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Juiz Federal - Temas Especiais - O Poder Judiciário Na

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TEMAS	ESPECIAIS	PARA	JUIZ	FEDERAL
DIREITO	CONSTITUCIONAL
O	PODER	JUDICIÁRIO	NA	CONSTITUIÇÃO:	TRFS	E
JUÍZES	FEDERAIS
1.	Características	gerais	da	Justiça	Federal
1.1.	Tribunais	Regionais	Federais	(TRFs)
A	 Justiça	 Federal	 é	 organizada	 em	 dois	 graus	 de	 jurisdição,	 sendo	 composta	 pelos
Tribunais	 Regionais	 Federais	 (segundo	 grau)	 e	 pelos	 juízes	 federais	 (primeiro
grau).
De	 acordo	 com	 o	 art.	 107	 da	 CF/1988	 os	 TRFs	 “compõem-se	 de,	 no	mínimo,	 sete
juízes,	 recrutados,	 quando	 possível,	 na	 respectiva	 região	 e	 nomeados	 pelo
Presidente	 da	 República	 dentre	 brasileiros	 com	 mais	 de	 trinta	 e	 menos	 de
sessenta	e	cinco	anos,	sendo:
I.	um	quinto	dentre	advogados	com	mais	de	dez	anos	de	efetiva	atividade	profissional	e
membros	do	Ministério	Público	Federal	com	mais	de	dez	anos	de	carreira;
II.	os	demais,	(quatro	quintos)	mediante	promoção	de	juízes	federais	com	mais	de	cinco
anos	de	exercício,	por	antiguidade	e	merecimento,	alternadamente.
Nesse	sentido,	temos:
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COMPOSIÇÃO	DOS	TRFS
Número	de	juízes No	mínimo	sete	juízes.
Forma	de	investidura Nomeação	pelo	presidente	da	República.
Idade Mais	de	30	e	menos	de	65	anos	de	idade.
Nacionalidade Brasileiros	natos	ou	naturalizados.
Origem Um	quinto	de	advogados	com	mais	de	dez
anos	 de	 efetiva	 atividade	 e	 membros	 do
Ministério	 Público	 Federal	 com	 mais	 de
dez	 anos	 de	 carreira	 (quinto
constitucional).
Restante:	 promoção	 de	 juízes	 federais
com	mais	de	cinco	anos	de	exercício	(por
antiguidade	 e	 merecimento,
alternadamente).
Em	atenção	ao	princípio	da	efetividade	do	processo	e	do	acesso	à	justiça,	a	Emenda
Constitucional	 (EC)	 nº	 45	 –	 que	 promoveu	 a	 Reforma	 do	 Judiciário	 –	 previu	 a
descentralização	e	a	instalação	da	Justiça	Itinerante	no	âmbito	da	Justiça	Federal.
Nesse	sentido,	consoante	dispõe	o	art.	107,	§	3º,	da	CF/1988	(CF/1988),	os	TRFs	“(...)
poderão	 funcionar	 descentralizadamente,	 constituindo	 Câmaras	 regionais,	 a	 fim	 de
assegurar	o	pleno	acesso	do	 jurisdicionado	à	 justiça	em	 todas	as	 fases	do	processo”.
Trata-se	 de	 previsão	 constitucional	 que	 visa	 facilitar	 o	 acesso	 à	 justiça,	 reforçando	 a
própria	democracia.
Além	 disso,	 os	 TRFs	 “(...)	 instalarão	 a	 	 Justiça	 Itinerante,	 com	 a	 realização	 de
audiências	 e	 demais	 funções	 da	 atividade	 jurisdicional,	 nos	 limites	 territoriais	 da
respectiva	jurisdição,	servindo-se	de	equipamentos	públicos	e	comunitários”	(art.	107,	§
2º,	da	CF/1988).
A	EC	nº	73/2013	criou	os	TRFs	das	6ª,	7ª,	8ª	e	9ª	Regiões,	introduzindo	o
Atenção!
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§	 11	 do	 art.	 27	 do	 Ato	 das	 Disposições	 Constitucionais	 Transitórias
(ADCT).
Contra	 a	 referida	 emenda	 foi	 ajuizada	 a	 Ação	 Direta	 de
Inconstitucionalidade	 (ADI)	 nº	 5.017	 pela	 Associação	 Nacional	 dos
Procuradores	 (ANPAF).	 Em	 18.07.2013,	 o	 Ministro	 Joaquim	 Barbosa
concedeu	 a	 liminar	 e	 provocou	 a	 suspensão	 dos	 efeitos	 da	 emenda
(pendente	ainda	de	apreciação	pelo	Pleno)	(LENZA,	2019,	p.	858).	Nesse
sentido,	segue	a	redação	do	dispositivo	suspenso:
ADCT,	art.	27.	(...)
§	11		São	criados,	ainda,	os	seguintes	Tribunais	Regionais	Federais:	o	da
6ª	 Região,	 com	 sede	 em	 Curitiba,	 Estado	 do	 Paraná,	 e	 jurisdição	 nos
Estados	do	Paraná,	Santa	Catarina	e	Mato	Grosso	do	Sul;	o	da	7ª	Região,
com	 sede	 em	 Belo	 Horizonte,	 Estado	 de	Minas	 Gerais,	 e	 jurisdição	 no
Estado	de	Minas	Gerais;	o	da	8ª	Região,	com	sede	em	Salvador,	Estado
da	Bahia,	e	jurisdição	nos	Estados	da	Bahia	e	Sergipe;	e	o	da	9ª	Região,
com	sede	em	Manaus,	Estado	do	Amazonas,	e	jurisdição	nos	Estados	do
Amazonas,	 Acre,	 Rondônia	 e	 Roraima.	 (Incluído	 pela	 Emenda
Constitucional	nº	73,	de	2013.)	(Vide	ADIN	nº	5.017,	de	2013.)
1.2.	Competência	do	TRF
A	competência	dos	TRFs	divide-se	em	originária	e	recursal,	nos	termos	abaixo:
CF/1988,	art.	108.	Compete	aos	Tribunais	Regionais	Federais:	
I	–	processar	e	julgar,	originariamente:
a)	 os	 juízes	 federais	 da	 área	 de	 sua	 jurisdição,	 incluídos	 os	 da	 Justiça	 Militar	 e	 da
Justiça	 do	 Trabalho,	 nos	 crimes	 comuns	 e	 de	 responsabilidade,	 e	 os	 membros	 do
Ministério	Público	da	União,	ressalvada	a	competência	da	Justiça	Eleitoral;
b)	as	revisões	criminais	e	as	ações	rescisórias	de	julgados	seus	ou	dos	juízes	federais	da
região;
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c)	os	mandados	de	segurança	e	os	habeas	datacontra	ato	do	próprio	Tribunal	ou	de	juiz
federal;
d)	os	habeas	corpus,	quando	a	autoridade	coatora	for	juiz	federal;
e)	os	conflitos	de	competência	entre	juízes	federais	vinculados	ao	Tribunal;
II	–	julgar,	em	grau	de	recurso,	as	causas	decididas	pelos	juízes	federais	e	pelos	juízes
estaduais	 no	 exercício	 da	 competência	 federal	 da	 área	 de	 sua	 jurisdição.	 (Grifos
nossos.)
1.3.	Juízes	federais
Os	 juízes	 federais	 são	 os	membros	 da	 Justiça	 Federal	 de
primeiro	 grau	 de	 jurisdição	 e	 ingressam	 na	 carreira
mediante	concurso	público.	
No	que	 se	 refere	 à	 organização	 da	 Justiça	 Federal,	 segundo	 o
art.	 110,	 caput,	 da	 CF/1988,	 “cada	 Estado,	 bem	 como	 o	 Distrito	 Federal,
constituirá	 uma	 seção	 judiciária	 que	 terá	 por	 sede	 a	 respectiva	 Capital,	 e	 varas
localizadas	 segundo	 o	 estabelecido	 em	 lei”.	 Nos	 Territórios	 Federais,	 a
jurisdição	e	as	atribuições	cometidas	aos	juízes	federais	caberão
aos	juízes	da	justiça	local,	na	forma	da	lei.
A	 competência	 dos	 juízes	 federais	 é	 taxativamente	 definida
pela	CF/1988	e	está	disposta	no	art.	109	da	CF/1988:
Art.	109.	Aos	juízes	federais	compete	processar	e	julgar:
I	 –	as	causas	em	que	a	União,	entidade	autárquica	ou	empresa	pública	 federal	 forem
interessadas	 na	 condição	 de	 autoras,	 rés,	 assistentes	 ou	 oponentes,	 exceto	 as	 de
falência,	 as	 de	 acidentes	 de	 trabalho	 e	 as	 sujeitas	 à	 Justiça	 Eleitoral	 e	 à	 Justiça	 do
Trabalho;
II	 –	 as	 causas	 entre	 Estado	 estrangeiro	 ou	 organismo	 internacional	 e	 Município	 ou
pessoa	domiciliada	ou	residente	no	País;
III	 –	as	causas	 fundadas	em	tratado	ou	contrato	da	União	com	Estado	estrangeiro	ou
organismo	internacional;
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IV	 –	 os	 crimes	 políticos	 e	 as	 infrações	 penais	 praticadas	 em	 detrimento	 de	 bens,
serviços	ou	interesse	da	União	ou	de	suas	entidades	autárquicas	ou	empresas	públicas,
excluídas	as	contravenções	e	ressalvada	a	competência	da	Justiça	Militar	e	da	Justiça
Eleitoral;
V	 –	 os	 crimes	 previstos	 em	 tratado	 ou	 convenção	 internacional,	 quando,	 iniciada	 a
execução	 no	 País,	 o	 resultado	 tenha	 ou	 devesse	 ter	 ocorrido	 no	 estrangeiro,	 ou
reciprocamente;
V-A	 –	 as	 causas	 relativas	 a	 direitos	 humanos	 a	 que	 se	 refere	 o	 §	 5º	 deste	 artigo;
(Incluído	pela	Emenda	Constitucional	nº	45,	de	2004.)
VI	 –	 os	 crimes	 contra	 a	 organização	 do	 trabalho	 e,	 nos	 casos	 determinados	 por	 lei,
contra	o	sistema	financeiro	e	a	ordem	econômico-financeira;
VII	 –	 os	 habeas	 corpus,	 em	 matéria	 criminal	 de	 sua	 competência	 ou	 quando	 o
constrangimento	provier	de	autoridade	cujos	atos	não	estejam	diretamente	 sujeitos	a
outra	jurisdição;
VIII	 –	 os	mandados	de	 segurança	e	os	habeas	data	 contra	 ato	 de	 autoridade	 federal,
excetuados	os	casos	de	competência	dos	tribunais	federais;
IX	–	os	crimes	cometidos	a	bordo	de	navios	ou	aeronaves,	ressalvada	a	competência	da
Justiça	Militar;
X	–	os	crimes	de	ingresso	ou	permanência	irregular	de	estrangeiro,	a	execução	de	carta
rogatória,	 após	 o	 "exequatur",	 e	 de	 sentença	 estrangeira,	 após	 a	 homologação,	 as
causas	referentes	à	nacionalidade,	inclusive	a	respectiva	opção,	e	à	naturalização;
XI	–	a	disputa	sobre	direitos	indígenas.
Em	 relação	 à	 Justiça	 Federal,	 faz-se	 importante	 destacar	 a
“federalização	de	crimes	contra	direitos	humanos”.	Trata-se	de
incidente	 suscitado	 pelo	 procurador-geral	 da	 República	 no
Superior	 Tribunal	 de	 Justiça	 (STJ)	 objetivando	 o
deslocamento	 da	 competência	 para	 a	 Justiça	 Federal,	 nashipóteses	 de	 grave	 violação	 de	 direitos	 humanos	 (por
exemplo,	 tortura	 e	 homicídio	 praticados	 por	 grupos	 de
extermínio),	 com	 a	 finalidade	 de	 assegurar	 o	 cumprimento	 de
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obrigações	 decorrentes	 de	 tratados	 internacionais	 de	 direitos
humanos	dos	quais	 o	Brasil	 seja	parte.	Nesse	 sentido,	prevê	o
art.	109,	§	5º,	da	CF/1988:
Art.	109.	(...)
§	 5º	 Nas	 hipóteses	 de	 grave	 violação	 de	 direitos	 humanos,	 o	 Procurador-Geral	 da
República,	com	a	finalidade	de	assegurar	o	cumprimento	de	obrigações	decorrentes	de
tratados	 internacionais	 de	 direitos	 humanos	 dos	 quais	 o	 Brasil	 seja	 parte,	 poderá
suscitar,	 perante	 o	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça,	 em	 qualquer	 fase	 do	 inquérito	 ou
processo,	 incidente	de	deslocamento	de	competência	para	a	Justiça	Federal.	(Incluído
pela	Emenda	Constitucional	nº	45,	de	2004.)
Busca-se,	 dessa	 forma,	 adequar	 o	 funcionamento	 do	 Poder
Judiciário	 brasileiro	 ao	 sistema	 de	 proteção	 internacional	 dos
direitos	humanos	(LENZA,	2019,	p.	858).
Obra	coletiva	do	Curso	Ênfase	produzida	a	partir	da	análise	estatística	de	incidência
dos	temas	em	provas	de	concursos	públicos.	
A	autoria	dos	e-books	não	se	atribui	aos	professores	de	videoaulas	e	podcasts.	
Todos	os	direitos	reservados.

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