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TRIBUTO IPTU

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TRIBUTO IPTU
A Regra Matriz de Incidência Tributária (RMIT) possibilita definir o fato jurídico tributário, delimitando sua hipótese, bem como identificar a obrigação tributária em seu consequente. Sua funcionalidade é determinar os critérios de identificação do fato jurídico tributário, de forma a demarcar o âmbito na incidência normativa, possibilitando o controle da legalidade e constitucionalidade desta.
O IPTU é o único imposto sobre a propriedade cuja instituição e cobrança é atribuída aos Municípios, revelando-se de extrema importância para os orçamentos municipais, tendo em vista que, nas pequenas cidades, a receita advinda do ISS e do ITBI costuma ser pouco representativa.
A Importante característica desse imposto é trazida pelo § 1º do art. 156 da Constituição, que trata da progressividade. Pela norma, o imposto poderá ser progressivo em razão do valor, localização e uso do imóvel, exercendo importante função extrafiscal na medida em que alíquotas menores incidirão sobre propriedades igualmente menores, não localizadas em áreas mais bem estruturadas e que exerçam a função social.
Por fim o IPTU está previsto nos arts 32 e 34 do código tributário nacional.
Acerca desse tema, escassa é a produção científica e poucos doutrinadores se debruçam sobre esse tributo, trata-se de um imposto sem grandes celeumas e com poucos assuntos eclodindo no Judiciário, quando em comparação com outras espécies tributárias. Isso não afasta sua importância e relevância dentro do sistema jurídico, mesmo porque o IPTU constitui uma das mais importantes fontes de receitas próprias dos municípios (pelo em menos potencial). Para aprofundar o exame da estrutura da norma jurídica do imposto em questão, Paulo de Barros Carvalho elaborou os critérios mínimos de incidência tributária de uma norma jurídica.
ANTECEDENTE:
2.1 CRITÉRIO MATERIAL.
O critério material do IPTU é ser proprietário, ter o domínio útil ou a posse do bem imóvel. Proprietário, nos termos do art. 1.228 do Código Civil, é aquele que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Determina a ação e o estado exigidos do sujeito passivo para que ocorra a incidência da tributação. Assim, o critério material é responsável por descrever o comportamento de pessoas (físicas ou jurídicas) sobre o qual o tributo incidirá. Trata-se do núcleo da hipótese de incidência, que identifica o tributo em espécie e o distingue dos demais, o que é responsável também por definir a competência tributária conforme as prescrições constitucionais de cada ente federativo.
2.2. Critério temporal
Por critério temporal deve-se entender o momento em que a ocorrência do fato de repercussão jurídica é relevante, competindo à lei ordinária a sua fixação. No IPTU, o critério temporal é verificado no primeiro dia de janeiro de cada ano.
O próprio princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, “b” e “c”, da Constituição), ao qual o IPTU se submete, contribui para afastar qualquer periodicidade inferior a um ano. Assim, se a lei que vier a majorar este tributo só poderá incidir no exercício financeiro seguinte ao de sua entrada em vigor, o valor da propriedade predial e territorial urbana do contribuinte somente poder ser aferido anualmente.
A cobrança, por sua vez, ocorre por meio do envio de carnê aos contribuintes, documento que formaliza o lançamento de ofício a que o imposto está sujeito.
2.3. Critério espacial
A princípio, o critério espacial do imposto é a zona urbana do Município em que o imóvel se encontra.
O CTN, no § 1º do art. 32, define o que é zona urbana, justamente para diferenciá-la da zona rural, sobre a qual há incidência do Imposto Territorial Rural (ITR). Assim, para uma zona ser considerada urbana e, portanto, passível de cobrança do IPTU, deve possuir pelo menos dois dos melhoramentos descritos em referido artigo, construídos ou mantidos pelo Poder Público. São eles:
(i)	meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
(ii)	abastecimento de água;
(iii)	sistema de esgotos sanitários;
(iv)	rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
(v)	escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.
Ainda, nos termos do § 2º do mesmo art. 32, a lei municipal pode considerar como área urbana as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas taxativamente como urbana.
CONSEQUENTE.
2.4.0 Critério pessoal
O sujeito ativo (titular do direito subjetivo de exigir a prestação pecuniária) é a União Federal. Já o sujeito passivo é o contribuinte, ou seja, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou detentora do domínio útil ou a posse do bem rural (conforme art. 34 do CTN), que tem por domicílio tributário o Município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer outro.
Além disso, é considerado responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts. 128 a 133 do CTN.
2.4. 1 Critério quantitativo
O critério quantitativo indica os fatores que conjugados exprimem o valor pecuniário da dívida. É que normalmente e composto por base de cálculo e alíquota.
2.4.2 Base de Cálculo
Entende-se por base de cálculo o aspecto dimensível da hipótese de incidência. Ao lado da função mensuradora, a base de cálculo confirma, afirma ou infirma o aspecto material do antecedente normativo.
Nos termos do art. 33 do CTN, a base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, não se considerando o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.
O valor venal de um imóvel é o preço de venda, levando-se em consideração o terreno acrescido de suas edificações, estimado por critérios técnicos prescritos em lei municipal. É o valor provável do imóvel, aquele que o bem alcançaria para compra e venda à vista, conforme as condições usuais do mercado imobiliário.
O valor venal do imóvel, por ser a base de cálculo do imposto e um dos critérios da regra-matriz de incidência, só pode ser fixado ou majorado por lei.
2.4.1. Alíquota
A alíquota é o critério legal, em regra expresso em percentagem (%). No caso do IPTU, a alíquota aplicada o Município de São Paulo varia de 1% a 1,5%, nos termos da Lei 6.989/1966, que sofreu diversas alterações, em especial, pela Lei 15.889/2013. Esta legislação estabelece que:
1.	para os imóveis construídos utilizados exclusiva ou predominantemente como residência, o imposto é calculado à razão de 1% do valor venal, com acréscimos e descontos definidos por faixas de valor venal.
2.	para os demais imóveis construídos e terrenos, o imposto é calculado à razão de 1,5% do valor venal, com acréscimos e descontos também definidos por faixas de valor venal.
A Constituição permitiu, no art. 182, II, § 4º, a utilização de alíquotas maiores para imóveis em desacordo com o plano diretor urbano, pretendendo elevar a tributação sobre tais imóveis, com a finalidade de desestimular o aproveitamento errôneo do solo urbano.
Nestes casos, o IPTU será utilizado como instrumento para desestimular comportamentos definidos em lei e o imposto será utilizado prioritariamente em caráter extrafiscal.

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