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Geo va nn a P eru cio @geperucio.odonto Geo va nn a P eru cio ENDODONTIA ANATOMIA DENTAL INTERNA A cavidade pulpar está dividida em duas partes: câmara pulpar e canal radicular. Geralmente há desvios da direção radicular decorrentes da adaptação da raiz em direção aos vasos sanguíneos e nervos: Teoria da Hemodinâmica (ápice com leve inclinação disto-palatina/disto-lingual). Composição da câmara pulpar A - Assoalho C - Cornos pulpares P - Paredes T - Teto Sistema de canais radiculares @geperucio.odonto Anatomia apical ● CDC - Junção Cemento Dentina Canal ● D - dentina ● C - cemento Atencão: forame, vértice radicular e CDC são coisas diferentes. O forame apical distancia-se do ápice radicular, podendo esta distância variar entre 0,5 à 1,0mm em jovens, chegando a 2-3mm em idosos (o cemento continua sendo depositado ao longo da vida), com maior freqüência para distal. Em uma única raiz pode haver mais de um canal, e esses canais podem apresentar forames diferentes ou se unirem em um único forame apical. Dente Qtd de raízes Canais mais comuns Incisivos Centrais Superiores 1 1 canal Incisivos Laterais Superiores 1 1 canal Incisivos Centrais Inferiores 1 1 canal (2 raramente) Geo va nn a P eru cio Incisivos Laterais Inferiores 1 1 canal (2 raramente) Caninos superiores 1 1 canal Caninos inferiores 1 1 canal (2 raramente) Primeiros Pré-Molares 2 2 canais Segundos Pré-Molares Superiores 1 1 canal (2 às vezes) Primeiros Pré-Molares Inferiores 1 1 canal (2 ás vezes) Segundos Pré-Molares Inferiores 1 1 canal (2 raramente) Primeiros Molares Superiores 3 3-4 canais (MB2 comum) Segundos Molares Superiores 3 3 canais Terceiros Molares Superiores Variável (1-3) Variável (1-3 canais) Primeiros Molares Inferiores 2 3 canais Segundos Molares Inferiores 2 3 canais Terceiros Molares Inferiores Variável (1-2) Variável (1-3 canais) @geperucio.odonto CIRURGIA DE ACESSO Por meio do ponto de eleição (PE), direção de trepanação (DT) e forma de conveniência (FC), com uma broca esférica alcançamos o acesso à câmara pulpar, importante remover todo o teto. Para o desgaste de concrescências, utilizamos broca tronco-cônica de ponta inativa. A localização ou exploração do canal radicular é feita com explorador modificado (ponta reta) para canais amplos ou instrumentos endodõnticos manuais do tipo K, de fino calibre para canais conscritos, de preferência número 15, 21mm, pré-curvados. Para o preparo da entrada do canal ou preparo cervical, utilizamos em lateralidade as brocas de Largo e Gates-Glidden (baixa rotação), respectivamente, de número compatível ao diâmetro do canal. Após a fase de odontometria utilizaremos instrumentos endodônticos - limas, nunca inferior ao número 15, devido à facilidade de visualização radiográfica. No caso de canais conscritos, esvaziar e ampliar com instrumentos 08 e 10 o suficiente para conceder o instrumento número 15. Observar a linha em azul: longo eixo do dente e a verde: linha paralela à face palatina do ICS. O procedimento de trepanação é algo desejável, do contrário seria uma perfuração/acidente. Trepanação: alcançar uma cavidade pré existente - câmara pulpar. Dente Ponto de eleição Direção de trepanação Forma de conveniência Incisivos Próximo ao cíngulo Perpendicular à face palatina ao longo do eixo do dente Triangular de base incisal Geo va nn a P eru cio Caninos Próximo ao cíngulo Perpendicular à face palatina e depois ao longo do eixo do dente Ovalada/forma de chama Pré-molar superior fosseta central Ao longo do eixo do dente Elíptica no sentido vestìbulo- palatino Pré-molar inferior Fosseta mesial Ao longo do eixo do dente Ovalada Molares Superiores Fosseta central Canal palatino ao longo eixo do dente Triangular com base para vestibular Molares Inferiores Fosseta central Canal distal (leve inclinação) Trapezoidal com base maior para mesial Os dentes não citados tendem a ter características semelhantes com os outros da mesma classe. ODONTOMETRIA Para tratarmos endodonticamente um dente é necessário estabelecer seu comprimento e o limite de atuação. A determinação da odontometria é em grande parte passível de erros, provocados desde distorções da técnica radiográfica, falta de contraste e nitidez, medição da radiografia com régua milimetrada, etc. O intuito é obter o valor mais próximo possível do comprimento real do dente. Passo a passo 1 - Radiografia inicialCOM posicionador (Técnica do paralelismo) Erros comuns: Angulação vertical excessiva → dente encurtado Angulação vertical diminuída→ dente alongado 2 -Medir o CAD (comprimento aparente do dente) distância em milímetros da borda incisal ou oclusal até o vértice radiográfico. 3 -Medir o CRI (Comprimento Real do Instrumento). Nesse momento, o dente já deve estar isolado com a cirurgia de acesso feita. A partir do CAD, subtraímos 3mm (medida constante pra todos os dentes como margem de segurança), transferindo o resultado para o instrumento de odontometria: CAD - 3mm=CRI. 4 - Introduz-se no canal a lima calibrado no CRI (através da régua endodôntica milimetrada e limitadores na lima; “stops”) e tiramos a Radiografia para encontrar o X (Técnica da bissetriz excêntrica). Mede-se, com régua milimetrada transparente, o espaço entre a ponta do instrumento e o vértice radiográfico. A esta medida teremos um valorX. (medida que varia de dente pra dente). 5 - Somamos o valor de X com o valor do CRI e obtemos o comprimento real do dente (CRD). CRI + X =CRD 6 - Para dentes com polpa viva subtraímos 1mm do CRD, para dentes com polpa morta subtraímos 0,5mm do CRD como medida de segurança. Sendo assim. teremos nosso comprimento real de trabalho (CRT). 7 - Tiramos a radiografia de confirmação do CRT (técnica da bissetriz excêntrica) para confirmar que a distância do final da lima até o vértice rádiografico seja 0,5mm ou 1mm. Obs 1. Em dentes cariados ou fraturados onde não temos referência oclusal, devemos restaurar o remanescente afim de obtermos Geo va nn a P eru cio um ponto de referência seguro durante todo o tratamento. Obs 2. Para dentes com mais de um canal, utilizamos a técnica radiográfica da bissetriz excêntrica mesiorradial ou técnica de Clark, com variação da angulação horizontal em 20º graus para mesial, proporcionando o deslocamento da imagem da raiz palatina para a mesial também. Exceção: Para averiguar presença de 4º raíz nos molares superiores; distalizar. Em molares superiores geralmente ocorre a sobreposição do processo zigomático, a técnica de Le Master é especialmente aplicada para dissociação das imagens nesses casos. PREPAROQUÍMICOCIRÚRGICO (PQC) Compreende a modelagem e sanificação dos sistemas de canais. Limpeza: Consiste na eliminação de tecido pulpar e outro qualquer componente orgânico ou inorgânico. Desinfecção: Consiste na eliminação de agentes patogênicos. Utilizamos o Endo-PTC, composto por: Tween 80, Peróxido de Uréia e Carbowax, associado ao Hipoclorito de Sódio (NaOCL) na concentração de 1,0 %. Juntos promovem uma reação de efervescência continuada com a liberação de oxigênio, que favorece a instrumentação, atuando como agente lubrificante, antimicrobiano, solvente de matéria orgânica, desodorizante, clareador e detergente por promover a saponificação de lipídios (liberam cloramina). 1) MODELAGEM TÉCNICA MANUAL Realizar sequência de instrumentos manuais previamente selecionados (geralmente utiliza-se o primeiro instrumento e mais 3 ou 4, aumentando de calibre). Finalizar com a manobra de preparo apical (selecionar mais um instrumento de calibre superior, posicionar no CRT e fazer movimentos de ¼ de volta para a direita até que este não fique mais justo). A instrumentação deve ocorrer, obrigatoriamente, na presença da efervescência; caso ela cesse, é necessário renovar a substância química auxiliar (creme de Endo PTC e hipoclorito de sódio). TÉCNICA RECIPROCANTE Fazer o Glide Path com a última lima usada (geralmente #15): criar um trajeto pré estabelecido para o uso posterior dos instrumentosreciprocantes (instrumentos rotatórios que vão no motor endodôntico, giram 150º no sentido anti-horario; sentido de Corte e 30º no sentido horario). Seleção de instrumento reciprocante: Reciproc vermelha: R25 Reciproc preta: R40 Reciproc amarela: R50 Escolher baseado no diâmetro da última lima usada: Limas #10/#15➡ R25 + preparo apical com R40 Limas #20/#25➡ R40 Limas #30+➡ R50 (Acima de #40 finalizar manualmente com lima mais calibrosa) 1- Com o auxílio de limitadores de silicone (stops), calibrá-los na medida do Comprimento Real de Trabalho (CRT). 2- Separar o Endo PTC e uma seringa com hipoclorito. Em ambos adcionar ponteiras. 3- Separar uma gaze embebida em hipoclorito para limpar a recíproc quando necessário. 3 “bicadas” na região cervical 3 “bicadas” no terço médio 3 “bicadas” na região apical Irrigação ampla e constante. Sempre remover o instrumento com ele ativo. Em cada remoção calibrar novamente o CRT. Geo va nn a P eru cio 2) IRRIGAÇÃO FINAL Calibrar a easy clean 2mm aquém do CRT. 3 agitações de 20s de hipoclorito 3 agitações de 20s com ácido cítrico 3 agitações de 20s com hipoclorito Agitações iniciais com 5ml, em cada pausa fazer acréscimo de 2ml de substância. Ácido cítrico age na matéria inorgânica (restos de dentina, etc). Hipoclorito age na matéria orgânica (dissolve tecidos, antimicrobiano, etc). OBTURAÇÃO O propósito da obturação é selar toda a extensão da cavidade endodôntica, desde a sua abertura coronária até o seu término apical, ou seja, o material obturador deve preencher todo o espaço ocupado anteriormente pela polpa, proporcionando um selamento tridimensional. 1. Prova do cone principal Como cone principal, selecionar aquele de diâmetro correspondente ao último instrumento empregado durante o PQC. Como exemplo, R25, R40 ou R50. Com o dente úmido, levar o cone até o CRT. Realizar três testes essenciais para a comprovação de sua correta adaptação: 1.1 - Teste Visual: certificar de que o mesmo alcança o CRT. Quando este critério não é atendido, a recapitulação do PQC deve ser empregada (com ampla irrigação). 1.2 - Teste tátil: deve ser observado um certo “travamento” nas paredes do canal, caso não ocorra, o cone deverá ter sua ponta seccionada (cerca de 1 mm) com lâmina de bisturi e novamente levado ao CRT. O teste tátil é refeito. 1.3 - Teste radiográfico: o dente é radiografado para que se obtenha a confirmação exata da sua seleção (radiografia da prova do cone, técnica da bissetriz excêntrica). 2. Descontaminação do cone principal o cone deve ser mantido envolto por gaze umedecida em hipoclorito de sódio a 1%, enquanto se executam os demais procedimentos. 3. Secagem do canal Primeiro se realiza a secagem com cânulas de aspiração e a seguir com cones estéreis de papel absorvente (embalados em cell-pack). 4. Preparo do cimento As porções serão devidamente espatuladas até a completa homogeneização ser observada. 5. Inserção de cimento e cone principal O cimento deverá ser levado ao interior do canal com o próprio cone principal. As paredes do canal deverão ser pinceladas uniformemente com o cimento, antes até que este alcance o CRT. 6. Condensação lateral Seleciona-se um espaçador na lateral do cone principal até que se perceba resistência, sempre respeitando o limite de 4mm aquém do CRT. Em seguida, cones acessórios serão levados ao “espaço criado” e a manobra será repetida até que se perceba o total preenchimento. 7. Radiografia da qualidade da obturação técnica da bissetriz excêntrica. Determinadas falhas são passíveis de correção, porém falhas mais graves, como a extrusão de cones, comprometem a obturação por completo. 8. Corte da obturação e condensação vertical Com um calcador, levar a ponta à chama da lamparina ou mini-maçarico, até que fique aquecido (ao rubro), este Geo va nn a P eru cio instrumento será levado à porção cervical da massa obturadora, cortando o excedente dos cones rapidamente (pra que não sofram aderência ao calacador pela perda de calor do metal). O corte deve ser feito até 1mm além do colo clínico em direção apical. Logo após, com o calcador morno, realizar a condensação vertical para acomodar a obturação e eliminar eventuais imperfeições. 9. Limpeza da câmara pulpar A cãmara pulpar deverá ser limpa com álcool para a remoção de todo o excedente de cimento endodôntico impregnado nas paredes. Este procedimento é fundamental para se evitar o escurecimento da coroa do dente. 10. Selamento provisório Preencher a câmara pulpar com cimento provisório (cotosol), compactar e deixar um espaço superficial de aproximadamente 2mm para a resina/ionômero de vidro. Verificar a oclusão e realizar ajustes, se necessários. 11. Radiografia final A tomada radiográfica final deverá ser tomada sem isolamento com posicionador, técnica do paralelismo. Permite observar a obturação e o selamento provisório e será utilizada para arquivamento e controle posterior do caso. Resumode todas as radiografias: 1° Radiografia inicial 2° Radiografia da obtenção do X 3° Radiografia da confirmação do CRT 4° Radiografia da prova do cone 5° Radiografia da qualidade da obturação 6° Radiografia final Sendo inicial e final: técnica do paralelismo. O restante técinica da bissetriz excêntrica. @geperucio.odonto INSTRUMENTOS MANUAIS ENDODÔNTICOS Os instrumentos do Tipo K possuem secção transversal quadrangular (1), os flexíveis secção transversal triangular (2) e os do tipo Hedstroen (H) possuem secção transversal em forma de vírgula (3) 1- 1-Cabo 2- Haste intermediária 3- Parte ativa D0- Ponta do instrumento (ativa ou inativa) D1- Diâmetro da ponta do instrumento D1 ao D16- comprimento da parte ativa (sempre constante) D16 aumento em mm (0,02 mm do D0 a cada milímetro da parte ativa até 16mm) Os instrumentos podem ser encontrados em tamanhos de 21 mm, 25 mm ou 31 mm de comprimento. (A haste é a única que aumenta de tamanho, a parte ativa possui tamanho constante). Também são divididos por séries - sendo a série especial #06 (cor rosa), #08 (cor cinza) e #10 (cor roxa), primeira série de #15 a #40, segunda série de #45 a #80 e terceira série de #90 a #140. Há também uma seqüência de cores, iguais para primeira, segunda e terceira séries: branca, amarela, vermelha, azul, verde e preta, respectivamente. Obs. Normalmente são utilizados os da 1a. e 2a. série. Geo va nn a P eru cio