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Abdome agudo

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LOURDES LARYSSA
LUANA GONÇALVES
Abdômen agudo
PEDRO ANTONIO
RENATHA LIMA
1) Introdução
É uma dor abdominal de início agudo, não traumática, de intensidade variável que
necessita de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não;
Faz diagnóstico diferencial com algumas doenças musculares, ginecológicas,
urológicas, vasculares, cardíacas, parasitárias, pulmonares, intoxicações exógenas e
psicossomáticas;
Importante causa de procura a departamentos de emergência.
Está diretamente relacionada à classificação do abdômen agudo;
O abdômen agudo é habitualmente classificado em:
-Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite, DIP, abscessos
intraabdominais, PBE ou PBS;
-Perfurativo: Doença Ulcerosa Péptica, neoplasia perfurada, amebíase, febre tifoide,
diverticulite, dentre outros;
-Obstrutivo: aderências, hérnias estranguladas, fecaloma, obstrução pilórica, volvo,
intussuscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de áscaris, dentre outros;
- Vascular: isquemia intestinal, trombose mesentérica, torção de omento, torção de pedículo de
cisto ovariano, infarto esplênico, dentre outros;
-Hemorrágico: gravidez ectópica rota, ruptura de baço, ruptura de aneurisma de aorta
abdominal, cisto ovariano hemorrágico, dentre outros;
2) Etiologia
3)Avaliação na primeira consulta
Anamnese + Exame físico são fundamentais;
A escolha e indicação de exames complementares depende da hipótese diagnóstica
levantada;
Mulheres em idade fértil sempre devem ter a hipótese de gravidez ectópica levantada;
Na sala de Emergência, primeiramente procura-se sinais de gravidade como má perfusão
periférica ou rebaixamento importante do nível de consciência;
O quadro clínico é inespecífico principalmente em idosos, usuários de corticoide,
pacientes com HIV e em uso de imunossupressores.
Questionar ativamente sobre fatores de melhora ou piora, tipo da dor, localização, se é
aguda ou crônica, região e irradiação, gravidade, fatores temporais e sintomas associados;
A dor mal localizada geralmente é visceral, enquanto a localizada origina-se de peritônio
parietal é bem localizada devido à irritação química ou inflamatória;
Sinais semiológicos podem ajudar no diagnóstico como o Sinal de Kehr (colecistite ou
abscessos subfrênicos), Laffont (sangramento retroperitoneal), Grey-Turner e Cullen
(Pancreatite), cicatrizes cirúrgicas e alterações na pele (aderências? herpes-zóster?);
Pesquisa do Sinal de Carnett ajuda a diferenciar peritonite de dor de parede abdominal,
com sensibilidade de 85% e especificidade de 88%.
Sinais de alarme: má perfusão periférica, febre, início súbito com intensidade máxima,
idade acima de 65 anos, imunossupressão, etilismo, doença cardiovascular, cirurgia
abdominal recente, início de gravidez, vômitos associados e descompressão brusca
positiva.
4) Análise da dor abdominal
Manual MSD, 2021
PERFURATIVO
Ulcéras péticas (bulbo
duodenal anterior)
Dor lacinante, em
pontada, paciente imóvel,
respiração superficial
Cuidado: instabilidade e
choque
DOR + TAQUICARDIA +
RIDIGEZ ABDOMINAL
Exames: Laboratório + Rx
abdome → TC com
contraste 
5) Diagnóstico diferencial
INFLAMATÓRIO
Apendicite, colecistite,
diverticulite, pancreatite
Dor súbita, espontânea
em qualquer faixa etária
Exames: USG (baixo VPN)
→ TC abdominal → dúvida:
laparoscopia diagnóstica 
HEMORRÁGICO 
Raro, mas fatal
Dor moderada aguda,
sem irritação, choque
hipovolêmico
Exames: USG → TC/RM 
VASCULAR
Raro, mas fatal
Isquemia mesentérica: 1% dos
abdomes agudos, mas até 80% das
mortes
Dor difusa, refratária à analgesia +
náuseas, vômitos e diarreia
Exames: TC (1ª escolha) → angiografia
(padrão ouro)
5) Diagnóstico diferencial
OBSTRUTIVO
Mecânica x Funcional
 Delgado: maioria por aderências de alça
Dor + vômito + distensão + constipação
Grosso: baixa incidência, mas, em geral,
cirúrgico 
Causas: CCR, diverticulite, volvo
Vômtitos/ Dor FID + perfuração cecal
Exames: Rx abdominal → USG → TC
Tem como base a hipótese diagnóstica.
Apendicite Aguda:
Casos iniciais: intervenção cirúrgica (apendicectomia) por via aberta ou laparoscópica;
sem necessidade de antibioticoterapia pós-operatória;
Casos complicados: antibioticoterapia pós-operatória.
Pancreatite Aguda:
Tratamento padrão: conservador.
Reposição hídrica vigorosa, analgesia, repouso alimentar, medidas de suporte e
antibioticoprofilaxia de largo espectro.
Intervenção cirúrgica em casos específicos: necrose infectada, comprovada através de
cultura de coleções peripancreáticas obtidas por punções guiadas, ou presença de ar
peripancreático na TC.
6) Manejo do abdome agudo inflamatório
Colecistite Aguda:
Tratamento definitivo: colecistectomia por laparoscopia (padrão-ouro);
Antibioticoterapia direcionada para Gram-negativos e anaeróbios.
Diverticulite aguda:
Não complicada: Tratamento clínico; restabelecimento hidroeletrolítico, tratamento
sintomático e antibioticoterapia de largo espectro com aminoglicosídeos ou ceftriaxona
associado ao metronidazol;
Complicada: hospitalização, suporte clínico, antibioticoterapia venosa, drenagem de
abcessos e tratamento cirúrgico (ressecção do segmento lesado e colostomia).
6) Manejo do abdome agudo inflamatório
Antibioticoterapia e fluidos intravenosos;
Abordagem cirúrgica, principalmente em casos associados à sepse e peritonite;
Via aberta ou laparoscópica;
Em casos de UPP: varia desde simples ulcerorrafia e tamponamento com epíplon, até
ressecções gástricas (antrectomia) e vagotomia.
7) Manejo do abdome agudo perfurativo
Estabilização clínica: hidratação, analgesia, antieméticos, reavaliações seriadas e correção
de distúrbios hidroeletrolíticos.
Os pacientes com uma obstrução intestinal parcial podem ser tratados conservadoramente
apenas com estabilização clínica + descompressão por meio de uma sonda nasogástrica.
Os antibióticos de amplo espectro são utilizados profilaticamente por alguns cirurgiões a
partir dos achados relatados de translocação bacteriana;
Nos pacientes sem resolução ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessidade de
tratamento cirúrgico para lise de aderências;
Se houver suspeita de obstrução por hérnias, brida, volvo de sigmóide, intussuscepção,
neoplasias e isquemia intestinal, a cirurgia deve ser considerada.
8) Manejo do abdome agudo obstrutivo
Tratamento clínico: 
Monitorização dos sinais vitais
Reposição volêmica individualizada
Correção de distúrbios hidroeletrolíticos
Analgesia
ATB venoso de amplo espectro
Trombolíticos em até oito horas do início da síndrome
Anticoagulantes 
Suspensão de drogas vasoconstritoras
Tratamento cirúrgico: é indicado nos casos de sinais de irritação peritoneal, sinais de infarto
intestinal pelos exames de imagem e em casos de dúvida diagnóstica --> ressecção do
segmento lesado e anastomose primária ou derivação intestinal 
9) Manejo do abdome agudo vascular
Devido à grande gama do abdome agudo hemorrágico, o tratamento será majoritariamente
definido conforme a apresentação clínica do paciente;
Estabilização hemodinâmica (pacientes com grande propensão a choque);
O Sabiston traz uma lista de condições abdominais agudas hemorrágicas cirúrgicas:
Trauma de órgãos sólidos 
Vazamento ou ruptura de aneurisma arterial 
Gravidez ectópica rompida 
Divertículo gastrointestinal com sangramento 
Malformação arteriovenosa do trato gastrointestinal 
Ulceração intestinal 
Fístula aortoduodenal após o enxerto vascular aórtico 
Pancreatite hemorrágica 
Síndrome de Mallory-Weiss 
Ruptura espontânea do baço
10) Manejo do abdome agudo hemorrágico
Referências
1) BRUNETTI, A.; SCARPELINI, S. Abdômen agudo. Medicina (Ribeirão Preto), v.40, n.3, p. 358-367, 2007.
2) CARDOSO, F. V. et al. Manejo e conduta do abdome agudo: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v. 15, n. 5, p. e10226-e10226, 2022.
3) DE SOUZA, N. B.; DO CARMO AMORIM, G. L. C.. ABDOME AGUDO NO DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA: UMA
REVISÃO. Brasília Med, v. 59, p. 00-00, 2022.
4) SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgicamoderna. 19.ed. Saunders. Elsevier
5) VELASCO, I.T. et al. Medicina de Emergência: abordagem prática. 15. ed. Barueri: Manole, 2021.

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