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1Curso Ênfase © 2021 TEMAS ESPECIAIS PARA JUIZ FEDERAL DIREITO TRIBUTÁRIO Principais súmulas dos TRFs em matéria tributária 1. As principais súmulas em matéria tributária dos Tribunais Regionais Federais (TRFs) Em um primeiro momento, é importante mencionar que doutrinadores fazem distinção entre precedentes, jurisprudência e súmulas. Nesta esteira, segundo o professor Michele Taruffo, há diferenças quantitativa e qualitativa entre precedente e jurisprudência. Evidentemente, a jurisprudência se consolida, em termos quantitativos, em vários e vários julgados, alcançando a formação do enunciado abstrato, a súmula. Neste caso, a súmula é o resultado alcançado pelo tribunal diante da discussão repetida em vários julgados. Por outro lado, o precedente, como o próprio nome diz, prescinde de reiterados julgados para se fazer existir, bastando um precedente. Portanto, a diferença quantitativa é essa, dependendo a jurisprudência de vários julgados para formar a súmula ou, como se diz no Direito italiano, a máxima; e o precedente surge independentemente da consolidação de entendimentos. Assim, a súmula é o enunciado abstrato que consolida uma interpretação dos tribunais. Não obstante, segundo José Rogério Cruz e Tucci, no seu livro especial sobre a matéria, Precedente Judicial Como Fonte De Direito, mencionam a perspectiva da eficácia vertical dos precedentes e da eficácia horizontal dos precedentes. Os precedentes das Cortes Superiores vinculam os precedentes das Cortes inferiores, em virtude do respeito à hierarquia, sendo esta a eficácia vertical dos precedentes. Por outro lado, a 2Curso Ênfase © 2021 eficácia horizontal dos precedentes é o controle nomofilático, ou seja, o controle de interpretação da norma dos precedentes entre as Cortes do mesmo grau de jurisdição. Portanto, as Cortes do mesmo grau de jurisdição têm que respeitar os seus próprios precedentes, só podendo deixar de aplicar seus precedentes obrigatórios no caso da superação do precedente, chamado de overruling. Destarte, diante do panorama dos precedentes, destacam-se as súmulas em matéria tributária editadas pelos TRFs. Atualmente, no Brasil existem cinco TRFs. Estes são definidos, segundo a Constituição Federal de 1988 (CF/1988) no seu art. 106, inciso I, como órgãos da Justiça Federal. O primeiro TRF a editar uma súmula foi o TRF da 3º Região (TRF3) em 1990. A liderança no grupo é do TRF da 4ª Região (TRF4), que tem 134 súmulas editadas. Aqui, abordaremos as súmulas com que tratam da matéria do direito tributário para maior conhecimento e aprofundamento dos temas. O TRF4 é o tribunal que mais editou súmulas sobre a matéria tributária. Dentre as quais, destacamos: i) Súmula de nº 123: A caracterização do delito de descaminho prescinde da constituição do crédito tributário. O TRF4 consolidou o entendimento de que o delito previsto no art. 334 do Código Penal (CP) se perfectibiliza com a simples entrada da mercadoria em território nacional sem o pagamento dos impostos devidos, sendo inexigível a constituição definitiva do débito para caracterização do tipo penal ou como condição de sua tipicidade, e constituindo a pena de perdimento sanção decorrente do ilícito penal. Aqui está o Supremo Tribunal Federal (STF), no mesmo sentido, no habeas corpus (HC) nº 99.740: “Quanto aos delitos tributários materiais, esta nossa Corte dá pela necessidade do lançamento definitivo do tributo devido, como condição de caracterização do crime. Tal direção interpretativa está assentada na ideia-força de que, para a consumação dos crimes tributários descritos nos cinco incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, é imprescindível a ocorrência do resultado supressão ou redução de tributo. Resultado aferido, tão somente, após a constituição definitiva do crédito tributário (Súmula Vinculante 24). 3. Por outra volta, a consumação do delito de descaminho e a posterior abertura de processo-crime não estão a depender da constituição administrativa do débito fiscal. Primeiro, porque o delito de descaminho é rigorosamente formal, de modo a prescindir da ocorrência do resultado 3Curso Ênfase © 2021 naturalístico. Segundo, porque a conduta materializadora desse crime é ‘iludir’ o Estado quanto ao pagamento do imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. E iludir não significa outra coisa senão fraudar, burlar, escamotear. Condutas essas minuciosamente narradas na inicial acusatória”. (Grifos nossos.) ii) Súmula nº 90 do TRF4: O encerramento de processo falimentar sem bens aptos à satisfação do crédito tributário, constada a impossibilidade de redirecionamento, conduz à extinção da execução fiscal por falta de interesse processual (art. 485, VI, CPC/15). Aqui, temos uma súmula que trata da execução fiscal, tema afeto ao cotidiano da Justiça Federal. Neste caso, entendeu o Tribunal que o encerramento da falência através de sentença decorre do exaurimento patrimonial da massa, e, por isto, não existe razão para se manter o processo falimentar, na medida em que não há mais bens que possam integrar o acervo patrimonial a ser dividido. Da mesma forma, não haveria sentido de se manter uma execução fiscal contra a pessoa jurídica, já transformada em massa falida e que teve o reconhecimento judicial de exaurimento de seu acervo patrimonial. Assim, deve a execução ser extinta à ausência de interesse processual. O TRF da 5ª Região (TRF5), dentre os TRFs, foi o que editou o menor número de verbetes sumulares. Dentre os quais, destacamos: i) Súmula nº 12: É inconstitucional o empréstimo compulsório instituído pelo Decreto- Lei nº 2.288/86. Legitimidade passiva da União para a causa. ii) Súmula nº 21: Compete às Varas Federais processar e julgar as execuções fiscais propostas pela União, suas autarquias e empresas públicas, salvo aquelas ajuizadas perante a Justiça Estadual, em exercício de competência delegada, até 13 de março de 2015. Esta súmula foi um marco com relação à delegação da competência. Na mesma esteira, o STJ diz: “sedimentado no STJ de que a competência para julgar a demanda proposta pela União ou pelas entidades autárquicas federais é da Justiça Estadual sempre que inexistir Vara Federal na comarca de domicílio do devedor (REsp 1.146.194-SC, rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 14.08.2013), sendo esta uma hipótese de competência absoluta, por força do art. 109, § 3º, da Constituição Federal c/c art. 15, inciso I, da Lei nº 5.010/66”. 4Curso Ênfase © 2021 O TRF3 possui 37 súmulas com temas em geral. Ao que tange a matéria tributária, destacamos: i) Súmula nº 31: Na hipótese de suspensão da execução fiscal, com fundamento no artigo 40 da Lei 6.830/80, decorrido o prazo legal, serão os autos arquivados sem extinção do processo ou baixa na distribuição. A execução fiscal é tema de relevante importância para a Justiça Federal. Aqui, é importante mencionar recentíssimo entendimento do STJ, em sede de recurso repetitivo, tangenciando a questão. Veja as teses fixadas no REsp nº 1.340.553: Tese do Tema nº 566: O prazo de 1 (um) ano de suspensão do processo e do respectivo prazo prescricional previsto no art. 40, §§ 1º e 2º da Lei n. 6.830/80 – LEF tem início automaticamente na data da ciência da Fazenda Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no endereço fornecido, havendo, sem prejuízo dessa contagem automática, o dever de o magistrado declarar ter ocorrido a suspensão da execução. ii) Súmulanº 17: Não incide imposto de renda sobre verba indenizatória paga a título de férias vencidas e não gozadas em caso de rescisão contratual. O entendimento foi sumulado também pelo STJ no Verbete Sumular de nº 386: São isentas de Imposto de Renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional. Portanto, não incide imposto de renda sobre os valores percebidos pelo empregado a título de férias indenizadas, em vista do seu caráter indenizatório. Agora o TRF da 2ª Região (TRF2) conta com 61 verbetes sumulares, dentre os quais ressaltamos a importância em matéria tributária: i) Súmula nº 50: As anuidades da Ordem dos Advogados do Brasil não têm natureza tributária e estão afetas às Turmas Especializadas em Direito Administrativo. No mesmo sentido está o entendimento do STJ no REsp nº 497.871-SC: compreende que, embora a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seja autarquia especial, as contribuições por ela cobradas não têm natureza tributária e não se destinam a compor a receita da Administração Pública. ii) Súmula nº 31: Na execução fiscal, é vedada a nomeação à penhora de títulos da dívida pública sem liquidez imediata, de difícil ou duvidosa liquidação. 5Curso Ênfase © 2021 O tema da execução fiscal é de extrema importância para a Justiça Federal. iii) Súmula nº 23: Não incide imposto de renda sobre a indenização recebida pela adesão ao programa de desligamento voluntário. O tema é relevante, pois até mesmo o STJ tem entendimento em igual sentido. O entendimento do STJ foi consolidado no Verbete Sumular de nº 215: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do Imposto de Renda. Por fim, trataremos das súmulas mais importantes do TRF da 1ª Região (TRF1). Poucas foram editadas pelo TRF1 (apenas 59), embora seja o tribunal com maior abrangência territorial, sendo que a última foi publicada em 2016. Sendo assim, sobre a matéria tributária, dentre as súmulas editadas por este tribunal é possível destacar: i) Súmula nº 22: São inconstitucionais, por impropriedade formal da via legislativa, os Decs.-lei 2.445/88 e 2.449/88, que alteraram a contribuição para o Programa de Integração Social – PIS. ii) Súmula nº 25: Nas ações que visem a devolução do empréstimo compulsório de combustível, cobrado indevidamente dos contribuintes, é suficiente a prova de propriedade do veículo, sendo desnecessária a comprovação da quantia paga a esse título, uma vez que o valor do resgate é de ser calculado com base nas Insts. Norms. 147/86, 92/87, 183/87 e 201/88, da SRF, sobre o consumo médio por veículo. Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas em provas de concursos públicos. A autoria dos e-books não se atribui aos professores de videoaulas e podcasts. Todos os direitos reservados.
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