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Prof Ricardo Chaccur - Jurisdição Constitucional - slides - Aula 04

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Prof. Me. Ricardo C. Chaccur
Jurisdição Constitucional
Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Jurisdição Constitucional
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Objetivos:
1) Entender como funciona o Controle Incidental de Constitucionalidade no
Brasil;
2) Relembrar a origem desse sistema, os efeitos e características;
3) Entender os conceitos de Cláusula de Reserva de Plenário, Súmula
Vinculante, Repercussão Geral e o Papel do Senado no Controle Incidental de
Constitucionalidade.
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Aula 3: Controle de Constitucionalidade no Brasil (Evolução histórica)
Recordar que pela CF/88:
No Brasil: verifica-se a possibilidade de controle de
constitucionalidade tanto pelo sistema concentrado (STF) –
Origem Europeia, em abstrato e principal, quanto por
meio difuso (Qualquer órgão do Poder Judiciário) – Origem
EUA, incidental e em concreto.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Sistema Norte-Americano = Common Law = países Anglo-saxões:
- Origem: Estados Unidos;
- Características: DIFUSO – Via de exceção ou incidental;
- Objetivos: O controle é instaurado diante de uma controvérsia concreta, com o
fim de afastar a aplicação da lei ao caso;
- Competência para realizar o Controle: qualquer órgão do poder judiciário;
- Efeitos: Inter partes;
- Aspecto funcional: efeito ex tunc – lei é considerada NULA.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
RECEPÇÃO = Toda legislação infraconstitucional anterior considerada compatível com a nova
constituição permanece em vigor, como por exemplo o código de processo civil, código penal
e etc.;
REPRISTINAÇÃO = quando a nova constituição revalida uma legislação infraconstitucional que
tinha sido revogada pela Constituição anterior. (NÃO É APLICADA NO BRASIL)
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO = Quando a constituição nova recebe a anterior como uma
legislação infraconstitucional, isto é, como uma lei ordinária. (NÃO É APLICADA NO BRASIL)
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL:
É um ato normativo que regula matérias de competência privativa do Senado
Federal, de caráter político, processual, legislativo ou administrativo;
No controle difuso, quando o Supremo Tribunal Federal declarar reiteradas vezes
a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo de forma incidental, o
Senado é oficiado para que, por meio de Resolução, suspenda a execução – no
todo ou em parte – da lei ou ato normativo;
A origem da participação do Senado encontra-se na teoria dos freios e
contrapesos (checks and balances); ou seja, as funções típicas de Estado devem
ser harmônicas e independentes, de modo que cada poder tenha a sua atuação
resguardada e fiscalizada pelo outro poder;
Repercussão geral como requisito para apreciação do recurso extraordinário pelo
STF: Ou seja, a questão debatida deve ser relevante do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico (basta um), além de transcender o interesse subjetivo
das partes do caso em concreto.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
A CHAMADA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO:
Qualquer juiz singular pode exercer a jurisdição quando se tratar da declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de controle difuso de
constitucionalidade;
Em relação aos tribunais, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 97, traz a seguinte
redação:
“Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do poder público”
A doutrina e jurisprudência chamam de “cláusula de reserva de plenário” ou “full bench”
(Regra prevista no ordenamento jurídico brasileiro desde a Constituição de 1934) = para
que um Tribunal declare a inconstitucionalidade de uma norma em sede de controle difuso
deverá levar o julgamento para o plenário (ou órgão especial) e a decisão deve ser pela
maioria absoluta de seus membros;
A Reserva de plenário só é exigida para a declaração de inconstitucionalidade.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
REPERCUSSÃO GERAL:
Quando uma questão debatida é relevante do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico, além de transcender o interesse subjetivo das partes do caso em concreto;
Haverá Repercussão Geral sempre que o recurso extraordinário atacar decisão contrária à
súmula ou à jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, uma vez que a não
observância das decisões do STF debilitaria a força do texto constitucional, indicando a
relevância e a transcendência da questão levantada no Recurso Extraordinário que
reclamaria a adequação da decisão ao posicionamento daquele Tribunal.
Esse mecanismo torna o excepcional o caráter do Recurso Extraordinário, uma vez que tira
do indivíduo a sensação de que tal recurso é um “direito do jurisdicionado”.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
SÚMULAVINCULANTE:
São súmulas dotadas de teor obrigatório = obrigam a Administração Pública e todos os
demais Juízes e Tribunais a seguir o conteúdo da Súmula;
Caso não sejam observadas, a decisão violadora da súmula é passível de ser questionada
diante do próprio Supremo, por meio de uma Reclamação Constitucional, conforme
parágrafo 3º do artigo 103-A da CF/88;
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Sobre o Controle Incidental de Constitucionalidade:
Obs 1: O Controle Difuso (Incidental) de Constitucionalidade é adotado no Brasil desde a primeira
Constituição Republicana de 1891, e foi mantido nos textos constitucionais posteriores;
Obs 2: Possibilita a qualquer órgão do Poder Judiciário que durante a análise do caso concreto, analise
de forma incidental a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo quando for imprescindível para
a decisão sobreo caso concreto;
Obs 3: Não é o objeto principal da ação, mas ocorre em qualquer tipo de demanda quando o autor se
vale da alegação de inconstitucionalidade de um dispositivo normativo = a natureza do pleito diz
respeito à resolução de um conflito de interesses e não especificamente à declaração de
inconstitucionalidade da lei;
Obs 4: Esse controle incidental trata de uma questão prejudicial à solução da lide, em que a questão
constitucional é suscitada como causa de pedir, devendo a inconstitucionalidade ser declarada na
fundamentação da decisão, não fazendo coisa julgada material.
Obs 5: No exercício do controle difuso da constitucionalidade, a decisão de pronúncia da
inconstitucionalidade possui eficácia subjetiva limitada às partes do processo judicial = somente
aqueles que compuseram a relação jurídico-processual serão alcançados pelos efeitos da decisão =
efeitos inter partes;
Obs 6: Nesse sistema de controle, o itinerário lógico que o juiz percorre é analisar, primeiramente, se a
lei que ampara a pretensão de uma das partes é constitucional ou inconstitucional, portanto, é uma
questão prejudicial que o juiz terá de enfrentar no bojo da sua fundamentação sobre o caso concreto.
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Obs 7: O processo em que é argüida a inconstitucionalidade da norma pode, através de recursos,
especialmente do recurso extraordinário disciplinado no art. 102, III da CF, chegar ao Supremo Tribunal
Federal. (Se o STF declarar inconstitucional aquela norma, em decisão definitiva, comunicará essa
decisão ao Senado Federal que, nos termos do art. 52, X da CF poderá suspender a sua execução. Com
essa suspensão de execução pelo Senado Federal, aí sim a norma dada por inconstitucional e assim
declarada no método difuso não mais terá eficácia. A decisão que antes tinha incidência inter
partes passa a tê-la erga omnes. Essa incidência, entretanto, se dá ex nunc, isto é, a partir da
suspensão procedida pelo Senado Federal);
Obs 8: A Repercussão Geral tornou-se requisito essencial na propositura de qualquer recurso
extraordinário; a ausência desse pressuposto de admissibilidade possibilita ao STF recusar-se à
apreciação do recurso, devendo, nessa hipótese, atender ao quórum previsto em lei – dois terços de
seus membros, o que corresponde a oito votos. as Turmas não têm competência para recusar o
recurso por ausência desse pressuposto de admissibilidade; essa tarefa é exclusiva do Plenário. A Lei
no 11.418/2006 regulamentou o requisito da repercussão geral.
Obs 9: As decisões prolatadas pelo STF no controle concreto de inconstitucionalidade produzem efeito
apenas entre as partes envolvidas na lide; portanto, os juízes singulares, os tribunais e a Administração
Pública poderão, se assim o entenderem, continuar a aplicar a lei afastada.
Obs 10: A declaração de inconstitucionalidade, no controle difuso, não revoga a lei (só o mesmo poder
que cria pode revogar). A lei continua em vigor até que o Senado Federal suspenda sua executoriedade
nos termos do art. 52, X, da CF/88;
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Aula 4: Controle Incidental de Constitucionalidade
Considerações Finais sobre o Controle Incidental de Constitucionalidade:
1) O controle de constitucionalidade difuso (INCIDENTAL) é aquele realizado em um caso
concreto, quando surge em face de lei ou ato normativo, federal ou estadual, de forma
incidental;
2) Neste sistema de controle, o controle é exercido pelo juiz de primeiro grau ou pelos
Tribunais, sendo reservado expressamente (art. 97, CF e Súmula nº 10 do STF) ao Plenário
ou Órgão Especial a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato contestado;
3) O objetivo deste sistema de controle é permitir a defesa de direitos subjetivos de
qualquer indivíduo prejudicado em razão de lei ou ato normativo inconstitucional;
4) O modelo pela via da exceção (incidental) é o sistema que melhor atende à defesa do
cidadão, uma vez que ao possibilita que controvérsias constitucionais acerca de direitos
individuais sejam sempre discutidas pelo indivíduo que se sinta ofendido;
5) A sentença proferida no caso concreto, acerca da inconstitucionalidade de uma lei,
possui efeitos endoprocessuais, isto é, apenas dentro do processo em que a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade foi reconhecida (efeitos inter partes);
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