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Sintetizando, o fator Tele, inato, em condições favoráveis a seu desenvolvimento, permite a experiência subjetiva profunda entre pessoas e pode ser observado por um terceiro (é objetivo). Este fator supera o afastamento entre sujeitos que se relacionam. Tele significa “à distância”, como o radical grego de televisão e telepatia. Tele e transferência Para Moreno, a transferência equivale ao conceito de sentido fenômeno oposto ao fenômeno da Tele. Para Moreno, a transferência equivalia ao embotamento ou à ausência da Tele. A presença da transferência, enquanto patologia do fator Tele (nesse caso inibido ou enfraquecido), frequentemente é causa de equívocos e até de sofrimento nas relações interpessoais. A Medida do Fator Tele Uma parte do teste sociométrico, o “perceptual”, criado por Moreno, verifica a capacidade, de cada elemento de um grupo de captar os sentimentos e expectativas dos outros em relação a ele. Tele e Encontro O encontro é a experiência essencial da relação télica. O encontro de que fala Moreno não pode ser marcado como um horário. No entanto, ele convidava para esse encontro. Como? O convite moreniano é uma espécie de convocação, é apelo para a sensibilidade do próximo. É convite para a vivência simultânea e “bi-empática”, enfim, télica. É apelo da espontaneidade. A teoria do Momento O momento moreniano é uma espécie de curto-circuito. É vivido como se a duração fosse alterada subitamente, permitindo o destaque de um instante que transforma as pessoas envolvidas. É o caso do momento do encontro e do momento da criação, situações em que o ser humano se realiza, afirmando o que é essencial no seu modo de ser. O “Aqui e Agora” Moreno salientava a importância de se pensar respeito da interação humana levando principalmente em conta o tempo presente. Moreno pretendia estar encontrando pela primeira vez o método adequado para o estudo das interações “aqui e agora”, o método sociométrico. Teoria dos Papéis As teorias morenianas sempre se referem ao homem em situação, imerso no social e buscando transforma-lo através da ação. Conceito papel, assimilado no Psicodrama: Compreendem unidades de representação teatral e de ação e funções sociais. Papéis profissionais; Papéis determinados pela classe social (patrão, operário); Papéis Afetivos (amigo, inimigo, companheiro); Papéis Familiares (pai, mãe, filho); Papéis nas demais instituições (diretor, deputado, coordenador). Todos papéis tem algo em comum: São observáveis. Moreno definiu papel como a menos unidade observável de conduta. “Papel é a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos.” Para a teoria moreniana, “todo papel é uma fusão de elementos privados e coletivos. Um papel compõe-se de duas partes: o seu denominador coletivo e o seu diferencial individual. Papel é a unidade de condutas interrelacionais observáveis, resultante de elementos constitutivos da singularidade do agente e de sua inserção na vida social. A origem dos papéis na Matriz de Identidade Na história do indivíduo, os papéis começam a surgir no interior da Matriz de Identidade, que constitui “a base psicológica para todos os desempenhos de papéis”. Para Moreno, “o ego deriva dos papéis”, e o que se costuma chamar de “personalidade” deriva de fatores GETA: genéticos, espontaneidade, tele e ambiente. Papéis Psicossomáticos A partir do modo pelo qual foram experienciados os papéis psicossomáticos e do desenvolvimento de seus fatores Tele e Espontaneidade, a Criança continua o processo de assimilação de novos aglomerados de papéis. Inicialmente, sem que ela possa fazer distinção entre papéis reais e papéis imaginários. Na fase de realidade total, a criança começa a “imitar” algumas formas de ação que observa. Mas ainda não é capaz de representar ou desempenhar papéis, sem confundir com aspectos aquilo que observa e estabelecendo distinção entre papéis reais e imaginários. Papéis Sociais e Papéis Psicodramáticos A função psicodramática é a contrapartida da função de realidade. Nos papéis sociais opera predominantemente a função de realidade, e nos papéis psicodramátios, a fantasia ou função psicodramática. Os papéis psicodramáticos correspondem à dimensão mais individual da vida psíquica, “à dimensão psicológica do eu”, e os papéis sociais, à dimensão da interação social. Papéis Psicodramáticos no Psicodrama Os papéis psicodramáticos são “personificações de coisas imaginadas, tanto reais quanto irreais”. A ação dramática permite insights profundos, por parte do protagonista e do grupos, a respeito do significado dos papéis assumidos. Os papéis psicodramáticos evidentemente têm seus complementares na ação dos co-atores e do grupo, que assistem ao drama e nele se vêem representados. Papéis Complementares Todos os papéis são complementares. São unidades de ação realizadas em ambiente humano ou na expectativa de inter-relação. O modo de ser, a identidade de um indivíduo decorre dos papéis que complementa ao longo de sua existência e de suas experiências, com as respostas obtidas na interação social, por papéis que complementam os seus. A PSICOLOGIA SOCIAL DE ENRIQUE PINCHON – RIVIERE (texto 12) Grupo e Grupo Operativo A teoria de Pichon-Riviere traz implícita uma proposta: a de aprender a pensar em grupo em termos de uma Psicologia Social da vida cotidiana. É um ir configurando, a partir da aprendizagem, um Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO). O ECRO proposto por Pichon-Riviere implica uma abordagem do homem em suas condições concretas de existência; a única forma, portanto, de entender este Homem, será em seu cotidiano. Para Pichon o conhecimento é um processo que implica a existência de três momentos: -- Momento sensível – no qual os aspectos exteriores do objeto de conhecimento são percebidos; -- Momento lógico – É o momento de conceitualização onde são conhecidas as leis internas que governam o fenômeno; -- Momento Prático – é o momento operativo, quando este conhecimento se aplica ativamente a esta aplicação atua como critério de verdade do conhecimento. Pichon considera três elementos da subjetividade que se dão no ECRO: Sentir, Pensar e Agir, que se relacionam respectivamente com os três momentos do conhecimento – sensível, lógico e prático. Para Pichon a aprendizagem é um processo de apropriação da realidade no qual a conduta do sujeito se modifica a partir de suas próprias experiências. A aprendizagem é uma conduta e como tal implica a relação do sujeito com um objeto. Todo o processo de aprendizagem implica na existência de três momentos: 1 – momento confusional – quando ainda não são conhecidos os limites do conhecimento; 2 – momento dilemático – quando começam a se produzir fragmentações no grupo e a contradição se polariza. O que está atrás deste momento é a resistência à mudança que, uma vez elaborada, possibilita o surgimentodo terceiro momento; 3 – o problema – aqui o sujeito pode situar-se no lugar do outro, escutá-lo. Permite-se modificar-se no interjogo dialética com os outros. Conceito de grupo Todo grupo exige de cada um dos integrantes uma determinada conduta, existe a expectativa de que cada um tenha um determinado papel. Aqui surge o temor à despersonalização, o medo de ser absorvido pelo grupo, de perder a identidade. Lembre-se que aqui o que se perde em um grupo não é a identidade e sim a individualidade, isto em função da cooperação, quando o sujeito faz parte de um grupo. E o que é um grupo? Para Pichon-Riviere grupo é: “Conjunto restrito a pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua representação interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa que constitui sua finalidade”. Em um grupo nos encontramos com uma situação dada em um momento determinado – este é o Existente, que abrange tanto o explícito como o implícito. Através do aclaramento do que está ocorrendo aparece uma situaçãonova no grupo que Pichon denominou situação emergente. Grupo Operativo Podemos dizer que a proposta de Pichon inclui um ECRO teórico: -- Teoria do sujeito -- Teoria do conhecimento E um ECRO clínico: -- Teoria do desenvolvimento --Teoria da enfermidade -- Teoria do processo corretor abrangendo ----Operações sobre condutas desviadas; colaboração no desenvolvimento da saúde através do G.O. visando à cura/reaprendizagem. O fundamento teórico da operatividade do grupo é dado pela teoria da enfermidade única. Pichon considera a depressão como situação patogenética básica e outras estruturas patológicas como tentativas inadequadas de cura. Os três momentos da tarefa grupal Em todo grupo temos um início, um desenvolvimento e um fim, Em termos de trabalho grupal encontramos três momentos: pré-tarefa, tarefa e projeto. Na pré-tarefa encontramos as técnicas defensivas que estruturam a resistência à mudança. O momento da tarefa é quando são elaboradas as ansiedades básicas e se rompem as estereotipias. Isto permite ao sujeito um contato ativo com a realidade e a elaboração de estratégias e táticas que possibilitarão o aparecimento de um projeto. 1º Vetor – Afiliação e compromisso A afiliação refere-se à primeira aproximação ao grupo, é resultado de uma escolha, tem uma motivação – um sentido – uma explicação histórica. O compromisso é o momento seguinte: é a afiliação total. É um grau maior de identificação e integração com o grupo o que permitirá a seus membros a elaboração e planificação da tarefa cujos quatro momentos estão constituídos pela estratégia, a tática, a técnica e a logística. 2º Vetor – Cooperação Consiste na contribuição à tarefa grupal e se constitui sobre a base de papéis diferenciados. Nela se manifesta o caráter interdisciplinar do grupo operativo. 3º Vetor – Pertinência Consiste na centralização do grupo na tarefa prescrita. Neste vetor está a prova da impostura. A qualidade da pertinência é avaliada pela intensidade da pré-tarefa e produtividade do grupo. 4º Vetor – Comunicação Esta pode ser verbal e pré-verbal. No grupo podem acontecer diferentes modalidades de comunicação: - Comunicação de um em direção a todos – pode gerar a relação de dependência de um líder. - comunicação de todos em direção a um – aqui o perigo é que este seja transformado em bode expiatório. - comunicação entre dois que se isolam do resto do grupo – pode gerar a formação de subgrupos. O ideal seria um tipo de comunicação de todos com todos. 5º Vetor – Aprendizagem Este é o vetor do desenvolvimento, da adaptação ativa à realidade. A aprendizagem é alcançada pela integração das informações dos componentes do grupo, acontecendo em um determinado momento a trasnformação da quantidade em qualidade. 6º Vetor – Tele Este vetor foi definido por Moreno como uma disposição positiva ou negativa para trabalhar a tarefa grupal. Para Pichon, todo encontro é na verdade um reencontro, o grupo retroage a situações anteriores incontáveis.
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