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Aula 03 - A Segunda Geração Romântica - A poesia egótica de Álvares de Azevedo

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- -1
LITERATURA BRASILEIRA II
A SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA: A 
POESIA EGÓTICA DE ÁLVARES DE AZEVEDO
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Conhecer as principais características da segunda geração romântica
de poesia; 2. verificar a presença dessas características na poesia de Álvares de Azevedo
https://www.youtube.com/watch?v=6mZVHAIE72I
O trecho a que você assistiu é um dos momentos mais eletrizantes da peça “O fantasma da ópera”, inspirada no
romance francês de Gaston Leroux, publicado em 1911.
O enredo se desenvolve no teatro Ópera, de Paris, no século XIX. A protagonista Christine, uma jovem bailarina e
cantora, é amada por um homem que vive escondido nos subterrâneos do teatro, Erik. Por ter o rosto oculto por
uma máscara devido a uma deformidade, os atores e empregados do teatro acreditam que Erik é um fantasma.
Toda a peça transcorre em um ambiente de mistério e terror, nele o romance impossível é o tema soturno da
peça.
Na história da humanidade, ciclicamente, a sensação de melancolia, depressão e fuga da realidade se expressam
na arte por meio de manifestações com características muito semelhantes. A extrema subjetividade, o gosto pela
noite, a morte e a depressão tornam-se temas recorrentes.
A segunda geração do Romantismo, conhecida como ultrarromântica, egótica ou , representa na nossabyroniana
literatura a matriz desse tipo de sentimento, muito comum na adolescência: o tédio. E é a partir dele que se
desenvolve uma série de outros que lhe são complementares.
George Gordon Noel Byron nasceu em 22 de janeiro de 1788, em Londres. Lord Byron teve a vida pessoal
bastante conturbada (...). Em meio a toda agitação existencial, tornou-se o paradigma do homem romântico que
busca a liberdade. Byron escreveu uma obra riquíssima, em que não faltam elementos autobiográficos, e depois
revelou uma faceta satírica e satânica que apresenta em poemas como Don Juan (...). O cinismo e o pessimismo
de sua obra haveriam de criar, juntamente com sua mirabolante vida, uma legião de jovens poetas “byronianos”
por todo o mundo, chegando até o Brasil na obra de grandes escritores, como Álvares de Azevedo.
Também é comum denominar essa como a “Geração Mal do século”. Alguns estudiosos associavam a expressão
“mal do século” à tuberculose que acometia muitos jovens nessa época, doença para a qual não havia remédio.
Entretanto, pesquisas mais recentes percebem que o “mal do século” se refere a uma sensação de
descontentamento, de desajuste entre as expectativas grandiosas e a realidade insatisfatória.
https://www.youtube.com/watch?v=6mZVHAIE72I
- -3
Em nossa literatura, Manoel Antônio Álvares de Azevedo é o poeta que melhor representa essa geração, seja por
trazer o tema muito bem desenvolvido em obra variada, seja pela erudição precoce. Afinal, nosso jovem poeta
faleceu aos 21 anos e deixou uma obra que assombra pelo volume e variedade, já que também escreveu contos e
uma peça de teatro.
Leia uma crítica de Machado de Assis à obra de Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo:
Crítica
“Álvares de Azevedo era realmente um grande talento: só lhe faltou o tempo, como disse um dos seus
necrólogos. Aquela imaginação vivaz, ambiciosa, inquieta, receberia com o tempo as modificações
necessárias; discernindo no seu fundo intelectual, aquilo que era próprio de si, e aquilo que era
apenas reflexo alheio, impressão da juventude, Álvares de Azevedo, acabaria por afirmar a sua
individualidade poética. Era daqueles que o berço vota à imortalidade. Compare-se a idade com que
morreu aos trabalhos que deixou, e ver-se-á que seiva poderosa não existia, naquela organização
rara. Tinha os defeitos, as incertezas, os desvios, próprios de um talento novo, que não podia conter-
se, nem buscava definir-se.”
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul que doce n'alva
Saiba mais
https://www.academia.org.br/?infoid=789&sid=93
https://www.academia.org.br/?infoid=789&sid=93
- -4
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Parece melodramático a você?
Se eu morresse amanhã...
O egotismo dessa geração, marcado pela predominância de uma visão subjetiva do mundo, pode ser verificado
mediante a presença recorrente da figura do eu-lírico próximo do fim, fragilizado por sua condição doentia.
Observe que todos os quartetos são fechados com o verso “Se eu morresse amanhã”, a repetição indica que o eu-
lírico imagina a morte prematura, que causará grande dor a sua mãe e a sua irmã. As duas figuras femininas são
constantes nas poesias do jovem poeta Álvares de Azevedo.
O contraditório sentimento provocado pelo desejo de morrer para dar fim às dores existenciais e, por outro lado,
o lamento pela perda de um futuro promissor constituem o mote principal não apenas desse poema, mas de
muitos outros dessa geração.
Lembrança de morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por
mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota
de alegria Se cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o
poento caminheiro — Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh'alma errante, Onde fogo insensato a consumia: Só levo uma saudade — é
desses tempos Que amorosa ilusão embelecia. Só levo uma saudade — é dessas sombras Que eu
sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe, pobre coitada Que por minha tristeza te
definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos, Poucos — bem poucos — e que não zombavam Quando, em
noite de febre endoudecido, Minhas pálidas crenças duvidavam. Se uma lágrima as pálpebras me
inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me
encostou a face linda!
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Só tu à mocidade sonhadora Do pálido poeta deste flores... Se viveu, foi por ti! e de esperança De na
vida gozar de teus amores. Beijarei a verdade santa e nua, Verei cristalizar-se o sonho amigo.... Ó
minha virgem dos errantes sonhos, Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e
escrevam nelas — Foi poeta — sonhou — e amou na vida.— Sombras do vale, noites da montanha
Que minh'alma cantou e amava tanto, Protegei o meu corpo abandonado, E no silêncio derramai-lhe
canto!
Mas quando preludia ave d'aurora E quando à meia-noite o céu repousa, Arvoredos do bosque, abri
os ramos... Deixai a lua prantear-me a lousa!
Também nesse poema, Álvares de Azevedo reúne uma série de temáticas contempladas em sua obra, mas a que
sobressai é a morte. A antecipação da morte, a reação dos familiares ao passamento do eu-lírico, bem como os
desejos póstumos confirmam o seu protagonismo na cena.
Assim, a morte não é rejeitada pelo eu-lírico, pelo contrário, ela é aguardada com grande expectativa, pois
representa o término de angústias, de desejos insatisfeitos, de ilusões vãs da “alma errante”, consumida pelo
fogo insensato das paixões da juventude e da vida mundana.
É interessante notar que o egotismo romântico encontra expressão diferenciada na última estrofe; nela, o apelo
do eu-lírico se volta à natureza, para que permita que a luz da lua focalize a sua lápide, como o refletor em uma
cena, e para que também ela chore pelo seu fim.
O ambiente sombrio também serviu de cenário à obra Noites da Taverna. Embora em prosa, seus contos
macabros, de temática satânica, constituem material significatico a compor o perfil do poeta,juntamente com a
peça .Macário
Apesar de não ser uma vertente muito divulgada na obra de Álvares de Azevedo, e embora possa parecer
paradoxal, o humor também encontra lugar em sua poética, principalmente na segunda parte da Lira dos vinte
. O poema, a seguir, ilustra bem essa faceta.anos
Namoro a cavalo
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcineia namorada.
Alugo (três mil-réis) por uma tarde
Um cavalo de trote (que esparrela!)
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Só para erguer meus olhos suspirando
A minha namorada na janela...
Todo o meu ordenado vai-se em flores
E em lindas folhas de papel bordado
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,
Algum verso bonito... mas furtado.
Morro pela menina, junto dela
Nem ouso suspirar de acanhamento...
Se ela quisesse eu acabava a história
Como toda a Comédia – em casamento.
Ontem tinha chovido... que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...
Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rocinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada...
Mas eis que no passar pelo sobrado
Onde habita nas lojas minha bela
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela...
O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arripia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada...
Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chápeu que sofrera no pagode
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.
Circunstância agravante. A calça inglesa
Rasgou-se no cair de meio a meio,
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O sangue pelas ventas me corria
Em paga do amoroso devaneio!...
O Dom Quixote brasileiro e romântico, como é descrito o eu-lírico desse poema, é protagonista de uma ação que
se desenvolve por meio da paródia à obra de Cervantes.
No breve enredo, o eu-lírico está enamorado de uma jovem, por quem faz grandes despesas, como alugar cavalo,
comprar flores e papéis de carta. Humilde e sonhador, como Dom Quixote, não se intimida nem mesmo quando
fica todo enlameado por uma carroça. Obstinado em encontrar a jovem, passa pela casa da moça, mas ela fica
irritada e bate com a janela em seu rosto, assustando o cavalo, que o joga no chão e rasga a sua roupa.
A ironia e o humor estão presentes e revelam a gaiatice e a leveza do jovem culto, complementando uma imagem
não apenas feita de tristeza.
As características que marcaram a Segunda Geração do Romantismo encontram ecos nos dias de hoje, seja por
meio de atitudes que cultivam a melancolia e a introversão, seja mediante posturas mais radicais, como os
grupos góticos.
Se você quer conhecer um pouco mais, pesquise também sobre os poetas Junqueira Freire e o popular Casimiro
de Abreu.
O que vem na próxima aula
• Na próxima aula você estudará as características da terceira geração romântica e a poesia social e 
condoreira de Castro Alves.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu as principais características da segunda geração romântica, aprendeu aspectos relativos à 
Fique ligado
Dulcineia é o nome da amada de Dom Quixote, personagem que dá nome à obra de Miguel de
Cervantes.
Rocinante é o nome do cavalo de Dom Quixote.
•
•
- -8
• Conheceu as principais características da segunda geração romântica, aprendeu aspectos relativos à 
obra de Álvares de Azevedo e analisou poemas representativos da obra de Álvares de Azevedo.
•
	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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