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Segunda Avaliação de Penal - Para 20102022

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JEAN CHARLES DE OLIVEIRA DUARTE 
 
 
SEGUNDA AVALIAÇÃO SEMESTRAL 
Relatório detalhado sobre a seguinte temática: a) Dos crimes contra a saúde 
pública (arts. 267 a 285 do Código Penal); b) abordar os principais aspectos 
dos delitos, ressaltando, entre outros elementos, os sujeitos do crime, 
especificidades da conduta, elemento subjetivo ou voluntariedade, 
consumação, tentativa, qualificadoras, majorantes, principais entendimentos 
jurisprudenciais e pena aplicável; c) apresentar quais delitos estão 
relacionados ou possuem aplicabilidade à pandemia de covid19, 
considerando que a Lei n.º 13.979/2020; d) a Portaria interministerial n° 05 de 
2020 (Ministro da Justiça e Ministro da Saúde). 
Finalmente, o trabalho deverá apresentar a relação e/ou incidência dos 
crimes de desobediência (art. 330), contra a economia popular (Lei 1521/51), 
e contra as relações de consumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade destinada a Prof.º Igor Barbosa, da 
disciplina do Direito Penal IV, pelo acadêmico 
Jean Charles de Oliveira Duarte, Patrícia 
Magalhães, Tânia Costa Moreira, Tais 
Fernandes de Sousa, como pré-requisito do 
curso de Graduação em Bacharelado de 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
PALMAS – TO 
2022/1 
SUMÁRIO 
1. Introdução 
2. Epidemia – Art. 267 do Código Penal 
2. Conceito 
2.2. Classificação 
2.3. Sujeito 
2.4. Conduta 
2.6. Objeto material e bem juridicamente protegido 
2.7. Consumação e tentativa 
2.10. Modalidades comissiva e omissiva 
2.11. A ação penal 
 
3. Infração de Medida Sanitária Preventiva – Art. 268 do Código Penal 
3.1. Conceito 
3.2. Classificação 
3.3. Sujeito 
3.4. Conduta 
3.6. Objeto material e bem juridicamente protegido 
3.7. Consumação e tentativa 
3.10. Modalidades comissiva e omissiva 
3.11. A ação penal 
3.12. Majorantes de pena 
 
4. Omissão de Notificação de Doença - Art. 269 do Código Penal 
4.1. Conceito 
4.2. Classificação 
4.3. Sujeito ativo e passivo 
4.4. Objeto material e bem juridicamente protegido 
4.5. Elemento subjetivo 
4.6. Conduta 
4.7. Consumação e tentativa 
4.8. Majorantes de pena 
4.9. A ação penal 
 
5. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância 
alimentícia ou medicinal – Art. 270 do Código Penal. 
5.1. Conceito 
5.2. Classificação 
5.3. Sujeito 
5.4. Objeto material e bem juridicamente protegido 
5.5. Elemento subjetivo 
5.6. Modalidade culposa 
5.7. Majorantes de pena e formas culposa e equiparada 
5.8. Modalidades comissiva e omissiva 
5.9. Ação penal 
 
6. Corrupção ou poluição de água potável - Art. 271 
6.1. Conceito 
6.2. Modalidade culposa 
6.3. Classificação 
6.4. Sujeito ativo e sujeito passivo 
6.5. Objeto material e bem juridicamente protegido 
6.6. Elemento subjetivo 
6.7. Bem jurídico e objeto material 
6.8. Modalidades comissiva e omissiva 
6.9. Consumação e tentativa 
6.10. Ação penal 
6.11. Jurisprudência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
O presente relatório visa reiterar de maneira atenuante no que diz 
respeito sua extensão jurídica, qual aborda os principais aspectos dos delitos 
tipificados nos artigos que os perseguem, bem como, ressaltando suas 
práticas, com outros elementos como: a) os sujeitos do crime; b) as 
especificidades da conduta; c) os elementos subjetivos e/ou a voluntariedade; 
d) a consumação do fato; e) se a possibilidade de tentativa nestas práticas; f) 
as qualificadoras e majorantes aplicada a pena nestes delitos. Por fim, g) os 
principais entendimentos e jurisprudenciais. 
Nesta mesma perspectiva, o trabalho avaliativo em tela deverá 
apresentar quais delitos estão relacionados ou existem aplicabilidade à 
pandemia da covid-19, isto é, considerando que, a Lei n.º 13.979/2020, 
regulamentada pela Portaria n. 356, de 11 de março de 2020, do Ministério da 
Saúde, introduziu um rol de medidas a serem implementadas ao 
enfrentamento da situação emergencial da saúde pública nesta situação, 
dentre as quais destaca-se o isolamento e a quarentena. Destarte, a Portaria 
interministerial n° 05 de 2020 (Ministro da Justiça e Ministro da Saúde), dispôs 
que dispôs que a autoridade policial poderá lavrar termo circunstanciado em 
detrimento daquele que for flagrado praticando crimes contra a saúde pública. 
Neste será apresentado de forma minuciosa, quais crimes poderiam ter 
aplicabilidade em caso de descumprimento a legislação sanitária emergencial, 
apresentando, para cada hipótese, um caso concreto, acolhido pela 
jurisprudência ou da imprensa (pesquisado) ou ainda criado (construído 
fictamente). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Epidemia – Art. 267 do Código Penal 
2.1. Conceito 
O conceito para esta prática encontrado pelo legislador é, causar epidemia, 
mediante a propagação de germes patogênicos. O delito de epidemia vem tipificado 
no art. 267 do Código Penal, segundo Rogério Sanches Cunha, que nos esclarece, 
“Este crime passou a fazer parte de diversos ordenamentos jurídicos após a Primeira 
Guerra Mundial, período em que foram utilizados, como ‘armas’ germes patogênicos 
para fim de combate, prática vedada por convenções internacionais após o armistício, 
e que não se repetiu no segundo grande conflito.” 
Mediante análise da mencionada figura típica, podemos destacar os seguintes 
elementos: a conduta de causar epidemia, mediante a propagação de patógenos. O 
crime passou a fazer parte de diversos ordenamentos jurídicos, não apenas no Brasil. 
Após a Primeira Guerra Mundial, período em que foram utilizados, como "armas", os 
germes patogênicos para fim de combate, prática vedada por convenções 
internacionais após o armistício e, que não se repetiu no segundo grande conflito. 
2.2. Classificação 
• Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao 
sujeito passivo; 
• Doloso e culposo (pois o § 2º do art. 267 do Código Penal prevê, 
expressamente, a conduta culposa praticada pelo agente que vem a dar 
causa à epidemia, com ou sem o resultado morte, também previsto no 
mesmo parágrafo); 
• Comissivo (podendo, nos termos do art. 13, § 2º, do Código Penal, ser 
praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status 
de garantidor); 
• Perigo comum e concreto; de forma vinculada (haja vista que o tipo 
penal especifica o modo pelo qual poderá ser praticado, vale dizer, 
mediante a propagação de germes patogênicos); 
• Instantâneo, é aquele que se consuma em momento determinado 
(consumação imediata), sem qualquer prolongamento, mas isso não 
significa que ocorra rapidamente. Porém, uma vez reunidos seus 
elementos, a consumação ocorre peremptoriamente; 
• Monossubjetivo, aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa, 
como o homicídio, o furto, o estupro, dentre inúmeros outros. Nada 
obsta, entretanto, que duas ou mais pessoas se unam para perpetrar 
essas infrações penais, havendo, em tais casos, concurso de agentes. 
O Código Penal adotou a Teoria Unitária; 
• Plurissubsistente, neste a conduta é fracionada em diversos atos que, 
somados, provocam a consumação. Por esse motivo, é admissível a 
tentativa, como, por exemplo, no homicídio, no roubo, no estelionato etc.; 
• Não transeunte, aqueles que deixam vestígios de sua execução. Ex: Art. 
129, CP. Conforme artigo 158, toda infração que deixar vestígios o exame 
de corpo de delito direito ou indireto é obrigatório, não podendo ser suprido 
pena confissão do acusado. 
2.3. Sujeito 
O sujeito ativo é qualquer pessoa com ânimo de praticá-lo. 
O sujeito passivo é a coletividade, bem como (secundariamente) aqueles que 
forem atingidos pela disseminação. 
Como visto acima, qualquer pessoa pode vir praticar o ato. 
2.4. Conduta 
Consiste no crime de causar epidemia, mediante a propagação de germes 
patogênicos. Propagando significativamente, difundindo, ou multiplicando e ainda 
disseminando. Epidemia é um surto de uma doença transitória,que ataca 
simultaneamente um número indeterminado de pessoas em certa local. Porém, 
não é qualquer doença infecciosa, mas somente aquela que aquela suscetível de 
se difundir na população, pela fácil propagação de seus germes, de modo a atingir, 
ao mesmo tempo, grande número de pessoas, com caráter extraordinário (ex. tifo, 
peste, poliomielite, influenza, raiva, difteria etc.) 
Por fim, somente a propagação de doença humana é que configura o crime, já 
que em se tratando de enfermidade que atinja plantas ou animais, o crime será o 
do art. 61 da Lei 9.605/98. 
2.6. Objeto material e bem juridicamente protegido 
O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de epidemia 
é a incolumidade pública, consubstanciada, no caso, especificamente, na saúde 
pública. 
O objeto material são os germes patogênicos. 
2.7. Consumação e tentativa 
Por se tratar de crime de perigo concreto, somente se consuma com a 
ocorrência da epidemia, ou seja, quando várias pessoas forem contaminadas em 
razão da conduta do agente. A tentativa é admissível, como na hipótese em que o 
agente emprega os meios necessários à propagação da doença, mas somente 
uma pessoa é contaminada, em razão da pronta intervenção da autoridade 
sanitária. 
O delito tipificado no art. 267 do Código Penal se consuma quando o agente 
vem a causar a epidemia mediante a propagação de germes patogênicos gerando, 
efetivamente, perigo à incolumidade pública. Dessa forma, haverá necessidade de 
ser demonstrada a situação de perigo criada pelo agente, cuja conduta tinha por 
finalidade causar a epidemia, gerando perigo, assim, a um número indeterminado 
de pessoas. Tratando-se de delito de natureza plurissubsistente, torna-se possível 
o raciocínio relativo à tentativa. 
2.8. Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
2.9. Elemento subjetivo 
 O dolo é o elemento subjetivo exigido pelo caput do art. 267, devendo a 
conduta do agente ser dirigida finalissimamente no sentido de causar epidemia, 
mediante a propagação de germes patogênicos. 
Consistente na vontade consciente, por isso, não se exige finalidade especial 
por parte do agente. Se a pretensão é envolver o contágio de pessoa determinada 
ou visar a sua morte, responderá em concurso formal com os crimes previstos nos 
arts. 131 ou 121 do Código Penal, conforme o caso. 
2.10. Modalidades comissiva e omissiva 
O núcleo “causar”, pressupõe um comportamento comissivo praticado pelo 
agente. No entanto, o delito poderá ser levado a efeito via omissão imprópria, 
quando o agente, dolosa ou culposamente, podendo, não impedir que terceiro 
venha a causar a epidemia, devendo, assim, ser responsabilizado nos termos do 
art. 13, § 2º, do Código Penal. 
Em razão das penas cominadas, nenhum dos benefícios da Lei 9.099/95 é 
admitido, exceto na modalidade culposa, em que, se não houver morte, permite-se 
a transação penal e a suspensão condicional do processo. Na hipótese, o agente, 
culposamente, causa a epidemia, propagando germes patogênicos. Se desse 
comportamento culposo advier a morte de alguém, a pena que, inicialmente, era 
de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, passa a ser de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, 
independentemente do número de pessoas que venham a morrer em virtude da 
conduta culposa levada a efeito pelo agente. 
2.11. A ação penal a iniciativa para esta ação é pública incondicionada. 
Vale destacar a diferença entre epidemia, endemia e pandemia. 
Epidemia, diz respeito a uma doença que surge rapidamente em determinado 
lugar e acomete simultaneamente grande número de pessoas. 
Endemia é tipo de doença que existe constantemente em determinado lugar e 
ataca número maior ou menor de indivíduos, exemplo da febre amarela, comum 
em certas regiões do país. 
Quanto a pandemia, conforme lições de Bento de Faria, “quando vários países 
são assolados pela mesma doença”, ou, como disserta Noronha, “se sua 
disseminação se dá em extensa área do globo terrestre”, a exemplo do que ocorreu 
com a chamada “gripe espanhola”, que matou mais de 20 milhões de pessoas em 
todo o mundo entre os meses de setembro e novembro de 1918, ou mesmo a 
pandemia de Covid-19, que teve início na China, no final do ano de 2019, e que no 
Brasil matou centenas de milhares de pessoas 
3. Infração de Medida Sanitária Preventiva – Art. 268 do Código Penal 
3.1. Conceito 
É a ação de infringir medida sanitária preventiva tipificado no art. 268 do Código 
Penal, na mencionada figura típica, podemos identificar os seguintes elementos: a) a 
conduta de infringir determinação do Poder Público; b) destinada a impedir introdução 
ou propagação de doença contagiosa. Ney Moura Teles traduz o conceito de doença 
contagiosa dizendo: 
 “Doença é a alteração ou o desvio do estado de equilíbrio que 
caracteriza a condição de saúde de um indivíduo, decorrente da 
intervenção de vários fatores. Está associada a manifestações 
características, denominadas sinais ou sintomas. Doença contagiosa é 
o agravo à saúde, determinado por um agente infeccioso específico ou 
por seus produtos tóxicos e que pode ser transmitida a outro indivíduo 
ou suscetível de transmissão por diversos mecanismos. É também 
chamada de doença infectocontagiosa ou doença transmissível. A 
norma só se refere a doenças que acometem os humanos, não os 
animais ou vegetais, mas pode a determinação do poder público recair 
sobre o cuidado com animais e vegetais, quando estes possam integrar-
se na série causal de propagação da doença.” 
3.2. Classificação 
• Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao sujeito 
passivo; 
• Doloso (não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa); 
• Comissivo ou omissivo (podendo, também, nos termos do art. 13, § 2º, 
do Código Penal, ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o 
agente gozar do status de garantidor); 
• Perigo comum e concreto (embora haja divergência doutrinária nesse 
sentido, pois se tem entendido, majoritariamente, tratar-se de um crime de 
perigo abstrato, presumido); 
• Forma livre, admite qualquer meio de execução; 
• Instantâneo, é aquele que se consuma em momento determinado 
(consumação imediata), sem qualquer prolongamento, mas isso não 
significa que ocorra rapidamente. Porém, uma vez reunidos seus 
elementos, a consumação ocorre peremptoriamente; 
• Monossubjetivo, aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa, 
como o homicídio, o furto, o estupro, dentre inúmeros outros. Nada obsta, 
entretanto, que duas ou mais pessoas se unam para perpetrar essas 
infrações penais, havendo, em tais casos, concurso de agentes. O Código 
Penal adotou a Teoria Unitária; 
• Plurissubsistente, neste a conduta é fracionada em diversos atos que, 
somados, provocam a consumação. Por esse motivo, é admissível a 
tentativa, como, por exemplo, no homicídio, no roubo, no estelionato etc.; 
• Não transeunte, aqueles que deixam vestígios de sua execução. Ex: Art. 
129, CP. Conforme artigo 158, toda infração que deixar vestígios o exame 
de corpo de delito direito ou indireto é obrigatório, não podendo ser suprido 
pena confissão do acusado. 
3.3. Sujeito ativo e passivo 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de infração de medida 
sanitária preventiva, não exigindo o tipo penal do art. 268 nenhuma qualidade ou 
condição especial. 
O sujeito passivo é a sociedade, bem como eventuais lesados pela conduta 
delituosa. 
3.4. Conduta 
O crime consiste em infringir (desrespeitar, transgredir) determinação do poder 
público (leis, decretos, portarias etc.), destinada a impedir introdução ou 
propagação de doença contagiosa, o que pode se dar de maneira comissiva ou 
omissiva. 
Na lição de Fragoso: 
"Pela classificação do dispositivo legal exame, pode-se concluir que 
as doenças contagiosas a que se refere são apenas as que atingem 
ao ser humano (não se contemplando aqui as epizootias e epifitias)." 
Note-se que o crimenão se configura com a violação de qualquer dispositivo 
regulamentação sanitária, mas única, e tão somente aquele voltado ao 
impedimento de introdução ou propagação de doença contagiosa. 
Ainda explica Mirabete: 
"Por essa razão, tem-se decidido que, não visando a determinação, 
especificamente, à introdução ou propagação de doenças 
contagiosas transmissíveis por via aérea, bacilar ou por contato 
pessoal, e sim apenas a medidas genéricas de higiene, não dá 
margem à configuração do ilícito penal e sim à sanção de caráter 
administrativo (RT 389/332, 381/328, e 342, 394/277, 395/273, 
395/273, 402/28 2, 460/357, 705/337;]TACrSP3/81, 12/264, 13/140, 
29/61, 22/193, RJDTACRIM 33/143; FRANCESCHINI, I, n. 1.283. 
Sobre o assunto está em vigor a Lei 9.431, de 06.01.1997, que dispõe 
a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de 
infecções hospitalares pelos hospitais do País. Evidentemente, não 
configuram o crime também a desobediência a simples conselhos ou 
a advertência das autoridades à população. A incriminação legal não 
se estende às infrações de medidas de inspeção industrial e sanitária 
de produtos de origem animal (RT 460/370)." 
Trata-se de norma penal em branco, pois depende da existência de outra 
regra (determinação do poder público) para que possa ter eficácia jurídica e social. 
O abate irregular de gado (RT725l6I9) e a reutilização de agulhas 
hipodérmicas em hospital UTACRIM 100/308), segundo a jurisprudência, 
configuram este crime. 
3.6. Objeto material e bem juridicamente protegido 
É a determinação do poder público, que é infringida pelo agente que expõe 
a perigo a incolumidade pública por meio de seu comportamento. 
O(s) Bem(ns) juridicamente protegido(s) É a incolumidade pública 
consubstanciada, no caso, » especificamente, na saúde pública. 
3.7. Consumação e tentativa 
Embora a maioria da doutrina entenda que o delito de infração de medida 
sanitária preventiva se encontra no rol das infrações penais de perigo abstrato 
(presumido), consumando-se tão somente com a prática da conduta descrita no 
núcleo do tipo, entendemos que, em obediência ao princípio da lesividade, a situação 
de perigo à incolumidade pública, criada pelo agente que infringiu determinação do 
Poder Público, deverá ser demonstrada no caso concreto, não se podendo, assim, 
presumi-la. 
Tratando-se de um delito plurissubsistente, entendemos como possível o 
raciocínio relativo à tentativa, que deverá ser analisada caso a caso. 
3.10. Modalidades comissiva e omissiva 
Trata-se de uma figura típica que poderá ser comissiva ou mesmo omissiva, 
dependendo do complemento exigido pela norma penal em branco em exame. Nada 
impede, tendo em vista sua natureza híbrida (comissiva e omissiva), que o delito seja 
praticado via omissão imprópria. 
3.11. A ação penal 
Será sempre pública incondicionada. 
3.12. Majorantes de pena 
O parágrafo único expressamente diz que, “a pena é aumentada de um terço 
se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, 
farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Justifica-se a punição mais severa pela maior 
gravidade da conduta, em razão das pessoas que a praticam, que, pela natureza de 
sua atividade, deveriam zelar de forma singular pela saúde pública. 
O art. 285 do Código Penal determina que se aplique ao disposto neste crime 
o que estatui o art. 258. Evidente que, neste caso, só a primeira parte do dispositivo 
é aplicável, tendo em vista a inexistência de previsão da modalidade culposa para a 
infração de medida sanitária preventiva. 
4. Omissão de Notificação de Doença - Art. 269 do Código Penal 
4.1. Conceito 
Ao deixar o médico de denunciar ao órgão competente, doença cuja 
notificação é compulsória, gera um dano a incolumidade pública, pois não evita 
sua propagação a outras pessoas (Bem tutelado). 
De acordo com a figura típica mencionada, podemos apontar os seguintes 
elementos: a) a conduta de deixar o médico de denunciar à autoridade pública; b) 
doença cuja notificação é compulsória. Faz necessária remissão ao art. 169 da 
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, que diz 
Ao verificar a redação legal, nota-se o núcleo, “deixar’, pressupõe um 
comportamento omissivo por parte do agente. Cuidando, ainda, de um delito 
próprio, pois que, somente o médico pode vir praticar dada a conduta omissiva. 
Deixando este de levar a efeito, a necessária denúncia à autoridade pública. 
Denúncia, aqui, significa comunicado, ou seja, é dever do médico, ao tomar 
conhecimento de uma doença cuja notificação seja compulsória, comunicá-la à 
autoridade pública, informando-a todos os dados necessários para evitar sua 
proliferação. 
Hungria, analisando o delito sub examen, esclarece: 
“A gravidade da omissão, por isso que, impedindo a expedição de 
medidas profiláticas, cria o perigo de generalização da doença ou 
permanência do foco de infecção, justifica, na espécie, o maior rigor 
do Código vigente. Também aqui, trata-se de lei penal em branco: 
sua complementação é o preceito do regulamento sanitário (federal, 
estadual ou municipal) relativo às doenças cuja notificação é 
compulsória. Apresenta-se, no caso, uma notável exceção à regra do 
segredo profissional: quando está em causa doença de notificação 
compulsória, a violação do segredo médico, no sentido de 
comunicação à autoridade competente, deixa de ser crime, para ser 
um dever legal.” 
4.2. Classificação doutrinária 
• A omissão da notificação de doenças a órgão competente é crime próprio 
no que diz respeito ao sujeito ativo, haja vista que o tipo penal faz menção 
expressa à qualidade de médico e comum, quanto ao sujeito passivo; 
• Doloso consistente na vontade consciente de se omitir em denunciar à 
órgão competente, doença cuja notificação é compulsória. (não havendo 
previsão para a modalidade de natureza culposa); 
• Omissivo próprio; de perigo comum e concreto (embora haja divergência 
doutrinária nesse sentido, pois se tem entendido, majoritariamente, tratar-
se de um crime de perigo abstrato, presumido); 
• Forma vinculada, são aqueles que possuem determinação específica a 
respeito do modo de praticá-los, somente ocorrendo a consumação se pela 
maneira que a lei prescreveu. Exemplo do curandeirismo; 
• Instantâneo, é aquele que se consuma em momento determinado 
(consumação imediata), sem qualquer prolongamento, mas isso não 
significa que ocorra rapidamente. Porém, uma vez reunidos seus elementos, 
a consumação ocorre peremptoriamente; 
• Monossubjetivo, por se cuidar de crime omissivo próprio, de natureza 
monossubsistente, não será possível o reconhecimento da tentativa, haja 
vista a impossibilidade de fracionamento do iter criminis, dada a 
concentração de atos. Dessa forma, ou o agente deixa de denunciar à 
autoridade pública doença cuja notificação seja compulsória, e o crime, 
assim, se consuma, ou efetua a denúncia, cumprindo a determinação legal, 
deixando de praticar o delito; 
• Unissubsistente, são aqueles que somente podem ser praticados por uma 
só pessoa (aborto, epidemia, constrangimento ilegal etc.); 
• Não transeunte, aqueles que deixam vestígios de sua execução. Ex: Art. 
129, CP. Conforme artigo 158, toda infração que deixar vestígios o exame 
de corpo de delito direito ou indireto é obrigatório, não podendo ser suprido 
pena confissão do acusado. 
4.3. Sujeito ativo e sujeito passivo 
Somente o médico poderá ser sujeito ativo do delito de omissão de notificação 
de doença. 
O sujeito passivo é a sociedade. 
4.4. Objeto material e bem juridicamente protegido 
O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de omissão 
de notificação de doença é a incolumidade pública, consubstanciada, no caso, 
especificamente, na saúde pública. 
O objeto material é a notificação compulsória. Consumação e tentativa Embora 
exista controvérsia doutrinária, entendemos que o delito se consuma quando a 
omissão do agente, no que dizrespeito à denúncia à autoridade pública de doença 
cuja notificação seja compulsória, cria, efetivamente, uma situação de perigo à 
incolumidade pública, tratando-se, pois, de uma infração de perigo concreto, cuja 
demonstração deverá ser procedida no caso concreto, embora a maioria da 
doutrina o classifique como um delito de perigo presumido, abstrato, bastando a 
inação dolosa do agente para que reste consumado. 
4.5. Elemento subjetivo 
O delito de omissão de notificação de doença somente pode ser praticado 
dolosamente, não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa. 
Poderá o médico incorrer no chamado erro de tipo quando, equivocadamente, 
deixar de denunciar a doença à autoridade pública, por supor que ela não faça 
parte do rol daquelas consideradas como de notificação compulsória. 
Da mesma forma, o médico que, negligentemente, mesmo sabendo da 
necessidade de levar a efeito a denúncia da doença que, sabidamente, era de 
notificação compulsória, deixar de fazê-lo, não poderá ser responsabilizado pelo 
seu comportamento culposo, em virtude da ausência de previsão legal. 
4.6. Conduta 
A conduta omissiva (pura) se consubstancia quando, o médico deixa de 
denunciar à órgão competente, doença cuja notificação é compulsória, competindo 
às autoridades sanitárias, através de norma administrativa complementar, 
elaborarem o rol dessas moléstias, que atinge, por exemplo, a cólera e a rubéola, 
como gravidade limite. Trata-se, portanto, de norma penal em branco. 
 Não se exige que o médico tenha contato direto com o doente, bastando que 
tenha conhecimento da existência da doença. Como ensina Fragoso: 
''A irrelevância do estado do doente ou qualquer outra circunstância 
relativa ao lugar onde se encontra e ao tratamento que acaso venha 
recebendo, já que o perigo é presumido juris et de jure" 
4.7. Consumação e tentativa 
Consuma-se o crime, de perigo abstrato, no momento em que o agente, ciente 
da existência da doença de notificação obrigatória, deixa de denunciá-la à 
autoridade sanitária. No caso de haver prazo determinado, o delito se consumará 
no momento em que este se expira. 
A tentativa é inadmissível, vez que se trata de crime omissivo puro. 
4.8. Majorantes de pena 
Aplicam-se ao delito em apreço as majorantes previstas no art. 258 do Código 
Penal, determinação trazida pelo art. 285 do mesmo Estatuto. 
4.9. Ação penal 
Será sempre pública incondicionada. 
5. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância 
alimentícia ou medicinal – Art. 270 do Código Penal. 
5.1. Conceito 
O delito de envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou 
medicinal encontra-se tipificado no art. 270 do Código Penal. Pela redação do referido 
artigo, podemos apontar os seguintes elementos: a) a conduta de envenenar água 
potável; b) ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo. 
Greco, inicialmente nos apresenta as lições que compete destacar a existência 
de divergência doutrinária a respeito do conceito de envenenamento. 
Conforme esclarece Odon Ramos Maranhão: 
“Isto se deve não só à grande quantidade de substâncias lesivas ao 
organismo, como à variedade do modo de ação das mesmas. Podemos 
aceitar como veneno uma substância que, introduzida no organismo, 
altera momentaneamente ou suprime definitivamente as manifestações 
vitais de toda matéria organizada [...].” 
Embora seja problemática a classificação dos venenos, eles podem 
ser distribuídos em grupos, de acordo com as lições de Genival Veloso de 
França, a saber: 
“a. quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos; b. quanto à 
origem: animal, vegetal, mineral e sintético; c. quanto às funções 
químicas: óxidos, ácidos, bases e sais (funções inorgânicas): 
hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, 
ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides (funções 
orgânicas); d. quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, 
medicinal, cosmético e venenos propriamente ditos.” 
A conduta do agente, portanto, deve ser dirigida a envenenar água 
potável, isto é, aquela própria para o consumo do homem, não importando, 
como diz o artigo, seja ela de uso comum, a exemplo daquelas utilizadas 
nas escolas, fábricas, clubes esportivos, bicas públicas etc., ou mesmo de 
uso particular, como aquelas represadas em caixas d’água, poços, açudes, 
cisternas etc.; podendo ser tanto aquela utilizada para ser bebida in natura, 
quanto na manipulação ou preparo de alimentos. 
Tratando-se de um crime de perigo comum, somente haverá a 
infração penal em estudo se o comportamento do agente vier a criar uma 
situação de perigo a um número indeterminado de pessoas. Caso a sua 
conduta se resuma a trazer perigo a pessoa certa e determinada, o fato 
poderá se configurar no delito tipificado no art. 132 do Código Penal, “art. 
132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.” 
Merece ser ressaltado, ainda, que se o envenenamento ocorrer em 
água imprestável para o consumo o fato não se amoldará ao delito em 
apreço, pois a lei exige, expressamente, que a água seja potável, ou seja, 
apta ao imediato consumo humano, mesmo contendo algumas impurezas. 
Além da água potável, o agente poderá envenenar substância 
alimentícia ou medicinal destinada a consumo. Noronha, esclarecendo os 
aludidos conceitos, diz: 
“A ação física do agente deve incidir também sobre a substância 
alimentícia, que é a que se presta à alimentação, isto é, a ser comida 
ou bebida por indeterminado número de pessoas, pois deve destinar-
se a consumo. O dono de um estabelecimento (bar, restaurante, 
confeitaria etc.) que expõe alimentos ou doces que envenenou, 
comete o delito em questão; se, entretanto, os manda a pessoa certa 
e determinada, prática homicídio qualificado. Pode o alimento ser 
sólido ou líquido; preparado ou em estado natural; de primeira 
necessidade ou secundário etc., e não deixará de ser objeto material 
do tipo, já que a lei não distingue. 
Também a substância medicinal é considerada. Não é fácil dar o 
conceito de medicamento, tal qual acontece com o veneno, 
começando que, muita vez, eles se confundem não só entre si, como 
com os alimentos, ou esclarecendo: o iodo e o fósforo, v.g., são 
alimentos, medicamentos e tóxicos.” 
Inicialmente, o delito tipificado no art. 270 do Código Penal 
encontrava-se no rol constante do art. 1º da Lei nº 8.072/90, sendo que sua 
exclusão aconteceu com o advento da Lei nº 8.930, de 6 de setembro de 
1994, que deu nova redação ao mencionado artigo, renumerando os seus 
incisos (GRECO. Rogério 2022. Curso de Direito Penal – vol. 3. p. 1.057 a 
1.509). 
Sanches, por sua vez nos apresenta outra divergência, a luz da Lei nº 
9.605/98: 
“Há quem sustente, como fazíamos em edições anteriores, a 
derrogação da primeira parte do art. 270 ("envenenar água potável, 
de uso comum ou particular") pelo art. 54 da Lei 9.605/98, que pune 
a conduta de causar poluição de qualquer natureza. 
Nesse sentido, argumenta Luiz Regis Prado: 
''A primeira parte do caput do art. 270 do Código Penal foi derrogada, 
implicitamente, pelo art. 54 da Lei 9.605/1998. Isso no que diz 
respeito ao envenenamento de água potável destinada ao consumo 
humano. No que tange ao envenenamento de substância alimentícia 
ou medicinal, permanece vigente o Código Penal. Foi a amplitude dos 
termos utilizados pela lei ambiental - poluição de qualquer natureza - 
que propiciou a revogação parcial do art. 270, tendo em vista que 
engloba toda a poluição, inclusive a hídrica. Aliás, mais certeza se 
tem quando se visualiza o previsto no § 2°, III, do art. 54 da Lei dos 
Crimes Ambientais, pois essa circunstância qualificadora será 
imposta quando a poluição hídrica causada torne necessária a 
interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade". 
Não há, todavia, incompatibilidade entre os dois dispositivos, 
basicamente por duas razões. 
Inicialmente,porque o art. 270 pune a conduta de envenenar água 
potável, ao passo que o art. 54 da Lei nº 9.605/98 se volta à punição da 
poluição de qualquer natureza. Há, entre tais condutas, clara distinção de 
gravidade, pois adicionar substância venenosa na água fornecida para 
consumo humano tem, concretamente, potencialidade lesiva muito maior de 
provocar danos às pessoas do que o ato genérico de causar poluição. Aliás, 
a própria lei admite este risco exacerbado ao determinar a incidência da 
majorante do art. 258 do Código Penal, que aumenta de metade e dobra a 
pena se do envenenamento decorre lesão corporal grave ou morte, 
respectivamente. E nesta esteira, é necessário que se considere, também 
como evidência da maior gravidade, a extraordinária diferença entre as 
reprimendas abstratamente cominadas aos delitos: no art. 270, a pena varia 
de dez a quinze anos de reclusão; no art. 54, a reclusão é de no mínimo um 
ano e pode chegar a no máximo quatro. Não é razoável, dessa forma, 
simplesmente igualar condutas tão díspares porque a lei posterior dispôs de 
forma genérica a respeito de poluição. 
Além disso, a disposição genérica do art. 54 da lei n º 9.605/98 pode 
funcionar, na verdade, como uma regra geral repressiva da poluição, 
caracterizando-se o art. 270 como uma norma especial que pune a 
conspurcação da água potável. 
A pena cominada no caput não permite benefícios da Lei 9.099/95, 
mas a modalidade culposa do delito admite a transação penal e a suspensão 
condicional do processo, exceto se presente a majorante do art. 285. Neste 
caso, havendo lesão grave, somente a suspensão condicional do processo 
será cabível e, se ocorrer a morte, não há benefício (SANCHES, Rogério 
2020, Manual de Direito Penal Parte Especial p. 658 e 659). 
5.2. Classificação 
Cleber Masson nos apresenta uma melhor classificação do delito de envenenar 
água potável ou de substância alimentícia ou medicinal como sendo: a) Um crime 
comum; b) Formal; c) Crime de perigo comum e abstrato; d) Crime de forma livre; 
e) Crime vago; f) Crime instantâneo; g) Crime comissivo; h) Crime unissubjetivo, 
unilateral ou de concurso eventual e; i) Crime plurissubjetivo. 
5.3. Sujeito 
O delito pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive, pelo o proprietário 
da substância alimentícia ou medicinal (quando essas substâncias forem 
destinadas ao consumo de outras pessoas). 
Sujeito passivo é a sociedade de forma geral, bem como aquelas pessoas que 
sofreram, imediatamente, com a conduta praticada pelo agente, em caso de lesão 
corporal ou morte, por terem ingerido a água potável, a substância alimentícia ou 
medicinal envenenada. 
5.4. Objeto material e bem juridicamente protegido 
O bem jurídico protegido pelo tipo penal prevê que o delito de envenenamento 
de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal é a incolumidade 
pública, consubstanciada, no caso, especificamente, na saúde pública. 
Sendo o objeto material é a água potável ou a substância alimentícia ou 
medicinal. 
5.5. Elemento subjetivo 
É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. A modalidade 
culposa é admitida no § 2º, entretanto o agente deverá ter conhecimento, 
outrossim, de todos os elementos que integram o tipo penal, pois, caso contrário, 
poderá ser alegado o chamado erro de tipo. 
5.6. Modalidade culposa 
A modalidade culposa do delito de envenenamento de água potável ou de 
substância alimentícia ou medicinal que está prevista no § 2º do art. 270, que diz, 
verbis: 
“§ 2º Se o crime é culposo: Pena – detenção, de seis meses a dois anos.” 
Nessa hipótese, o agente, deixando de observar o seu necessário dever 
objetivo de cuidado, cria a situação de perigo à incolumidade pública. Hipótese em 
que o agente, por imprudência, negligência ou imperícia, permite que a substância 
destinada a consumo seja contaminada. 
5.7. Majorantes de pena e formas culposa e equiparada 
Forma equiparada 
O § 1 ° pune o comportamento daquele que entrega a consumo ou tem em 
depósito, para o fim de distribuição, a água ou a substância envenenada. Trata-se 
de personagem não abrangido pelo caput, isto é, o agente, aqui, não é o 
responsável pelo envenenamento, mas pela entrega ou distribuição do que foi 
envenenado, tratando-se, pois, de alguém totalmente alheio à figura inicial. Na 
forma equiparada, a conduta de ter em depósito é crime permanente, protraindo-
se a consumação pelo período em que o agente assim desejar. 
5.8. Modalidades comissiva e omissiva 
O núcleo “envenenar”, pressupõe um comportamento comissivo por parte do 
agente. No entanto, o delito poderá ser praticado via omissão imprópria, na 
hipótese em que o agente, garantidor, dolosa ou culposamente, podendo, nada 
fizer para impedir o envenenamento de água potável, de uso comum ou particular, 
ou de substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo. 
5.9. Ação penal 
 A ação penal será pública incondicionada. 
 
6. Corrupção ou poluição de água potável - Art. 271 
6.1. Conceito 
O delito de corromper ou poluir água potável previsto no artigo em comento 
apresenta dois elementos que o tipifica como crime, a doutrina majoritária aponta 
estes elementos contidos: a) a conduta de corromper ou poluir água potável, de 
uso comum ou particular; b) tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à 
saúde. 
Sanches ensina que, o elemento objetivo do tipo, “corromper”, significa 
estragar, apodrecer, infectar. E “poluir” é, sujar, profanar, conspurcar. 
Com a poluição da água, do mesmo modo, tornando-a imprópria para consumo 
humano ou nocivo a saúde. São indiferentes os meios utilizados pelo sujeito ativo 
para corromper ou poluir a água potável. “É imprescindível dizer que a conduta 
recaia sobre água potável que é aquela destinada a alimentação de indeterminado 
número de pessoas.” (...) ("Comentários ao Código Penal, Luiz Regis Prado, 2ª, 
RT, pág.957). 
Nesse mesmo sentido Hungria, faz a distinção entre os referidos núcleos 
dizendo: 
“corromper a água é alterar-lhe a essência ou composição, tornando-
a nociva à saúde, ou intolerável pelo mau sabor. Poluir a água é 
conspurcá-la, deitar lhe alguma sujidade, de modo a torná-la 
imprópria de ser bebida pelo homem”. 
As duas condutas são um minus, comparadas ao envenenamento previsto pelo 
art. 270 do Código Penal, razão pela qual as penas previstas pelo art. 271 do 
mesmo estatuto são significativamente inferiores àquelas previstas para o delito de 
envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal. 
Greco, ressalta a divergência doutrinária a respeito da revogação do art. 271 
do Código Penal, pelo art. 54 da Lei nº 9.605/98. apresentando afirmação de Ney 
Moura Teles: 
“Incisivamente, “não pode haver dúvidas quanto à revogação tácita. 
A norma da lei especial alcança integralmente a descrição típica do 
preceito do Código Penal”. No mesmo sentido, Luiz Regis Prado, 
quando afirma que o artigo em análise foi tacitamente revogado pelo 
art. 54 da Lei de Crimes Ambientais, pois esse “dispositivo apresenta 
termos muito amplos, que abrangem a conduta ora examinada”. 
Entendemos, no entanto, pela manutenção do art. 271 do Código 
Penal, devendo ser aplicado o art. 54 da Lei nº 9.605/98 somente 
quando, de acordo com o seu § 2º, III, a conduta do agente causar 
poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento 
público de água de uma comunidade. Cuida-se de um tipo misto 
alternativo, no qual a prática de mais de uma conduta constante do 
tipo penal importará em infração penal única. 
6.2. Modalidade culposa 
Contida no parágrafo único do artigo analisado, desse modo o crime é de 
modalidade culposa. 
6.3. Classificação 
Cleber Masson e Rogério Greco, nos apresentam uma classificação sobre o 
delito mais detalhada, a saber: a) Crime comum; b) Crime formal, de consumação 
antecipada ou de resultado cortado; c) Crime de perigo comum e abstrato; d) Crime 
de formalivre; e) Crime vago; f) Crime instantâneo; g) Comissivo; h) Crime 
unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual e; i) Crime plurissubsistente; j) 
Não transeunte e; l) Monossubjetivo. 
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo quanto ao sujeito 
passivo; doloso e culposo (tendo em vista a previsão expressa constante do 
parágrafo único do art. 271 do Código Penal); comissivo (podendo, também, nos 
termos do art. 13, § 2º, do Código Penal, ser praticado via omissão imprópria, na 
hipótese de o agente gozar do status de garantidor); de perigo comum e concreto 
(embora haja divergência doutrinária nesse sentido, pois se tem entendido, 
majoritariamente, tratar-se de crime de perigo abstrato, presumido). 
6.4. Sujeito ativo e sujeito passivo 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de corrupção ou poluição de 
água potável, tendo em vista que o tipo penal não exige nenhuma qualidade ou 
condição especial. 
O sujeito passivo é a sociedade, de forma geral, bem como aquelas pessoas 
que sofreram, imediatamente, com a conduta praticada pelo agente. 
6.5. Objeto material e bem juridicamente protegido 
O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de corrupção 
ou poluição de água potável é a incolumidade pública, consubstanciada, no caso, 
especificamente, na saúde pública. 
O objeto material é a água potável corrompida ou poluída pelo agente. 
6.6. Elemento subjetivo 
É o dolo é o elemento subjetivo, independentemente de qualquer finalidade 
específica exigido pelo caput do art. 271 do Código Penal, havendo, no entanto, 
previsão para a modalidade culposa, nos termos do parágrafo único do mesmo 
artigo. 
6.7. Bem jurídico e objeto material 
É a incolumidade pública consubstanciada, no caso, especificamente, na 
saúde pública. 
É a água potável ou a substância alimentícia, ou medicinal. 
6.8. Modalidades comissiva e omissiva 
Os núcleos corromper e poluir pressupõem um comportamento comissivo por 
parte do agente. No entanto, o delito poderá ser praticado via omissão imprópria, 
na hipótese em que o agente, garantidor, dolosa ou culposamente, podendo, nada 
fizer para impedir a corrupção ou poluição de água potável, de uso comum ou 
particular, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde. 
6.9. Consumação e tentativa 
O delito se consuma quando, após a corrupção ou poluição da água potável, 
de uso comum ou particular, o agente cria, efetivamente, uma situação de perigo 
a um número indeterminado de pessoas, colocando em risco, portanto, a 
incolumidade pública. 
Conforme afirma Greco, “entendemos que é de perigo concreto o delito em 
estudo, ao contrário da maioria de nossos doutrinadores, que o concebem como 
de perigo abstrato (presumido). Tratando-se de crime plurissubsistente, no qual se 
pode fracionar o iter criminis, torna-se possível o raciocínio relativo à tentativa.” 
6.10. Ação penal 
Será sempre púbica incondicionada. 
6.11. Jurisprudência 
“CRIMINAL. HABEAS CORPUS. POLUIÇÃO AMBIENTAL. 
DESTRUIÇÃO OU DANO A FLORESTA DE PRESERVAÇÃO 
PERMANENTE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. CORRUPÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL. AB-ROGAÇÃO 
PELA LEI Nº 9.605/98. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS MÍNIMOS DE 
AUTORIA NO DELITO DE DANO E DE COMPROVAÇÃO DA 
MATERIALIDADE NO CRIME DE POLUIÇÃO AMBIENTAL. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM 
CONCEDIDA. I. O tipo penal, posterior, específico e mais brando, do 
art. 54 da Lei nº 9.605/98 engloba completamente a conduta tipificada 
no art. 271 do Código Penal, provocando a ab-rogação do delito de 
corrupção ou poluição de água potável. II. Para a caracterização do tipo 
citado, mister a ocorrência de efetiva lesão ou perigo de dano, concreto, 
real e presente, à saúde humana, à flora ou à fauna. III. Mostra-se inepta 
a denúncia que carece de comprovação da possibilidade de danos à 
saúde humana pelo suposto fato de a paciente de ter deixado, em data 
específica, que seu rebanho bebesse em dique que abastece cidade, 
pela ausência de conclusão técnica sobre a salubridade da água. IV. A 
mera descrição de dano a floresta de preservação permanente é 
insuficiente para a configuração do delito do art. 38, caput, da Lei nº 
9.605/98, sendo necessária a demonstração de indícios mínimos de 
autoria. V. A simples descrição do dano ambiental e conseqüente 
atribuição da responsabilidade à proprietária do imóvel rural, quanto 
mais se recentemente adquirido, consiste em responsabilização penal 
objetiva, inadmissível no ordenamento jurídico. VI. Ausentes da 
denúncia os elementos mínimos de autoria e materialidade, cabível o 
trancamento da ação penal. VII. Ordem concedida, nos termos do voto 
do Relator.” 
 
Finalmente, seguindo a ementa deste relatório, na mesma propositura, 
apresentamos a relação e/ou incidência do crime de desobediência previsto 
no art. 330 do Código Penal, contra a economia popular, Lei nº 1521/51, bem 
como sua prática contra as relações de consumo. 
Introdução 
 
7.1. Desobediência - art. 330 do Código Penal 
7.2. Conceito 
Inicialmente podemos dizer que o crime de desobediência previsto no art. 330 
do Código Penal, constitui o rol dos delitos praticados por particulares contra a 
administração em geral, descreve a conduta do particular que comete crime 
contra a administração pública como sendo, o ato de não observar uma ordem 
legal ou não a cumprir. O objetivo da norma é garantir o cumprimento das 
ordens emanadas do funcionário público no cumprimento de suas funções. 
Para efeito legal, o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, 
funcionário é a pessoa legalmente investida em cargo público, e este é o criado 
por lei, com denominação própria, em número certo e pago pelos cofres 
públicos. Para que haja configuração do crime, é indispensável que a ordem 
esteja de acordo com a legalidade, bem como a existência inequívoca de sua 
existência, para então ter a intenção do descumprimento da ordem. Caso não 
haja, não haverá crime. 
 O dolo é o elemento subjetivo exigido pelo tipo penal em estudo, não havendo 
previsão para a modalidade de natureza culposa. Porém, pode ser cometido 
por meio de uma ação ou omissão. 
Por se tratar de um crime comum, o mesmo pode ser praticado por qualquer 
pessoa. Discute-se se o servidor público pode ser também sujeito ativo, 
divergindo a doutrina. Entende a maioria que sim, desde que a ordem recebida 
não se refira a funções suas, pois, em tal hipótese, poderá configurar o delito 
de prevaricação. 
Bastante didática é a lição de HUNGRIA: 
"O crime de desobediência (art. 330 do CP) encontra-se no capítulo 
dos crimes praticados por particular contra a administração e, 
portanto, não o caracteriza a contumácia de Delegado de Polícia que 
deixa de instaurar inquérito ou de realizar diligências requisitadas, 
pois o fez no exercício do cargo, na condição de funcionário público, 
e não como particular. Outra será a situação se descumprir uma 
ordem, mas despido da condição de funcionário, ou se entre seus 
deveres funcionais não se inclui o cumprimento dessa ordem." 
Assim, se o agente devia cumprir a ordem, por dever de ofício, tipifica-se, em 
tese, o delito de prevaricação. Se devia acatá-la, sem que o fosse em virtude 
de sua função, ocorre o crime de desobediência. 
O Estado, desprestigiado na sua autoridade, e secundariamente, o funcionário 
autor da ordem desobedecida, são vítimas desse crime. Neste ponto, importa 
destacarmos a lição de NORONHA: 
"Não comungamos da opinião do provecto Bento de Faria, de que 
necessariamente há de existir relação de subordinação hierárquica 
do desobediente para com o sujeito passivo (... ). Não há tal, mesmo 
porque o desobediente pode ser o particular, como se falou. Certo é, 
porém, que o ofendido deve ser funcionário competente para emitir 
ordem legal, ou seja, funcionário, cujo conceito é dado pelo direito 
administrativo, não tendo, agora, aplicação o art. 327 do Código, 
havendo já, por mais de uma vez, selembrado que, para o Estatuto 
dos Funcionários Públicos Civis da União, funcionário é a pessoa 
legalmente investida em cargo público, e este é o criado por ei, com 
denominação própria, em número certo e pago pelos cofres públicos.” 
A doutrina, por outro lado, criou a figura do agente público de fato, o qual, em 
determinados casos extremos (incêndios, guerras, calamidades públicas, 
epidemias, enchentes, prisão de criminoso etc.), investir-se-ia 
temporariamente dos poderes e prerrogativas da Administração Pública para 
realizar o ato que caberia ao funcionário público strictu sensu. Não obstando 
contra a classificação adotada pelo ramo administrativo, contudo, não pode ser 
aplicada no âmbito penal, cujos conceitos e definições são mais restritos e 
precisos. Dessa maneira, não se pode utilizar essa classificação doutrinária de 
um dos ramos do Direito para conferir poderes a alguém, capaz de interferir de 
forma negativa no âmbito jurídico de terceiros. 
Em outras palavras, o entendimento de funcionário público no ramo penal deve 
ser feito o mais restritivamente possível, toda vez que venha a causar, de 
qualquer modo, gravame à pessoa. Nesse sentido, a hermenêutica jurídica da 
norma será sempre restrita e exaustiva. 
7.3. Economia popular Lei nº 1.521/51 
A tutela da economia popular teve início, por meio de legislação específica, a 
partir do Decreto 19.604/31, visando punir fraudadores de gêneros 
alimentícios. 
A Constituição Federal de 1937 incentivou o surgimento de leis nesse sentido, 
razão pela qual surgiu o Decreto-lei 869/38, que passou a prever os crimes 
contra a economia popular. Pouco mais de uma década, em 26.12.1951, em 
plena ditadura de Getúlio Vargas, foi promulgada a Lei 1.521/51 definindo os 
crimes contra a economia popular, acompanhada de outro Diploma, a Lei 
1522/51, que permitia a intervenção da União no domínio econômico, a fim de 
que fosse assegurado a livre distribuição de produtos necessários ao consumo 
do povo. 
Segundo definição doutrinária dada por Nelson Hungria, um dos mentores da 
lei, o crime contra a economia popular é, “todo o fato que represente um dano 
efetivo ou potencial ao patrimônio de um número indeterminado de pessoas”. 
(in Comentários ao CP, Ed. Forense, 1958). A economia popular é a resultante 
de um complexo de interesses econômicos, familiares e individuais, constituído 
em um patrimônio de um número indeterminado de indivíduos. 
7.4. Conceito 
7.5. Conceito de Economia Popular 
A partir das cinco categorias acima descritas, é possível fazer diferentes 
combinações, gerando diferentes arranjos conceituais relativos as alternativas 
econômicas dos trabalhadores excluídos do trabalho assalariado. 
Assim, da agregação das categorias economia e popularidade resulta a 
combinação ‘economia popular’ que TIRIBA & ICAZA assim conceituam: 
Entende-se por economia popular o conjunto de atividades econômicas e 
práticas sociais desenvolvidas pelos setores populares no sentido de garantir, 
com a utilização de sua própria força de trabalho e dos recursos disponíveis, a 
satisfação de necessidades básicas, tanto materiais como imateriais (TIRIBA 
& ICAZA, 2003, p. 101). Seu objetivo não é a acumulação do capital e, sim, a 
reprodução da própria vida (TIRIBA, 2001, p.1 09). 
Tendo os trabalhadores a posse e/ou a propriedade individual ou associativa 
dos meios de produção, ao invés do emprego da força de trabalho alheio, o 
principia e a utilização da própria força de trabalho para garantir, não apenas 
a subsistência imediata, como também para produzir um excedente que possa 
ser trocado, no mercado da pequena produção mercantil, por valores de uso. 
7.6. Relações de consumo - Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do 
Consumidor). 
7.7. Conceito Doutrinário 
Segundo Maria A. Zanardo Donato (1993) conceitua a relação de consumo 
como, “a relação que o direito do consumidor estabelece entre o consumidor e 
o fornecedor, conferindo ao primeiro um poder e ao segundo um vínculo 
correspondente, tendo como objeto um produto ou serviço”. 
Relação de Consumo é a aquela na qual existe um consumidor, um fornecedor 
e um produto/serviço que ligue um ao outro. É requisito objetivo de existência, 
de modo que, para haver relação de consumo, necessariamente, deve haver, 
concomitantemente, os três elementos. 
7.8. Legislação 
A relação de consumo é regulamentada pelo Código de Defesa do Consumidor 
que no art. 2º e 3º faz a seguinte definição: 
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista.” 
Feita as distinções e conceito sobre o que vem ser desobediência, economia 
popular e relação de consumo passaremos a apresentar a incidência da 
primeira sobre as demais citadas. 
8. relação e/ou incidência do crime de desobediência previsto no art. 330 
do Código Penal, contra a economia popular, Lei nº 1521/51, bem como 
sua prática contra as relações de consumo. 
8.1. Casos práticos 
Como visto acima, o delito de desobediência ou resistência passiva é aquela 
praticada por particular ao deixar de cumprir, ou cumprir, sem ordem legal, 
sem violência. Com vistas as relações de consumo e economia popular. 
Citamos alguns casos práticos relacionando a desobediência, ou resistência 
passiva por descumprimento de ordem expedida, por não entregar no prazo 
documentos relativos à quebra de sigilo bancário de um empresário 
investigado pela Polícia Federal. 
“RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO. DANO MORAL. 
CARACTERIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO MONTANTE INDENIZATÓRIO. O 
Regional, soberano na análise do conjunto fático-probatório, concluiu 
que o Autor fez prova dos fatos que deram ensejo à indenização por 
danos morais. Nesse contexto, não há de se perquirir violação dos art. 
818 da CLT e 333 do CPC, já que é impertinente, na hipótese em 
exame, a discussão acerca da inversão do ônus da prova. Quanto ao 
valor da indenização, não se verifica a violação do art. 944 do Código 
Civil. Os arestos apresentados não passam pelo crivo da Súmula n.º 
337 do TST. FGTS. DIFERENÇAS DA MULTA DE 40%. EXPURGOS 
INFLACIONÁRIOS. PRESCRIÇÃO. RESCISÃO CONTRATUAL 
POSTERIOR À EDIÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR N.º 110/2001. NÃO 
CONHECIMENTO. Tendo havido a rescisão contratual em momento 
posterior à edição da Lei Complementar n.º 110/2001, o prazo 
prescricional para se postular eventuais diferenças decorrentes do 
contrato de trabalho, inclusive quanto às diferenças da multa de 40% do 
FGTS decorrentes dos expurgos inflacionários, é regulado pelo art. 7.º, 
XXIX, da Constituição Federal, que fixa o prazo de dois anos após a 
extinção do vínculo empregatício. DESCONTOS FISCAIS. CRITÉRIO 
DE APURAÇÃO. MÊS A MÊS. Em face da edição da Medida Provisória 
n.º 497/2010, convertida na Lei n.º 12.350/2010, e da Instrução 
Normativa n.º 1.127/2010 da Receita Federal, o imposto de renda será 
calculado utilizando-se o critério do mês da competência, ou seja, 
aquele em que o crédito deveria ter sido pago. Precedentes desta Corte 
no mesmo sentido. Recurso de Revista não conhecido. RECURSO DE 
REVISTA DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. CARGO DE 
CONFIANÇA. GERENTE-GERAL DE AGÊNCIA BANCÁRIA. SÚMULA 
N.º 287/TST. Consignando os elementos de prova firmados nos autos 
que o Autorera o gerente-geral da agência bancária, aplicam-se lhe as 
diretrizes contidas no art. 62, II, da CLT, segundo entendimento firmado 
pela Súmula n.º 287/TST. Recurso não conhecido.” 
Em relação à infração criminal de desobediência (art. 330), a lei pode ser aplicada 
se, por exemplo, um agente público determinar que seja disseminada uma 
aglomeração em determinado local com a finalidade de evitar a disseminação do 
vírus (reunião de inúmeras pessoas em local público), quando o indivíduo se 
recusar a cumprir a ordem legal, sem motivo justificado, atuando de forma 
consciente e voluntária. 
Ademais, o tipo penal não se configura quando há uma simples ou solicitação ou 
pedido do funcionário, mas sim, na hipótese de uma ordem legal e individualizada 
do funcionário público competente, dirigindo-se àquele que tem o dever jurídico de 
obedecê-la. 
Crime contra a economia popular 
Quando o agente provoca o aumento de preço de produto, aproveitando-se do 
momento de crise demandado extraordinária do produto durante o período de 
calamidade, visando angariar lucros desproporcionais em detrimento da sociedade 
e do consumidor, incidirá em crime contra a economia popular. Nesse contexto, 
vejamos o teor do art. 3º da Lei 1.521/51: 
Art. 3º, VI. São também crimes desta natureza, “provocar a alta ou baixa de preços 
de mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por meio de notícias falsas, 
operações fictícias ou qualquer outro artifício.” 
Exemplo: Na hipótese do empresário que, aproveitando-se da situação de 
emergência ou calamidade pública, promover o súbito aumento nos preços, 
sem motivo justificado, atuando de forma consciente e voluntária, provocar 
aumento de preço mediante o artifício (expediente habilidoso) de que o 
produto estaria em “falta no mercado”. 
Crimes contra as relações de consumo 
Em relação ao delito contra os consumidores, a tipificação prevista no CDC (Código 
de Defesa do Consumidor- Lei n.º 8.078/90), nos diz: 
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante 
sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, 
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: 
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. 
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 
§ 2º Se o crime é culposo; 
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
Quando o agente faz uma afirmação falsa sobre dados essenciais de produto, 
poderá responder pelo aludido delito previsto no Código de Defesa do Consumidor. 
Cite-se o exemplo da venda de álcool em gel a 70%, embora o produto 
efetivamente contivesse apenas 46%, ofertando-se mercadoria com característica 
e conteúdo falsos em detrimento da saúde e boa-fé dos consumidores. O fato 
(objeto de tutela do direito penal) consubstancia-se mediante conduta dolosa, isto 
é, a vontade livre e consciente do agente de fazer afirmação falsa ou enganosa de 
produto ou serviço, omitindo informação relevante ou patrocinando oferta de 
mercadorias com dados inverídicos. 
Os crimes de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais, tem previsão legal no artigo 273 do 
Código Penal, e tem como condutas típicas previstas no caput as de falsificar, 
corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. 
Este ilícito, tem característica “mista alternativa”, ou seja, a incidência de mais de 
um núcleo do tipo configura crime único. A ação consuma-se, dentre outras 
hipóteses, com a comprovação do intuito de promover a falsificação ou adulteração 
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (conduta dolosa, salvo a 
hipótese de crime culposo previsto no §2º do CP), sendo considerado crime de 
perigo abstrato, isto é, prescinde da demonstração do efetivo perigo à saúde 
pública. 
Em relação ao objeto material, preleciona Cleber Masson: 
“É o produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, ou seja, a substância 
líquida ou sólida voltada à atenuação da dor ou cura dos enfermos, ou ainda a 
matéria destinada à prevenção dos males que acometem os seres humanos” 
(MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. São Paulo: editora método. 2018, p. 
1028). 
Para fins de comprovação do fato criminoso, exige-se laudo pericial ou outro meio 
de prova apto a certificar a efetiva adulteração ou falsificação do produto (caput do 
art. 273 do CP), dispensando-se a perícia, porém, no caso do §1º-B, III e V, haja 
vista tratar-se de delito formal, que se aperfeiçoa com a simples importação, venda, 
exposição à venda, depósito, distribuição ou entrega a consumo do produto sem 
as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização, 
ou de procedência ignorada, conforme se nota da seguinte ementa de decisão 
oriunda do Superior Tribunal de Justiça: 
MANUTENÇÃO EM DEPÓSITO DE SUBSTÂNCIAS 
MEDICAMENTOSAS IMPRÓPRIAS AO CONSUMO. 
DESNECESSIDADE DE LAUDO PERICIAL PARA COMPROVAÇÃO 
DA MATERIALIDADE DELITIVA. DELITO FORMAL. MÁCULA 
INEXISTENTE. É dispensável a confecção de laudo pericial para a 
comprovação da materialidade do delito previsto no artigo 273, § 1º-
B, incisos III e V, do Código Penal, tendo em vista tratar-se de delito 
formal, que se aperfeiçoa com a simples importação, venda, 
exposição à venda, depósito, distribuição ou entrega a consumo do 
produto sem as características de identidade e qualidade admitidas 
para a sua comercialização, ou de procedência ignorada. Precedente 
(STJ, 5ª Turma, HC 356047/SP, Rel.Jorge Mussi, Dje 05/12/2018) 
A principal distinção em relação à infração criminal prevista no artigo 66 do Código 
de Defesa do Consumidor (CDC) está adstrita ao fato de que nesta hipótese o 
produto em si não é falso, consumando-se mediante declarações falsas sobre a 
natureza, quantidade e qualidade do álcool em gel, enquanto o crime do art. 273 
do Código Penal (CP) imprescinde (necessita) de comprovação da respectiva 
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração do produto. 
É válido ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a 
inconstitucionalidade na aplicação do preceito secundário previsto no artigo §1º-B 
do artigo 273 ( pena de 10 a 15 anos de reclusão, e multa), em razão da violação 
ao princípio da proporcionalidade, haja vista a equiparação desproporcional e 
irrazoável na aplicação de elevadas penas para o agente responsável pela 
falsificação do produto e aquele identificado como o autor da comercialização de 
determinado bem de origem ignorada ou o responsável pela importação de 
medicamentos sem registro, tendo, “por ajuste principiológico”, fixado a orientação 
de aplicação da sanção cominada ao delito de tráfico de entorpecentes (05 a 15 
anos de reclusão, além de multa), estando a discussão pendente de definição no 
Supremo Tribunal Federal (repercussão geral reconhecida no recurso 
extraordinário (RE) 979962). 
Em tela respectiva ementa da decisão oriunda do Tribunal da cidadania sobre 
o tema: 
INCONSTITUCIONALIDADE DO PRECEITO SECUNDÁRIO DO 
ARTIGO 273, § 1ºB, DO CÓDIGO PENAL. APLICAÇÃO 
ANALÓGICA DA PENA DO DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS. 
POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO 
PREVISTA NO §4º DO ARTIGO 33 DA LEI 11.343/2006. 1. A Corte 
Especial deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento da 
Arguição de Inconstitucionalidade no Habeas Corpus n. 239.363/PR, 
declarou a inconstitucionalidade do preceito secundário do artigo 273, 
§ 1º-B, do Código Penal, autorizando a aplicação analógica das 
penas previstas para o crime de tráfico de drogas. 2. Analisando o 
referido julgado, esta colenda Quinta Turma firmou o entendimento 
de que, diante da ausência de ressalva em sentido contrário, é 
possível a aplicação da causa de diminuição prevista no § 4º do artigo 
33 da Lei 11.343/2006 no cálculo da pena dos condenados pelo delito 
previsto no artigo 273, § 1º-B, do Estatuto Repressivo. Precedentes. 
(STJ, 5ª Turma, HC 488299/PR, Rel.Jorge Mussi, DJe 28/03/2019) 
De outra parte, impende registrarque a ANVISA considera o álcool em gel a 70% 
como medicamento antisséptico, devendo ser produzido conforme as boas práticas 
de fabricação de medicamentos, cujos critérios de elaboração são mais rigorosos 
dos exigidos para a produção de cosméticos (http://portal.anvisa.gov.br/anvisa-
esclarece? Acesso em 25 de março 2020). 
Além disso, a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, por intermédio de nota 
técnica, manifestou-se no sentido de que o álcool etílico em gel na condição de 
medicamento deve conter em seu rótulo a especificação mínima de 70% (setenta 
por cento) na sua composição 
(http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/NotaTecnicaAlcoolGelcompleto.pdf. 
Acesso em 25 de março 2020). 
Portanto, o sujeito ativo da ilicitude criminal poderá ser preso em flagrante e 
responder criminalmente pelo delito sub examine, se for flagrado comercializando 
produto falsificado com a suposta “roupagem” de álcool em gel para prevenção 
e/ou eliminação de vírus, a exemplo da Covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGUNDA AVALIAÇÃO. 
VALOR: ATÉ 3,0 PONTOS. 
DATA DE ENTREGA: 20/10/2022. 
TRABALHO EM GRUPO (CINCO PARTICIPANTES). 
ENUNCIADO: 
Dos crimes contra a saúde pública (arts. 267 a 285 do Código Penal). 
O trabalho deverá abordar os principais aspectos dos delitos, ressaltando, entre outros 
elementos, os sujeitos do crime, especificidades da conduta, elemento subjetivo ou 
voluntariedade, consumação, tentativa, qualificadoras, majorantes, principais 
entendimentos jurisprudenciais e pena aplicável. 
Em complemento, o trabalho avaliativo em tela deverá apresentar quais delitos estão 
relacionados ou possuem aplicabilidade à pandemia de covid19, isto é, considerando que a 
Lei n.º 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, a qual foi regulamentada pela Portaria n. 356, de 11 
de março de 2020, do Ministério da Saúde, introduziu um rol de medidas a serem 
implementadas para o enfrentamento da situação emergencial de saúde pública causada pela 
pandemia, dentre as quais destacamos o isolamento e a quarentena e que a Portaria 
interministerial n° 05 de 2020 (Ministro da Justiça e Ministro da Saúde), dispôs que dispôs 
que a autoridade policial poderá lavrar termo circunstanciado em detrimento daquele que for 
flagrado praticando crimes contra a saúde pública, o trabalho deverá apresentar de forma 
minuciosa quais crimes em questão poderiam ter aplicabilidade em caso de descumprimento 
da legislação sanitária emergencial, apresentando, para cada hipótese, um caso concreto, que 
poderá ser colhido da jurisprudência ou da imprensa (pesquisado) ou ainda criado pelo grupo 
(construído fictamente). 
Finalmente, o trabalho deverá apresentar a relação e/ou incidência dos crimes de 
desobediência (art. 330), contra a economia popular (Lei 1521/51), e contra as relações de 
consumo. 
O trabalho deverá ser realizado em grupos de cinco alunos, em documento digitado que deverá ser 
enviado uma única vez dentro do prazo estabelecido para a entrega, com o nome e matrícula de todos 
os participantes.

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