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5 principios fundamentais

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PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS 
 
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ZERO UM CONSULTORIA – Professores Carlos Alfama e Paulo Igor 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
1) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Os princípios fundamentais da Constituição Federal englobam todos 
aqueles princípios que estão previstos nos artigos 1º a 4º da CF/88, quais 
sejam: 
• Princípio Republicano (art. 1º, caput); 
• Princípio do Estado Democrático de Direito (art. 1º, caput); 
• Princípio Federativo (art. 1º, caput); 
• Fundamentos da República (art. 1º, I a V); 
• Princípio Democrático (art. 1º, parágrafo único); 
• Princípio da Separação dos Poderes (art. 2º) 
• Objetivos Fundamentais da República (art. 3º) 
• Princípios das Relações Internacionais (art. 4º) 
 
Todos esses princípios serão detalhados nesta apostila, todavia, para 
melhor compreender o que são os princípios de uma maneira geral, é 
importante conhecer a diferenciação existente entre as normas regras e as 
normas princípios. 
NORMAS: estão divididas em dois grupos – “normas regras” e 
“normas princípios”. 
• Norma regra: são normas específicas, que impõem uma 
conduta específica. 
• Norma princípio: são normas genéricas, que impõem 
diretrizes, regras gerais de comando. 
Exemplo: O art. 37 da CF/88 traz normas regras e normas princípios em 
seu texto, tais como o princípio da impessoalidade (impossibilidade de 
utilização da máquina estatal para fins outros que não sejam a finalidade 
pública) e a regra de que nas propagandas governamentais não pode haver 
a divulgação da imagem de agentes políticos (vedação de uma conduta 
específica). 
 
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CONFLITO ENTRE NORMAS: Se o conflito se dá 
entre normas regras, vigora a lei do tudo ou nada, 
ou seja, ou se cumpre a regra integralmente ou não 
se cumpre a regra. Não existe meio termo. Em 
sentido contrário, se o conflito se dá entre normas 
princípios, deve haver a ponderação entre eles, de 
forma que sejam otimizados os valores preceituados 
em ambos. 
Os princípios fundamentais são as normas genéricas que preveem 
valores que dão sustentação à Constituição Federal de 1988 e que podem 
ser ponderadas entre si. 
2) FORMAS DE GOVERNO 
Forma de governo é o modo de escolha dos governantes. 
Classificação das formas de governo: 
a) Segundo Maquiavel: 
As formas de governo seguem uma classificação dualista, 
classificando-se em REPÚBLICA e MONARQUIA. 
i. Monarquia: é baseada em dois princípios fundamentais: 
➔ Hereditariedade; e 
➔ Vitaliciedade. 
 
ii. República: é baseada em dois princípios fundamentais: 
➔ Eletividade (representatividade); e 
➔ Temporariedade. 
 
No quadro a seguir, esquematizamos a diferença entre a República e a 
Monarquia: 
 
República Monarquia 
Eletividade Hereditariedade 
Temporariedade Vitaliciedade 
Representatividade popular (o povo 
escolhe o seu representante) 
Ausência de representatividade 
popular 
Possibilidade de responsabilização 
dos governantes. 
Inexistência de responsabilidade dos 
governantes. 
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ATENÇÃO! A primeira Constituição brasileira (1824) previa a Monarquia 
como forma de governo. Todavia, desde a Constituição de 1891 o Brasil 
adota a forma republicana de Governo. 
b) Segundo Aristóteles: as formas de governos podem ser 
classificadas em puras e impuras quanto à finalidade buscada 
pelos governantes. 
i.Puras: o governante busca o bem comum. Podem ser 
exercidas: 
➔ Por uma só pessoa (MONARQUIA); 
➔ Por algumas pessoas (ARISTOCRACIA, governo 
dos mais virtuosos, dos mais capacitados); ou 
➔ Por todas as pessoas (DEMOCRACIA). 
 
ii.Impuras: o governante busca o seu próprio bem particular. 
Podem ser exercidas: 
➔ Por uma só pessoa (TIRANIA), 
➔ Por algumas pessoas (OLIGARQUIA) ou 
➔ Por todas as pessoas (DEMAGOGIA). 
 
3) SISTEMAS DE GOVERNO 
Sistema de governo é o modo de relacionamento entre os 
poderes (notadamente entre os poderes executivo e legislativo). 
a) PARLAMENTARISMO: 
• Há uma superioridade do parlamento (do poder legislativo); 
• O chefe do executivo é o 1º Ministro; 
• As funções de chefia de Estado (atuação no plano 
internacional) e de chefia de Governo (atuação no plano 
interno, doméstico) são exercidas por pessoas diferentes; 
 
b) PRESIDENCIALISMO: 
• Existe maior equilíbrio entre os poderes; 
• O chefe do poder executivo é o Presidente; 
• A chefia de Estado e de Governo são exercidas pela mesma 
pessoa – o Presidente; 
 
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1º MINISTRO PRESIDENTE 
O 1º Ministro é escolhido pelo 
parlamento. 
O presidente é eleito pelo voto 
direto da população. 
Depende da confiança da maioria 
do parlamento. 
 
O presidente dispensa essa 
confiança (muito embora, na 
prática, se torne difícil governar 
sem o apoio do parlamento, isso é 
possível teoricamente). 
Não tem mandato fixo, permanece 
enquanto houver apoio da maioria 
parlamentar. 
 
Exerce um mandato fixo e pré-
determinado e só pode ser 
destituído antes do fim do mandato 
nos casos de impeachment (crimes 
de responsabilidade). 
 
CUIDADO! As classificações de forma de governo e de sistema de governo 
são complementares, ou seja, são possíveis todas as combinações entre 
República, Monarquia, Presidencialismo e Parlamentarismo. Veja os 
exemplos: 
• República Presidencialista: Brasil, Argentina, EUA e etc. 
• República Parlamentarista: Portugal e etc. 
• Monarquia Presidencialista: Vaticano (único exemplo atual). 
• Monarquia Parlamentarista: Inglaterra, Espanha, Suécia e 
etc. 
No quadro a seguir esquematizamos as principais diferenças entre o 
presidencialismo e o parlamentarismo: 
Presidencialismo Parlamentarismo 
Independência entre os Poderes nas 
funções governamentais. 
Regime de colaboração; 
corresponsabilidade entre Legislativo 
e Executivo. 
Governantes (executivo e 
legislativo) com mandato por prazo 
certo. 
O Primeiro-Ministro só permanece 
na chefia de governo enquanto 
possuir maioria parlamentar. O 
mandato dos parlamentares pode 
ser abreviado por uma dissolução do 
parlamento. 
Só há um chefe do executivo, que 
acumula as funções de chefe de 
Estado e chefe de Governo. 
Chefia do Executivo é dual, já que 
exercida pelo Primeiro Ministro 
(chefe de governo), juntamente ao 
Presidente ou Monarca (chefes de 
estado). 
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EVOLUÇÃO DA FORMA E SISTEMA DE GOVERNO NO BRASIL 
1824: Monarquia Parlamentarista. 
 
Nessa época, Dom Pedro II era muito jovem quando assumiu o trono. 
Assim, houve uma diminuição das atribuições do Príncipe Regente. 
 
1889: República Presidencialista (por ocasião da proclamação da 
república); 
1961: República Parlamentarista 
Esse período foi fruto de negociação interna por ocasião da assunção do 
então Vice-Presidente – João Goulart – ao poder após a renúncia de Jânio 
Quadros. 
Nesse período, com a renúncia de Jânio Quadros e a assunção de João 
Goulart (Jango), houve uma nova tentativa de esvaziar os poderes do 
Presidente da República, dividindo-os com o Parlamento. A figura de 
Primeiro-Ministro, nesse período, coube a Tancredo Neves, que, mais à 
frente, seria eleito Presidente da República, cargo que não chegou a 
assumir ante sua morte por diverticulite. 
 
1963: República Presidencialista (mudança decorrente de um 
plebiscito que consultou a população sobre quais deveriam ser o sistema e a 
forma de governo no Brasil); 
1988: República Presidencialista(atual Constituição Federal); 
1993: República Presidencialista 
De acordo com o artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias (ADCT), cinco anos após a promulgação da Constituição, seria 
realizado um plebiscito, a fim de que o povo decidisse qual a forma e o 
sistema de governo que desejavam. À época, foram mantidas a 
república e o presidencialismo. 
 
CUIDADO! Prevalece na doutrina que a forma de governo e o sistema de 
governo não constituem cláusulas pétreas, podendo ser modificados a 
qualquer momento, portanto. 
 
 
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4) FORMA DE ESTADO 
É o modo de repartição territorial do poder. Existem 
basicamente duas formas de Estado: unitário e federado. 
a) ESTADO UNITÁRIO 
O poder é territorialmente centralizado. 
Exemplo: Portugal: Há um único centro produtor de 
normas que são aplicadas em todo o território do país. 
No Estado Unitário, existe um único centro de poder político no país. Esse 
poder central pode optar por exercer suas atribuições de maneira 
centralizada (Estado unitário puro), ou descentralizada (Estado unitário 
descentralizado administrativamente). 
 
Nos dias atuais, prevalece a figura dos Estados unitários descentralizados. 
Vale lembrar que mesmo nesse caso a autonomia não será ampla, como 
ocorre com a Federação. 
 
b) ESTADO FEDERADO 
O poder é territorialmente descentralizado. 
Exemplo: Brasil: Há um centro produtor de normas que 
tem aplicação a todo o território nacional (congresso 
nacional), todavia, existem outros diversos entes 
produtores de normas com aplicação restritas a espaços 
territoriais específicos (assembleia legislativa de São Paulo, 
Câmara Municipal de Santos). 
ATENÇÃO! Em um Estado Federado, existe uma pluralidade de 
ordenamentos jurídicos vigentes em um mesmo território, como 
ocorre em municípios brasileiros, que se submetem às normas municipais, 
estaduais e federais simultaneamente. 
No Brasil, a primeira Constituição a optar pela forma federativa de Estado 
foi a de 1891, que, como vimos, também foi responsável pela modificação 
da forma de governo, de Monarquia para República. 
 
 
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c) CONFEDERAÇÃO 
A confederação tem por característica principal ser formada pela união 
dissolúvel (possibilidade de separação – secessão) de Estados soberanos. 
 
Essas nações se vinculam, normalmente, por meio de tratados 
internacionais. A diferença marcante entre federação e confederação é que 
aquela é formada pela união indissolúvel de entes autônomos, ao passo que 
esta, pela união dissolúvel de Estados soberanos. 
 
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO 
Regida por Constituição Regida por tratado internacional 
entre países soberanos. 
Vedação ao direito de secessão 
(separação). 
Possibilidade de secessão. 
Os entes possuem autonomia. Os países integrantes possuem 
soberania. 
 
5) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO 
A) ORIGENS DA FORMA FEDERATIVA: 
• FEDERALISMO CENTRÍPETO (por agregação): ocorre quando 
vários Estados independentes e soberanos decidem se unir formando um 
Estado soberano único. 
É o modelo de federalismo dos EUA, no qual os Estados membros 
mantiveram autonomia política (legislam e escolhem seus próprios 
representantes políticos, por exemplo), mas perderam sua soberania. 
O ponto de partida do federalismo centrípeto é uma confederação, 
que é o conjunto de países independentes e soberanos que se unem por 
meio de um tratado internacional para atuarem externamente com um 
padrão comum. 
Na confederação os países confederados mantêm sua soberania e 
possuem o direito de retirada a qualquer tempo, tratando-se, portanto, de 
uma união dissolúvel. 
FEDERALISMO CENTRÍFUGO (por desagregação): ocorre 
quando um Estado unitário descentraliza o poder, atribuindo 
autonomia política (capacidade de legislar e escolher seus próprios 
representantes políticos, por exemplo) aos Estados membros que 
antes possuíam mera autonomia administrativa. 
É o modelo do Brasil, que na época do Império era um Estado 
Unitário dividido em províncias, que possuíam apenas autonomia 
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administrativa. Todavia, com a proclamação da República, o Brasil deixou 
de ser um Estado Unitário, concedendo autonomia política às antigas 
províncias – que passaram a ser chamadas de estados membros. 
B) CARACTERÍSTICAS DE UMA FEDERAÇÃO 
Toda federação deve atender a oito características fundamentais. 
Veja abaixo quais são: 
I. AUTONOMIA POLÍTICA DOS ESTADOS MEMBROS 
Podemos dizer que a autonomia política é menos que do que 
soberania e mais que autonomia administrativa. A autonomia política é 
caracterizada por quatro poderes: 
➢ Autolegislação: é o poder de fazer suas próprias leis 
(legislações estaduais e municipais); 
➢ Autogoverno: é o poder de eleger os próprios governantes 
(governadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, 
senadores e vereadores); 
➢ Auto-organização: é o poder de editar sua própria 
Constituição Estadual (no caso dos Estados) ou Lei Orgânica 
(nos casos do DF e Municípios); 
➢ Autoadministração: é o poder de gerir os próprios recursos e 
elaborar o seu próprio orçamento. 
CUIDADO! Na federação os entes federativos possuem autonomia política. 
Nos estados unitários, os entes federativos possuem mera autonomia 
administrativa; e nas confederações, os entes possuem soberania (sendo 
possível, por exemplo, a secessão a qualquer tempo). 
 
II.INDISSOLUBILIDADE DO VÍNCULO FEDERATIVO 
Não há direito de secessão na federação, ou seja, um estado membro 
não pode abandonar o estado federativo. 
 
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III.INTERVENÇÃO FEDERAL 
Na federação, deve haver mecanismos de intervenção federal em 
casos de estrita necessidade para garantir a manutenção do pacto 
federativo. A intervenção federal será sempre excepcional e temporária. 
IV.ÓRGÃO LEGISLATIVO REPRESENTATIVO DOS ESTADOS 
MEMBROS 
Na federação deve existir um órgão legislativo que representa o 
interesse dos estados membros. No estado federativo Brasileiro, este órgão 
legislativo representativo dos estados membros é o Senado Federal. 
 
V.CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Na federação, o pacto federativo será regido pela Constituição 
Federal (documento interno). 
Trata-se de um importante ponto de distinção entre a federação e a 
confederação, pois esta última é regida por um tratado internacional que 
pode ser rompido a qualquer momento. 
 
VI.TRIBUNAL FEDERATIVO 
É necessário que exista um tribunal que seja responsável por dirimir 
conflitos federativos. 
No estado federativo Brasileiro, trata-se do Supremo Tribunal 
Federal, que será responsável por decidir as causas que envolvam conflitos 
entre Estados membros diferentes, entre Estados membros e o DF, entre a 
União e Estados membros ou DF (art. 102, I, f, da CF/88). 
ATENÇÃO! Os conflitos envolvendo municípios e qualquer outro ente 
federativo não colocam em risco a federação e, portanto, não constituem 
competência originária do STF. 
 
VII.VEDAÇÕES FEDERATIVAS 
As federações precisam prever vedações aos seus entes federativos 
que garantam a solidez do pacto federativo. 
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No caso do estado federativo Brasileiro, as vedações estão previstas 
basicamente no art. 19 da CF/88, artigo extremamente cobrado em provas 
de concurso público: 
IMPORTANTE! 
Art. 19. Évedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus 
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma 
da lei, a colaboração de interesse público; 
II - Recusar fé aos documentos públicos; 
III - Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
Além das vedações previstas no art. 19 da CF/88, temos também 
uma vedação especificamente tributária prevista no art. 152 da CF/88: 
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer 
natureza, em razão de sua procedência ou destino. 
 
VIII.FORMA FEDERATIVA COMO CLÁUSULA PÉTREA 
A forma federativa de Estado deve ser considerada cláusula 
pétrea na constituição do estado federado, ou seja, não passível de 
mudança. Trata-se de instrumento que garante a indissolubilidade da 
federação. 
No caso brasileiro está prevista expressamente no art. 60, § 4º, I, da 
CF/88. 
 
 
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C) CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO 
• A federação é cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I, da CF/88); 
• Não há direito de secessão (art. 1º, caput e art. 34, I, ambos 
da CF/88); 
• Federalismo centrífugo (desagregação); 
• Federalismo assimétrico ou cooperativo (os entes 
federados possuem características – competências – diferentes e 
uns cooperam com os outros); 
• Soberania é um atributo da República Federativa do Brasil e 
não da União (art. 1º, I e art. 18, caput, ambos da CF/88); 
União 
República Federativa do 
Brasil 
 
 
Pessoa jurídica de direito 
público Interno 
 
 
Pessoa jurídica de direito 
público Externo 
 
Autônoma 
 
Soberana 
 
• Federalismo de terceiro grau (pois existem três níveis de entes 
federados – União, Estados e Municípios). 
OBSERVAÇÃO: O Distrito Federal é um ente federativo híbrido, 
cumulando características e atribuições dos Estados e Municípios, 
mas que não representa um nível independente de ente federado. 
 
ATENÇÃO! No Brasil, a União, os estados membros, o Distrito Federal e os 
municípios (entes federativos) possuem autonomia financeira, 
administrativa e política, mas não possuem soberania (nem mesmo a 
União). A soberania é atributo da República Federativa do Brasil! 
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6) DEMOCRACIA 
É o poder originário do povo, exercido pelo povo e para o povo. 
A) MODELOS DE DEMOCRACIA 
• Democracia direta (participativa) 
É o modelo ateniense de democracia, segundo o qual cada uma das 
leis era votada em praça pública por todos os populares. 
• Democracia indireta (representativa) 
É o modelo Francês de democracia, segundo o qual representantes 
são eleitos periodicamente pelo povo para votarem as leis em nome de toda 
a população. 
• Democracia semidireta (mista) 
Combina as características das anteriores, ou seja, representantes 
são eleitos para votarem em nome da população, todavia existem institutos 
que garantem participação popular direta nas decisões estatais (exemplos: 
plebiscito, referendo, iniciativa popular para a proposição de projetos de lei, 
ação popular, orçamento participativo, gestão democrática do SUS e da 
Educação e etc.). 
No Brasil, temos a seguinte previsão na Constituição: 
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
Em razão disso, temos que a democracia no Brasil é mista ou 
semidireta. 
 
Isso porque, apesar de a democracia indireta ser a regra em nosso 
ordenamento (os cidadãos votam em seus representantes e esses nos 
governam e aprovam as leis) existe previsão constitucional de atuação 
direta do povo, como na situação da iniciativa popular de lei, no referendo e 
no plebiscito. 
 
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7) ESTADO DE DIREITO 
A) CONCEITO 
É o Estado cujos poderes são limitados. Trata-se, portanto, de um 
contraponto ao Estado Absoluto, que possuia poderes ilimitados e 
irrestritos. 
 
B) CONSEQUÊNCIAS DA ADOÇÃO DO ESTADO DE DIREITO NO 
BRASIL 
• Responsabilização política dos governantes 
Os governantes podem ser responsabilizados por crime de responsabilidade 
(art. 85 da CF/88), quebra de decoro parlamentar (art. 55, § 1º, da CF/88) 
ou improbidade administrativa (art. 37, § 4º, da CF/88). 
• Obrigatoriedade de prestação de contas pela 
administração pública (art. 70 e art. 5º, XXXIII, ambos da CF/88); 
• Direitos fundamentais do cidadão; 
 
C) FASES OU PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO 
O Estado de direito evoluiu com o passar do tempo, passando por 
três fases bem delimitadas: 
➢ Estado liberal de direito (fase liberal); 
➢ Estado social de direito (fase social); 
➢ Estado democrático de direito (fase democrática); 
• FASE LIBERAL 
Estabelece limites negativos ao Estado, impondo obrigações de 
não fazer. É uma verdadeira busca pela liberdade, exigindo que o Estado 
não tenha ingerência na vida privada dos cidadãos. Um contraponto 
marcante ao até então vigente estado absolutista. 
Essa fase liberal foi influenciada pelas revoluções liberais burguesas 
(revolução francesa - 1789, independência do EUA - 1776 e a revolução 
gloriosa - 1688). 
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• FASE SOCIAL 
Já não se restringia a limitar a atuação do Estado. Nessa fase social 
passa-se a exigir do Estado uma atuação para que alguns direitos mínimos 
fossem garantidos aos cidadãos. Busca-se uma justiça social. 
Essa fase social foi influenciada pela primeira revolução industrial 
(revolução da máquina a vapor) e revolução socialista russa (1917). 
 
• FASE DEMOCRÁTICA 
O poder do Estado deve ser limitado, estabelecendo-se o que o 
Estado deve e não deve fazer e, mais importante, que o Estado deve ser 
controlado pelo povo, pela sociedade civil. 
Essa fase democrática foi influenciada pela terceira revolução 
industrial (revolução tecnocientífica), no contexto do fenômeno da 
globalização. 
 
8) FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA 
Os fundamentos da República Federativa do Brasil estão previstos nos 
incisos do art. 1º da CF/88. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Lembre-se do famoso mnemônico que auxilia na memorização dos 5 
fundamentos da república federativa brasileira: SO CI DI VA PLU 
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SOberania 
CIdadania 
DIgnidade da pessoa humana 
VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
PLUralismo político 
Os fundamentos são as bases da república, e devem ser assegurados 
a todos os cidadãos imediatamente. São normas de eficácia plena e 
aplicabilidade imediata. 
 
A) SOBERANIA 
Existe divergência doutrinária sobre a natureza da soberania elencada 
como fundamento da república. 
Para uma corrente (José Afonso da Silva), seria a soberania popular 
(todoo poder exercido pelo e para o povo), enquanto outra corrente 
(Alexandre de Moraes) defende tratar-se da soberania da República 
Federativa do Brasil. 
Para provas objetivas não é possível definir qual seria a posição mais 
razoável, dada a divergência apresentada. 
Todavia, MUITA ATENÇÃO com esse tema em prova: a CF/88 não 
diz expressamente que a soberania é popular e muito menos que é da 
República Federativa do Brasil, portanto, qualquer dessas afirmações em 
uma prova objetiva estaria errada. 
 
B) CIDADANIA 
Em sentido estrito, cidadania representa o direito de votar e/ou ser 
votado, ou seja, trata-se da capacidade eleitoral ativa e passiva. 
Em sentido mais amplo, a cidadania representa o direito à não 
marginalização social. 
 
 
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CUIDADO! No contexto dos fundamentos da república, a 
cidadania deve ser entendida em seu sentido amplo. 
O que não significa, todavia, que a CF/88 não trate da 
cidadania em seu sentido estrito em outros dispositivos, como 
por exemplo, no art. 5º, LXXIII ao exigir como requisito para 
legitimidade ativa na ação popular, a cidadania (nesse caso, 
capacidade eleitoral). 
 
C) DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
Trata-se do “meta princípio”, supraprincípio ou princípio matriz do 
nosso ordenamento jurídico, ou seja, é o princípio que orienta todos os 
demais. O STF entende, inclusive, que a dignidade da pessoa humana 
guarda íntima relação com a busca da felicidade (STF, RE 477.544). 
 
Deriva da ideia de Immanuel Kant de que o ser humano não tem 
preço, mas sim dignidade, ou seja, existem direitos fundamentais que não 
podem ser negociados ou mitigados. 
Existem várias decisões que se fundamentam neste fundamento da 
república: impossibilidade de corte de energia de um cidadão que necessita 
do funcionamento ininterrupto de aparelhos elétricos para garantir sua 
sobrevivência, necessidade de distribuição de remédios pelo SUS, 
excepcionalidade no uso de algemas nos casos de prisões (Súmula 
Vinculante nº 11) e etc. 
D) VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA 
Ao passo em que o Estado deve garantir direitos aos seus 
trabalhadores, também é necessário que se garanta aos cidadãos o livre 
direito de exercer atividades que lhe gerem lucros (livre iniciativa). 
Compete, portanto, ao Estado compatibilizar os dois direitos 
(proteção dos trabalhadores e garantia de livre iniciativa de atividades 
privadas lucrativas). 
E) PLURALISMO POLÍTICO 
Abrange não só o pluripartidarismo (possibilidade de existência de 
vários partidos políticos), mas também a liberdade de expressão política 
(poder defender livremente qualquer causa política) e o direito de sufrágio 
universal. 
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9) OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA 
Os objetivos fundamentais estão previstos no art. 3º da CF/88: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil: 
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; (PRINCÍPIO 
DA SOLIDARIEDADE SOCIAL) 
II - Garantir o desenvolvimento nacional; 
III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Lembre-se do mnemônico: “CO GA ERR PRO” 
Os objetivos fundamentais são expectativas, são aquilo que o Brasil 
pretende atingir em algum momento no futuro. 
Neste ponto, diferenciam-se dos fundamentos da república, tendo em 
vista que enquanto os fundamentos são de aplicação imediata, os objetivos 
fundamentais são algo que se almeja atingir. 
São normas de eficácia limitada e possuem aplicabilidade 
mediata (para o futuro). Serão aplicados ao caso concreto conforme 
surjam as normas regulamentadoras. 
É muito importante lembrar que os objetivos internos (artigo 3º), os 
princípios nas relações internacionais (artigo 4º) e os direitos sociais (artigo 
6º) são considerados normas programáticas (limitadas de caráter 
programático). 
 
 
 
 
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10) PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
DO BRASIL 
Estão previstos no art. 4º da CF/88: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - Independência nacional; 
II - Prevalência dos direitos humanos; 
III - Autodeterminação dos povos; 
IV - Não-Intervenção; 
V - Igualdade entre os Estados; 
VI - Defesa da paz; 
VII - Solução pacífica dos conflitos; 
VIII - Repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - Concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando 
à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
 
CUIDADO! Em relação ao princípio da Concessão de asilo político. 
Asilo político é diferente de asilo diplomático: asilo político 
significa receber o estrangeiro no território brasileiro, enquanto asilo 
diplomático significa receber o estrangeiro na embaixada brasileira em 
território estrangeiro. 
O asilo diplomático é algo bastante controvertido no direito 
internacional e não representa um dos fundamentos que regem as relações 
internacionais do Brasil. 
 
 
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Asilo político é diferente de refúgio político: 
ASILO POLÍTICO REFÚGIO POLÍTICO 
Asilo político é para quem sofre 
perseguição política no país de 
origem. 
Refúgio político é para quem é 
fugitivo de guerra ou de situação de 
grave violação de direitos humanos. 
O asilo político está previsto na 
CF/88. 
O refúgio político está previsto em 
Lei Ordinária. 
O asilo político é de concessão 
discricionária. 
O refúgio político é ato vinculado. 
 
11) PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES 
A) ORIGEM HISTÓRICA 
Em geral, se atribui a Aristóteles a ideia inicial da separação dos 
poderes. 
John Locke, posteriormente, retomou o tema tratando da existência 
de um poder legislativo, de um poder confederativo e de um poder de 
administrar. 
Todavia, quem propagou a ideia de separação de poderes com os 
contornos que conhecemos hoje, muito embora não tenha sido o seu 
criador, foi Montesquieu, segundo o qual haveria três poderes: legislativo, 
executivo e judiciário. 
Bolingbroke, teórico inglês, falava sobre a questão da harmonia dos 
poderes, conhecida também como freios e contrapesos ou “checks and 
balances”. Segundo o autor, a harmonia entre os poderes seria fruto de 
uma fiscalização recíproca entre eles. 
Exemplo de mecanismo de controle recíproco: O legislativo tem 
a função típica de criar as leis. O judiciário pode declarar a 
inconstitucionalidade das referidas leis. Os ministros do STF são escolhidos 
pelo Presidente da República (executivo) com a aprovação do Senado 
Federal (legislativo). 
 
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B) ELEMENTOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES 
Os elementos que compõem a separação de poderes estão previstos 
expressamente no art. 2º da CF/88: 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Independência: cada poder tem sua função típica, contudo, sem 
deixar de exercer de modo atípico as funções típicas dos outros poderes, 
justamentepara garantir a sua independência. 
Harmonia: trata-se do controle recíproco entre os poderes. 
 EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
UNIÃO 
Presidente 
da República 
com o auxílio 
dos Ministros 
de Estado. 
Congresso 
Nacional 
(Câmara dos 
Deputados e 
Senado 
Federal) 
Tribunais 
Federais 
(Tribunais 
Superiores, 
Juízes Federais 
e TRF’s). 
Ministério 
público da 
União 
ESTADOS 
Governador 
com o auxílio 
dos 
secretários 
de estado. 
Assembleia 
legislativa 
TJ + Juízes de 
direito 
Ministério 
Público dos 
Estados 
DISTRITO 
FEDERAL 
Governador 
com o auxílio 
dos 
secretários 
de estado do 
DF. 
Câmara 
Legislativa do 
DF 
X X 
MUNICÍPIOS 
Prefeito com 
o auxílio dos 
secretários 
municipais. 
Câmara 
Municipal 
X X 
 
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TRIBUNAIS DE CONTAS, MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA 
PÚBLICA INTEGRAM QUAIS PODERES? 
Nenhuma dessas instituições está em relação de subordinação aos Poderes 
estudados. 
O Tribunal de Contas da União atua como auxiliar do Congresso 
Nacional, mas mantém independência e ausência de subordinação 
hierárquica (STF, ADI 4.190). 
 
Quanto ao Ministério Público, igualmente, tem-se em independência e 
inexistência de subordinação. 
 
Mas, sem dúvidas, o julgado do STF mais cobrado em provas de 
concursos quando se trata de separação dos poderes diz respeito à 
Defensoria Pública. O caso envolvia um ato de Governador de Estado 
que, ao receber o orçamento encaminhado pela Defensoria local dentro dos 
limites da LDO, promoveu cortes. Além disso, ele ainda inseriu a instituição 
na estrutura da Secretaria de Justiça, subordinada ao Executivo (STF, ADPF 
307). 
 
 
C) PODERES DO ESTADO E AS RESPECTIVAS FUNÇÕES 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Todo o Poder emana do povo. No entanto, como vimos, visando a um 
melhor funcionamento da máquina pública, Montesquieu desenvolveu a 
teoria da separação dos poderes e os desdobrou em três: Executivo, 
Legislativo e Judiciário. 
 
Cada um deles exerce uma função principal, chamada de típica, e funções 
secundárias, as atípicas. 
 
Veja no quadro seguinte: 
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PODER FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA 
Executivo Administrar 
(executar) 
1 legislar: por exemplo, ao 
editar uma medida provisória ou 
um decreto autônomo. 
 
2 julgar: julgamentos feitos pelo 
CADE acerca da possível 
formação de cartéis ou outras 
formas de violação da 
concorrência. 
 
Judiciário Julgar 1 legislar: elaboração de 
Regimentos Internos. 
 
2 administrar: ‘cuidar’ de seus 
servidores. Ex.: conceder férias. 
Legislativo Legislar e fiscalizar 1 julgar: processar e julgar as 
autoridades indicadas pela 
CF/1988 
(artigo 52). Ex.: Pres. da 
República. 
 
2 administrar: ‘cuidar’ de seus 
servidores. Ex.: concessão de 
horas extras. 
 
(Quadro extraído do curso do professor Aragonê Fernandes) 
 
 
D) EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES 
• ACUMULAÇÃO DE CARGOS NO PODER LEGISLATIVO E 
EXECUTIVO: 
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
I - Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de 
Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, 
de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática 
temporária; 
 
Nesse caso haveria uma cumulação de funções: mandato eletivo do 
poder legislativo e cargo do poder executivo. Afinal, muito embora esteja 
licenciado do cargo no poder legislativo, o parlamentar não perde o seu 
mandato. 
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ESTUDO DIRIGIDO 
01) Quais são os princípios fundamentais previstos na 
Constituição Federal? 
 
02) Qual a diferença entre as regras e os princípios? 
 
03) Quais são as formas de governo na classificação de 
Maquiavel? Quais seus princípios fundamentais? 
 
04) Quais são os sistemas de governo? Quais suas 
características? 
 
05) Quais são as formas de Estado? 
 
06) Como se classifica o federalismo de acordo com sua 
origem? 
 
07) Quais são as características de uma federação? 
 
08) A forma federativa de Estado é cláusula pétrea no 
Brasil? 
 
09) Quais são os modelos de democracia? Quais as suas 
características? 
 
10) O que é um Estado de Direito? 
 
11) Quais as consequências da adoção de um Estado de 
Direito no Brasil? 
 
12) Quais são as fases do Estado de Direito? 
 
13) Quais são os fundamentos da República Federativa do 
Brasil? 
 
14) Quais os objetivos da República Federativa do Brasil? 
 
15) Quais são os princípios que regem a República 
Federativa do Brasil nas relações internacionais? 
 
16) Qual a origem do princípio da separação dos poderes? 
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17) Quais os elementos da separação dos Poderes? 
 
18) Existe exceção ao princípio da separação dos Poderes? 
 
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QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES 
1) (CESPE/ PROCURADOR DE ESTADO – PGE-SE/ 2017) Quanto à 
forma, o Estado brasileiro é classificado como 
 a) democrático, embasado no princípio da igualdade. 
 b) republicano, fundamentado na alternância do poder. 
 c) republicano, sendo essa forma protegida como cláusula pétrea. 
 d) Estado democrático de direito. 
 e) federativo, sujeito ao princípio da indissolubilidade. 
2) (FCC/ AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – ARTESP/ 2017) Considere: 
I. Elegibilidade dos representantes, ou seja, as autoridades são investidas 
no poder pela eleição, que poderá ser direta ou indireta. 
II. Temporariedade do mandato. 
III. Responsabilidade dos governantes, os quais devem prestar contas de 
seus atos. 
IV. Trata-se da mais antiga forma de governo ainda em vigor. 
No que concerne às características da forma de governo republicana, está 
correto o que consta APENAS em 
 a) I e IV. 
 b) II e III. 
 c) I, II e III. 
 d) I, II e IV. 
 e) III e IV. 
3) (FCC/ ANALISTA – PGE-MT/ 2016) Um grupo de servidores da 
Procuradoria-Geral do Estado do Mato Grosso, recém empossados, 
participou de uma palestra de boas-vindas, oportunidade em que foram 
abordados temas relacionados à República Federativa do Brasil. Houve 
consonância com o disposto na Constituição Federal quando mencionado 
que 
 a) a soberania é princípio que rege as relações internacionais do Brasil. 
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26 
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 b) a independência nacional é fundamento do Estado Democrático de 
Direito brasileiro. 
 c) a solução pacífica dos conflitos é fundamento do Estado Democrático de 
Direito brasileiro. 
 d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativas são fundamentos do 
Estado Democrático de Direito brasileiro. 
 e) a dignidade da pessoa humana é princípio que rege as relações 
internacionais do Brasil. 
4) (FCC/ TÉCNICO – PGE-MT/ 2016) É um dos objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil, previsto no art. 3o da Constituição 
Federal, 
 a) garantir uma renda mínima a todo cidadão. 
 b) combater à fome. 
 c) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 d) erradicar o analfabetismo. 
 e) garantir a paz no território nacional.5) (FCC/ TÉCNICO – PGE-MT/ 2016) O fundamento do Estado 
Democrático de Direito, previsto no art. 1o da Constituição Federal, que 
torna o cidadão titular de direitos e o qualifica como participante da vida do 
Estado é 
 a) a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho. 
 b) a soberania. 
 c) a dignidade da pessoa humana. 
 d) a cidadania. 
 e) o pluralismo político. 
6) (CESPE/ ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCGO/ 2016) Assinale a opção 
que apresenta um dos fundamentos da República Federativa do Brasil 
previsto expressamente na Constituição Federal de 1988. 
 a) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
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 b) autodeterminação dos povos 
 c) igualdade entre os estados 
 d) erradicação da pobreza 
 e) solução pacífica dos conflitos 
7) (FCC/ AGENTE DE APOIO LEGISLATIVO – ALMS/ 2016) Nos 
termos da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil tem como 
um de seus fundamentos 
 a) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 b) constituir uma sociedade livre, justa e solidária. 
 c) o repúdio ao terrorismo e ao racismo. 
 d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. 
 e) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. 
8) (FCC/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – SEGEP-MA/ 
2016) Erradicar a pobreza e a marginalização é 
 a) um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. 
 b) um fundamento da República Federativa do Brasil. 
 c) uma norma constitucional de aplicabilidade imediata e eficácia plena. 
 d) uma regra constitucional auto executável. 
 e) uma competência privativa da União. 
9) (FCC/ TÉCNICO DA RECEITA ESTADUAL – SEGEP-MA/ 2016) 
NÃO consta entre os princípios que regem as relações internacionais da 
República Federativa do Brasil: 
 a) A defesa da paz. 
 b) O repúdio ao terrorismo e ao racismo. 
 c) A prevalência dos direitos humanos. 
 d) A redução das desigualdades regionais na América Latina. 
 e) A autodeterminação dos povos. 
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10) (FCC/ ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 23ª REGIÃO/ 2016) O 
princípio da solidariedade social 
 a) não está contemplado no segmento normativo da Constituição 
Brasileira. 
 b) tem previsão restrita ao preâmbulo da Constituição e como tal não pode 
ser invocado judicialmente para seu asseguramento. 
 c) é corolário do princípio da soberania nacional que, garantindo a 
indissolubilidade do Estado, obriga a formação de laços de solidariedade na 
sua defesa. 
 d) não é princípio constitucional, mas mero fundamento da República. 
 e) é um dos três componentes estruturais do princípio democrático quando 
a Constituição preconiza o modelo de construção de uma sociedade livre, 
justa e solidária. 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1 – e 2 – c 3 – d 4 – c 5 – d 6 – a 7 – d 
8 – a 9 – d 10 – e

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