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1 ECOLOGIA VEGETAL 1 SUMÁRIO 1. ECOLOGIA VEGETAL .................................................................................................. 3 2. MEIO AMBIENTE ......................................................................................................... 5 3. ECOLOGIA E EVOLUÇÃO ........................................................................................... 9 4. CONCEITOS .............................................................................................................. 14 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 24 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. ECOLOGIA VEGETAL A ecologia vegetal é a subdisciplina da ecologia que estuda a distribuição e abundância das plantas, as interações entre membros da mesma espécie e de espécies diferentes e as suas interações com o meio ambiente. A ecologia vegetal tem origem tanto na geografia das plantas, como em estudos sobre o relacionamento entre plantas individuais e o seu meio envolvente. De uma maneira geral, o âmbito da ecologia vegetal abarca a ecofisiologia vegetal, a ecologia populacional vegetal, a ecologia comunitária, a ecologia ecossistemática, a ecologia da paisagem e a ecologia global. Figura 1 Vegetação do Pantanal natural da Terra Indígena Lalima/Pantanal/Brasil. A ecologia vegetal tem origem tanto na geografia das plantas, como em estudos sobre o relacionamento entre plantas individuais e o seu meio envolvente. Uma visão global dos principais tipos de vegetação da Terra é fornecida por O.W. Archibold. Ele reconhece 11 principais tipos de vegetação: Florestas tropicais, savanas tropicais, regiões áridas (desertos), ecossistemas mediterrânicos, ecossistemas florestais temperados, pastagens temperadas, florestas de coníferas, tundra, zonas úmidas terrestres, de água doce ecossistemas e sistemas 4 costeiros/marinhos. Essa variedade de tópicos mostra a complexidade da ecologia vegetal, uma vez que ela inclui plantas que vão desde algas flutuantes até unicelulares ou grandes árvores formando o dossel da floresta. 5 2. MEIO AMBIENTE A ecologia vegetal é um campo da ecologia que estuda a distribuição e abundância das plantas, as interações entre membros da mesma espécie e de espécies diferentes e as suas interações com o meio ambiente. De maneira geral, o ecologia vegetal compreende a ecofisiologia vegetal, a ecologia populacional vegetal, a ecologia comunitária, a ecologia ecossistemática, a ecologia da paisagem e a ecologia global. Ecologia Vegetal Figura 2 Ecologia A ecologia vegetal tem origem tanto na geografia das plantas, como em estudos sobre o relacionamento entre plantas individuais e o seu meio envolvente. Uma visão global dos principais tipos de vegetação da Terra é fornecida por O.W. Archibold. Ele reconhece 11 principais tipos de vegetação: Florestas tropicais, savanas tropicais, regiões áridas (desertos), ecossistemas mediterrânicos, ecossistemas florestais temperados, pastagens temperadas, florestas de coníferas, tundra, zonas úmidas terrestres, de água doce ecossistemas e sistemas costeiros/marinhos. Essa amplitude de tópicos mostra a complexidade da ecologia vegetal, uma vez que ela inclui plantas que vão desde algas flutuantes até unicelulares ou 6 grandes árvores formando o dossel da floresta. • O Encanto do Azul Profundo Figura 3 Distribuição e abundância das plantas, as interações entre membros da mesma espécie e espécies diferentes e suas interações com o ambiente. by Elias Bizannes Um dos aspectos mais importantes da ecologia vegetal é o papel plantas têm desempenhado na criação da atmosfera oxigenada de terra, um evento que ocorreu há cerca de 2 bilhões de anos atrás. Ele pode ser datado pela deposição de formações ferríferas, rochas sedimentares distintas com grandes quantidades de óxido de ferro. Ao mesmo tempo, as plantas começaram a remover o dióxido de carbono da atmosfera, iniciando assim o processo de controle do clima da Terra. A tendência de longo prazo da Terra tem sido no sentido de aumentar o oxigênio e diminuir o dióxido de carbono, e muitos outros eventos na história da terra, como o primeiro movimento da vida na terra, são provavelmente ligadas a essa sequência de eventos. O estudo das relações entre as plantas – ecologia vegetal Um dos livros clássicos iniciais sobre ecologia vegetal foi escrito por J. E. Weaver e F. E. Clements. Ele fala amplamente sobre as comunidades de plantas e, 7 particularmente, a importância de forças como a concorrência e os processos como sucessão. Embora parte da terminologia seja antiquada, este livro ainda é muito importante. Figura 4 Fonte: Ecologia vegetal. by NATT-at-NKM (Greenwich Ecology Park) O estudo de plantas é complexo. Em primeiro lugar, porque a maioria das plantas estão enraizadas no solo, o que torna difícil de observar e medir nutrientes e interações. Em segundo, as plantas frequentemente reproduzem- se assexuadamente, de uma maneira que faz com que seja difícil de distinguir plantas individuais. Na verdade, o próprio conceito de um indivíduo é complexo, uma vez que mesmo uma árvore pode ser considerada como uma grande coleção de meristemas ligados. Assim, ecologia vegetal e ecologia animal têm diferentes estilos de abordagem aos problemas que envolvem processos como a reprodução, a dispersão e mutualismo. Ecologia populacional de plantas Alguns ecologistas têm colocado ênfase considerável ao tentar tratar populações de plantas como se fossem populações animais, com foco na ecologia populacional. 8 Muitos outros ecologistas acreditam que, embora seja útil para recorrer a ecologia populacional para resolver certos problemas científicos, plantas demandam que os ecologistas trabalhem com múltiplas perspectivas, apropriadas para o problema, a escala e a situação. 9 3. ECOLOGIA E EVOLUÇÃO Ecologia e evolução são consideradas disciplinas irmãs, sendo ramos da biologia. Seleção Natural, Historia de vida, desenvolvimentos, adaptação, populações, e herança estão presentes em teorias evolutivas e ecológicas. Ecologia e evolução Morfologia, comportamento e/ou traços genéticos, por exemplo, podem ser mapeados em árvores evolutivas para estudar a desenvolvimento histórico da espécie e também organizar a informação em relação a adaptações ecológicas. Em outras palavras,adaptação é explicada em relação a origem histórica de traços e condições ecológicas e que esta sujeita a forças da seleção natural. Nesse quadro, ferramentas analíticas de ecólogos e evolucionistas se sobrepõem para organizar, classificar e investigar a vida por meio de princípios sistemáticos comuns, como filogenéticos ou taxonômicos de Lineu. As duas disciplinas frequentemente aparecem juntas como no título do jornal Trends in Ecology and Evolution. Ecologia Hoje Documentário Agroecologia Não há uma fronteira nítida que separa a ecologia da evolução e que diferem suas áreas de aplicação. Ambas as disciplinas descobrem e explicam emergentes e únicos processos que operam em diferentes escalas espaciais e temporais da organização. Embora a fronteira entre a ecologia e evolução nem sempre é clara, é lógico que os ecólogos estudam os fatores abióticos e bióticos que influenciam o processo evolutivo. Ecologia Evolutiva 10 Figura 5 Cladística A Ecologia Evolutiva é uma disciplina do ramo da biologia que floresceu nas últimas cinco décadas e têm assimilado grande parte de outras subdisciplinas da ecologia. Representa uma interação entre ecologia e biologia evolutiva. Aborda o estudo da ecologia considerando as histórias evolutivas das espécies e suas interações. As principais ideias da Ecologia Evolutiva são: a relação entre evolução e ecologia, o caráter da seleção natural, o caminho para a adaptação e a extensão dos princípios evolutivos ao comportamento (Foley, R. 1993) Segundo Pianka (1994), Ecologia é o estudo das relações entre os organismos e a totalidade dos fatores físicos e químicos que os afetam ou que são influenciados por eles, ou seja, é o estudo das inter-relações entre os organismos e seu ambiente. Relações ecológicas Essas relações podem ser extremamente variáveis, pois os componentes de um organismo e de um meio ambiente não permanecem constantes. O que um indivíduo representa em um nível faz parte do meio ambiente em outro; sendo assim, existem vários níveis de análise que podem variar de um organismo individual a uma comunidade composta por várias espécies. Pianka sugeriu o termo unidade organísmica para designar esses níveis. 11 Figura 6 Morcego Choeronycteris mexicana Da mesma forma que um organismo é um conceito variável, o meio ambiente também o é. Pianka (1982) define ambiente como “a soma total de todos os fatores físicos e biológicos que atuam sobre uma unidade organísmica definida, desde a luz solar e a chuva até os solos e outros organismos”. Porém, deve-se levar em conta que o meio ambiente de um organismo também abrange outros membros de uma mesma população ou espécie com os quais ele manterá interações genéticas e sociais (Foley, 1993). Dessa forma, define-se ambiente como um conjunto de fatores naturais, físicos, e biológicos, como também culturais, que influencia direta e/ou indiretamente sobre uma unidade organísmica (Alves, M.P., 2003) A ecologia profunda é uma filosofia ambiental que promove o valor inerente de todos os seres vivos, independentemente de sua utilidade instrumental para as necessidades humanas, além da reestruturação das sociedades humanas modernas de acordo com tais ideias. 12 Figura 7 Essa linha filosófica sustenta que o mundo natural é um complexo de relações nas quais a existência de organismos depende da existência de outros dentro dos ecossistemas. O trabalho do Ecólogo Equilíbrio ecológico, economia e ética A interferência humana ou a destruição do mundo natural representa uma ameaça, portanto, não apenas para os seres humanos, mas para todos os organismos que constituem a ordem natural. É uma eco-filosofia derivada de princípios éticos intuitivos. Não se pretende uma ciência, mas baseia-se na nova física que no início do século XX minou a abordagem reducionista e a noção de objetividade, demonstrando que o ser humano é parte integrante da natureza – conceito sempre sustentado pelos povos primitivos. Cada elemento da natureza, inclusive a humanidade, deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio do sistema da biosfera. Ecologia Rasa ou Ecologia Superficial 13 Figura 8 Ecologia profunda: O ambiente da vida como um todo deve ser respeitado. © Varakorn Kuldilok Para Fritjof Capra, a ecologia profunda distingue-se da ecologia tradicional por apresentar algo mais, por ser uma forma de pensar na qual se questiona tudo. O termo foi criado para contrapor o conceito, também formulado por Næss, de “ecologia rasa” ou “ecologia superficial”, segundo ele o paradigma dominante sobre o uso dos recursos naturais, no qual humanos são o centro de tudo e a natureza constitui algo a ser explorado. Enquanto a ecologia rasa seria um estudo das interações entre seres vivos com o ambiente, a ecologia profunda é uma forma de pensar e agir, dentro da ecologia ou de qualquer outra atividade. 14 4. CONCEITOS A vasta riqueza de formas de organismos gerada no processo evolutivo está relacionada à variação de ambiente no espaço geográfico e no tempo. A ecologia vegetal objetiva decifrar essas conexões, que existem entre organismos vegetais entre si e o meio, em diferentes níveis de organização biológica (organismos, populações, comunidades, ecossistemas) e em diferentes escalas espaciais e temporais. As subdivisões da ecologia vegetal em áreas de especialização refletem grosso modo os diferentes níveis de organização biológica e escalas de estudo. A terminologia nesse campo é confusa, dado que na sua origem deu-se o desenvolvimento em separado de diferentes orientações (escolas) no estudo de problemas semelhantes, cristalizando-se principalmente a tradição européia e a angloamericana. Assim, (1) a ecologia de organismos, auto-ecologia, ou ecofisiologia, trata da fisiologia de organismos individuais em condições de campo; (2) a ecologia de populações envolve o estudo da estrutura e função de populações, que podem ser espécies ou ecótipos; (3) a genética ecológica trata da variação genética em populações; (4) a sinecologia, fitocenologia, fitossociologia, ecologia de comunidades vegetais ou ecologia de vegetação (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974) trata da composição, desenvolvimento, distribuição geográfica e relações de comunidades vegetais com o ambiente; (5) a ecologia de ecossistemas estuda os fatores ambientais, as respostas fisiológicas de espécies e grupos de espécies a esses fatores e os aspectos funcionais de comunidades; (6) a paleobotânica ou paleoecologia estuda a origem e desenvolvimento de populações e comunidades; (7) a fitogeografia trata da distribuição geográfica de entidades taxonômicas e suas relações evolutivas. Todavia, a subdivisão da ecologia vegetal em áreas de especialização é por vezes artificial. Decifrar relações ecológicas de forma asatisfatoriamente explicar fenômenos ou predizer respostas a cenários distintos exige integrar abordagens do mesmo problema a partir de diferentes ângulos e a consideração de diferentes níveis 15 de organização e escalas. Além disso, a ecologia é eminentemente complexa e multidisciplinar, com interações com outras ciências (Ferri 1980). História da ecologia vegetal As idéias que atualmente são tratadas em ecologia têm antecedentes diversos (ver revisão em McIntosh 1985). Há antecedentes na Grécia antiga, como o reconhecimento por Theophrastus de mangues, relacionando espécies e fisionomia da vegetação ao hábitat. Há antecedentes obviamente nos estudos de naturalistas do século 19, como Humboldt (1806), e na biologia evolutiva de Darwin. O nome "oecologia" foi proposto por Haeckel em breve menção em 1866, mas a cristalização da ecologia como ciência somente ocorreumais tarde, no final do século 19, baseada em conceitos, métodos e terminologias originados na botânica tradicional, fitogeografia e fisiologia. São emblemáticos da fase de cristalização da ecologia vegetal, tendo influência no desenvolvimento posterior de diversas escolas, os estudos de Kerner (1863) sobre a vegetação do rio Danúbio, Grisebach (1872) sobre as diferentes formações vegetais da Europa e Ásia, e os de Warming (1895), Drude (1896) e Schimper (1898) que enfatizaram o exame de relações de plantas e comunidades vegetais com o hábitat, estes últimos estimulados pela teoria de Darwin (McIntosh 1985). Em Kerner e em Grisebach a abordagem no estudo da vegetação é estática e florística, enquanto que em Warming e Schimper a abordagem é mais evolutiva e fisiológica. Goodland (1975) aponta a influência de pesquisas feitas em ambientes tropicais no desenvolvimento da ecologia nessa fase, especialmente Warming que morou em Lagoa Santa, Minas Gerais por três anos (ver Warming & Ferri 1973). Schimper também baseou seus estudos em viagens a regiões tropicais. O mesmo pode se dizer de Lindman (1900) que estudou a vegetação do Rio Grande do Sul. Os conceitos de comunidade vegetal Alterações na aparência ou fisionomia da vegetação são evidentes a qualquer observador atento. Em geral, as diferentes fisionomias expressam alterações na combinação de tipos vegetais que ocorrem juntos em um dado espaço, ou seja, expressam diferentes comunidadesvegetais. Certas combinações se repetem, revelando padrões de variação, e podem ser relacionadas a alterações de ambiente. Plantas individuais são em geral discretas, evidentes, podendo ser facilmente delimitadas. Comunidades vegetais, por outro lado, são agregados de plantas individuais, e 16 por isso de definição e delimitação mais complicada, o que têm gerado controvérsias, principalmente relacionadas ao grau de integração que se assume existir entre os componentes da comunidade vegetal. Na história da ciência da vegetação contrapõem-se o ponto de vista da espécie individualista de Gleason (1926), que questiona a existência de combinações recorrentes de espécies e portanto de tipos de comunidades, com os pontos de vista que reconhecem tipos de comunidades e consideram, em diferentes graus, a comunidade análoga a um organismo (Clements 1928, Tansley 1920, Braun-Blanquet 1928), cujos componentes são integrados e dependentes. As idéias de Clements foram dominantes na ecologia vegetal na América do Norte até a década de 1970. Clements foi fortemente influenciado pelo idealismo germânico transmitido por Drude a partir da filosofia de Kant e Goethe e da biogeografia de Humboldt e Grisebach. Em contraste, a escola de Chicago, com Cowles (1898) e depois Gleason, teve mais influência de Warming. A ênfase de Warming era a planta individual, sendo crítico da idéia de se buscar relações causais relacionadas a unidades mais amplas, como as formações (McIntosh 1985). Na Europa continental dominou a escola de Zurich- Montpelier, originada em Schröter e Flahault e bem caracterizada na obra de Braun- Blanquet (1928). Essa abordagem segue a tradição taxonômica da história natural (McIntosh 1985), e nela a composição de espécies características é a base para o reconhecimento de tipos de comunidades. A visão contemporânea da ciência da vegetação define comunidade vegetal em sentido amplo, como sendo a vegetação que cobre num dado momento uma superfície (ou volume para comunidades aquáticas ou de solo) de qualquer magnitude (ver, p. ex., Palmer & White 1994). Entende-se que nessa unidade espaço-temporal há uma combinação de organismos vegetais os quais, em diferentes graus, influenciam-se uns aos outros e são dependentes do e modificam o seu ambiente. Essa superfície arbitrariamente estabelecida é também chamada de quadro, quadrado, "stand", unidade de comunidade vegetal, ou unidadeamostral. Questões como o grau de integração entre componentes e de homogeneidade e descontinuidade espacial passam a ser objetos do estudo e não condições que definem e delimitam comunidades. O estudo da vegetação é fundamentalmente comparativo. Comunidades são 17 comparadas com vistas a revelar padrões de distribuição e associação, os quais podem ser interpretados em relação à variação espacial e temporal de fatores de ambiente e/ou ser usados para definir tipos de vegetação. Para tanto, descrevem-se um conjunto de comunidades ao longo de gradientes ambientais ou ao longo do tempo. O inventário, ou "relevé", é a descrição da comunidade vegetal e das condições de ambiente nela prevalescentes. Consiste na listagem das plantas encontrados na comunidade vegetal, as quais por razões práticas são reunidas em populações, geralmente espécies, o que requer uma taxonomia de organismos. Se necessário, as populações são listadas por estratos verticais. A cada população é associada uma estimativa de quantidade, que pode ser a sua freqüência, cobertura, densidade, ou biomassa dentro da comunidade. A avaliacão dessas quantidades pode exigir uma amostragem dentro da comunidade vegetal e a aplicação de métodos apropriados. Cobertura e densidade (abundância) podem ser avaliadas visualmente quando a comunidade vegetal pode ser visualizada no seu todo (Braun-Blanquet 1928). A descrição pode também incluir a avaliação de parâmetros qualitativos de cada população, como sociabilidade, vitalidade, ou desenvolvimento, definidos na obra de Braun-Blanquet (1928). O inventário também inclui a anotação de características de ambiente relevantes, como altitude, condições climáticas do local, exposição solar, declividade do terreno, posição no relevo, substrato geológico e grau e tipo de ação antrópica, e a tomada de amostras de solo para a análise de características químicas e físicas. O problema da escala O problema de escala se deve ao fato do tamanho e forma da unidade de comunidade vegetal ser arbitrariamente estabelecido. O tamanho da unidade estudada deve ser proporcional ao tamanho das plantas considerados na descrição da comunidade; em geral se delimitam comunidades maiores para o estrato arbóreo, e menorespara o estrato herbáceo e comunidades campestres. Mesmo assim, por ser uma decisão subjetiva há uma margem de variação e os padrões e conexões revelados podem não ser os mesmos em diferentes escalas. Vejamos um exemplo (Kershaw 1973): Há três espécies (A, B e C) em uma dada área de vegetação que é estudada através de vários inventários de comunidades delimitadas por quadros. 18 Plantas de A junto com as de B formam agregados, enquanto plantas de C estão distribuídas em toda a área. O uso de quadros muito pequenos vai revelar uma tendência de associação negativa entre todas as espécies. O uso de quadros de tamanho médio revelará a tendência de associação positiva entre A e B e negativa entre A e C e B e C. O uso de quadros muito grandes mostrará sempre as três espécies presentes no inventário, portanto não revelando nenhuma tendência de associação. O problema da escala está sempre presente, qualquer que seja a decisão do pesquisador. Por isso tem sido sugerida a descrição em diferentes tamanhos de unidade, de modo a revelar fenômenos que se expressam nas diferentes escalas (Juhász-Nagy & Podani 1983). O problema da taxonomia Uma taxonomia de organismos é necessária para reunir plantas individuais em populações e considerar estas populações como sendo os componentes da comunidade. Diferentes taxonomias podem definir um conjunto diferente de populações nas comunidades e, conseqüentemente, as relações observadas poderão não ser as mesmas. Tradicionalmente a taxonomia usada delimita espécies. Algumas tentativas de usar gênero e família não demonstraram vantagens em relação ao uso da espécie (Maarel 1972, Dale & Clifford 1976). As formas-vitais de Raunkiaer (1907)têm sido usadas para comparar comunidades de regiões florísticas diferentes; são tipos baseados na adaptação da planta para sobreviver a estação desfavorável, basicamente a altura dos pontos de crescimento. O uso de uma taxonomia que reconhece tipos baseados em atributos, denominados tipos funcionais (Pillar & Orlóci 1993a, 1993b, Pillar 1999) também permite a comparação de comunidades floristicamente disjuntas, e possibilita o uso de quaisquer atributos para construir essa taxonomia. Um tipo functional vegetal é definido como um grupo de plantas que independentemente da sua filogenia são semelhantes para um dado conjunto de atributos e semelhantes na sua relação com certas variáveis de ambiente. As variáveis de ambiente podem ser fatores aosquais as plantas estão respondendo (por exemplo, condições de solo, herbivoria), ou os efeitos das plantas no ecossistema (por exemplo, produção de biomassa, acumulação de material orgânica, diversidade de plantas ou complexidade. though the distinction between response and effect may sometimes be arbitrary. 19 A descrição é incompleta A descrição da comunidade é quase sempre incompleta. Por razões práticas pode se limitar às plantas vasculares, ou às plantas lenhosas com diâmetro de tronco maior do que um determinado limite, ou ao extrato herbáceo, ou excluir as plantas anuais. Por isso alguns preferem o termo taxocenose ao invés de comunidade vegetal. Figura 9 20 Figura 10 Como qualquer área da Biologia, a Ecologia é repleta de termos que são fundamentais para a compreensão de diversos temas. Sem o conhecimento correto do que se trata cada expressão, a interpretação do conteúdo pode ser incorreta. Diante disso, listamos a seguir alguns conceitos básicos em ecologia que são essenciais para a compreensão dessa área. Biomassa = Matéria orgânica que compõe o corpo dos organismos vivos. Biosfera = Regiões do planeta onde existem seres vivos. Biótopo = Área geográfica onde se encontra uma comunidade. 21 Cadeia alimentar = Representa a transferência de matéria e energia que se inicia sempre por um organismo produtor e termina em um decompositor. O fluxo é sempre unidirecional. Ciclo biogeoquímico = Conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que permite aos elementos circularem entre os seres vivos e a atmosfera, hidrosfera e litosfera. Comunidade = Conjunto de populações de espécies diferentes que vive em uma mesma área geográfica. Consumidores = Seres que não são capazes de produzir seu próprio alimento e precisam alimentar-se de outro ser vivo para obter sua energia (heterotrófico). Decompositores = Seres que obtêm nutrientes e energia a partir da decomposição da matéria orgânica. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Ecologia = Ciência que estuda as relações entre os seres vivos entre si e destes com o meio ambiente. Ecossistema = Local de interação entre seres vivos (fatores bióticos) e fatores físicos e químicos (fatores abióticos). Espécie = Organismos semelhantes capazes de reproduzir-se e produzir descendentes férteis. Habitat = Local em que determinada espécie vive. Nicho ecológico = Papel ecológico de uma espécie em uma comunidade. Envolve seus hábitos alimentares, sua reprodução, suas relações ecológicas e outras atividades. Nível trófico = Posição que uma espécie ocupa em uma cadeia alimentar. Pirâmide ecológica = Representação gráfica do fluxo de energia e matéria em um ecossistema. População = Conjunto de seres vivos da mesma espécie que vive em determinado local. Produtores = Seres vivos capazes de produzir seu próprio alimento (autotróficos). Relações ecológicas = São as relações que os seres vivos possuem uns com os outros. Essas relações podem ser entre indivíduos da mesma espécie ou espécies diferentes. Teia alimentar = Conjunto de cadeias alimentares interligadas. 22 Distinguimos em ecologia três grandes subdivisões: a auto-ecologia, a dinâmica das populações e a sinecologia. Estas distinções são um pouco arbitrárias mas têm a vantagem de ser cômodas para uma exposição introdutória. A auto-ecologia (Schroter, 1896) estuda as relações de uma única espécie com seu meio. Define essencialmente os limites de tolerância e as preferências das espécies em face dos diversos fatores ecológicos e examina a ação do meio sobre a morfologia, a fisiologia e o comportamento. Desprezam-se as interações dessa espécie com as outras, mas freqüentemente ganha-se na precisão das informações. Assim definida, a auto- ecologia tem evidentemente correlacionamentos com a fisiologia e a morfologia. Mas tem também seus próprios problemas. Por exemplo, a determinação das preferências térmicas de uma espécie permitirá explicar (ao menos em parte) sua localização nos diversos meios, sua repartição geográfica, abundância e atividade. A dinâmica das populações (ou Demòkologie dos autores alemães, Schwertfeger, 1963) descreve as variações da abundância das diversas espécies e procura as causas dessas variações. A sinecologia (Schroter, 1902) analisa as relações entre os indivíduos pertencentes às diversas espécies de um grupo e seu meio. O termo biocenótica (Gams, 1918) é praticamente um sinônimo. O estudo sinecológico pode adotar dois pontos de vista: 1. O ponto de vista estático (sinecologia descritiva), que consiste em descrever os grupos de organismos existentes em um meio determinado. Obtém-se assim conhecimentos precisos sobre a composição especifica dos grupos, a abundância, freqüência, constância e distribuição espacial das espécies constitutivas. 2. O ponto de vista dinâmico (sinecologia funcional), com dois aspectos. Porte-se descrever a evolução dos grupos e examinar as influências que os fazem suceder-se em um lugar determinado. Pode-se também estudar os transportes de matéria e de energia entre os diversos constituintes de um ecossistema, o que conduz às noções de cadeia alimentar, de pirâmides dos números, das biomassas e das energias, de produtividade e de rendimento. Esta última parte constitui o que se chama a sinecologia quantitativa. Outras subdivisões da ecologia levam em consideração a natureza do meio e correspondem aos três grandes conjuntos da biosfera: a ecologia marítima, a ecologia terrestre e a ecologia límnica. 23 A natureza dos organismos e os métodos de estudo são geralmente muito diferentes nesses três meios, embora em muitos casos os princípios gerais sejam os mesmos. E' preciso abandonar a divisão antiga entre ecologia animal e ecologia vegetal, que separava arbitrariamente organismos que guardam entre si estreitas inter-relações. Se um pesquisador Ecologia Humana Este ramo da ecologia estuda as relações existentes entre os indivíduos e entre as diferentes comunidades da espécie humana, bem como as suas interações com o ambiente em que vivem, a nível fisiográfico, ecológico e social. Descreve a forma como o homem se adapta ao ambiente nos diferentes locais do planeta, como obtém alimento, abrigo e água. Tende a encarar o ser humano do ponto de vista biológico e ecológico, uma espécie animal adaptada para viver nos mais diversos ambientes. A ecologia urbana, estuda detalhes da vida humana nas cidades, do ponto de vista ambiental, sua relação com os recursos naturais, o ar, a água, a fauna e flora, bem como as relações entre indivíduos. Problemas sociais como o êxodo rural, o crescimento descontrolado das cidades, infraestrutura urbana, bem como características das populações (taxa de crescimento, densidade, índices de nascimento e mortalidade e idade média) são abordados nesta especialidade. Doenças, epidemias, problemas de saúde pública e de qualidade ambiental também pertencem ao campo da ecologia humana. A ecologia humana tem o desafio, de auxiliar no reconhecimento das causasdos desequilíbrios ambientais existentes na sociedade humana e propor soluções alternativas ou minimizadoras. Este ramo da ecologia, associado à conscientização e educação ambiental, pode transformar as grandes cidades em locais mais habitáveis e saudáveis, onde o uso dos recursos naturais é racional e otimizado. Para isso, a ecologia humana e urbana precisa estar integrada ao desenvolvimento de ciência e tecnologia, bem como vinculada a programas prioritários dos governos. 24 REFERÊNCIAS Braun-Blanquet, J. 1928, 1964. Fitosociologia; bases para el estudio de las comunidades vegetales. Trad. da 3.ed.rev.aum., Blume, Madrid, 1979. 820 p. Clements, F. E. 1928. Plant Succession and Indicators. Hafner, New York, 1963. 453 p. Cowles, H. C. 1898. The phytogeography of Nebraska. Botanical Gazette 25: 370-371. Dale, M. B. & M. T. Clifford. 1976. On the effectiveness of higher taxonomic ranks for vegetation analysis. Australian Journal of Ecology 1: 37-62. Drude, O. 1896. Deutschlands Pflanzengeographie. Handbücher zur Deutschen Landes - und Volkskunde. Stuttgart. Apud Du Rietz (1931). Du Rietz, G. 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