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Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Diagnóstico Endodôntico: Classificação e Terminologia O diagnóstico endodôntico, como fase do tratamento que irá nortear a terapia que será empregada, exige experiência, capacitação, paciência e precisão na tomada e arranjo dos dados coletados pelo profissional, mas, e principalmente, conhecimento das condições de normalidade e, das doenças pulpares e periapicais e como estas se manifestam. Estas doenças em geral são identificadas por meio dos sinais e sinto- mas apresentados pelo paciente; porém, ainda é vista uma variedade na terminologia utilizada para classificá-las. A ausência de uma classificação confiável, objetiva e prática, pode confundir o profissional e levar a um diagnóstico incorreto e, por con- sequência, indicar o tratamento quando não necessário, ou o contrário, apontando a não necessidade de tratamento endodôntico quando na verdade este é imprescindível, além de ocasionar outras desordens. Ademais, organizar e aplicar uma classificação que seja simples e fun- cional, e contemple termos comuns relacionados a achados clínicos, certamente facilitará a comunicação entre os endodontistas, clínicos, estudantes, professores e pesquisadores. Diante disso, e também baseado nas propostas da AAE (American Association of Endodontists) para o tema, a SBEndo vem apresentar uma classificação das condições de normalidade e das doenças da polpa e do periápice, bem como esclarecer as respostas aos tes- tes e outros critérios clínicos e aos exames de imagem, essenciais para a validação do diagnóstico, clamando por sua aceitação e reco- mendando seu uso por todos os profissionais que trabalham com a especialidade, bem como nas instituições de ensino e toda a área de saúde. Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Apesar do cuidado em proporcionar uma identificação segura para todos, deve-se reconhecer que as doenças de origem “endodôntica” se desenvolvem num processo progressivo e dinâmico, o que pode variar os sinais e a sintomatologia dependendo do estágio da doença e da condição sistêmica do paciente. Ademais, deve-se considerar ainda as variações encontradas na detecção dos sinais clínicos, na obten- ção das respostas aos testes pulpares e nos achados dos exames de imagem, que podem apresentar resultados conflitantes e inconclusi- vos em algumas situações, dificultando a interpretação dos dados e a condução do tratamento adequado. Os procedimentos para exame e diagnóstico devem contemplar: • a avaliação das condições gerais do paciente quanto à sua história de saúde pregressa e atual, medicações que toma, alergia a medi- camentos ou produtos, etc., • a queixa principal (se houver): há quanto tempo surgiu, qual a evo- lução dos sintomas, a duração da dor, localização, estímulos (o que intensifica ou alivia a dor), medicamentos (se alivia ou não), como e quando ocorreu um tratamento anterior (se houver), • os aspectos clínicos de relevância, inicialmente extraorais: como assimetria facial, edema, fístula cutânea, gânglios inflamados ou infartados (linfoadenopatia) e depois intraorais: como edema, fístu- la, hiperplasia pulpar ou periodontal, estado periodontal geral e nos dentes suspeitos, mobilidade e a condição atual dos dentes restau- rados ou não (infiltrações, fraturas, alteração de cor, mobilidade), • os aspectos radiográficos e/ou tomográficos de importância, prin- cipalmente quanto à verificar desde a rizogênese (se completa ou incompleta), presença de cáries e sua profundidade, assim como a qualidade das restaurações, presença de calcificações, lesões periapicais, além de perfurações e fraturas, e • a realização dos testes mecânicos (inspeção, palpação e per- cussão), e testes pulpares térmicos frio (essencial) e calor (veri- ficando o declínio da sensibilidade após o estímulo), testes elétrico e fisiométricos (quando aplicáveis), além da transiluminação. Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Lembrando sempre que os testes devem ser realizados primeira- mente em dentes adjacentes ou contralaterais, para se identificar a resposta normal em dentes supostamente sadios e familiarizar o paciente com os testes. A partir deste ponto, coletados e arranjados os dados, pode-se indicar o estado de normalidade da polpa ou se há presença de alterações inflamatórias, ou se há necrose da polpa e alguma patologia asso- ciada. A classificação considera ainda a acuidade e a sintomatologia espontânea apresentados, além de considerar outras características clínicas ou apresentadas nos exames de imagem, complementares ao diagnóstico, como segue: POLPA VIVA: normal, pulpite reversível, pulpite irreversivel sintomática, pul- pite irreversível assintomática. Outras características complementares: Pólipo pulpar, nódulo pulpar, calcificação difusa, reabsorção interna, reabsorção externa. POLPA NECROSADA: necrose pulpar, periodontite apical sintomática, absces- so apical agudo, periodontite apical assintomática, abscesso apical crônico. Outras características complementares: Osteíte condensante, “granuloma”, “cisto”, dente tratado endodontica- mente, dente com tratamento iniciado. Guia de orientação SBEndo Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) DIAGNÓSTICO ENDODÔNTICO: CLASSIFICAÇÃO E TERMINOLOGIA POLPA VIVA NORMAL Sem sintomas e resposta positiva inalterada aos testes térmicos NECROSE PULPAR Sem sintomas e resposta negativa aos testes térmicos DOENÇAS PULPARES DOENÇAS PERIAPICAIS PULPITE REVERSÍVEL Dor provocada (frio), localizada e de curta duração. Sem alterações aos exames de imagem na região periapical PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA Dor moderada a intensa, localizada, agravada pela mastigação, pode se tornar espontânea, pode gerar sensação de dente extruído, mais sensível à percussão vertical, sem edema. Exames de imagem: aumento do espa- ço perirradicular e pode ter rompimento da lâmina dura PULPITE IRREVERSÍVEL SINTOMÁTICA Dor espontânea, intensa, contínua, difusa, mal combatida com analgé- sicos. Pode doer muito com frio e calor no início e aliviar com frio nos estágios finais. Pontualmente pode apresentar ligeiro aumento do espa- ço periradicular ao exame de imagem ABSCESSO APICAL AGUDO Dor intensa, espontânea, difusa, com edema, mais sensível à percussão horizontal. Exames de imagem: pode apresentar aumento do espaço perirradicular e/ou rompimento da lâmina dura (imagem apical de “esfu- maçamento”) ou rarefação óssea periapical difusa ou circunscrita PULPITE IRREVERSÍVEL ASSINTOMÁTICA Não tem dor espontânea e a resposta aos estímulos térmicos pode ser normal ou ligeiramente alterada. Cárie profunda ou trauma podem expor a polpa. Sem alterações periapicais aos exames de imagem. PERIODONTITE APICAL ASSINTOMÁTICA Assintomático. Sem dor espontânea. As vezes pode doer ao mastigar alimentos mais sólidos. Exames de imagem: apresenta rarefação óssea periapical difusa ou circunscrita CARACTERÍSTICAS COMPLEMENTARES ABSCESSO APICAL CRÔNICO Assintomático ou com ligeiro desconforto à percussão. Presença de fístula. Exames de imagem: pode apresentar rarefação óssea periapical difusa ou circunscrita Pólipo pulpar: tecido pulpar observado na câmara pulpar exposta (polpa viva), decorrente de inflamação crônica (hiperplasia pulpar), normalmenteassociadas a ápices incompletos CARACTERÍSTICAS COMPLEMENTARES Nódulo pulpar: calcificação pulpar na câmara pulpar, detectável nos exames de imagem Osteíte condensante: hipergênese óssea de causa desconhecida, que produz espessamento do osso. Exames de imagem: apresenta densa imagem radiopaca em geral localizada na região apical Calcificação difusa: calcificação parcial ou total da câmara pulpar e/ou canal radicular, detectável nos exames de imagem Granuloma (pequena rarefação óssea periapical circunscrita) ou cisto (extensa rarefação óssea periapi- cal circunscrita, em geral com deslocamento dos dentes adjacentes e abaulamento da cortical óssea). OBS.: lesões visíveis em exames de imagem, porém somente confirmadas por análise histológica Reabsorção interna: reabsorção da parede dentinária do canal, detectável nos exames de imagem. Na câmara pulpar pode causar alteração de cor geralmente no terço cervical (mancha rósea) Dente com tratamento iniciado: Exames de imagem indicam que o dente teve seu tratamento iniciado (realizados pulpotomia e/ou esvaziamento e/ou preparo do canal e/ou com medicação intracanal) Reabsorção externa: reabsorção da parede externa radicular, detectável nos exames de imagem. Pode ser inflamatória ou substitutiva, polpa viva ou necrosada Dente tratado endodonticamente: Exames de imagem indicam que o dente já foi tratado (algum ou to- dos os canais foram obturados) Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Classificação: da normalidade às doenças da polpa Como visto no quadro sinóptico, a POLPA VIVA NORMAL é caracteri- zada pela ausência de sintomatologia e de resposta positiva aos tes- tes mecânicos, com resposta normal aos testes térmicos, ou seja, a duração da sensibilidade aos estímulos deve ser rápida (após alguns poucos segundos). POLPA VIVA NORMAL Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Na PULPITE REVERSÍVEL também não se encontram sinais clínicos nem sintomatologia intensa, e o desconforto é produzido por substân- cias doces ou ácidas, bem como e principalmente ao frio, com declínio rápido da dor que desaparece após alguns segundos da remoção do estímulo, ou seja, a dor é provocada e localizada. Em geral está asso- ciada a hipersensibilidade dentinária, retrações, cáries não profundas, bem como restaurações de média profundidade. Não há alteração do periápice aos exames de imagem, mas convém após o tratamento conservador reavaliar o estado pulpar verificando se houve o retorno da polpa à normalidade. PULPITE REVERSÍVEL Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo A PULPITE IRREVERSÍVEL sintomática é caracterizada por dor inten- sa, que caminha de forma intermitente para contínua, espontânea, que pode ser referida para outras áreas, que se intensifica quando o pacien- te deita ou se abaixa, e geralmente muito aumentada pelos estímulos térmicos (que persistem por 30 segundos ou mais mesmo após sua remoção). Os analgésicos comuns fazem pouco ou nenhum efeito. Pontualmente, o dente algógeno pode ficar sensível à percussão verti- cal e palpação, e apresentar ligeiro aumento do espaço pericementário aos exames imaginológicos. Em geral está associada a cáries e res- taurações profundas. PULPITE IRREVERSÍVEL SINTOMÁTICA Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Já na PULPITE IRREVERSÍVEL ASSINTOMÁTICA nota-se ausência de sintomatologia espontânea e pode haver resposta normal ou ligei- ramente alterada aos testes pulpares. Geralmente, é originada de uma cárie profunda ou trauma, esperando sempre uma exposição pulpar e necessidade de tratamento endodôntico; porém, algumas situações podem tomar uma forma crônica característica em dentes íntegros ou pouco lesados, e apresentar características como pólipo pulpar, nódu- lo pulpar e reabsorções. PULPITE IRREVERSÍVEL ASSINTOMÁTICA Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Algumas características clínicas ou imaginológicas servem even- tualmente, se presentes, de complemento para o diagnóstico das alterações pulpares. A hiperplasia pulpar é uma inflamação crônica geralmente associada a rizogênese incompleta, e se verifica um tecido pulpar exposto na câmara pulpar, denominado pólipo pulpar. NÓDULO PULPAR é o nome dado à formação de cálculo na câmara pulpar (e às vezes no canal radicular) que é visto radiograficamente ou em tomografia, que pode ocasionalmente provocar uma sensação de desconforto ao paciente. Característica: PÓLIPO PULPAR / Diagnóstico: Pulpite irreversível assintomática com pólipo pulpar Característica: nódulo pulpar / diagnóstico: Pulpite irreversível assintomática com nódulo pulpar Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Ainda pode-se encontrar uma calcificação difusa, parcial ou total da câmara pulpar e em geral, associada ao canal radicular em toda sua extensão, e, devido à formação de dentina em excesso, pode apresen- tar alteração de cor na coroa dentária. Característica: calcificação difusa Diagnóstico: Pulpite irreversível assintomática (se polpa viva) ou Necrose pulpar (se polpa necrosada) com calcificação difusa A constatação de calcificação pode orientar o clínico para o planeja- mento da terapia, principalmente com o auxílio de imagens tomográfi- cas, como vista a seguir: Imagem tomográfica de calcificação difusa Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Também as reabsorções interna e externa podem ser detectadas por radiografia e/ou tomografia. A reabsorção interna surge em casos de polpa viva, geralmente deformando o canal radicular pela reabsorção das paredes dentinárias; quando ocorre na coroa dentária próximo à região do colo dentário, pode promover alteração cromática (mancha rósea); na reabsorção externa a polpa pode estar viva ou necrosada e ocorre externamente ao dente, reabsorvendo cemento e dentina sub- sequentemente, podendo alcançar o canal radicular. Característica: Reabsorção Interna / Diagnóstico: Pulpite irreversível assintomática com reabsorção interna Imagem tomográfica de REABSORÇÃO INTERNA Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Característica: Reabsorção externa Diagnóstico: Pulpite irreversível assintomática (se polpa viva) ou Necrose pulpar (se polpa necrosada) com reabsorção externa Imagem tomográfica de REABSORÇÃO EXTERNA Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Classificação: da necrose às doençasdo periápice Como também visto no quadro resumido, nas situações de polpa necro- sada, o estágio inicial é denominado NECROSE PULPAR, situação em que não há sintomas e a polpa responde negativamente aos testes e, mesmo não havendo presença de alterações periapicais ou dor à pal- pação ou percussão, o tratamento endodôntico deve ser iniciado. Necrose pulpar A PERIODONTITE APICAL SINTOMÁTICA exibe a primeira condição de contaminação do canal radicular (dita infecção primária) suficiente para causar alteração do periodonto apical (pode apresentar aumento do espaço pericementário ou pequena lesão periapical dependendo do estágio patológico) representada por dor moderada a intensa, loca- lizada, e agravada pela oclusão ou mastigação, levando à dor à percus- são (mais vertical), porém, sem presença de edema. Periodontite apical sintomática Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Geralmente como sequência do processo de contaminação não estacio- nado, surge o ABSCESSO APICAL AGUDO, característico pela presença de edema e dor intensa á palpação e percussão (mais horizontal). Pode apresentar alterações periapicais de várias formas, mas em geral obser- va-se um “esfumaçamento” da área. Esta condição inflamatória e infec- ciosa pode ainda levar o paciente a apresentar febre e linfoadenopatia. Abscesso apical agudo A PERIODONTITE APICAL ASSINTOMÁTICA geralmente advém de processos crônicos promovidos por traumas e cáries ou restaurações profundas que podem ter levado à necrose lenta da polpa, porém insu- ficientes para causar dor espontânea ou apresentar sinal clínico sig- nificativo; estão presentes alterações periapicais como aumento do espaço pericementário com rompimento da lâmina dura ou lesões periapicais, identificáveis aos exames de imagem. Periodontite apical assintomática Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Sequencialmente à periodontite assintomática (ou de processo agudo que cronifica) pode surgir o ABSCESSO APICAL CRÔNICO, que tem como característica principal a presença de um trajeto fistuloso que pode ou não exteriorizar conteúdo purulento. O paciente pode ainda apresentar um pequeno desconforto quando da percussão vertical e raramente à palpação. O dente pode ainda apresentar radiolucência apical difusa ou circunscrita. Deve-se ainda atentar pela possibilidade de agudização destes casos. Abscesso apical crônico As alterações periapicais decorrentes tanto de periodontite apical sin- tomática como assintomática (como se verá adiante), bem como de abscessos agudos ou crônicos, podem ainda somente ser visualizadas ao exame tomográfico, dependendo do seu diâmetro e localização. Imagem tomográfica de alteração periapical Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Ainda podemos complementar o diagnóstico em casos de polpa necro- sada adicionando características clínicas ou de imagem identificadas durante esta etapa inicial. Mesmo que possam ser definidos e diferenciados apenas por análise histológica, achados radiolúcidos (imagens hipodensas) encontrados em exames de imagem, podem ser inespecificamente classificados como granuloma, quando apresentam pequena rarefação óssea peria- pical circunscrita associada ao ápice dentário, devido à presença de um tecido conjuntivo neoformado com inflamação crônica; ou cisto, quando apresentam extensa rarefação óssea periapical circunscrita, advinda do ápice dentário e em geral com deslocamento dos dentes vizinhos, sendo esta imagem decorrente da proliferação tecidual de um granuloma prévio e, clinicamente, ainda pode apresentar abaula- mento da cortical óssea. Característica: “Granuloma” Diagnóstico: periodontite apical assintomática com “granuloma” Característica: “Cisto” diagnóstico: periodontite apical assintomática com “cisto” Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Ao identificar o cisto em todas as suas extensões, o exame tomográ- fico auxilia muito o profissional no planejamento do caso, visto que nesta condição, o procedimento cirúrgico complementar geralmente é empregado. Imagem tomográfica de “CISTO” Nos exames de imagem pode-se identificar eventualmente também a presença de uma radiopacidade difusa (imagem hiperdensa), deno- minada osteíte condensante, que caracteriza uma reação inflamatória resultado de processo infeccioso de dentes necrosados, geralmente pode haver ligeira alteração cromática decorrente da necrose. Característica: Osteíte Condensante Diagnóstico: necrose pulpar com osteíte condensante Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Ainda, os exames podem identificar um dente que já teve seu trata- mento principiado (dente com tratamento iniciado), tendo sido realiza- do o acesso e/ou esvaziamento e/ou preparo, com ou sem medicação intracanal, e, espera-se uma negativa de resposta aos testes térmicos. Classifica-se estes casos de acordo com suas caraterísticas clínicas e radiográficas a partir da necrose pulpar (mesmo em casos que inicial- mente apresentavam polpa viva). Característica: dente com tratamento iniciado Diagnóstico: periodontite apical assintomática ou abscesso apical crônico (se apresentar fístula) ou abscesso agudo (se apresentar edema) em dente com tratamento iniciado Imagem tomográfica de dente com tratamento iniciado Copyright © 2020, Sociedade Brasileira de Endodontia Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada deste documento, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98) Guia de orientação SBEndo Em outras situações, o dente pode ter os canais previamente trata- dos parcial ou totalmente (dente tratado endodonticamente), verifica- do nos exames de imagem pela presença de material obturador nos canais radiculares. As alterações clínicas e imaginológicas caracteri- zam em geral uma infecção dita secundária. Característica: dente tratado endodonticamente (com necessidade de retratamento) Diagnóstico: periodontite apical assintomática ou abscesso apical crônico (se apresentar fístula) ou abscesso agudo (se apresentar edema) em dente com tratamento iniciado Imagem tomográfica de dente tratado endodonticamente (com necessidade de retratamento)