Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
T É C N I C A S D E E X A M E P S I C O L Ó G I C O I I H T P - I N T E R P R E T A Ç Ã O P R O F A . P A U L A P R A T A Gary Histórico • Este homem de 40 anos, branco e solteiro é o quarto de sete filhos. Os outros são considerados normais. • Nascido na Virgínia, Gary foi institucionalizado pela segunda vez antes da aplicação do seu H-T-P. • Entre as duas hospitalizações, ele recebeu, por duas vezes, tratamento para alcoolismo. • Seu ambiente, social e econômico, era elevado. Entretanto, sua mãe muito tolerante e protetora anulou todos os esforços de seu pai para prepará-lo adequadamente para a vida adulta. • Gary se formou no ensino médio no período normal e frequentou uma universidade por vários semestres. • Ele nunca se sustentou. Ele diz, “Eu nasci um cavalheiro - só um tolo trabalharia.”. • Desde seus 6 anos de idade, quando teve encefalite, ele se tornou progressivamente mais antissocial. • Há 16 anos atrás, aos 24 anos, ele reagiu violentamente à morte de sua mãe e foi institucionalizado depois de ameaçar matar o seu pai. • Recentemente, ele se tornou alcoolista fora da instituição. Parece que ocorreu uma deterioração orgânica. A T I T U D E Gary expressou livre e claramente sua completa aversão durante toda a tarefa. Trabalhar é detestável para ele. COMENTÁRIOS Os poucos comentários que Gary fez enquanto desenhava indicaram o reconhecimento de sua inadequação, com alguns sentimentos de frustração diante de sua incapacidade de fazer melhor - uma impotência associada à lesão cerebral orgânica. Enquanto Gary desenhava a pessoa, ele começou uma narração longa, irrelevante, mas bem ordenada, de sua viagem à New York World's Fair. A disparidade acentuada entre a qualidade conceitual de seus comentários verbais e a de seus desenhos, a favor dos comentários verbais, sugere presença de lesão cerebral orgânica. PROPORÇÃO A porta e as janelas da casa são muito pequenas em relação à parede em que elas aparecem, indicando inacessibilidade e falta de interesse pelos outros. PROPORÇÃO A árvore é pequena em comparação ao tamanho da página, simbolizando o sentimento de inadequação de Gary. A desproporção em todo o desenho da pessoa é geral, óbvia e grande. É uma caricatura grotesca de uma pessoa próxima e das pessoas em geral. PERSPECTIVA • A desorganização da relação espacial dos detalhes ilustra a segmentação da apresentação dos detalhes, o que, quase sempre, indica um distúrbio orgânico. • Na casa, por exemplo, a porta está localizada bem acima dos degraus; a porta está colocada levemente acima das janelas. • O telhado que é descrito como cobrindo a porta, é apresentado abaixo da porta; e a chaminé está suspensa acima do telhado. PERSPECTIVA Os galhos da árvore não estão ligados ao tronco, e nunca estão ligados entre eles. A pessoa tem braços que não se unem ao tronco. A localização da casa e da árvore no canto superior esquerdo da página indica regressão e insegurança básica. Suspeita-se de que a pessoa seria colocada na mesma localização, mas pelo fato de que a pessoa, como ocorre com muitos psicopatas, gerou uma reação hostil, agressiva, a qual permitiu ou produziu um outro tipo de localização. A diminuição considerável da capacidade crítica sugere distúrbio orgânico, uma vez que Gary não é psicótico. DETALHES As janelas da casa não possuem vidraça, indicando hostilidade e possível erotismo oral e/ou anal. A porta e os degraus foram os últimos itens desenhados: Gary determina os termos nos quais ele estabelecerá contato. O desenho da árvore, inclui uma área fortemente sombreada na parte superior do galho inferior esquerdo. Ao ser perguntado, Gary disse que aquilo simbolizava a morte de sua mãe. DETALHES No desenho da pessoa, a boca e os braços foram os últimos itens desenhados. Os modos de expressão hostis foram omitidos até o último instante. Ao fazer a pessoa como uma "figura palito", Gary agride o examinador e as pessoas em geral. O controle motor pobre e a força excessiva foram exibidos em cada desenho, sugerindo presença de lesão orgânica. Inquérito Posterior ao Desenho • A casa de Gary o faz lembrar, entre outras coisas, de suas muitas rodadas de bebida. Degradando a si mesmo, ele expressa agressão contra a sua família. • É uma pequena casa de colonos dentro da fazenda de seu pai, aonde ele foi muitas vezes para ficar sóbrio. Mais uma vez, Gary humilha sua família pela autodegradação. Inquérito Posterior ao Desenho • Garry descreveu sua árvore como delicada, precisando de muita atenção e cuidado pessoal. Isso reflete seus sentimentos de que ele merece cuidados especiais e dedicados dos outros e de que uma existência parasita é seu direito. • Em justificativa ao seu comentário de que a árvore parecia-se mais com uma mulher do que com um homem, ele disse, "O cabelo no alto da cabeça ou embaixo dos braços e outros lugares." Para alguém de seu nível de inteligência e ambiente cultural, tal afirmação é fortemente sugestiva de deterioração intelectual e confusão psicossexual. Inquérito Posterior ao Desenho • Ele disse que o tempo, no desenho da árvore, estava muito frio: um vento muito forte estava soprando e, provavelmente, danificaria a árvore. Ele simboliza um ambiente frio, hostil e opressivo. • Enquanto era questionado no inquérito posterior ao desenho, Gary escreveu "Elberta" embaixo de sua árvore, demonstrando uma necessidade compulsiva de estruturar a situação. • Este é um pessegueiro - apesar do fato de seu pai ter aproximadamente 10.000 macieiras - uma expressão sutil do sentimento livremente verbalizado por Gary, de que ele não faz parte do mesmo rebanho. Isso revela, também, sua confusão psicossexual, já que os pessegueiros costumam ser vistos definidamente como femininos. Inquérito Posterior ao Desenho • A pessoa de Gary o fez pensar, entre outras coisas, em um amigo com quem ele teve uma briga uma vez e cujos olhos ele deixou roxos, depois disso, era mais fácil distinguir o amigo de seu irmão gêmeo. Gary desejava convencer alguém de fora da família de que ele era fisicamente perigoso. • Na verdade, ele tem sido protegido dos outros pacientes. • A pessoa é um amigo em estado de “delirium tremens”*, gritando por cerveja, enquanto Gary, estava fora da vista, também esperando por cerveja. • A conclusão é que Gary bebe como um cavalheiro. Isso também representa uma agressão contra um homem que não está no hospital como Gary. • Em geral, o inquérito de Gary era temperado com comentários espontâneos, irrelevantes e extensos. Ele constantemente tentava impressionar o examinador com sua grande amplitude de informações. * O delirium tremens (DTs) é um estado confusional breve resultante da abstinência alcoólica absoluta ou relativa, em usuários gravemente dependentes. É o quadro mais grave da síndrome de abstinência alcoólica (SAA), que consiste num conjunto de sinais e sintomas que aparecem após a cessação ou redução da ingestão crônica de álcool, caracterizada por tremores, insônia e agitação psicomotora. Sumário • O H-T-P de Gary revela muitas características tipicamente encontradas nos desenhos de indivíduos com deterioração mental orgânica. • Todos os três desenhos são desorganizados. • As relações relativas à proporção e à posição dos detalhes estão distorcidas e seu senso-crítico é muito inferior. • Ele mostra pobre controle motor. • A árvore é pequena, tortuosa e unidimensional. • Fortes sentimentos de violência e destrutividade, acompanhados de uma pobre compreensão da realidade são evidentes. • Há sinais de desajustamento sexual e de sentimentos fortemente hostis em relação a pessoas por quem ele mantém um mal disfarçado desprezo, cuja expressão verbal direta e livre frequentemente lhe tem causado dificuldades. • Outros aspectos dos desenhos de Gary incluem reflexos de sua incapacidadepara estabelecer relações duradouras, responsáveis, compartilhadas e afetuosas, e hostilidade em relação a sua família tão forte que ele está disposto a degradar a si mesmo, se, ao fazer assim, ele também puder degradar seus parentes. • Ideias de perseguição e ilusões de grandeza também estão indicadas. M A R L E N E Marlene • Marlene, 35 anos, nasceu em uma região rural de Virgínia, e é a quarta de sete filhos. • Suas condições econômicas e sociais eram de classe média baixa. • O histórico de sua família era negativo em relação a doença e deficiência mentais. Marlene • Marlene completou o ensino médio no período de tempo médio, sem repetir nenhum ano e entrou em um curso de treinamento de enfermagem num hospital metropolitano. • Ela parou depois de quatro meses de trabalho experimental para se casar com um taxista, que tinha sido casado e se divorciado uma vez antes. • Depois do casamento, ela trabalhou como balconista em diversas farmácias. • Sua vida conjugal foi tempestuosa. Para começar, ela renunciou à religião de sua família (Batista Primitiva) para se juntar à igreja de seu marido (Católica Romana). Marlene • Seu marido, cuja aparência ela descreveu como um tipo de deus norueguês, era flagrante e frequentemente infiel. • Ela queria filhos; ele não. • Ela teve dois abortos e, para seu grande desapontamento, nunca deu a luz a uma criança viva. Marlene • Três anos antes, ela se divorciou de seu marido com base no adultério. Desde então, sempre que ele vem visitá-la, o que é frequente, ela se aborrece, porque ela ainda está fortemente atraída por ele. • Três dias antes da aplicação do H-T-P, seu marido a visitou e encorajou-a a fugir com ele; essa visita ocorreu, quando Marlene tinha quase decidido se casar com outra pessoa. • Aquela noite ela tomou uma overdose de fenobarbital*, mas as circunstâncias em que ela o fez, era quase certo que seria descoberta antes de que a morte pudesse ocorrer. • Seu psiquiatra pediu um exame psicológico para ajudar a determinar a estrutura e a dinâmica de sua personalidade. * Fenobarbital é um barbitúrico com propriedades anticonvulsivantes, devido à sua capacidade de elevar o limiar de convulsão. Este é um medicamento que age no sistema nervoso central, utilizado para prevenir o aparecimento de convulsões em indivíduos com epilepsia ou crises convulsivas de outras origens. Atitude • Marlene apresentava uma tendência progressiva para o abandono, demonstrando tendência à fatigabilidade e negativismo crescente. • Ela rapidamente se afastou da situação de tarefa, imediatamente após completar cada desenho. Tempo • O tempo razoavelmente longo gasto para a casa (6':35") sugere que o lar seja uma área de conflito para Marlene. • Houve uma pausa incomumente longa para a chaminé, provavelmente um reflexo do conflito sexual. • O tempo gasto de (6':48“) para a pessoa é longo, sugerindo conflito nas áreas interpessoais e intrapessoais. • A pausa anormalmente longa antes de desenhar as características faciais indica uma relutância para produzir um autorretrato. Rasuras • Cada desenho foi apagado ocasionalmente, mas poucas vezes para corrigir. • O reconhecimento das falhas de Marlene indica uma capacidade intelectual básica mediana, mas sua incapacidade de melhorar mostra a presença de um funcionamento depressivo. Rasuras • Antes de desenhar a chaminé, ela comentou que a casa parecia com uma prisão. • Isso pode expressar uma afeição por seu marido que a prende. • Imediatamente depois de rejeitar a chaminé, ela disse que a casa não lhe parecia certa, parecia-se mais com um celeiro do que com uma casa. • Os celeiros não têm calor e seu papel doméstico em muitos aspectos se assemelhava com o de um animal doméstico. Rasuras • Antes de desenhar a estrutura de galhos da árvore, Marlene comentou que a árvore não dava frutos. Isso reflete os fortes sentimentos de inadequação produzidos por sua pseudoesterilidade. • Enquanto desenhava as características faciais da pessoa, Marlene comentou: "Ela parece como se estivesse morta". • Em outra hora, ela disse que preferiria antes estar morta do que perder o seu marido, mas, para que ela voltasse para ele, ela também precisaria estar morta. Proporção • As características do desenho da casa apresentam disparidades de proporção incomuns entre as medidas verticais e horizontais, com predomínio das horizontais, indicando que a casa tem importante significado temporal no campo psicológico e é a fonte de satisfação elementar. Perspectiva • A apresentação da casa de frente sugere um desejo de reprimir a expressão do sentimento verdadeiro. • A organização é pobre. • A casa parece que vai desabar, simbolizando claramente os sentimentos de Marlene de ser esmagada pelos problemas domésticos. Perspectiva • A árvore está cortada pela margem superior direita. • Marlene pode ter uma tendência para buscar satisfação futura na fantasia. • O uso de indicação apenas sugerida dos galhos está próxima de ser contaminada pelo uso de rabiscos indicando folhas. Isso parece mostrar uma incapacidade para planejar logicamente, e simboliza os sentimentos de desorganização de Marlene. Perspectiva • Os pés da pessoa estão em uma posição incomum, sugerindo que Marlene sente que precisa exercer um esforço consciente para se manter deprimida. Perspectiva • Todos os três desenhos estão centralizados na página em relação ao eixo lateral, indicando rigidez e tensão generalizadas. • Eles estão acima do centro do eixo vertical, sugerindo sentimentos de esforços inúteis. Detalhes • A chaminé, um detalhe essencial do desenho da casa, foi desenhada em várias posições e, finalmente, apagada, indicando conflito sexual. • As rasuras fortemente patológicas da chaminé sugerem que, para Marlene, conflitos graves são estimulados por esse símbolo fálico. • O reforço das linhas sugere que Marlene encontra dificuldade em manter o controle nas situações intrafamiliares. Detalhes • A pessoa foi apresentada totalmente de frente e nua, ainda que sem as características sexuais, o que pode refletir conflito sexual e um sentimento de desamparo. • A sequência de detalhes é nitidamente patológica. • As pernas e os pés foram desenhados primeiro, depois o tronco e as características faciais por último. • Esta sequência sugere um forte conflito relativo ao corpo e marcada relutância em ser identificado. Detalhes • A ênfase exagerada nas linhas do tronco, coxas e pernas sugere que Marlene está bastante consciente de seus impulsos sexuais, que ela reprime com dificuldade, e que lhe causam fortes sentimentos de culpa. Detalhes • A qualidade acentuadamente vacilante das linhas em cada desenho reflete a indecisão e ambivalência generalizadas de Marlene Inquérito Posterior ao Desenho • Â árvore era do tipo que perde as folhas e estava no quintal de sua casa paterna, refletindo o desejo ardente de retornar ao status infantil. • Marlene descreveu a pessoa como saindo da banheira e esperando para colocar as roupas - as quais ela não tem em uma quantidade suficiente. Isto sugere sentimentos de abandono, dependência e empobrecimento. • Perguntas posteriores revelaram que Marlene se ocupava em banhos rituais. • A identidade foi rigidamente restrita a si mesma. • Marlene riu ocasionalmente enquanto cada desenho estava sendo discutido, mas seu riso era uma tentativa melancólica de aliviar a tensão. • Sempre que questões sexuais eram discutidas, ela se tornava inquieta e apresentava vários sinais claros de ansiedade. • Seu contato com a realidade era extremamente precário e seu funcionamento intelectual estava diminuído por fatores emocionais. • A introspecção é acentuada. Houve forte perseveração em assuntos sobre ela mesma, sua situação presente,seu marido, e seus sentimentos de frustração por sua incapacidade de manter o marido e ter um filho. • Uma séria depressão do humor persistiu todo o tempo. Apesar da tentativa de suicídio supostamente não ter sido genuína, Marlene estava definidamente deprimida. Sumário • Marlene exibe desajustamento sexual com uma forte necessidade de satisfação sexual e fortes sentimentos de culpa concomitantes. • Seus desenhos indicam ansiedade e depressão, e sentimentos esmagadores de frustração, para a satisfação dos quais ela sente que é inútil se esforçar. • Uma tendência a se afastar da realidade é também exibida. • O comportamento obsessivo-compulsivo de Marlene parece ser a sua maneira de lidar com suas fortes necessidades de segurança e estabilidade. S A R A Histórico • Sara, 19 anos de idade, vem de um lar com posição educacional, econômica e social relativamente alta. • Ela é a mais velha de quatro filhos; os outros são considerados normais. • Sara teve um problema no nascimento que acarretou uma leve espasticidade* que afeta todas as extremidades, mas é muito mais pronunciada no lado esquerdo. A espasticidade é uma alteração no tônus muscular. A doença ocorre devido a outras doenças neurológicas que provocam lesão de células Histórico • Quando ela tinha 8 anos era evidente que seu nível de inteligência estava abaixo da média. • Quando ela mostrou fortes sinais de rivalidade em relação aos irmãos, foi enviada a uma escola particular de treinamento. • Seus resultados em testes psicológicos nesta escola indicaram que ela deveria ser considerada como deficiente mental. • Quando ela tinha 15 anos, Sara tornou-se tão incontrolável que foi enviada de volta para casa. • Quando não podia ser mais controlada em casa, ela foi institucionalizada. Histórico • Imediatamente após sua admissão, Sara teve um episódio psicótico agudo, recusou-se a responder a qualquer tipo de interrogatório verbal e rejeitou todos os exames psicológicos formais, exceto a fase de desenhos do H-T-P. • Seu comportamento durante o primeiro ano de institucionalização foi o de um esquizofrênico catatônico. Ela era agressiva e altamente negativista, e às vezes tinha que ser isolada para proteção de si mesma e dos outros. • O caso de Sara ilustra a possibilidade de se extrair informações diagnósticas úteis de uma pessoa altamente perturbada e negativista. • Os desenhos de Sara são muito parecidos com os de esquizofrênicos retardados. Tempo • O tempo gasto para a casa (1':30") e para a árvore (49") foi excessivo; e para a pessoa (9':46") foi altamente patológico. • O negativismo crescente de Sara foi fortemente acentuado pelo desenho da pessoa. Proporção • Cada desenho é muito pequeno em relação ao tamanho da página, indicando fortes sentimentos de inadequação e tendências de afastamento muito fortes. • A casa parece quase desmoronando. A situação do lar de Sara está perdida e sua reação é uma rejeição hostil à casa. • O espaço em branco no desenho da árvore é usado para indicar detalhes subentendidos, evidência de hostilidade, e a simetria absoluta dos poucos detalhes mostrados sugerem insegurança. • Os pés da pessoa, que estão virados em direções opostas, sugerem uma imobilidade ambivalente, enquanto os braços, estendidos para fora receptivamente, mostram uma necessidade de afeição e proteção. • Todos os três desenhos estão localizados no canto superior esquerdo da página, um indicador marcante de regressão; e todos os três desenhos parecem estar muito distantes do observador. • Sara está quase inacessível. Detalhes • O desajustamento sexual e/ou sentimentos de hostilidade em relação à família são refletidos pela omissão da chaminé na casa; a falta de vidraças nas janelas sugere hostilidade. • O pobre controle motor de Sara enquanto desenhava a casa foi aparentemente causado pela forte emoção estimulada ao pensar em sua própria casa. Detalhes • No desenho da pessoa faltam muitos detalhes essenciais, incluindo as características faciais e o tronco. • Isso reflete a negação de Sara de formas de contato sensoriais e possíveis tendências autodestrutivas. Detalhes • O último item desenhado para cada desenho foi um item básico de contato: • para a casa, a porta; • para a árvore, a linha de base do tronco; e • para a pessoa, os pés. • Isso indica uma marcante relutância em estabelecer contato com a realidade. • Há uma diminuição progressiva do contato com a realidade com hostilidade manifesta cada vez maior; o negativismo aumenta em força quase para franca rejeição. Sumário • Já que Sara não respondeu ao inquérito, seus desenhos podem ser avaliados como autorretratos apenas. • Como tal, eles revelam inacessibilidade, hostilidade e negativismo individual agudos de quem se sente completamente inadequado para lidar com o seu ambiente. M A R I E Histórico • Marie, 15 anos de idade, tem um QI* de 55. • Seus pais estão separados há mais de seis anos. • Seu pai, que é cego, é sustentado pela previdência. • Marie é a terceira em uma família de seis filhos, cinco dos quais mantidos pela Assistência a Crianças Dependentes e pela contribuição da irmã mais velha. * Classificações da tabela do QI - Gênio - acima de 144 pontos - Superdotado - de 130 a 144 pontos - Acima da média - de 115 a 129 pontos - Média alta - de 100 a 114 pontos - Média baixa - de 85 a 99 pontos - Abaixo da média - de 70 a 84 pontos - Baixo - de 55 a 69 pontos - Muito baixo - menos de 55 pontos Histórico • Marie é solitária e ela mesma precisa proporcionar suas atividades de recreação e de lazer - principalmente escutando discos e observando através da janela. • Ela gostaria de sair e de fazer coisas sozinha, mas ela não tem amigos. • Qualquer excursão externa, mesmo a uma loja na vizinhança, torna-se uma expedição, porque Marie tem muito medo de sair sozinha. • Sua mãe fica ansiosa em relação a ela, porque Marie pode não se lembrar do que ela começou a fazer. • Marie admira muito os meninos e gostaria de ter um namorado, mas este desejo não se materializou. Histórico • A mãe queixa-se de que Marie é tagarela em casa, mas quieta como um túmulo fora de casa. • Ela frequenta uma escola secundária e está em uma classe para retardados mentais. • Ela não se interessa por programas de trabalho, porque teme que o trabalho, como a escola, será uma experiência insatisfatória. Proporção • O tamanho da cabeça no desenho da pessoa certamente reflete a consciência de Marie de suas limitações intelectuais. Detalhes • O detalhamento excessivo e a semelhança repetitiva no desenho da casa sugerem uma concretude rígida. • Marie, obsessivamente, preenche os espaços vazios, como defesa contra os sentimentos e ideias reprimidos. • As pessoas, animais e janelas sugerem uma necessidade de contato social e medo da ansiedade quando sozinha ou inativa. • O sinal vermelho no extremo direito sugere uma necessidade de controles externos. Detalhes • O tamanho pequeno das árvores e a falta de raízes e da linha de solo sinalizam insegurança e inadequação. • A copa da árvore é superposta ao tronco e não realmente uma continuação dele, indicando uma negação da energia e dos impulsos. • As duas árvores parecem refletir a extrema necessidade de Marie de pertencer a uma família ou a um grupo e a ansiedade de ficar sozinha. Detalhes • O detalhamento glamoroso na cabeça da pessoa é outra indicação das tendências obsessivas de Marie. Sumário • Marie parece se ocupar com muitos pensamentos obsessivos. • Ela nega seus impulsos e, muito provavelmente, sua responsabilidade pelo comportamento inadequado que causa desaprovação. • Suspeita-se de um ambiente familiar rígido. • A ênfase de sua família no controle e os sentimentos de inadequação de Marie, com relaçãoà quantidade de ideação e impulsos que ela tem de conter, sugerem que tem sido exercida pressão considerável para se conformar às doutrinas de sua família (De Michal- Smith e Morgenstern, 1969). K H A T E R I N E Histórico • Katherine é uma mulher branca de 50 anos cuja história familiar inclui um primo irmão materno com esquizofrenia e uma tia materna diagnosticada com desordem esquizoafetiva, do tipo depressivo. • Katherine completou a décima série com 16 anos, e então deixou a escola. • Dois anos depois (18 anos), ela se casou e teve um filho desse casamento. • Seis anos depois (24 anos), ela se divorciou do marido e casou-se novamente quase imediatamente. • Seu segundo casamento também terminou em divórcio depois de 19 anos (43 anos). • O segundo marido era um alcoolista crônico. • A infância de Katherine é descrita como sem acontecimentos. • Porém, na adolescência, ela foi apontada como tendo um comportamento nervoso, irritável, instável e com explosões de raiva. • Ela teve um pobre ajustamento social e escolar. Histórico • Aos 35 anos, Katherine teve seu primeiro episódio maníaco. • Ela foi hospitalizada em outras quatro ocasiões em estado maníaco. • Durante seu último período de internação, ela foi estabilizada até um ponto em que pudesse ser colocada em um centro de cuidado da família mantido pelo estado. • Ela conseguiu uma licença como esteticista, mas não era capaz de manter um emprego estável por causa da sua instabilidade, caracterizada por falar excessivamente, flutuações do humor e produção variável no trabalho. • Os desenhos do H-T-P de Katherine foram feitos vários meses antes de ela ser entregue aos cuidados da família, numa ocasião em que ela aparentava uma melhora clínica considerável. Comentários • Após desenhar a linha divisória vertical na árvore, Katherine disse: "Este lado da árvore é primavera, este lado é inverno. Esta é minha árvore. Eu sou assim, meio a meio." • A compreensão da realidade de Katherine está gravemente enfraquecida. Comentários • Após desenhar o cabelo na cabeça da pessoa, ela comentou, "Meu marido tem muito cabelo loiro caindo em seus olhos. Eu devo ter confundido." • Uma forte ligação com seu marido persiste. • Após desenhar as linhas inferiores da saia, ela riu e disse - "Este é um hermafrodita. Eu fiz as características de um homem",- indicando sexualidade confusa. • Ela continuou com, "Devemos por um chapéu de Páscoa nela? Isso deve ser quando eu tinha meu cabelo curto", negando a identificação inicial e aceitando o autorretrato. • Katherine também escreveu comentários em todos os três desenhos. • Ela tem uma necessidade altamente patológica para definir as situações precisamente. Proporção • A casa é pequena em comparação ao tamanho da página, refletindo inadequação na situação no lar; a linha de solo incomumente longa sugere insegurança básica. • A árvore é muito grande, sugerindo um sentimento de constrição ambiental. As raízes são pequenas em comparação ao tronco, indicando instabilidade básica em relação ao futuro visto como duvidoso. • As mãos e os pés da pessoa são muito pequenos, provavelmente uma tentativa de demonstrar uma feminilidade básica. Perspectiva • A casa situa-se no canto superior direito, uma localização pouco comum. Isto pode refletir um desejo de suprimir um passado desagradável, com concomitante supervalorização do futuro ou uma necessidade de exercer forte controle intelectual e rejeitar respostas emocionais. • A casa está distante e levemente acima do observador, sugerindo que Katherine sente que a realização de seus objetivos é improvável. Perspectiva • A árvore está levemente cortada pela margem superior do papel, o que sugere uma tentativa agressiva manifesta para assegurar satisfação. • O desenho está localizado um pouco acima na página, indicando um sentimento de esforço. • A linha de solo inclina-se acentuadamente para baixo e para a direita. O futuro pode estar sendo visto como perigoso e a volta da doença é temida. • As raízes da árvore são mostradas abaixo da linha do solo, uma grave falha da realidade em alguém com o nível intelectual de Katherine. Perspectiva • A pessoa está perfeitamente centralizada, um sinal de rigidez nas relações interpessoais. Detalhes • A montanha atrás da casa é desenhada como um detalhe irrelevante pouco distante ligado à casa, representando uma necessidade de segurança e proteção materna. • O reforço das linhas de contorno indica um sentimento de luta para manter a integridade. • O galpão à direita foi o último item desenhado. • A ênfase moderada na fumaça saindo da chaminé sugere uma necessidade de um lar caloroso e ansiedade ligada ao lar. Detalhes • No desenho da árvore de Katherine, o balde de açúcar, o corte e a seiva pingando da árvore são detalhes irrelevantes mais ou menos ornamentais. • O simbolismo sexual é óbvio. • A linha divisória vertical simboliza a divisão bimodal e bissexual de sua personalidade. Detalhes • As características do desenho da pessoa de Katherine são alternativamente masculinas e femininas, refletindo sua confusão do papel sexual. • Os aspectos decorativos da roupa estão superenfatizados em enfeites narcisistas. • O corpo, mãos e pés são nitidamente femininos, numa tentativa de negar a figura como um retrato de seu ex-marido e os aspectos bissexuais sugeridos pelas características faciais. • Os pés bastante sombreados sugerem ansiedade em relação à sua capacidade para obter e manter a autonomia. Inquérito Posterior ao Desenho • Neste caso ela escreveu as respostas ao inquérito posterior ao desenho no protocolo, o que torna suas respostas contraditórias a todas as perguntas sucessivas mais patológicas. • À pergunta, "Como está o tempo neste desenho?", Katherine escreveu, "Céu limpo com alguns flocos de nuvem despedaçados." • À pergunta, "Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima, abaixo ou no mesmo nível do que você?", ela respondeu, "No mesmo nível", indicando que sua tendência a apresentar ideias de autorreferência é muito forte. • Katherine gostaria muito de possuir essa casa. Ela teria sua mãe morando junto ela (dois casamentos fracassados são suficientes). Inquérito Posterior ao Desenho • Katherine identificou sua árvore como "Pinheiro, bordo vermelho, bordo branco", uma super expansão maníaca do conceito. Quando perguntada se a árvore era um homem ou uma mulher, ela primeiro respondeu: "Sem sexo", depois escreveu, "Mulher", e disse que ela era feminina, "Porque um bordo* produz seiva de açúcar na primavera." Ela identificou o balde de seiva como "Deus em pessoa, ou uma visão do céu", uma resposta patológica. • A árvore é da sua idade, localizada no pátio da casa de seu psiquiatra, refletindo sua relação subjetiva dependente. *Bordo - árvore cerácea nativa da América do Norte, que uma vez ferida, dela escorre uma seiva rica em açúcar, que pode ser extraída. Inquérito Posterior ao Desenho • A pessoa é Katherine aos 25 anos, em um desfile de páscoa. Essa foi a época da lua-de-mel de seu segundo casamento, anterior aos graves colapsos mentais. • Quando perguntada como se sentia em relação a seu desenho da pessoa, Katherine disse: “Bem, porque sou eu.”. Está presente ainda uma melhora do humor e o egocentrismo é óbvio. Inquérito Posterior ao Desenho • De modo geral, as respostas de Katherine ao inquérito indicam uma pobre compreensão da realidade. • As associações de Katherine para todos os três desenhos revelaram um desejo saudoso e intenso de retornar aos dias mais felizes e mais estáveis de sua infância, adolescência e início da idade adulta. Sumário • A inspeção qualitativa mais casual revela que Katherine não está se comportando eficientemente. • Ela ia bem até o ponto em que contaminou a casa com o galpão, masa qualidade do conteúdo dos desenhos a partir daí, ainda que os desenhos em si fossem executados de modo capaz, foram muito desviantes para alguém que se espera que pudesse ter um ajustamento satisfatório a longo prazo fora do hospital. • Os desenhos de Katherine mostram uma compreensão diminuída da realidade e confusão no papel sexual expressa de uma forma manifesta. • Eles revelam sentimentos, expressos simbolicamente e com acentuada clareza, de ser dominada por intensa emoção, cujo tom pode variar amplamente. • Uma percepção fortemente pessimista do futuro pode ser vista. • Katherine apresentou uma "expansão anormal da expressão", necessidades fortes de segurança, afeto e independência, certo grau de deterioração mental orgânica e fortes sentimentos de autorreferência.
Compartilhar