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Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Ele possibilita diversas formas de interação com o conteúdo, a qualquer hora e de qualquer lugar. Mas na versão impressa, alguns conteúdos interativos são perdidos, por isso, fique atento! Sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! O que estudaremos nesta webaula? Abordaremos mais propriamente as possibilidades analíticas do texto e da autoria em composição. O que signi�ca dizer que a AD é considerada uma teoria materialista? Isso significa que o material deve demandar o movimento da teoria e não se adequar a ela. Para construir novos horizontes teóricos e analíticos, como foi e ainda é o caso do trabalho com a imagem, a AD não faz um “puxadinho” de outras disciplinas para resolver o seu problema, mas é o material que deve comandar as formas de (des)apropriação teórica, problematizando novamente conceitos e procedimentos. Materialidade signi�cante Com vistas a uma generalização teórica, a materialidade significante é definida como “o modo significante pelo qual o sentido se formula” (LAGAZZI, 2011, p. 256) e o sentido como “efeito de um trabalho simbólico sobre a cadeia significante, na história” (LAGAZZI, 2011, p. 276). Lagazzi (2009, p. 68) afirma que, no trabalho discursivo, “não temos materialidades que se complementam, mas que se relacionam pela contradição, cada uma fazendo trabalhar a incompletude na outra”. Atente-se! A imbricação material se dá pela incompletude constitutiva da linguagem, em suas diferentes formas materiais”. Pode-se aferir que, sempre seguindo as palavras de Lagazzi (2009, p. 68), “na remissão de uma materialidade a outra, a não- saturação funcionando na interpretação permite que novos sentidos sejam reclamados, num movimento de constante demanda”. Pode parecer complicado pela explicação teórica, porém, busque analisar materiais do seu cotidiano e logo essa Análise do Discurso Autoria: diferentes materialidades e o efeito de um texto Unidade 3 – Seção 3 Imprimir ana_dis_u3_s3_wa about:blank 1 of 3 24/04/2023, 14:36 teoria vai ter um lugar especial em suas reflexões e práticas profissionais. Composição autoral: características Adorno (2015) chama nossa atenção para duas características da composição autoral: 1) Ela produz um efeito de coincidência ou colagem de diferentes vozes (ou posições discursivas) a um único sujeito ou a um conjunto bem delimitado de sujeitos. 2) Ela produz o efeito de coincidência ou colagem de diferentes vozes (ou posições discursivas) a um único texto ou a um conjunto bem delimitado de textos. A diferença pode ser sutil, mas não deve ser confundida. Por isso, em relação à primeira característica, reserva-se o termo “composição autoral” e, em relação à segunda característica, prefere-se o termo “composição textual”. Por que não podemos confundir composição autoral com composição textual? Assim como autoria e texto não devem ser confundidos como conceitos iguais, apesar de um ser a contraparte do outro, composição autoral e composição textual também não devem ser homogeneizados. Para a terminologia adotada, composição autoral é utilizada para denominar os processos que dizem respeito aos lugares definidos socialmente para os sujeitos no mundo e composição textual é utilizada para denominar os processos que dizem respeito às posições-sujeito definidas discursivamente para os sentidos no texto. Dito de outro modo por Adorno (2015), a junção da composição autoral e da composição textual pode ser definida como esse modo de textualizar no entremeio das materialidades, assumindo a responsabilidade de um dizer imaginariamente unificado, porém, sempre tensionado pelas múltiplas contradições sobredeterminadas. Quais as implicações de considerar a composição autoral para analisar as transformações históricas da relação entre autoria e texto? Para dar um único exemplo, citamos os trabalhos recentes de Solange Gallo sobre o funcionamento das mídias digitais, que não devem ser analisadas a partir do sentido clássico de autoria nem reduzidas a um discurso qualquer, sem nome ou ana_dis_u3_s3_wa about:blank 2 of 3 24/04/2023, 14:36 sem valor. Para Gallo (2012, p. 5), os discursos das mídias digitais tendem a ser “materiais que têm seus sentidos abertos e fechados; legitimados para todo e qualquer leitor, e ao mesmo tempo, somente para alguns; são publicados de forma definitiva, mas ao mesmo tempo, fugaz”. Tome nota! Por fim, é importante frisar o fato de que algumas teorias do jornalismo reafirmam a necessária complementação entre as linguagens: a foto deve complementar o texto, as imagens em movimento devem complementar a voz em off (no caso da televisão). Essas teorias do jornalismo acabam por apagar a possibilidade de olhar para o funcionamento contraditório da composição entre as linguagens, uma vez que as tratam como complementares. Vídeo de encerramento Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital. ana_dis_u3_s3_wa about:blank 3 of 3 24/04/2023, 14:36