriedade, excluindo-se assim os chamados relacionamentos casuais, proporcionando assim a confiabilidade e equilíbrio para ambos e afastando a ideia de relação informal, tornando assim um relacionamento aventureiro, descompromissado, tão comum na sociedade contemporânea.
 
Sobre o elemento continuidade, Silvio adverte que:
 
A continuidade da relação é outro elemento citado pela lei. Trata-se também de complemento da estabilidade. Esta pressupõe que a relação de fato seja contínua, isto é, sem interrupções e sobressaltos. Esse elemento, porém dependerá muito da prova que apresenta o caso concreto.[12][footnoteRef:12] [12: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. – 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2005, p.59.] 
 
Portanto como já demonstrado em linhas anteriores, o elemento caracterizador continuidade, é sem dúvida um pressuposto objetivo da união estável, partindo-se da premissa de que sem ele a relação não seria conduzida com seriedade e estabilidade.
 
                       
1.2.4- Da Convivência Affectio Maritalis e More Uxório
 
O pressuposto de ordem subjetiva é indispensável para a constituição da união estável, ou seja, tendo os pressupostos de ordem objetiva.
                                              
O elemento aqui chamado affectio maritalis, expressão latina, que traduzindo significa desejo dos conjugues de continuar a relação, ou seja, a estabilidade e vocação de permanência, com sinais e objetivos.
 
Este item é indispensável entre o casal, ou seja, deve existir a intenção, o animus de constituir uma família.
 
Neste diapasão Carbonera, nos traz uma perfeita explicação:
 
A affectio, no modelo de família patriarcal, tinha sua existência presumida e condicionada à existência de uma situação juridicamente reconhecida. Desta forma, o casamento já trazia consigo a affectio maritalis, justificando previamente a necessidade de continuidade da relação. Não se questionava tal elemento, uma vez que ele fazia parte da estrutura do matrimônio. (...) O compromisso de manter a vida em comum não revela necessariamente, a existência de afeto. A continuidade da relação podia ser motivada por outros elementos como, por exemplo, a impossibilidade de dissolução de vínculo: neste caso a affectio presumida se fazia presente. A noção de afeto (...) representa uma forma de se dar visibilidade às relações de família, uma vez que é em sua função que elas se formam e se desfazem.[13][footnoteRef:13] [13: CARBONERA,Silvana Maria. O papel jurídico do afeto nas relações de família. In: FACHIN, Luiz Edson (Coord.) Repensando Fundamentos do Direito Civil Brasileiro Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar,1998.] 
 
Acerca disto, o brilhante doutrinador Guilherme Calmon, nos traz a seguinte definição:
 
Sem a presença dos requisitos subjetivos, ainda que presentes os requisitos objetivos, não há relação entre companheiros, podendo eventualmente existir concubinato, não abrangido pelos efeitos jurídicos positivos que a Lei reconhece no tocante ao companheirismo. Ao lado da convivência more uxorio, deve estar aquilo que se denomina affectio maritalis, para efeito de configuração do companheirismo. Como requisito subjetivo, a affectio maritalis representa o elemento volitivo, a intenção dos companheiros de se unirem cercados de sentimentos nobres, desinteressados, com pureza d’alma, congregando amor, afeição, solidariedade, carinho, respeito, compreensão, enfim, o germe e o alimento indispensáveis, respectivamente, à constituição e mantença da família.[14][footnoteRef:14] [14: GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. O companheirismo: uma espécie de família. São Paulo: Revistados Tribunais, 1998, p. 174.] 
Ainda sobre o affectio maritalis, Caio Mario, bem assinala a mútua assistência, senão vejamos:
“Pode-se pesquisar a affectio maritalis,tão encarecida pelos romanistas. Em verdade formam a identidade fisiopsíquica dos cônjuges, que o Direito Canônico tão bem exprime dizendo-os uma só carne ou um só corpo – caro uma, e que o direito moderno enaltece apresentando o matrimônio na sua configuração de unidademoral e econômica.”[15][footnoteRef:15] [15: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Atualização de Tânia Pereira da Silva. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense,2004,v.5., p.174.] 
 
Na visão do doutrinador Caio Mario, o affectio maritalis, é entendido como algo um tanto subjetivo e íntimo, o qual é remetido ainda no sentido de “uma só carne, ou um só corpo” o que caracteriza a união estável de uma forma mais intensa.
 
Vale transcrever as palavras do desembargador Euclides de Oliveira, sobre a questão de constituir família, onde cita os dois pontos do objetivo de constituir família, senão vejamos:
 
“Esse propósito se evidencia por uma série de elementos comportamentais na exteriorização da convivência more uxorio, com o indispensável affectio maritalis, isto é, apresentação em público dos companheiros como se casados fossem e com afeição recíproca de um verdadeiro casal.” [16][footnoteRef:16] [16: OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União Estável, do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 6.ed. atual. e ampl. São Paulo: Editora Método, 2003, p.133.] 
 
Já o elemento more uxório citado por Euclides, este é caracterizado pela intenção de constituir família, dando assim a marca da união estável, isto é, compartilhar os problemas, dividindo as tristeza e alegrias. Enfim o more uxório é caracterizado pelo elemento espiritual que seria o animus de construir uma família.
 
O doutrinador Washington de Barros, traz o seguinte posicionamento:
 
“A coabitação, em regra,é necessária para caracterizar a união estável, mesmo sem expressa previsão legal. Normalmente,é certo, apresentam-se os companheiros more uxório,aparecendo em público como se casados fossem. A constituição da família,normalmente, dá-se com a convivência num único domicílio.”[17][footnoteRef:17] [17: MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil- Direito de Família, 37ª ed.,Ed.Saraiva,2004,p. 31.] 
 
Trata-se, portanto, de um pressuposto subjetivo para o reconhecimento da união estável, na ausência deste elemento, não há o que se falar em existência da união estável.
 
Sobre a expressão, “more uxório” o Enunciado da Súmula 382 do Supremo Tribunal Federal, traz a seguinte redação: “a vida em comum sob o mesmo teto, “more uxório”, não é indispensável à caracterização do concubinato”.
 
Isto quer dizer que o “more uxório” deve ser entendido como a aquela vida em comum, entre o homem e mulher, que vivem no mesmo âmbito familiar, como se casados fossem, ou seja, com as mesmas peculiaridades de um casamento formal.
 
Assim sendo, estando presentes estes dois elementos (affectio maritalis e more uxório), estarão preenchidos os requisitos fundamentais para a caracterização da união estável, evidentemente somando aos pressupostos objetivos, temos então o instituto da união estável.
 
 
 
2- Dos direitos e deveres adquiridos na União Estável
 
2.1-Dos deveres
 
O artigo 1.724 do Código Civil Brasileiro traz um rol dos deveres do casal, a saber: lealdade, respeito, assistência, guarda, sustento e educação dos filhos, os quais merecem uma abordagem minuciosa de cada um, senão vejamos:
 
2.1.1- Da Lealdade
 
A lealdade trazida no artigo 1724 do Código Civil é traduzida em honestidade, franqueza, cordialidade, compromisso sério no relacionamento, com o intuito de fidelidade na relação, consequentemente o respeito entre as partes.
 
Na opinião do doutrinador Rodrigo da Cunha, a lealdade é :
 
“A razão de se adotar lealdade, ao invés de fidelidade, é o intuito do legislador de acatar uma postura mais ampla e mais aberta, posto que não se restringe à questão sexual, mas abrange a exigência de honestidade mútua dos companheiros.”[18][footnoteRef:18] [18: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União Estável. 7ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.31 e 32.] 
 
Quando se falar em lealdade, a lei também prevê o dever de fidelidade estabelecido entre o casal, sendo que a lealdade apesar de ser compreendida de forma muito mais ampla, deve ser acompanhada com o requisito fidelidade, isto em todos os sentidos do relacionamento.
 
Nas palavras de Sálvio de Figueiredo, a lealdade é traduzida:
“A razão de se adotar lealdade, ao invés de fidelidade, é o intuito do legislador de acatar uma postura mais ampla e mais aberta, posto que não se restringe à questão sexual,mas abrange a existência de honestidade mútua dos companheiros”.(comentários ao novo código civil: da união estável, da tutela e da curatela”.[19][footnoteRef:19] [19: Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.), Rio de Janeiro: Forense, 2003, n. 20,p.102] 
 
 
 
2.1.2- Do Respeito
 
O dever de respeito que se refere o artigo pode-se afirmar que é um dos componentes mais importantes, pois na falta deste, os outros também serão atingidos, prejudicando assim a honra e integridade de ambos os companheiros.
 
Desta forma, tem-se como respeito aquele ato de compreensão e consideração para com o outro, respeitando seus defeitos e limitações, não criando assim desarmonia na união.
 
Plácido e Silva, bem assevera acerca do respeito entre os cônjuges:
 
Respeitabilidade. De respeito, do latim respectus (consideração, merecimento), exprime o conjunto de qualidades que se atribuem à pessoa, em virtude das quais é merecedora de um trato atencioso ou da consideração de seus pares. As qualidades, que estruturam a respeitabilidade, se geram do procedimento correto, da demonstração de dignidade e pelo cumprimento de deveres sociais e morais. Assim, a respeitabilidade, exprimindo o próprio caráter ou a qualidade de respeitável, em que se apresenta a pessoa, impõe para ela a consideração ou respeito. Respeito, no sentido jurídico, tem a mesma significação vulgar: é o tratamento atencioso, a própria consideração, que se deve manter nas relações com as pessoas respeitáveis, seja pela idade, por sua condição social, pela ascendência ou grau de hierarquia, em que se acham colocadas.[20][footnoteRef:20] [20: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 1221.] 
 
2.1.3- Da Assistência
 
O termo assistência por sua vez, deve ser dividida em duas partes, ou seja, a assistência no sentido de afeto, zelo, carinho, que pode ser traduzida no sentido de proteção de um para com o outro. Já no outro sentido, refere-se a parte material, ou seja, ato de assistir, amparar, provendo a subsistência seja de alimentos, moradia e educação, saúde, lazer vestuário.
 
A assistência é bem definida por Plácido e Silva, senão vejamos:
 
Assistência por essa forma se mostra o apoio, a atenção, o cuidado que uma pessoa deve ter por outra, quando se indica obrigação daquela que a deve à outra. É a assistência que o marido deve prestar à mulher, como uma das obrigações conjugais, que também é devida pela mulher; é assistência dos pais aos filhos e destes aos pais, nos casos em que a lei a isso os obriga.[21][footnoteRef:21] [21: SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico – Rio de Janeiro, 2004, p.151.] 
 
Neste diapasão o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, bem assinala que:
“Mútua assistência obriga os cônjuges a se auxiliarem reciprocamente, em todos os níveis. Assim, inclui a recíproca prestação de socorro material, como também a assistência moral e espiritual. Envolve o desvelo próprio do companheirismo e o auxílio mútuo em qualquer circunstância, especialmente nas situações adversas”.[22][footnoteRef:22] [22: GONÇALVES,Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro- Direito de Família, Ed:Saraiva, 9ª ed. 2012, p.193.] 
 
Constata-se que a assistência é um elemento que pode ser compreendido de diversas formas, seja no aspecto material, ou seja, assistência financeira, seja no aspecto psicológico, isto é,  afeto, companheirismo, solidariedade, apoio, etc.
 
2.1.4- Da Guarda, Sustento e Educação dos Filhos
No tocante aos elementos da guarda, sustento e educação, cabe aqui, decompor cada um, expondo o real sentido destes, senão vejamos:
 
O dever de guarda refere-se diretamente aos filhos, no sentido de cuidado, zelo, dedicação, acompanhamento, vigilância, a guardado filho menor por exemplo.
 
O doutrinador e jurista Plácido e Silva, aduz que:
 
Derivado do antigo alemão warten (guarda, espera), de que proveio também o inglês warden (guarda), de que se formou o francês garde, pelasubstituição do w em g, é empregado, em sentido genérico, para exprimir proteção, observação, vigilância ou administração. E com os sentidos assinalados, é empregado na composição de várias locuções em uso na linguagem jurídica. Guarda. Em sentido especial do Direito Civil e doDireito Comercial, guarda quer exprimir a obrigação imposta a certas  pessoas de ter em vigilância, zelando pela sua conservação, coisas que lhes são entregues ou confiadas, bem assim manter em vigilância e zelo, protegendo-as, certas pessoas que se encontram sob sua chefia ou direção.
No âmbito da proteção da criança e do adolescente obriga a prestação de assistência material, moral e educacional, conferindo ao detentor o poder de opor-se a terceiros, inclusive aos pais (art. 33). Destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser definida nos procedimentos de tutela e adoção por brasileiros (art. 33, § 1º). Confere à criança ou adolescente a condição de dependente, inclusive para efeitos previdenciários (art. 33, § 3º). Pode ser revogada a qualquer tempo, através de ato judicial, ouvido o MP (art. 35).[23][footnoteRef:23] [23: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 667.] 
O sustento é compreendido seja no sentido da alimentação propriamente dita, na moradia, roupas, remédios e qualquer outro meio de subsistência para um ser humano.
 
A definição de sustento é bem colocada pelo jurista Plácido e Silva:
 
De sustentar (alimentar, abastecer), tem a mesma significação que manutenção, ou suprimento de alimentos e meios necessários à vida. Assim, sustento, juridicamente, entende-se não só a própria alimentação, como o fornecimento de meios necessários à subsistência de uma pessoa. Por isso,não somente compreende os alimentos, como o suprimento de meios pecuniários para roupas e moradia. Em se tratando, mesmo, de menores não alfabetizados, o sustento abrange os meios para a educação. Sustentar uma pessoa, pois, não é simplesmente, alimentá-la, ou lhe dar comida. É prestar- lhe toda assistência indispensável a que viva, ou a que se mantenha. Assim, neste sustento, compreendem-se cama, mesa e educação, ou seja, casa, comida e estudos. Os estudos, naturalmente, se o sustentado está em fase deles.[24][footnoteRef:24] [24: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 1356.] 
.
A questão educação, esta pode ser entendida como no sentido moral e intelectual.O aspecto moral se dá pelo fato da ética, educação em sociedade, profissional e até mesmo religiosa. Já o aspecto intelectual refere-se a melhor instrução que os pais podem oferecer aos filhos.
 
Quanto ao dever de educação o professor Plácido e Silva nos ensinam que:
 
Derivado do latim educatio, de educare (instruir, ensinar, amestrar), é geralmente empregado para indicar a ação de instruir e de desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais de uma criança ou mesmo de qualquer ser humano. Nesta razão, educação não possui somente o sentido estrito de ação de ensinar ou de instruir, no conceito intelectual. Abrange toda e qualquer espécie de educação: física, moral, e intelectual, consistindo assim, em se ministrar ou fazer ministrar lições, que possam influir na formação intelectual, moral ou física da pessoa, a fim de prepará-la, como é de mister para ser útil à coletividade. A educação dos menores compete aos pais. A lei penal, mesmo, qualificou como crime o fato de deixar o pai de dar ao filho a necessária educação escolar ou permitir que freqüente lugares, em que possa adquirir maus costumes, o que importa em desatenção à educação moral do menor (Cód. Penal, arts. 246 e 247). Constitui-se a educação do menor em dever paterno ou materno. E, na falta dos pais, ao tutor se transfere a obrigação. Educação. Nos termos constitucionais (CF/88, art. 205), a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da ‘sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.[25][footnoteRef:25] [25: SILVA, De Plácido op.cit.p. 507.] 
 
            Ainda no dever de educação aos filhos, Varjão nos traz uma perfeita orientação:
 
No plano moral, a educação inclui a orientação ética, profissional e religiosa. No campo intelectual, os pais devem assegurar aos filhos a melhor instrução possível. Devem proporcionar-lhes, pelo menos, o acesso ao ensino fundamental, obrigatório no ordenamento brasileiro. O descumprimento desse dever pode constituir crime de abandono intelectual.[26][footnoteRef:26] [26: VARJÃO, Luiz Augusto Gomes. União estável: requisitos e efeitos. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p.119-120] 
 
Em suma, a guarda, o sustento e educação dos filhos, são de fundamental importância, haja vista que a união estável não deve ser vista como uma relação temporária e sim duradoura, devendo o casal criarem e educar os filhos, compartilhando entre si as responsabilidades de cuidar, sustentar e educar os filhos.
 
 
2.2- Dos direitos
 
2.2.1- Dos Alimentos
 
Após o surgimento do Código Civil de 2002, mais especificamente no artigo 1.694, o direito a alimentos na união estável passou a ser assegurado.
 
Artigo 1694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
           
O artigo é bem taxativo ao afirmar o direito dos alimentos na constância da união estável. Deste modo tal direito faz parte de uma das obrigação das partes.
           
 O doutrinador Silvo de Salva aponta da seguinte forma:
 
“Extinguir-se-á a obrigação de alimentar se o companheiro une-se a outra pessoa. Da mesma forma que no casamento, não sendo os conviventes parentes, pode haver renúncia aos alimentos no desfazimento dessa sociedade.”[27][footnoteRef:27] [27: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. v. 7 – 4ª ed. – São Paulo: Atlas, 2004, p.413.] 
 
Neste diapasão, o artigo 1695 do Código Civil, reza que:
 
São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
 
Ressalta-se que o referido artigo diz que os alimentos deverão ser proporcionados na medida da necessidade do alimentado, de modo que haja o equilíbrio financeiro, não prejudicando assim no orçamento do alimentando.
 
2.2.2- Previdência
 
A Lei nº 8.213/1991 especificamente em seu artigo 16, inciso I, prevê o benefício da Previdência Social aos cônjuges, companheiros e filhos não emancipados.
 
Neste sentido a Professora Maria Helena, leciona que:
 
“A jurisprudência do Conselho regional De Previdência Social tem permitido que a convivente ainda que inscrita como beneficiária, receba pensão e concorra com os filhos menores do seu companheiro, a menos que este tenha deliberado em contrário.”[28][footnoteRef:28] [28: DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil brasileiro: Direito de família, 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.340.] 
 
Na união estável o casal está amparado pela legislação previdenciária, a companheira possui o mesmo direito de como se casada fosse, adquirindo assim os benefícios da previdenciários.
 
Para que isto seja concedido, necessário se faz necessária a efetiva comprovação, para que possa pleitear uma futura pensão previdenciária ou até mesmo o auxílio reclusão, não deixando de maneira alguma produzir provas para que seja concedido tal benefício, sem necessidade alguma de comprovar a dependência econômica para usufruir do benefício.
 
No tocante ao benefício da pensão por morte, este tem por objetivo de acolher, assegurar, o (a)companheiro (a), proporcionado ao dependente uma renda quando um dos dois falecer. Mas para tal concessão é necessário que o segurado não tenha deixado de contribuir por um período estabelecido na legislação previdenciária.
2.2.3- Partilha
 
Sobre a questão da partilha, o artigo 5º da Lei 9.278/96, in verbis prevê que:
 
Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados frutos do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
 
A partilha recairá somente sobre aqueles bens conquistados durante a convivência, importando a necessidade de prova de esforço comum na aquisição do patrimônio. Isto quer dizer que a companheira terá direito a meação, pois de certo modo contribuiu para a conquista da aquisição, cabendo assim receber a sua parte.
 
O Supremo Tribunal Federal, já manifestou sobre este tema, conforme enunciados da Súmula 380 e 382, senão vejamos:
 
Súmula 380 - Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
 
Súmula 382 - A vida em comum sob o mesmo teto "more uxorio", não é indispensável à- caracterização do concubinato.
 
            Deste modo, é primordial a existência de provas que corroborem a participação no esforço, direto ou indiretamente, para que se proceda a efetiva partilha.
 
            Sobre o direito aos benefícios da previdência, o doutrinador Jorge Flanklin Alves Felipe bem nos explica:
 
“O dependente é uma espécie de herdeiro do segurado, perante a Previdência Social, mas, salvo subsidiariamente, a concessão do benefício se rege por normas próprias, não se buscando as pertinentes à sucessão civil.”[29][footnoteRef:29] [29: FELIPE, Jorge Flanklin Alves. Relacionamentos afetivos nos direitos civil e previdenciário. Rio de Janeiro:2009, p.34.] 
 
 
 
 
CONCLUSÃO
Ao tratar do tema união estável percebeu-se o quão amplo é, para isto, não houve uma abordagem profunda sobre, tendo como seu foco principal a análise do real conceito da união estável no ordenamento jurídico, bem como os seus elementos caracterizadores, direitos e deveres adquiridos nesta união.
Por sua vez, o instituto da união estável ocasionou muitas polêmicas no ordenamento jurídico. Acerca disto, os elementos da união estável trouxeram à tona a definição exata do instituto, não deixando sequer sombras de dúvidas do que poderia ser ou não união estável.
Entendeu-se que a união estável se dá, pela convivência entre o homem e a mulher, de forma pública, contínua e duradoura, sendo que para que isto ocorra não poderá haver nenhum impedimento matrimonial entre ambos. Já na questão da diversidade de sexos, como já explanado em capítulo próprio, a lei se silencia sobre isto, apesar de que muitos juízes já vêm adotando por analogia sobre a possibilidade de ocorrência de pessoas do mesmo sexo, mais este tema não foi objeto de pesquisa do presente trabalho.
Acerca da convivência affectio maritalis, verificou-se que esta se dá pelo fato da relação ser estável, mostrando sinais de que deseja que a mesma seja permanente e duradoura. Acompanhado disto, o more uxório, é aquele animus, objetivo de constituir família, é o elemento subjetivo da convivência.
Observou-se que, na união estável, os deveres que devem ser seguidos são o de lealdade que a simples modo, que dizer fidelidade entre o casal, o respeito, a assistência seja esta material ou afetiva, a guarda, sustento e educação dos filhos.
Na questão dos direitos, dividiu-se em: alimentos, previdência e partilha. Nos alimentos notou-se que o conjugue tem direito em requerer alimentos, desde que para sua necessidade, de modo que não afete no patrimônio do outro.
No tópico da previdência, observamos que a companheira tem este direito assegurado pela legislação previdenciária, possuindo o mesmo direito de como se casada fosse, percebendo os mesmos direitos previdenciários.
Ao passo que, a partilha somente recairá sobre os bens adquiridos na constância da união estável, excluindo todos aqueles conquistados anteriormente. Para isto se fazem necessárias, provas cabíveis do cônjuge, para que corroborem a participação do esforço na conquista dos bens.
Dessa forma, concluiu-se com a presente monografia, que a união estável poderá ser reconhecida, até mesmo com poucos meses de relação, mais sempre atentando para os requisitos fundamentais, ou seja, convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo e animus de construir uma família.
 
 
 
ANEXO
 
 
LEI Nº 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996.
 
Regula o § 3° do art. 226 da Constituição Federal.
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
 
Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.
 
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes:
I - respeito e consideração mútuos;
II - assistência moral e material recíproca;
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns.
 
Art. 3° (VETADO)
 
Art. 4° (VETADO)
 
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
 
§ 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união.
§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
 
Art. 6° (VETADO)
 
Art. 7° Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei será prestada por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos.
 
Parágrafo único. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o
sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família.
 
Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a conversão da união estável em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da Circunscrição de seu domicílio.
 
Art. 9° Toda a matéria relativa à união estável é de competência do juízo da Vara de Família, assegurado o segredo de justiça.
 
 
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
 
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário.
 
Brasília, 10 de maio de 1996;
 
175º da Independência e 108º da República.
 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
[1] ROCHA, Silvio Luís Ferreira da. Introdução ao Direito de Família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.
 
[2] NEVES, Murilo Sechieri Costa. Direito Civil 5: Direito de Família. 3ª ed. rev.e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 169.
[3] DIAS, Maria Berenice. A união estável. p.01
[4] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: direito de família. volume 2. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 34
[5] SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 705.
[6] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões, v.6, 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p.99.
[7]CZAJKOWSKI, Rainer. União Livre. Curitiba: Editor Juruá, 1996. p. 27.
[8]PARIZATTO, João Roberto. Os direitos e deveres dos concubinos: união estável. Ouro Fino: Parizatto, 2002, p.88.
[9] NERY JÚNIOR, Nelson. Código Civil Comentado. – 6. ed. rev., ampl. e atual. até 28 de março de 2008. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.117.
[10] OLIVEIRA, Euclides de. União Estável: do concubinato ao casamento. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.132.
[11] OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União estável:do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. São Paulo: Editora Método, 2003, 132
[12] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. – 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2005, p.59.
[13] CARBONERA,Silvana Maria. O papel jurídico do afeto nas relações de família.  In: FACHIN, Luiz Edson (Coord.) Repensando Fundamentos do Direito Civil  Brasileiro Contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar,1998.
[14] GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. O companheirismo: uma espécie de família. São Paulo: Revistados Tribunais, 1998, p. 174.
[15] PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Atualização de Tânia Pereira da Silva. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense,2004,v.5., p.174.
[16] OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União Estável, do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 6.ed. atual. e ampl. São Paulo: Editora Método, 2003, p.133.
[17] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil- Direito de Família, 37ª ed.,Ed.Saraiva,2004,p. 31.
 
[18] PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União Estável. 7ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p.31 e 32.
[19] Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.), Rio de Janeiro: Forense, 2003, n. 20,p.102
[20] SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 1221.
 
[21] SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico – Rio de Janeiro, 2004, p.151.
[22] GONÇALVES,Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro- Direito de Família, Ed:Saraiva, 9ª ed. 2012, p.193.
[23] SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 667.
[24] SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 1356.
[25] SILVA, De Plácido op.cit.p. 507.
[26] VARJÃO, Luiz Augusto Gomes. União estável: requisitos e efeitos. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p.119-120
[27] VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. v. 7 – 4ª ed. – São Paulo: Atlas, 2004, p.413.
[28] DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil brasileiro: Direito de família, 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.340.
[29] FELIPE, Jorge Flanklin Alves. Relacionamentos afetivos nos direitos civil e previdenciário. Rio de Janeiro:2009, p.34.

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