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CIRURGIA Carolina Ferreira -Abdome agudo: é uma síndrome dolorosa aguda de intensidade variável, que leva o paciente a procurar a Urgência e requer tratamento imediato, clínico ou cirúrgico, quando ñ tratado, evolui p/ piora dos sintomas e progressiva deterioração do estado geral. -Nos casos de dor abdominal, 2 objetivos se impõem: definir se se trata ou ñ de abdome agudo e o diagnóstico específico do paciente. Nem sempre o diagnóstico definitivo é possível antes do tratamento e o diagnóstico sindrômico é essencial. Depois de concluído o diagnóstico de abdome agudo, é necessário classificá-lo em um de seus subtipos: inflamatório, perfurativo, obstrutivo, hemorrágico ou vascular (isquêmico). -Nem toda dor abdominal é um quadro de abdome agudo. Pode tratar-se de um falso abdome agudo, e isso ocorre quando o paciente tem dor abdominal, mas a origem do problema é extra-abdominal. Exemplos: síndromes coronarianas, porfiria, doenças reumatológicas, cetoacidose diabética, uremia aguda, herpes- zóster -ANAMNESE: início dos sinais e sintomas, características semiológicas de dor, febre, náuseas, vômitos, distensão abdominal, ruídos hidroaéreos intestinais, hematêmese e/ou melena, entre outros, são de vital importância. A dor é o principal sintoma na síndrome do abdome agudo. A investigação das características da dor pode, muitas vezes, orientar a etiologia do quadro. É possível classificar a dor em três tipos: visceral, somática e referida. A dor visceral normalmente é mal localizada, ao longo da linha média, causada por distensão ou estiramento dos órgãos, e costuma ser a 1º manifestação das afecções intra- abdominais, principalmente no abdome agudo inflamatório. A dor somática é mediada por receptores ligados a nervos somáticos existentes no peritônio parietal e na raiz do mesentério, sendo responsável por sinais propedêuticos, como a contratura involuntária e o abdome “em tábua”. Por fim, a dor referida é decorrente da convergência no corno posterior da medula, de nervos provenientes das vísceras e da pele, o que explica a sensação dolorosa superficial nesses quadros. A febre é uma manifestação comum, geralmente discreta nas fases iniciais de afecções inflamatórias e infecciosas, tornando-se elevada em fases + avançadas. Nos imunodeprimidos, idosos e pacientes c/ doenças crônicas, como DM, a febre pode estar ausente, assim como outros sinais de alerta. Por vezes, o abdome agudo apresenta-se como infecção grave acompanhada de manifestações sistêmicas, como calafrios e toxemia, evoluindo, ainda, p/ choque séptico, o que é + frequente nos casos de peritonites graves. -EXAME FÍSICO: é imprescindível p/ o diagnóstico. É dividido em exame físico geral, quando buscamos sinais de repercussão sistêmica e gravidade, como queda do estado geral, febre, desidratação, alterações da coloração de pele e mucosas, alterações hemodinâmicas e respiratórias, e exame físico abdominal, composto de inspeção, ausculta, percussão, palpação superficial e profunda. O pct deve ser examinado em decúbito dorsal, c/ o abdome totalmente descoberto, desde o mamilo até a raiz da coxa. A região do abdome, os movimentos, o de volume e as alterações na epiderme devem ser observados. A presença de cicatrizes abdominais é importante e pode sugerir a etiologia da obstrução, associada a aderências, assim como de abaulamentos, que podem representar hérnias. A percussão auxilia nos casos de perfuração e suboclusão, além da localização do ponto de > dor. A palpação é considerada a parte + importante do exame físico, pois é por meio dela que o médico pode sentir a presença de peritonite localizada (apendicite e colecistite) ou difusa (úlcera perfurada), que se traduz pela contratilidade da musculatura de forma involuntária. A descompressão brusca positiva é o principal sinal clínico de peritonite. -A dor à descompressão na palpação é indicativa de irritação peritoneal. A dor à descompressão só é conhecida por sinal de Blumberg se for localizada exclusivamente na fossa ilíaca direita. -EXAMES COMPLEMENTARES: podem ser solicitados exames laboratoriais, como hemograma, PRC (Proteína C Reativa), amilase, lipase, bilirrubinas, transaminases e enzimas canaliculares, beta-HCG, além de eletrólitos e gasometria, sempre individualizando cada caso. Urina I, D-dímero, troponina e ECG auxiliam em diagnósticos diferenciais. Entre os exames de imagem, a denominada “rotina p/ o abdome agudo” inclui uma: • Rx de abdome em incidência anteroposterior em pé e em decúbito dorsal horizontal • Rx de tórax posteroanterior c/ visualização das cúpulas diafragmáticas -O decúbito lateral esquerdo c/ raios horizontais pode ser utilizado na suspeita de perfuração de víscera oca, quando o paciente ñ consegue ficar em pé p/ realizar a Rx de tórax em posteroanterior. Essa abordagem inicial c/ radiografia, apesar de amplamente usada, costuma ser útil nos casos de abdome agudo obstrutivo e perfurativo, principalmente CIRURGIA Carolina Ferreira se a tomografia ñ estiver prontamente disponível. A presença de níveis hidroaéreos escalonados significa grandes quantidades de líquido e gás dentro das alças, que podem ocorrer em casos de obstruções intestinais. A presença de gás na parede intestinal (pneumatose intestinal), na maioria das vezes, indica que pode haver infecção, isquemia ou necrose, as quais podem ocorrer de forma idiopática, sem outras consequências. Nos casos de obstrução do intestino delgado, o intestino grosso tende a estar normal, sem dilatação. -Outros exames de imagem têm seu papel bem definido, como US de abdome p/ crianças, gestantes, na suspeita de doença hepatobiliopancreática e indivíduos magros; Rx de tórax p/ causas torácicas; TC de abdome p/ adultos, obesos, idosos e p/ > parte dos demais casos; RM após US em gestantes e p/ causas biliares; angiotomografia, na suspeita de abdome agudo vascular. Rx simples de abdome em decúbito dorsal demonstrando o sinal o empilhamento de moedas, característico das obstruções mecânicas de intestino delgado -CLASSIFICAÇÃO: é possível classificar o abdome agudo em 5 categorias. • Inflamatório • Obstrutivo • Perfurativo • Vascular ou isquêmico • Hemorrágico -Todo caso de abdome agudo requer tratamento cirúrgico? Não. Todo abdome agudo requer tratamento imediato, podendo ser clínico, como na pancreatite aguda, ou cirúrgico, como na apendicite aguda. PRINCIPAIS SINAIS NO EXAME FÍSICO DO PACIENTE COM ABDOME AGUDO -Sinal de Jobert: hipertimpanismo em região hepática, que indica a presença de perfuração de víscera oca em peritônio livre (por exemplo: úlcera péptica). -Sinal de Carnett: da sensibilidade quando os músculos da parede abdominal são contraídos. -Sinal de Murphy: indica colecistite -Sinal de Blumberg: pode ser pesquisado na palpação profunda, pode indicar apendicite CIRURGIA Carolina Ferreira -Sinal do Obturador: consiste na dor provocada quando o médico executa rotação interna passiva da coxa direita flexionada. Apresenta boa especificidade para apendicite aguda. -Sinal do psoas: quando positivo consiste em dor provocada quando o examinador estende passivamente o quadril direito do paciente. Tem boa especificidade p/ apendicite aguda. -Sinal de Rovsing: consiste em dor no quadrante inferior direito induzida pela palpação do QIE
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