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Revisão NP1 - Processos Grupais

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Revisão NP1 – Processos Grupais
Observações Iniciais (anotações do caderno):
KURT LEWIN
Livro: Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências
Autora: Maria Fernanda Mazziotti Barreto
Capítulo I – Dinâmica de Grupo: breve histórico
- Fazer um levantamento histórico da Dinâmica de Grupo é necessário para que se possa entender os seus fundamentos, avaliar sua importância e aplicação. Esse estudo decorre, principalmente, pelo Psicólogo Social alemão, Kurt Lewin.
- 1936: Surge, com K. L., a Dinâmica de Grupo como campo de pesquisa (ele que introduziu esse termo). Ao observar os pequenos grupos, buscava entender os macro-fenômenos sociais.
- Por ser judeu, sempre lidou com o assunto “a minoria e suas consequências”. Realizou estudos sobre associação e motivação, e começou a desenvolver suas concepções a propósito da “teoria de campo”.
- Pesquisa sobre autocracia e democracia de Lewin ganhou destaque: os resultados mostraram que, nos grupos democráticos, a originalidade dos indivíduos, o sentimento de nós e a cooperação entre seus membros são muito maiores que nos grupos cujo líder é autocrático. Neles, quando era necessário trabalho cooperativo, os participantes se reuniam em subgrupos somente quando lhes era dada a ordem pelo líder. Nos grupos democráticos, essa reunião era espontânea e durava o dobro do tempo que a dos grupos autocráticos.
- “Climas sociais criados experimentalmente”: famoso estudo sobre agressividade. Foram criadas atmosferas experimentalmente democráticas, autocráticas e laissez faire em grupos de crianças. No grupo autocrático, as crianças reagiam agressivamente quando surgia alguma dificuldade, apelando para o líder em busca de solução. No laissez faire, a agressividade era ainda mais intensa, em um curto espaço de tempo, a união e a colaboração cediam lugar ao trabalho isolado. No grupo democrático, onde as decisões eram tomadas em conjunto e buscando uma solução que satisfizesse a todos, houve momentos de tensão, mas a agressividade ocorrida nunca foi tamanha a ponto de criar um “bode expiatório”.
- As primeiras pesquisas tinham como tema o controle social do comportamento. Depois, sobre características de liderança (poucas conclusões). Em seguida, em 1940, sobre discussão em grupo, produtividade em grupo, mudança de atitude ou problemas na liderança.
- Nos anos 40: criou-se o movimento de “relações humanas”. Os grupos dessa abordagem prática desenvolveram uma compreensão especial do valor dos chamados “grupos de sensibilidade” e “grupos de encontro” (grupos T), não baseada em resultados de pesquisa.
- 4 Características distintivas da Dinâmica de Grupo: 1) acentuação da pesquisa empírica, 2) interesse pela dinâmica e pela interdependência entre os fenômenos, 3) importância geral para todas as ciências sociais e 4) aplicabilidade potencial dos resultados nas tentativas de aperfeiçoar o trabalho dos grupos e suas consequências nos indivíduos e na sociedade.
- DG é uma prática dialética de grupos, de ação sempre recomeçada.
- Lewin: “não existe indivíduo algum que não tente, consciente ou inconscientemente, influenciar a sua família, o seu grupo de amigos, o seu grupo profissional, sucessivamente (...) Temos que compreende que o próprio poder é um aspecto essencial de um grupo seja ele qual for (...)”.
- O psicodrama (Moreno) é uma das abordagens de grupo aplicada a, pelo menos, dois contextos de atuação do psicólogo: clínico e escolar.
Livro: Dinâmica e Gênese dos Grupos
Autor: Gerald Bernard Mailhiot
Capítulo I – A Obra e o Homem
- Lewin fundou a Dinâmica de Grupos como sendo uma “Engenharia Social”, do qual se arrependerá.
- A orientação de suas pesquisas, nos últimos 8 anos de vida, passando de interessar-se por frustração, regressão, níveis de aspiração e aprendizagem, para elaborar uma psicologia de grupos que seja, simultaneamente, dinâmica e gestáltica.
Capítulo II – Uma etapa decisiva para a Psicologia Social
- Augusto Comte (1793 – 1857): o social deve absorver o psíquico. Segundo ele, existiam somente 2 ciências: a ciência da vida (biologia) e a ciência da sociedade (sociologia). Conclui que seria inútil construir uma ciência intermediária, como a psicologia social.
- Émile Durkheim (1858 – 1917): “A Psicologia Social não é senão uma palavra que designa toda espécie de generalidades, variadas e imprecisas, sem objeto definido”. Hegemonia da sociologia em relação a qualquer outra ciência.
- Gabriel Tarde (1843 – 1904): “A Sociologia será uma psicologia ou nada será”. Para ele, é o individual que explica o social/coletivo.
- Termo “psicologia social” usado, primeiramente, pelo sociólogos e filósofos sociais franceses.
- William MacDougall (1871 – 1929): “Tudo que o sociólogo observa na ordem social decorre de forças mentais que compete ao psicólogo social determinar” = instintos sociais, que determinam os comportamentos coletivos.
- Fase instintiva/psicopedagógica: As condutas sociais e os comportamentos coletivos são interpretados, inicialmente, em termos de forças sociais inatas, de instintos determinantes, e inspiram-se, em grande parte, nas teorias behavioristas.
- Fase psicanálise x antropologia cultural: reducionismo x anexionismo (de anexar).
- Lewin: suas pesquisas vão servir, desde o início, para esclarecer e elucidar a dinâmica de fenômenos de grupo. Centrado nos micro-grupos, ou “face-to-face-groups” (grupos face à face) /grupos frente à frente, pois não temos o aparato para estudar a sociedade a nível global. A exploração válida e fecunda dos fenômenos de grupo deve se operar no próprio campo psicológico em que eles se inserem, ao invés de serem reconstituídos, em escalas reduzidas, em laboratório.
- Para que haja comportamento de grupo é necessário que vários indivíduos experimentem as mesmas emoções de grupo, que estas emoções de grupo sejam suficientemente intensas para integrá-los e deles fazer um grupo, que finalmente o grau de coesão atingido por estes indivíduos seja tal que eles se tornem capazes de adotar o mesmo tipo de comportamento. Psicologia Coletiva: estuda a interpretação dos comportamentos de grupo como pertencentes a uma ciência distinta da psicologia social, embora aparentada com ela.
- Dinâmica de grupos (micro-grupos) e Psicologia Coletiva (macro-grupos).
- Sócio-grupo x psico-grupo: O primeiro seria o grupo de tarefa, isto é, o grupo estruturado e orientado em função da execução ou do cumprimento de uma tarefa. O segundo, ao contrário, seria definido como um grupo de formação, no sentido amplo do termo, ou seja, um grupo estruturado, orientado e polarizado em função dos próprios membros que constituem o grupo (grupo centrado sobre si mesmo).
Capítulo IV – Da pesquisa-ação à dinâmica de grupos
- Após estudar minorias psicológicos, Lewin chegou a 2 conclusões: para ser válida, toda exploração científica de problemas relativos ao campo da psicologia das relações intergrupais deve operar-se em constante referência à sociedade global na qual estes fenômenos de grupo se inserem e se manifestam. A segunda: para abordar e interpretar cientificamente fenômenos desta magnitude e desta complexidade, somente uma aproximação complementar de todas as ciências do social ofereceria alguma possibilidade de identificar corretamente as constantes e as variáveis em causa. As realidades sociais são MULTIDIMENSIONAIS.
- Para Lewin, as hipóteses que a ciência formula, as leis que destaca e as teorias que elabora não tem valor para a psicologia de grupo, opondo-se ao “operacionismo” e ao pragmatismo.
- Fixa 2 objetivos para toda pesquisa sobre os fenômenos sociais, que se confundem e se completam. Não há diagnóstico de uma situação social concreta que possa ser formulado sem a exploração da dinâmica própria do grupo implicado por estar situação, da mesma maneira que a dinâmica própria de um grupo não se revelará realmente, senão ao pesquisador que tenha conseguido assimilar todos os dados concretos da vida desse grupo.
- Propõe que os fenômenos sociais não podem ser observados do exterior, do mesmo modo que não podem ser observados no laboratório,estaticamente. Decorre para ele a necessidade de, durante suas pesquisas, assumir constantemente os 2 papéis complementares de participante e observador.
- Lewin foi um dos primeiros teóricos do gestaltismo. Para ele, os pequenos grupos constituem as únicas totalidades dinâmicas acessíveis à observação e consequentemente à experimentação científica. Precisa de contato direto. Só assim as relações de reciprocidade tornam-se observáveis.
- Para ele, não é decompondo o fenômeno estudado em elementos e em segmentos para reconstituí-lo em laboratório, em escala reduzida, que o pesquisador pode conhecer sua totalidade concreta, existencial, não de fora, mas do interior. Ele introduz os “pequenos grupos-testemunhas” (pequenos átomos radioativos). Por estarem dentro do grupo, podem observar os mecanismos em jogo nesse desenvolvimento.
- Moreno, antes de Lewin, preocupou-se constantemente com o problema da socialização do ser humano. Inventou técnicas e instrumentos que favorecessem e facilitassem o aprendizado ou o re-aprendizado das atitudes sociais, como o psicodrama, o jogo do papel, o sociodrama, que constituem tanto instrumentos pedagógicos como terapêuticos, em sua função. Será sempre influenciado pela psicologia da aprendizagem.
- Antes de Lewin, a psicologia social norte-americana preocupava-se em definir o meio educacional mais apto a formar o cidadão americano perfeito. Depois dele, o interesse dos pesquisadores dirige-se para as atitudes coletivas.
- Os comportamentos dos indivíduos enquanto seres sociais são função de uma dinâmica independente das vontades individuais. Os fenômenos de grupo são irredutíveis e não podem ser explicados à luz da psicologia individual. Toda dinâmica de grupo é a resultante do conjunto de interações no interior de um espaço psico-social. Tais interações podem ser tensões, conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicações ou ainda pressões e coerções.
- As atitudes coletivos só se tornarão inteligíveis àquele que as observa, se conseguir responder a 2 questões: por que tal comportamento de grupo se produz ao invés de outro? E porque, nesse momento, a situação observada possui tal estrutura contrariamente a uma outra?
- Ele procura a explicação dos fenômenos de grupos não na natureza de cada um de seus elementos, mas nas múltiplas interações que se produzem nesse grupo. É a relação de reciprocidade entre as atitudes do indivíduo e o conteúdo mental do meio que cria a situação da qual o comportamento é função.
- Sugere que toda situação social pode ser percebida e concebida como constituindo uma cadeia de fenômenos cuja resultante seria os comportamentos do grupo.
- Vetores de comportamento: direções, as orientações dadas a um comportamento, ou, nos casos opostos, constituem barreiras mais ou menos impermeáveis que dificultam a expressão de si.
- Dentro de uma perspectiva gestaltística, não pode haver fronteiras imutáveis entre consciências individuais e um determinado meio. Não há dicotomia entre pessoa e meio, todos fazem partes de situações sociais. A resultante de suas interações chama-se CAMPO SOCIAL.
- Totalidade Dinâmica: conjunto de elementos interdependentes (grupos).
- “Eu social”: o self em relação às realidades sociais como um sistema de círculos concêntricos. No centro, há o “eu íntimo”. Em torno desse núcleo, está o “eu social”, constituído dos sistemas de valores que são partilhados com certos grupos (como valores de classe, valores profissionais). Às margens, está o “eu público”, que está engajado nos contatos humanos e nas tarefas automáticas (onde se localizam os fenômenos de massa). Nenhum desses “eu” é estático, podendo estreitar-se ou dilatar-se.
- Campo Social: uma totalidade dinâmica, constituída por entidades sociais coexistentes, não necessariamente integradas entre elas. O que caracteriza o campo social são as posições relativas que nele ocupam os diferentes elementos que o constituem. É um “Gestalt”, um todo irredutível aos sub-grupos que nele coexistem e aos indivíduos que ele engloba.
- 4 hipóteses de Lewin: 1) o grupo constitui o terreno sobre o qual o indivíduo se mantém (firme, frágil, móvel, elástico); 2) O grupo é para o indivíduo um instrumento, ou seja, o indivíduo o utiliza como instrumento para satisfazer suas necessidades ou aspirações; 3) o grupo é uma realidade da qual o indivíduo faz parte, mesmo aqueles que se sentem ignorados, isolados ou rejeitados. A dinâmica de um grupo tem sempre um impacto social sobre os indivíduos que o constituem; 4) o grupo é para o indivíduo um dos elementos determinantes de seu “espaço vital” (parte do universo social lhe é livremente acessível).
- O clima social, as situações de grupo, ou as estruturas formais do momento social observado, são realidades tão objetivas quanto o clima psíquico, a situação geográfica e a configuração do espaço físico, em torno do indivíduo.
- Os indivíduos podem escapar a certas pressões, recusarem-se a certas obrigações, mas, por outro lado, não podem subtrair-se, nem escapar a certos condicionamentos. Em certos momentos, tem de adotar tal tipo de comportamento para responder às expectativas do grupo.
- O campo de forças que se destaca da interação dos fatos e dos valores depende de 3 coisas: 1) das tendências do eu concebidas como a maneira única pela qual cada indivíduo percebe cada instante presente em função do seu passado pessoal, 2) das tendências do super-ego, interiorizados pelo indivíduo, 3) da própria situação social.
- Importam tanto o futuro objetivo quanto subjetivo da situação dos indivíduos, para o conceito de mudança social (modificação do campo dinâmico no qual o grupo se encontra), conceito indissociável de controle social. O fator que tornará possível a mudança social é, sempre, o CLIMA SOCIAL, que é sempre determinado pelo tipo de AUTORIDADE que nele se exerce. Ou seja, a mudança só acontece quando se muda a autoridade de um grupo.
- Para Lewin, a pesquisa em psicologia social deve ser uma “ação social”. A experimentação social deve realizar-se em 3 etapas essenciais: 1) levantamento ou análise das percepções do grupo; 2) deduzir as possíveis evolução dessas percepções, 3) descobrir e prever os novos modos de comportamentos do grupo que estarão em harmonia com a reestruturação das percepções de grupo.
- O objetivo da análise de grupos é torna-los conscientes e lúcidos de sua dinâmica, inerente à situação social em evolução, transpondo suas percepções do subjetivo ao objetivo, do pessoal ao situacional. Sem ruptura, sem negação, mas primeiro por sincronização, e depois por sintonização.
MORENO
Livro: Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências
Autora: Maria Fernanda Mazziotti Barreto
Capítulo III – Psicodrama e Dinâmica de Grupo: re-criando possibilidades para o ensino de Psicologia na Universidade
- Jacob Levy Moreno: Técnicas Psicodramáticas (Psicodrama), técnicas importantes didaticamente ente educador e educando; Role-Playing; Teatro Espontâneo e Jogos Dramáticos.
- Role-playing: modalidade de teatro espontâneo para o treinamento de determinados papéis (contrários, mãe e filho, médico e paciente, professor e aluno), reproduzindo situações vividas ou imaginadas.
- Teatro Espontâneo: técnica que permite aos estudantes ensaiarem diferentes possibilidades de papel, transformando-os em papéis sociodramáticos. Mais básico e amplo que o Psicodrama. Dá origem ao psicodrama, e tem valor terapêutico. Do Teatro Espontâneo derivam: psicodrama, sociodrama, axiodrama e teatro espontâneo atual.
- Jogos Dramáticos: dramatizações empregados com o fim de proporcionar aos alunos uma introdução sem brusquidão à linguagem dramática. Na dramatização, os personagens são crenças da subjetividade histórica do ator, já no jogo dramático, os personagens são crenças da subjetividade coletiva do ator.
- Brincadeira de Deus: primeira sessão psicodramática que Moreno conduziu, aos 4 anos de idade, sendo, ao mesmo tempo, diretor e sujeito.
- 1º de abril de 1921 (Dia da mentira) – lançamento oficial do Psicodrama, no Komodian Haus.
- 1922: funda o Teatro da Espontaneidade.- 1923: Famoso caso Bárbara-George deu início ao Psicodrama Terapêutico. Bárbara era uma atriz que atuava no Teatro da Espontaneidade e era expert em encenar papéis doces, meigos e românticos. George, poeta e assíduo frequentador do Teatro, apaixonou-se por ela. Então, procura Moreno, dizendo que já não mais a suportava, que era grosseira, agressiva e que estavam infelizes. Moreno, então, dá papéis mais agressivos a ela, que os encena com muita competência. Aos poucos também introduz George a essa proposta, e os dois percebem mudanças. Assim, o Teatro da Espontaneidade transforma-se em Teatro Terapêutico e, então, no Psicodrama Terapêutico (embrião do Psicodrama de casal e de família).
- 1931: introduz o termo Psicoterapia de Grupo. Estrutura seus estudos sobre a Sociometria, com foco nas relações interpessoais.
- 1936: Constrói o 1º Teatro de Psicodrama.
- Socionomia: estudo das leis do desenvolvimento social e das relações sociais. Homem relacional e social, essas interrelações é o pilar central de sua teoria. 3 principais ramificações: 1) Sociodinâmica: estuda a estrutura e funcionamento dos grupos sociais, dos grupos isolados e das associações de grupo (utiliza role-playing enquanto método); 2) Sociometria: ciência da medida do relacionamento humano (utiliza teste sociométrico como método); 3) Sociatria: ciência do tratamento dos sistemas sociais (3 métodos: psicodrama, sociodrama e a psicoterapia de grupo).
- Psicodrama (foco é o indivíduo com todos os seus papéis), Sociodrama (quando o foco é o grupo e a ênfase é colocada nos papéis institucionais), Psicoterapia de Grupo (com alternância de foco).
- Psicodrama (foco): método psicoterápico no qual os clientes são estimulados a continuar e a completar suas ações, através do role-playing e da auto-presentação dramática. Utiliza-se comunicação verbal e não-verbal. Retratam-se lembranças do passado, situações vividas incompletas, conflitos íntimos, fantasias, sonhos. São implementadas técnicas como inversão de papéis, o duplo, o espelho, a concretização, etc. Tem fases de aquecimento, dramatização, encerramento e compartilhamento.
- Papéis possuem 2 dimensões: caráter privado e caráter coletivo. Para cada papel que desempenhamos, há um contrapapel de correspondência.
- O homem nasce com recursos de espontaneidade e criatividade, como fatores que favorecem o adequado desenvolvimento da vida física, psíquica e relacional. Todos temos uma reserva de criatividade, mas para que esse potencial se manifeste, torna-se necessário haver espaço para a espontaneidade. No entanto, as repetições vão se cristalizando, dominadas pela inércia conservadora (Conserva Cultural), que é o ato criativo enrijecido.
- Psicodrama (tripé): Contextos (social, grupal ou dramático); etapas (aquecimento, dramatização e compartilhamento); e instrumentos (cenário, protagonista, diretor, Ego-auxiliar (Terapeuta) e Público/plateia).
- Psicodrama em situações de Ensino: Psicodrama Didático, Educativo ou Pedagógico (nomenclaturas).
- Método educacional psicodramático (3 níveis): Real (realidade), Simbólico e Fantasia.
- Técnicas psicodramáticas utilizadas na atividade pedagógica (sala de aula): inversão de papeis, solilóquio (solicitar que alguém fale como “se estivesse pensando alto”) e a interpolação de resistências (desestruturação brusca de uma relação estereotipada, exigindo uma atuação diferente).
- Homem para Moreno: sempre em relação. Principais características: espontaneidade, criatividade e capacidade de se perceber a si mesmo e ao outro, com amplitude e profundidade.
- Nem toda dramatização é Psicodrama, mas todo Psicodrama pressupõe a etapa de dramatização.
- Métodos tradicionais, como aulas expositivas, geram um desgaste progressivo nos atores envolvidos na arte de ensinar/aprender, em detrimento das técnicas grupais, que tem recebido feedbacks positivos de professores e aluno, não somente em relação ao aprendizado, mas também às relações interpessoais.
PIAGET
Livro: Dinâmica de Grupo, Teorias e Sistemas.
Autor: Agostinho Minicucci
Páginas 40 a 51.
- Piaget não trabalhou, especialmente, com DG, mas forneceu elementos epistemológicos para seu estudo.
- Estágios: sensomotriz (nascimento a 2 anos de idade), operações concretas (2 aos 11 anos) e operações formais (11 aos 15 anos), todos se subdividindo em estágios.
- Pensamento começa na etapa pré-lógica, com predomínio simbólico, passa pelo intuitivo (perceptivo e realista) e vai ao operatório (crítico e descentrado).
- A cooperação social determina a formação intelectual (Hans Aebli).
- Opera-ação: ação do trabalho. Co-operação/Co-opera-ação: trabalhar com. A co-operação é um trabalho em equipe.
- A discussão no grupo só é possível se cada membro compreender o ponto de vista alheio. Isso se torna possível quando os conceitos de cada um dos participantes não são rígidos, nem é determinado por seu limitado ponto de vista. Em grupo, cada indivíduo adota múltiplos pontos de vista.
- Reversibilidade de pensamento: capacidade de reconhecer a equivalência de relações inversas (causa > efeito e efeito > causa). Necessita da operacionalidade do pensamento.
- As condições intelectuais da cooperação foram cumpridas num grupo quando cada integrante for capaz de compreender os pontos de vista dos demais e de adaptar sua própria ação ou contribuição verbal à deles.
- Reciprocidade: contribuições de ajuda mútua, colaboração. É a capacidade de compreender os pontos de vista dos outros e adaptar sua participação na contribuição verbal à deles.
- A criança raciocina mais logicamente quando discute com outra pois, frente ao companheiro, a primeira coisa que procura é evitar a contradição.
- O grupo favorece o desenvolvimento do pensamento operatório, e os contatos sociais da criança desempenham papel de primeira importância em seu desenvolvimento intelectual. Ela deve ser estimulada, desde os primeiros anos da escolaridade, ser estimulada em seu trabalho em conjunto.
- Devido pontos de vista distintos dentro do grupo, as crianças jamais poderão adquirir hábitos intelectuais rígidos e estereotipados.
- Discussão em comum x Trabalho em equipe: a primeira envolve a classe toda, o intercâmbio de reflexões e de observações, e a tarefa pode ser a análise de um texto ou de um quadro, planejar algo. Enquanto que, na segunda, a classe divide-se em grupos, os alunos trabalham independentemente, e a tarefa seria redação de relatórios, cartazes, trabalhos de pesquisa.
- Para Piaget, a Dinâmica de Grupo dá-se da interação entre pensamento lógico e a conduta participativa, livre das “coerções deformantes”, provindas tanto do extremo individualismo quanto da submissão ao grupo.
- Drama-experiência: basicamente uma atividade de tarefa orientada do grupo. Exemplo: jogo-história clap.
- Pensamento operatório de grupo passa de egocêntrico para sociocêntrico. “A lógica é a moral do pensamento”, da mesma forma que a moral é a lógica da conduta.
- A consciência do ponto de vista do outro nos remove do pensamento egocentrista.
- O agrupamento é causa ou efeito da cooperação (coordenação das operações acessíveis ao indivíduo)?
SCHUTZ
Livro: Dinâmica e Gênese dos Grupos
Autor: Gerald Bernard Mailhiot
Capítulo V – Comunicação humana e relações interpessoais
- Estudo de Lewin mostrou que a produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não somente com a competência de seus membros, mas sobretudo com a solidariedade de suas relações interpessoais.
- Schutz e “a teoria das necessidades interpessoais”: os membros de um grupo não consente em integrar-se senão a partir do momento em que certas necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo. Tais necessidades são fundamentais porque todo ser humano que se reúne em um grupo qualquer, as experimenta, ainda que em graus diversos. Somente em grupo e pelo grupo elas podem ser satisfeitas adequadamente.
- 3 Necessidades interpessoais fundamentais: necessidade de inclusão, de controle e de afeição.
- Necessidade de inclusão: necessidade sentida por todo novo membro de um grupo em se sentiraceito, integrado, valorizado pelos outros. Sobretudo, nos momentos de tomadas de decisão, que esta necessidade procura ser satisfeita da maneira mais imperiosa, pois é quando esse membro se sente como participante integral do processo de tomada de decisão. Indivíduos menos socializados tentarão se incluir por dependência. Outros, que não superaram a fase da revolta típica da adolescência, tentarão se impor pela contra-dependência. Os melhor socializados, são os únicos a encontrarem satisfação, a interdependência.
- Necessidade de controle: necessidade de se sentir totalmente responsável por aquilo que constitui o grupo: suas estruturas, suas atividades, seus objetivos, seu crescimento, seus progressos. “Quem controla quem? Por quê? ” Os menos socializados adotarão atitudes infantis, demitindo de toda responsabilidade (carismáticos), tendo “atitudes abdicadoras”. Os que se sentem rejeitados tenderão a cobiçar o poder e a assumir, se necessário, o controle sozinho do grupo (atitudes autocratas). Os mais socializados se mostrarão democratas (responsabilidades partilhadas).
- Necessidade de afeição: desejo secreto de todo membro de ser percebido como insubstituível no grupo, de que os outros membros não poderiam imaginar o grupo sem ele. Ser respeitado não apenas pelo que tem, mas pelo que é. Os dependentes buscarão tal afeto através de relações exclusivas e possessivas (criança mimada do grupo). Desejam estabelecer relações hiperpessoais. Os rejeitados cedem ao “bom grado”, reação de defesa contra as necessidades afetivas, atitudes de indiferença ou frieza. Interagem somente formalmente, sem solidariedade interpessoal, ocultando uma necessidade de afeição e sendo hipopessoais. Os mais altruístas desejam ser aceitos totalmente pelo que são, e essa necessidade de afeição encontra plena satisfação nos laços sociais e fraternos entre os membros, somente eles atingem um nível autenticamente interpessoal.
LEWIN
- Lewin descobriu, mas Schutz não: A gênese de um grupo e sua dinâmica são determinadas, em última análise, pelo grau de autenticidade das comunicações que se iniciam e se estabelecem entre seus membros. A comunicação humana só existe, realmente, quando se estabelece entre duas ou mais pessoas um contato psicológico (reencontro). Não é suficiente que as pessoas com desejo de comunicação se falem, se escutem ou mesmo se compreendam.
- Lewin: a comunicação varia segundo os instrumentos utilizados para estabelecer contato com o outro, as pessoas em processo de comunicação ou segundo os objetivos em vista.
- Segundo os instrumentos: verbal e não-verbal (posturas, gestos, expressões faciais, silêncios). Pode haver dissonância entre as duas (falar uma coisa, mas demonstrar outra). Utilizar somente a comunicação verbal pode tornar a relação intelectualizada demais, enquanto a falta de linguagem seria inteligível ao outro, por não recorrer a uma simbolização na expressão de si.
- Segundo as pessoas: a dois ou de grupo. A primeira pode ser pessoal, através de reciprocidade e complementaridade (amizade, amor). Se autêntica, mesmo quando provisórias (relações profissionais), tendem à permanência. A segunda pode ser intra-grupo (entre os membros do mesmo grupo) e inter-grupos (entre dois ou vários grupos).
- Segundos os objetivos: consumatória ou instrumental. A primeira tem como fim a troca com o outro. A segunda sempre comporta segundas-intenções (manipulação), como na publicidade. Na consumatória, o outro é percebido como um sujeito ao encontro de quem se vai e com quem se deseja comunicar; na instrumental, o outro é um objeto a explorar, seduzir ou enganar, assegurando certos ganhos e interesses.
- Teoremas da comunicação: 1) quanto mais fundo o contato psicológico, mais a comunicação é autêntica; 2) quanto mais expressão de si integrada (verbal ou não verbalmente), mais autêntica será a comunicação; 3) quanto mais a relação se estabelecer de pessoa para pessoa, para além dos personagens, máscaras, status e funções, mais autêntica será a comunicação; 4) quanto mais as comunicações intra-grupo foram abertas, positivas e solidárias, mais as comunicações inter-grupos serão autênticas e 5) quanto mais consumatórias forem as comunicações (encontros sujeito com sujeito), menos serão instrumentais (manipulatórias), e se tornarão mais autênticas.
- Vias de acesso ao outro: canais de comunicação. Perceber objetivamente os momentos psicológicos e as ocasiões de receptividade do outro é uma arte que poucos seres humanos conseguem dominar definitivamente (empatia). Quanto maior for a disparidade de status existente entre dois interlocutores, mas aquele sujo status é inferior deverá preocupar-se em descobrir as vias formas através das quais poderá aproximar-se daquele sujo status é privilegiado (canais formais). Nos canais espontâneos, as comunicações são abertas, confiantes e acessíveis constantemente. Há também as comunicações clandestinas (autoridade autocrática), através de contatos não oficiais, a fim de se manterem autoridade absoluta do grupo.
- Redes de relação de Bavelas: 4 tipos. 2 delas são somente horizontais, em grupo igualitário. As outras 2 são verticais (hierarquizadas), subordinadas e de dominação.
- Rede de Círculo (horizontal): estruturas de trabalho democráticas. Comunicações abertas que, pouco a pouco, fazem com que a comunicação se torne acessível a todos.
- Rede em cadeira (horizontal): típica de grupos laissez-faire. Autoridade de modo “bonachão”. Líder passivo, não assume responsabilidades, comunicação somente afetivas. Alguns membros se sentem excluídos ou marginalizados. Comunicações não funcionais, sempre equivocadas e ambíguas.
- Rede em Y (vertical): grupo aparentemente democrático em vias de tornar-se autocrático. Comunicações, antes abertas e espontâneas, tornam-se fechadas e artificiais, consciência de que um dos membros do grupo deseja poder absoluto.
- Rede em Roda (vertical): grupos autocráticos. Um indivíduo detém poder arbitrário e segundo seu bel prazer. Controla todas as comunicações, em sentido único (de cima para baixo).
- Lewin e os 5 componentes essenciais da comunicação humana: 1) emissor: aquele que toma a iniciativa da comunicação; 2) receptor: aquele a quem se dirige a mensagem; 3) a mensagem (conteúdo da comunicação): se consiste unicamente numa informação, é uma mensagem ideacional, se exprime sentimentos, constitui uma mensagem afetiva; 4) o código: símbolos utilizados para formular a mensagem de tal modo que ela faça sentido para o receptor. A linguagem escrita/oral é o código mais frequentemente utilizado, mas há também a música, pintura, escultura, dança, mímica, teatro, cinema, televisão, etc. O código público é quando o emissor deseja que sua mensagem seja captada pelo maior número possível de receptores, e o código secreto é o oposto; 5) destaque ou camuflagem: conjuntos das decisões que o emissor deve tomar, antes de se comunicar, quanto ao conteúdo da mensagem e sua codificação.
- Bloqueio: quando a comunicação é completamente interrompida.
- Filtragem: quando é comunicada somente parte do que os interlocutores sabem, pensam ou sentem.
- Bloqueios ou filtragens podem ser provisórios: certos autores falam então de pane, bruma, nebulosidade, queda de visibilidade ou ruído, entre emissor e receptor.
- 6 possíveis fontes de bloqueios e filtragens: do lado do emissor 1) inibições interiores: mensagens evocam lembranças penosas (como indivíduos traumatizados); 2) razões extrínsecas: tabus externos (censura, pressão de grupo, temas permitidos, proibidos). Em relação ao código 3) diferenças culturais: suposições gratuitas que utilizam o mesmo código, quando, em virtude de sistemas de valores de referência distinta, os símbolos têm para eles conotação subjetivas ou coletivas distintas ou mesmo contrárias. Do receptor 4) sem captação ou captação parcial por percepção seletiva (não capta aquilo que não é diretamente para ele; 5) por estados de alienação: alegria ou angústia que o consome e o faz incapaz de perceber as mensagens, não apenas não as compreendendo, comonão mais as escutando; 6) por contexto cultural exclusivamente sensibilizado para a comunicação verbal a ponto de não captar ou captar mal mensagens não verbais que lhe são dirigidas.
- Nas relações verticais (autocratas, hierarquizadas), os bloqueios e/ou filtragens tem 2 causas específicas: a hostilidade autista do autocrata e a transmissão seletiva nos membros.
- Hostilidade autista: o autocrata regride muito cedo em suas relações com o outro a ponto de tornar0se inconsciente da existência dele. O egocentrismo exacerbado o torna autista, não tendo olhos para outros aspectos senão para a sua própria glória. O poder o torna louco. Prisioneiro desse autismo, torna-se hiper-irritável, e todos vivem para servi-lo e votar-lhe culto incondicional.
- Transmissão coletiva: o autocrata, tendo para si toda decisão e controle das estruturas de poder, desencoraja a liberdade de expressão dos outros. Eles se omitem, e transmitem ao autocrata senão uma parte ou o contrário do que sabem, pensam ou sentem. Só sobrevivem ao se calar sobre o que sabem e transmitindo somente as ilusões falaciosas que o autocrata quer manter sobre seu poder e sua popularidade.
- Joking relation-ships: equivalentes às zonas de trocas acessíveis a cada indivíduo (Espaço vital), para Lewin. Os antropólogos culturais definem as zonas de relações interpessoais, onde a comunicação se estabelece de modo irônico ou humorístico, em razão de tabus.
- Distância social: diferentemente da distância psicológica (fenômeno intra-grupo onde o outro é percebido como incompatível, mantido à distância e a comunicação com ele é considerada impossível), a distância social é um fenômeno inter-grupo, onde o outro é mantido à distância simplesmente pelo fato de pertencer a um grupo diferente (por diferenças culturais, de classe, educacionais, intelectuais). Não é um indivíduo, mas um representante de uma classe, um grupo, uma camada, possuindo um status, ocupando uma função, despojado de um mistério pessoal. É um processo de despersonalização do outro, e é uma percepção vertical desse. Quando uma função social é desvalorizada num contexto social, seus representantes são percebidos de cima para baixo, com menosprezo e arrogância. Consentir com eles é considerado rebaixamento. Normalmente são frutos do preconceito.
- Preconceitos: ideias preconcebidas sobre o outro, ideias falsas, fixas, geralmente estranhamente simplistas com relação a certos indivíduos, a certos grupos que os fazem classificar, de antemão, em termos sempre excessivos. Quando favoráveis, os preconceitos chegam à enfatuação, quando desfavoráveis, degeneram em intolerância em relação ao outro. São adquiridos, não inatos. Os preconceitos parecem satisfazer nas pessoas necessidades tão mórbidas que, mesmo em seus momentos de lucidez, a eles se agarram desesperadamente.
- Preconceito é um sintoma, uma resposta à frustração, no caso, social. Quando dá origem à ansiedade, dá-se por 3 mecanismos de defesa: a generalização gratuita, sem provas em apoio; o deslocamento/descarga agressiva sobre bodes expiatórios; e a racionalização ou auto-justificação. Privados de suas liberdades fundamentais, os seres mais socializados experimentam uma frustração intolerável.
- Para aqueles que pouco ou nada evoluíram socialmente, a menor troca livre ou espontânea com o outro é fonte de ansiedade e causa de frustração. Mantém-nos à distância. É o medo da liberdade. O preconceito proporciona ao medo do outro uma tranquilidade precária, provisória, mas adquirida tão penosamente que o indivíduo se torna incapaz de a ela renunciar e recorre à mesma de modo compulsivo.
- Os seres mais preconceituosos, aqueles que o são em estado caracterológico, não de modo situacional, aqueles diagnosticados acima como débeis sociais, têm todos uma personalidade de tipo autoritário. Seu medo é perder o domínio sobre aqueles que dirigem. Para o autoritário, ter a autoridade é a maneira mais segura de escapar ao seu medo do outro.
- Jobia do outro: o autoritário não pode aceitar que os outros sejam diferentes dele. Toda diferença o perturba ou inquieta.
- O autoritário é um conformista, contrariamente ao psicopata que é um a-social, ou a um revoltado, que é um anti-social, o autoritário é um gregário cuja socialização não se realizou totalmente. Nunca atingiu o altruísmo. Adota espontaneamente os mitos e estereótipos da sociedade. Favorece a cristalização, petrificação, esclerosa das estruturas sociais. É um ser onde os instintos de simpatia não triunfaram dos instintos de defesa. Seu medo do outro é, no fundo, medo de si. Se recolhe pelo vazio na sua vida. É incapaz de doar-se ao outro porque não tem nada a dar, não tendo nunca conseguido possuir-se.
- Para chegar ao altruísmo e tornar-se capaz de abertura em suas comunicações humanas, o ser humano deve liberar-se da falsa obsessão de que só aqueles que nos parecem semelhantes nos são próximos e que para serem fraternais conosco, os outros devem ser idênticos a nós: é o primeiro passo no aprendizado da autenticidade.
PICHON-RIVIÈRE
Livro: O processo grupal
Autor: Enrique Pichon Rivière
Cap. XIII – Técnica dos Grupos Operativos
- A didática interdisciplinar baseia-se na preexistência, em cada um de nós, de um esquema referencial (conjuntos de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo pensa e age) que adquire unidade através do trabalho em grupo; ela promove, por sua, nesse grupo, um esquema referencial operativo sustentado pelo denominador comum dos esquemas prévios.
- Didática: desenvolver atitudes e comunicar conhecimentos. Na didática interdisciplinar, educa-se, desperta-se interesse, instrui-se e transmite-se conhecimentos, por meio de uma técnica que redunda em economia do trabalho de aprendizagem. Propicia a criação de departamentos onde os estudantes das diferentes faculdades vão estudar determinadas matérias comuns a seus estudos, tendo, assim, a conjugação dos diversos grupos de alunos em um mesmo espaço, criando-se inter-relações entre eles.
- A atividade dos grupos operativos está centrada na mobilização de estruturas estereotipadas, nas dificuldades de aprendizagem e comunicação. Os papéis tendem a ser fixos no começo, até que se configure a situação de lideranças funcionais (lideranças operativas) que fazem mais eficazes em cada “aqui e agora” da tarefa.
CAP XXIV – O Conceito de Porta-voz
- Porta-voz: é aquele que, no grupo, diz algo, enuncia algo em determinado momento, e esse algo é o sinal de um processo grupal que até esse momento permanecera latente ou implícito, como escondido no interior da totalidade do grupo. É decodificado pelo grupo – especialmente pelo coordenador – que assinala a significação desse aspecto. Faz isso inconsciente de significação grupal.
- O sujeito que adoece é o porta-voz da ansiedade. A enfermidade emerge por intermédio do porta-voz, que pelo simples fato de adoecer, denuncia que algo não anda bem. Pode haver mais de um porta-voz no grupo. O porta-voz é o membro que, por sua história pessoal, por suas características, pode expressar algo que permite decifrar o processo latente do grupo.
- Verticalidade (pessoal): posição ou atitude de um membro do grupo que trata o acontecer do grupo de uma maneira vertical, constituída por aquilo que lhe permite captar a situação patológica e a põe em evidência, verticalidade no sentido direcional e no sentido direto. O vertical é o pessoal, o histórico que se atualiza.
- Horizontalidade (grupal): maneira de o grupo expressa-se como um todo. O horizontal é o presente grupal.
- No momento que verticalidade e horizontalidade (unidades complementares de trabalho) se unem, constitui-se a operação de grupo. Quando não consonam, a operação não se realiza de forma operativa, eficaz.
- Esquema do cone invertido (toda tarefa): uma situação espiralada que desemboca num ponto determinado no qual se formula a resistência à mudança.
- Afiliação: fenômenos com uma pertença não alcançada (para o futebol, os torcedores, por exemplo).
- Pertença: sentimento de pertencer a um grupo determinado, identificadocom os processos grupais, com uma intensidade na realização da tarefa, determinada por esse sentimento, criando um clima que favorece a tarefa.
- Cooperação: maneira como os membros de um grupo, depois de sua pertença, adquirem a mesma direção para sua tarefa. Cooperadores vão numa mesma direção.
- Pertinência: sentir-se, localizar-se direccionalmente sobre a tarefa. É a centralidade entre cooperação e pertença.
- Comunicação: emissão de uma série de sinais, de um intercâmbio entre emissor-receptor, através de codificação/decodificação. O resultado é a INFORMAÇÃO.
- Aprendizagem: possibilidade de abordar um objeto, apoderar-se instrumentalmente de um conhecimento para, poder OPERAR com ele.
- Telê: capacidade ou disposição que cada um de nós tem para trabalhar com outras pessoas. Pode ser positiva ou negativa. É “querer trabalhar com alguém” (aceitação) ou “não suportar trabalhar com alguém” (rejeição).
 Algumas observações sobre Pichon-Rivière:
- Estrutura do grupo operativo: Integrante / Observador / Coordenador. Até 15 integrantes.
- A pré-tarefa compete a resistência à mudança, as defesas. A tarefa é a ruptura com a pauta estereotipada (barreira à aprendizagem) e no Projeto, o grupo se propõe objetivo, através de uma estratégia.
- Ansiedades básicas: Medo da perda (ansiedade depressiva) referente ao rompimento de esquemas prévios, medo do ataque (ansiedade paranoide), insegurança sobre novas estruturas.
- Papéis: porta-voz, bode expiatório e líder.
- Bode expiatório: porta-voz não aceito, depósito dos problemas grupais, fuga de seus obstáculos.
- Sabotador: oposto ao líder, responsável pela resistência à mudança, expressão da resistência do grupo.
- Impostor: Tipo de sabotador. Declara afinidade e colaboração, mas opera resistência e coloca obstáculos.
- Outros papéis: Organizado, engraçado, inteligente, displicente, calado, latifundiário.
- Papeis não são fixos, todos podem exercer diversos papeis, dependendo do contexto. Devemos criar condições para flexibilização e sabermos lidar com a diferença.
- Para aprendermos, no grupo operativo, deve haver: interação, vinculação, integração do saber com o cotidiano, confrontação, questionamento, inclusão da diferença, revisão de nossa identidade, mobilização de ansiedades e quebramos com a resistência à mudança.
- Distinções na comunicação: comunicar não é, obrigatoriamente, concordar com algo. Há comunicação na discordância.
- Discordar: referenciais distintos diante de um mesmo tema. Distorcer: confusão semântica – mesma palavra é interpretada diferentemente.
- Comunicação confusa: se dá por 1) mensagens incompletas; 2) mensagens pouco explícitas ou sugestivas e 3) pedidos encobertos ou queixosos.

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