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1Curso Ênfase © 2021 TEMAS ESPECIAIS PARA JUIZ FEDERAL DIREITO CONSTITUCIONAL O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO: TRFS E JUÍZES FEDERAIS 1. Características gerais da Justiça Federal 1.1. Tribunais Regionais Federais (TRFs) A Justiça Federal é organizada em dois graus de jurisdição, sendo composta pelos Tribunais Regionais Federais (segundo grau) e pelos juízes federais (primeiro grau). De acordo com o art. 107 da CF/1988 os TRFs “compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I. um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; II. os demais, (quatro quintos) mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente. Nesse sentido, temos: 2Curso Ênfase © 2021 COMPOSIÇÃO DOS TRFS Número de juízes No mínimo sete juízes. Forma de investidura Nomeação pelo presidente da República. Idade Mais de 30 e menos de 65 anos de idade. Nacionalidade Brasileiros natos ou naturalizados. Origem Um quinto de advogados com mais de dez anos de efetiva atividade e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira (quinto constitucional). Restante: promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício (por antiguidade e merecimento, alternadamente). Em atenção ao princípio da efetividade do processo e do acesso à justiça, a Emenda Constitucional (EC) nº 45 – que promoveu a Reforma do Judiciário – previu a descentralização e a instalação da Justiça Itinerante no âmbito da Justiça Federal. Nesse sentido, consoante dispõe o art. 107, § 3º, da CF/1988 (CF/1988), os TRFs “(...) poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo”. Trata-se de previsão constitucional que visa facilitar o acesso à justiça, reforçando a própria democracia. Além disso, os TRFs “(...) instalarão a Justiça Itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários” (art. 107, § 2º, da CF/1988). A EC nº 73/2013 criou os TRFs das 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Regiões, introduzindo o Atenção! 3Curso Ênfase © 2021 § 11 do art. 27 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Contra a referida emenda foi ajuizada a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.017 pela Associação Nacional dos Procuradores (ANPAF). Em 18.07.2013, o Ministro Joaquim Barbosa concedeu a liminar e provocou a suspensão dos efeitos da emenda (pendente ainda de apreciação pelo Pleno) (LENZA, 2019, p. 858). Nesse sentido, segue a redação do dispositivo suspenso: ADCT, art. 27. (...) § 11 São criados, ainda, os seguintes Tribunais Regionais Federais: o da 6ª Região, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, e jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; o da 7ª Região, com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, e jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, com sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição nos Estados da Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com sede em Manaus, Estado do Amazonas, e jurisdição nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 73, de 2013.) (Vide ADIN nº 5.017, de 2013.) 1.2. Competência do TRF A competência dos TRFs divide-se em originária e recursal, nos termos abaixo: CF/1988, art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I – processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 4Curso Ênfase © 2021 c) os mandados de segurança e os habeas datacontra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; II – julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. (Grifos nossos.) 1.3. Juízes federais Os juízes federais são os membros da Justiça Federal de primeiro grau de jurisdição e ingressam na carreira mediante concurso público. No que se refere à organização da Justiça Federal, segundo o art. 110, caput, da CF/1988, “cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei”. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei. A competência dos juízes federais é taxativamente definida pela CF/1988 e está disposta no art. 109 da CF/1988: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; 5Curso Ênfase © 2021 IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004.) VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI – a disputa sobre direitos indígenas. Em relação à Justiça Federal, faz-se importante destacar a “federalização de crimes contra direitos humanos”. Trata-se de incidente suscitado pelo procurador-geral da República no Superior Tribunal de Justiça (STJ) objetivando o deslocamento da competência para a Justiça Federal, nashipóteses de grave violação de direitos humanos (por exemplo, tortura e homicídio praticados por grupos de extermínio), com a finalidade de assegurar o cumprimento de 6Curso Ênfase © 2021 obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte. Nesse sentido, prevê o art. 109, § 5º, da CF/1988: Art. 109. (...) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004.) Busca-se, dessa forma, adequar o funcionamento do Poder Judiciário brasileiro ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos (LENZA, 2019, p. 858). Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas em provas de concursos públicos. A autoria dos e-books não se atribui aos professores de videoaulas e podcasts. Todos os direitos reservados.