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O círculo arterial do cérebro (de Willis) é um arranjo quase pentagonal de vasos na face anterior do encéfalo. É uma anastomose importante na base do encéfalo entre as quatro artérias (duas artérias vertebrais e duas artérias carótidas internas) que irrigam o encéfalo. O círculo arterial é formado sequencialmente no sentido anteroposterior pela(s): • Artéria comunicante anterior (une as artérias cerebrais anteriores) • Artérias cerebrais anteriores • Artérias carótidas internas • Artérias comunicantes posteriores (une as artérias cerebrais posteriores com a média e anterior). • Artérias cerebrais posteriores. Os vários componentes do círculo arterial do cérebro dão origem a muitos ramos pequenos para o encéfalo. O polígono de willis é constituído de 2 sistemas INDEPENDENTES que se relacionam: 1- SISTEMA CAROTÍDEO ORIGEM: Arco aórtico → tronco braquicefálico (ou artéria carótida comum esquerda diretamente)→ artéria carótida comum direita → artéria carótida interna (entra na caixa craniana pelo canal carótido → da origem à artéria cerebral média e artéria cerebral anterior 2- SISTEMA VERTEBROBASILAR ORIGEM: Arco aórtico → tronco braquicefálico ou subclávia esquerda → artérias vertebrais D. e E. → passam pelos forames transversos das vértebras cervicais → entram na caixa craniana pelo forame magno → se unificam na artéria basilar → ramifica nas → artérias cerebrais posteriores “A representação do conceito do corpo no interior do encéfalo é referida como homúnculo cortical” O “homúnculo de Penfield” é uma representação artística de como diferentes pontos da superfície do corpo estão “mapeados” nos dois hemisférios do cérebro, algumas vezes, por meio de traços deformados para indicar que tais partes do corpo têm localização específica em alguma das regiões. Áreas específicas do córtex cerebral recebem influxos sensitivos somáticos provenientes de partes específicas do corpo, e outras áreas do córtex cerebral fornecem efluxo na forma de instruções para o movimento de partes específicas do corpo. O mapa sensitivo somático e o mapa motor somático relacionam partes do corpo com essas áreas corticais. A localização exata das sensações somáticas ocorre quando impulsos nervosos chegam à área somatossensitiva primária, que ocupa os GIROS PÓS-CENTRAIS DOS LOBOS PARIETAIS DO CÓRTEX CEREBRAL. Cada região nessa área recebe influxo sensitivo proveniente de uma parte diferente e do corpo. OS ESTÍMULOS CRUZAM: • Sinais sensitivos somáticos do hemicorpo esquerdo do corpo → área somatossensitiva do hemisfério cerebral direito • Sinais sensitivos somáticos do hemicorpo direito do corpo → área somatossensitiva do hemisfério cerebral esquerdo Observe que algumas partes do corpo → principalmente os lábios, a face, a língua e a mão → fornecem influxos para regiões maiores na área somatossensitiva. Outras partes do corpo, como o tronco e os membros inferiores, incidem sobre regiões corticais muito menores. Os tamanhos relativos dessas regiões na área somatossensitiva são proporcionais ao número de receptores sensitivos especializados no interior da parte correspondente do corpo. Por exemplo: existem muitos receptores sensitivos na pele dos lábios, mas poucos na pele do tronco. PLASTICIDADE NEURONAL: O tamanho da região cortical que representa uma parte do corpo pode ser expandido ou encolhido até certo grau, dependendo da quantidade de impulsos sensitivos recebidos daquela parte do corpo. Por exemplo: pessoas que aprendem a ler Braille consequentemente desenvolvem regiões corticais maiores na área somatossensitiva representando as pontas dos dedos. PRA QUE SERVE: A escala de coma de Glasgow é um método para definir o estado neurológico de pacientes com uma lesão cerebral aguda analisando seu nível de consciência. Fornece uma metodologia de atendimento que apontasse tanto a profundidade do dano neurológico quanto a duração clínica de inconsciência e coma. QUANDO FOI CRIADO: Foi em 1974 que Graham Teasdale e Bryan J. Jennett (do Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow) publicaram oficialmente a escala na revista Lancet. UTILIZA QUAIS CRITÉRIOS: A escala considera três fatores principais e determina uma pontuação de acordo com o nível de consciência apontada em cada um desses casos (espontaneamente ou através de estímulo). SÃO ELES: Abertura ocular, Resposta verbal e Melhor resposta motora. ATUALIZAÇÃO: Esse importante recurso foi atualizado em abril de 2018 Após a análise desses fatores, a publicação de 2018 indica mais um ponto a ser observado: a Reatividade pupilar, que é subtraída da pontuação anterior, gerando um resultado final mais preciso. TABELA DE COMA DE GLASGOW 3 = Coma profundo (85% de probabilidade de morte encefálica; estado vegetativo) 4 = Coma profundo 8 = Coma intermediário (< 8 intubação) 11 = Coma superficial 15 = Normalidade OCULAR VERBAL MOTORA REFLEXO PUPILAR DEFINIÇÃO: O AVE é uma afecção caracterizada pelo início agudo de um déficit neurológico focal promovido por distúrbio na circulação intracraniana seja de origem isquêmica ou hemorrágica. CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA • Acidente vascular isquêmico (AVEi) • Ataque isquêmico transitório (AIT) • Acidente vascular hemorrágico subaracnoide (AVEh subaracnoide) • Acidente vascular hemorrágico intrapaerenquimatoso (AVEh) EPIDEMIOLOGIA GERAL • Causa mais comum de óbitos no Brasil • AVEi: 80-85% dos casos/ AVEh:15-20% • Causa mais comum de invalidez adulta • Maior incidência em ♂ • TAXA DE INCIDÊNCIA: duplica após os 55 anos • NEGROS E HISPÂNICOS tem maior risco • Comum em PACIENTES HIPERTENSOS • ARTERIAS DE MÉDIO CALIBRE - 5% (↑A. basilar) FATORES DE RISCO ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT) DEFINIÇÃO: Déficit neurológico focal reversível, transitório, com duração máxima de 24h. Entretanto os sintomas costumam reverter no máximo em 2h. • Ocorre isquemia reversível. Sem presença de infarto neuronal em exames de imagem. CAUSAS: Pequenos êmbolos arterioarteriais a partir das carótidas ou vertebrais; Trombose; Baixo débito cardíaco; Placas de ateroma. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: “semelhantes às do AVEi, porém transitórias” Pode preceder o AVEi em 20% dos casos. (indicativo de possível AVEi) PRINCIPAIS PREDITORES: Idade (>60 anos); PA (>140/90mmHg); Sintomas clínicos (hemisféricos x focais); Duração do déficit (>60 min) / Diabetes. AVALIAÇÃO: • Avaliado pelo: ABCDE • Avalia idade, PA, sintomas clínicos, duração e diabetes (medicações orais ou insulina) • Duplex-scan de carótidas e vertebrais, ECG e ecocardiograma transtorácico. EXAMES EVENTUALMENTE NECESSÁRIOS: Doppler transcraniano, eco transesofágico, angio-TC, angio-RM, angiografia convencional. TRATAMENTO: Prevenção do AVEi, através de medicamentos ou condutas intervencionistas. o AIT CARDIOEMBÓLICO: Varfarina o AIT ATEROTROMBÓTICO: AAS o AIT ATEROEMBÓLICO CAROTÍDEO: AAS DEFINIÇÃO: Episódio de disfunção neurológica causada por isquemia seguida de infarto seguindo a distribuição de um território vascular definido, com sintomas que persistem por pelo menos 24h, ou até o óbito. ETIOLOGIA/CLASSIFICAÇÃO EMBÓLICO (45% DOS CASOS) Trombo proveniente de local distante que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria. TIPOS: CARDIOEMBÓLICO: a fonte emboligênica é o coração, na maioria das vezes com fibrilação atrial (trombo no AE), IAM de parede anterior (trombo no VE) e cardiomiopatias dilatadas (trombo em VE e/ou AE). (outras causas: doença de chagas, cardiopatia isquêmica, endocardite bacteriana, persistência de forame oval). ARTERIOEMBÓLICO: típico de pacientes hipertensos, diabéticos, com dislipidemia e tabagistas. Originado de placa aterosclerótica na carótidacomum ou bifurcação carotídea ou na artéria vertebral. EMBOLIA PARADOXAL: ocorre por defeitos cardíacos como comunicação interatrial. TROMBÓTICO (25% DOS CASOS) LACUNAR: (20% dos AVEi) infarto de tamanho < 2 cm, causado pela obstrução de pequenas artérias perfurantes cerebrais → desenvolvem uma lesão obstrutiva chamada lipo-hialinose (espessamento hialino da camada média) → que pode precipitar a trombose. TROMBÓTICO DE ARTÉRIAS DE MÉDIO CALIBRE: raro (5%). O mais clássico → AVE pontino extenso pela trombose da artéria basilar. Suspeita-se de AVE trombótico em médias artérias → síndr. do “AVE em evolução” (déficit neurológico se desenvolve de forma subaguda) CRIPTOGÊNICO (30% DOS CASOS) Origem desconhecida, não é possível identificar uma etiologia para o AVEi (Após investigação). EPIDEMIOLOGIA • RESPONSÁVEL: por 80-85% dos casos (tipo mais comum de AVE) • MAIS COMUM em homens e em afrodescendentes • IDOSOS a partir de 55 anos FISIOPATOLOGIA FLUXO CEREBRAL: (normal: > 50 ml/100 mg/min). Disfunção neuronal < 20 ml/100 mg/min • OCLUSÃO OU SUBOCLUSÃO de uma artéria cerebral → leva a → isquemia (desequilíbrio entre oferta/consumo de oxigênio) → quando a isquemia é prolongada ou grave (<10ml/100mg/min) → ocorre → infarto neuronal (necrose irreversível). • APÓS O INFARTO NEURONAL → instala-se o → edema citotóxico ( do volume dos neurônios) acompanhado de edema vasogênico (pico 3/4 dias) → levando à extravasamento para interstício. • NAS PRIMEIRAS 48 HORAS → há migração de neutrófilos para o local, seguido de migração de monócitos e células glias fagocitárias. • APÓS 10 DIAS → consegue-se distinguir a zona de tecido normal da zona infartada. • DE 10 DIAS A 3 SEMANAS → fagocitose provoca → necrose liquefativa → transformando o infarto em uma área amolecida, depois cística e retraída → Disfunção neuronal ÁREA DE PENUMBRA Área ao redor da isquemia, com baixo fluxo, porém alta extração de O2 (mecanismo compensatório). Dependem de circulação colateral, mantida pela PA. É reversível por isso a necessidade de ação rápida. • NAS PRIMEIRAS 24H DO AVEI → a RM permite delinear as áreas com lesão irreversível e as áreas isquêmicas recuperáveis (penumbra isquêmica). QUADRO CLÍNICO INÍCIO SÚBITO MAIS COMUNS: hemiparesia, monoparesia, hemihipoestesia, afasia, ataxia, diplopia e hemianopsia. Varia de acordo com a artéria acometida: A. OFTÁLMICA • Amaurose fugaz ou alteração monocular ipsilateral. A. COROIDÉIA ANTERIOR • Hemiplegia severa e proporcionada contralateral • Hemi-hipoestesia contralateral • Hemianopsia contralateral A. CEREBRAL MÉDIA (geralmente é AVE embólico ou lacunar) “lobo frontal, parietal e parte superior do temporal” • Hemiparesia de predomínio braquiofacial contralateral • Hemi-hipoestesia contralateral • Hemianopsia homônima contralateral • Afasia (hemisfério dominante); (afasia de broca: compreensão intacta e não consegue falar); (Afasia de wernicke: afeta a compressão) • Negligência (hemisfério não dominante) A. CEREBRAL ANTERIOR (geralmente AVE embólico) • Hemiparesia de predomínio crural contralateral (predomínio em MMII) • Hemi-hipoestesia contralateral • Distúrbios esfincterianos • Abulia • Déficits de memória A. VERTEBRAL • Hemi-hipoestesia alterna (face ipsilateral e membros contralaterais. • Ataxia cerebelar ipsilateral • Paralisia bulbar ipsilateral (IX e X nervos cranianos) • Síndrome de claude bernard horner ipsilateral • Síndrome vestibular periférica (vertigem, náuseas, vômitos e nistagmo) • Diplopia A. CEREBRAL POSTERIOR • Alterações do campo visual/ Rebaixamento do nível de consciência/ Déficit sensitivo/ Alterações das funções nervosas superiores. • Hemianopsia homônima contralateral • Hemi-hipoestesia térmica e dolorosa contralateral • Movimentos coreoatetóides • Estado amnésico A. BASILAR • Deficit motor e/ou sensitivo geralmente bilateral/ Rebaixamento do nível de consciência/ Alterações de nervos cranianos. • Dupla hemiplegia • Dupla hemianestesia térmica e dolorosa • Paralisia de olhar conjugado horizontal ou vertical • Torpor ou coma • Paralisia ipsilateral dos nervos cranianos (III, IV, VI e VII) • Ataxia cerebelar • Cegueira cortical e alucinações visuais REGRAS GERAIS DE LOCALIZAÇÃO DO AVE ISQUÊMICO: SUGERE TERRITÓRIO CAROTÍDEO (CEREBRAL MÉDIA, ANTERIOR): afasia, síndromes cerebrais clássicas (Gerstmann, amusia, agnosias, síndrome do lobo frontal) SUGERE TERRITÓRIO VERTEBROBASILAR (CEREBRAL POSTERIOR, TRONCO): hemianopsia, agnosia visual, síndrome de Balint, síndrome de Anton. Diplopia sugere AVE de tronco. Vertigem e nistagmo sugerem AVE pontino ou cerebelar. Ataxia cerebelar sugere AVE de cerebelo, mesencéfalo (núcleo rubro) ou tálamo SÍNDROMES TÍPICAS DE INFARTOS LACUNARES: (1) Hemiplegia fasciobraquiocrural (cápsula interna) (2) Afasia de broca ± hemiparesia (3) Hemianestesia (tálamo ventrolateral) (4) Disartria com apraxia da mão e braço (5) Hemiparesia atáxica DIAGNÓSTICO DEFICIT NEUROLÓGICO FOCAL de início súbito que dura mais de 15-20 minutos → TRATAR COMO AVE • HISTÓRIA CLÍNICA (avaliar tempo de evolução e início dos sintomas); • EXAME FÍSICO • EXAME NEUROLÓGICO: Escala de Glasgow, Escala de Cincinatti ESCALA DE CINCINATTI Aparecimento súbito de 1 destes 3 achados → 72% de probabilidade de um AVC isquêmico, se os 3 achados estiverem presentes → > 85%. ESCALA NIH Avalia o déficit do AVE através da pontuação de 15 parâmetros, variando de 0 (sem déficit) a 42 (maior déficit). REALIZAÇÃO DE EXAMES DE IMAGEM: TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA • TC DE CRÂNIO NAS PRIMEIRAS 12H-24H, sem contraste, geralmente não mostra AVEi mas descarta AVEh (AVEh = área hiperdensa). ACHADOS PRECOCES (fase hiperaguda < 12 horas): Perda do contorno insular, indefinição dos núcleos cinzentos, perda da diferenciação entre substância branca e cinzenta, artéria cerebral hiperdensa FASE SUBAGUDA: Lesão hipodensa em forma de cunha, envolvendo a substância branca e cinzenta e respeitando o limite vascular, edema perilesional e sinais de efeito de massa (desvio de estruturas da linha média para o hemisfério contralateral, apagamento de sulcos e cisternas, compressão ventricular). FASE CRÔNICA: lesão focal hipodensa, bem delimitada, respeitando limites vasculares, com proeminência de sulcos e alargamento dos ventrículos ipsilaterais. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: MAIOR ACURÁCIA: detecta AVEi em tronco cerebral, cerebelo e pequenos infartos. DESVANTAGENS: maior tempo para a aquisição das imagens, exigindo melhor estabilidade do paciente, além de ser difícil acesso. INDICADO para pacientes sem definição de tempo de início e que 1 manifestação foi crise epiléptica. utilizada a sequência T2 ou o FLAIR (atenuação de fluido). IDENTIFICA área de penumbra → através da → técnica de RM com estudo de difusão (DWI) e perfusão (PWI). • PWI < DWI (mismatch) → significa lesão reversível (penumbra) → indicando melhor prognóstico com o uso do trombolítico • Se os dois estiverem → lesão irreversível de neurônio (infarto). DOPPLER TRANSCRANIANO: Pode diagnosticar qual é a artéria intracraniana obstruída. EXAMES PARA DIAGNÓSTICO DE ETIOLOGIA: EXAMES DE SANGUE: bioquímica, hemograma, coagulograma, lipidograma, VHS, sorologia para sífilis e Chagas. INVESTIGAÇÃO DE EMBOLIA CARDÍACA: eletrocardiograma, ecocardiograma transtorácico, ecocardiograma transesofágico e Holter. INVESTIGAÇÃO DE FONTES ARTERIOTROMBÓTICAS E EMBÓLICAS: angiotomografia, angiorressonância, doppler de artérias carótidas e vertebrais. LCR: é raramente solicitado, reservado aos casos de diagnóstico diferencial, AVC e convulsões, pesquisa de vasculares do SNC. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO → AVE DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO → oclusão de vaso por cardioembolia/aterotrombose DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO → Artéria/região acometida TRATAMENTO Emergência médica. FASEAGUDA Restringe-se aos primeiros 3 dias, quando a terapêutica pode impedir a transformação da penumbra isquêmica em infarto cerebral. MEDIDAS GERAIS • Monitorização, tratamento de pressão arterial, glicemia, oxigenação, proteção de vias aéreas e prevenção de complicações. • SINAIS VITAIS devem ser aferidos e, se o paciente estiver torporoso ou comatoso, na vigência de instabilidade respiratória, deve ser intubado e colocado em ventilação mecânica. • O paciente deve permanecer DEITADO com cabeceira entre 0 e 15 graus nas primeiras 24h. Grande área isquêmica → cabeceira a 30º. • NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO. Em caso de disfagia grave a dieta deve ser enteral, progredindo-se até 2.000 kcal/ dia, variando de acordo com o cálculo das necessidades calóricas basais. Uma hidratação razoável seria 1.000-1.500 ml/ dia de ringer lactato com KCl. • Monitorizar a NATREMIA (diária) → deve ser mantida na faixa normal (135-145 mEq/L). A correção do sódio não deve variar a natremia em mais de 12 mEq/L/dia, evitando-se a mielinólise pontina (correção da hiponatremia) e o edema cerebral (correção da hipernatremia). • Evitar HIPOGLICEMIA (piora lesão) O objetivo é deixar o paciente normoglicêmico o mais rápido possível. A HIPERGLICEMIA deve ser tratada com insulina em pacientes hiperglicêmicos (> 180 mg/dl), sendo mantida entre 140-180 mg/dl. • PA: Não se deve baixar a PA nas primeiras 24h, a não ser que seja maior ou igual a 220x120 mmHg ou se o paciente apresentar dissecção aórtica, IAM, edema agudo de pulmão, encefalopatia hipertensiva; (betabloqueadores por via EV; metoprolol ou labetalol; ou elanaprilato e nitroprussiato de sódio). Pois a penumbra isquêmica é nutrida por colaterais que dependem diretamente da pressão arterial para manter seu fluxo. (Após administração de trombolítico a PA deve ser mantida abaixo de 180x105 mmHg nas primeiras 24h, â risco de hemorragia). Após 24 horas a 48 horas deve-se introduzir terapêutica por VO, dando preferência para iECA, bloqueadores de angiotensina II e betabloqueadores • HIPOTENSÃO ARTERIAL deve ser tratada agressivamente com soro fisiológico 0,9%; caso contrário, haverá extensão do infarto cerebral. • HIPERTERMIA deve ser controlada (redução a partir de 37,5), o da temperatura levar a acidose lática → morte neuronal (á isquemia). • PROFILAXIA CONTRA AS ÚLCERAS GÁSTRICAS DE ESTRESSE (ex: IBP) NÃO É indicada de rotina após um AVE, somente em casos selecionados ( o risco de hemorragia digestiva, mas a chance de pneumonia nosocomial). Está indicada nos seguintes pacientes: 1.Ventilação mecânica > 48h 2.Coagulopatia (plaquetas < 50.000/ml, INR > 1.5 ou PTT > 2x o valor normal 3.História de úlcera péptica ou hemorragia digestiva alta no último ano 4.Traumatismo cranioencefálico e/ou raquimedular, grande queimado 5.Dois ou mais dos seguintes: sepse, permanência em UTI > 1 semana, hemorragia digestiva oculta ≥ 6 dias, uso de altas doses de glicocorticoide MANEJO DA PA: Se for realizar trombólise: Se não for realizar trombólise: • Manejar PA, se PAS >220 mmHg ou PAD>120 mmHg; • Redução lenta e progressiva da Pressão Arterial. MANEJO DA GLICEMIA: MEDIDAS ESPECÍFICAS • ANTIAGREGANTE PLAQUETÁRIO: aspirina (160-300 mg) dentro das primeiras 24/48h. Ajudam a a morbimortalidade. É o único antiplaquetário testado com efeito. • HEPARINA: prescrita na dose profilática para: o PREVENÇÃO DE TVP/TEP. Heparina não fracionada 5.000 UI a cada 8-12h ou heparina de baixo peso molecular. (enoxiparina 40mg SC 1x dia) o AVE CARDIOEMBÓLICO → realiza-se anticoagulação preventiva após terceiro dia. • ESTATINAS: a atorvastatina tem benefício na prevenção primaria e secundária do AVE, sem aumentar taxas de hemorragia intracraniana. Iniciada na fase aguda e mantido indefinidamente. • TROMBOLÍTICOS: Possui indicações e contraindicações. Utiliza-se rtPA. (ativador de plasminogênio tecidual) CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: a) AVEi em qualquer território vascular cerebral b) possibilidade de se estabelecer precisamente o horário de início dos sintomas c) possibilidade de se iniciar a infusão do rtPA dentro de 4,5 horas do início dos sintomas d) TC de crânio sem evidência de hemorragia e ausência de edema em > 1/3 do território da artéria cerebral média (alto risco de transformação hemorrágica) e) idade > 18 anos f) paciente ou familiar responsável capacitado a assinar termo de consentimento informado ADMINISTRAÇÃO: O tratamento trombolítico exige controle rigoroso da PA (PA < 180 x 105 mmHg nas primeiras 24 horas após a infusão). COMPLICAÇÕES HEMORRÁGICAS PELO USO DE TROMBOLÍTICOS frequentemente ocorrem nas primeiras 24 horas da terapia. Hemorragia significativa, recomendam-se as seguintes medidas: 1) cessar a infusão de rtPA imediatamente 2) certificar-se de que duas veias periféricas estejam sendo infundidas com fluidos 3) checar hematócrito, TAP, PTTa e fibrinogênio 4) dar prosseguimento à investigação diagnóstica para confirmar o sangramento (se suspeita de hemorragia no SNC, realizar nova TC de crânio) 5) infundir cinco unidades de crioprecipitado (repor fibrinogênio) 6) caso o sangramento persista, infundir uma unidade de plaquetas ou 2-3 unidades de plasma fresco congelado 7) infundir concentrado de hemácias suficiente para manter o hematócrito adequado 8) infundir fluidos para tratar a hipotensão 9) nos casos de hemorragia no sistema nervoso central, avaliar neurocirurgia TERAPIA ENDOVASCULAR Trombectomia mecânica via cateterismo intra-arterial. Eficaz em restabelecer a patência vascular e melhorar desfechos clínicos até 6-8h após o início dos sintomas, desde que se trate de oclusões de grandes vasos intracerebrais (carótida interna, cerebral média, basilar). FASE CRÔNICA (depende da etiologia) AVE CARDIOEMBÓLICO: anticoagulação plena permanente (cumarínicos orais) para prevenção de novos eventos. Manter INR (tempo de protrombina) entre 2-3. • AVE ARTERIOTROMBÓTICO: AAS (100-300mg/dia) pro resto da vida. • HIPERTENSÃO ARTERIAL → controle com anti-hipertensivos orais. • ENDARTERECTOMIA CAROTÍDEA (ressecção do ateroma na carótida) em 17% o risco absoluto de AVE nos dois anos seguintes. • REABILITAÇÃO (fisioterapia motora, fonoterapia, terapia ocupacional) deve ser iniciada o quanto antes, de preferência nas primeiras 24-48h. • A fisioterapia motora deve ser passiva e ativa, evitando posições viciosas, e deve ser feita, no início, diariamente COMPLICAÇÕES A letalidade geral do AVE isquêmico é 10-20%. DECORRENTES DA IMOBILIZAÇÃO: Contraturas musculares; Broncoaspiração; Pneumonia; ITU; Desnutrição; Úlcera de decúbito; TVP/TEP; Transformação hemorrágica; Distúrbios metabólicos CAUSADO: pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com: • extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral) • sistema ventricular (hemorragia intraventricular) • espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide). EPIDEMIOLOGIA • REPRESENTA 15-20% de todos os AVE. • ALTA TAXA DE MORTALIDADE (1/3 em 30 dias). E 1/5 tem dependência funcional em 6 meses. • PREDOMÍNIO em jovens • ACOMETE IGUALMENTE homens e mulheres. • MAIS PREVALENTE em negros. • PRINCIPAL CAUSA: ruptura de aneurisma. CLASSIFICAÇÕES DIFUSOS: Sangramento para o espaço subaracnóideo ou interventricular. FOCAIS: Hemorragia intraparenquimatosa. HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA • CORRESPONDE a uma coleção hemática dentro do parênquima encefálico. • COMPREENDE cerca de 10% de todos os AVE. • PRINCIPAL FATOR DE RISCO: HAS. PATOGENIA E PATOLOGIA • FATORES ETIOLÓGICOS: Hipertensão arterial; Angiopatia amilóide; Malformações vasculares; Neoplasias; Anticoagulantes; Fibrinolíticos; Diáteses hemorrágicas; Fármacos simpatomiméticos; Angiites primárias e secundárias do SNC; Doença de Moyamoya. • Ocorre rotura da parede vascular (por fragilidade ou formaçãode pequenos aneurismas ou depósitos amilóides ou intoxicação por cocaína ou sangramento tumoral) e acúmulo de sangue no parênquima cerebral, com isso há elevação da pressão intracraniana e desencadeamento de edema vasogênico (resposta inflamatória ao sangue) em volta do hematoma. • A hipertensão craniana será maior quanto mais volumoso for o hematoma. • O hematoma pode aumentar de tamanho nas primeiras 12-36h, com piora neurológica ao longo desse período. • OS LOCAIS MAIS ACOMETIDOS SÃO: Putâmen; Tálamo; Cerebelo; Ponte. AVE HEMORRÁGICO HIPERTENSIVO: (tipo mais comum) causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes, promovendo fragilidade da parede vascular e formação de pequenos aneurismas (aneurismas de Charcot-Bouchard). O rompimento desses aneurismas (em geral durante um pico hipertensivo) provoca o AVE hemorrágico intraparenquimatoso hipertensivo. • A letalidade é espantosamente alta, em torno de 50%. O paciente geralmente morre da própria HIC, que leva à herniação cerebral. QUADRO CLÍNICO Efeitos da Hipertensão intracraniana aguda, como cefaleia súbita, vômitos e rebaixamento do nível de consciência, em geral dentro de algumas horas. Ou relacionados ao sítio do sangramento: • PUTÂMEN: Hemiplesia fasciobraquicrural contralateral, desvio de olhar conjugado contrário à hemiplegia. • TALÂMICA: Hemiplesia fasciobraquicrural contralateral, hemianestesia, desvio dos olhos p/ baixo e p/ dentro, pupilas mióticas e anisocóricas. • CEREBELO: Tontura, náuseas, vômitos e ataxia cerebelar aguda. Compl.: Herniação. • PONTE: quadriplegia súbita, pupilas puntiformes e fotorreagentes, descerebração, hiperpneia e hiperidrose. • INTRAVENTRICULAR: Cefaleia; alteração do nível de consciência, estupor e coma e sinais de irritação meníngea • LOBAR: Déficit motor ou sensitivo contralateral; afasia e confusão mental; heminegligência; paresia do olhar conjugado DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS: hemograma, função hepática e renal e toxicológico TC DE CRÂNIO NÃO CONTRASTADA (o contraste pode piorar a hipertensão intracraniana) ou RM. ACHADOS NA IMAGEM: Área hiperdensa (hematoma), com edema ao redor (zona hipodensa) e desvio da linha média. ESCALA DE FISHER MODIFICADA: • Análise seletiva de hemorragias subaracnóideas. • Utilizada para mensurar prognóstico de qualquer AVE hemorrágico. • Hematoma de tamanho nas 12-36 horas seguintes (inflamação local) → contribuindo para a piora clínica e para o pior desfecho. COMO OCORRE O REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA E/OU COMA: o sangramento comprime as estruturas encefálicas que contém os neurônios do sistema reticular ascendente, (responsáveis pela vigília), como o tálamo e mesencéfalo. ESCALA DE HUNT-HESS: Principal utilizada para determinação clínica do prognóstico, e também como definidora de condutas. ESCORE ICH PARA HEMORRAGIA INTRACRANIANA - HIC Estratifica risco de mortalidade em 30 dias (no momento de admissão). ABRANGE: Nível de consciência; Volume do hematoma; Idade; Presença de inundação ventricular; Localização infratentorial do hematoma. TRATAMENTO Devem ser considerados: CUIDADOS GERAIS Monitorização, proteção de vias aéreas, controle de PA, combater hipertermia e hipo/hiperglicemia (nutrição e hidratação), utilização de antídotos se necessário. MANEJO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA PRESSÃO DE PERFUSÃO > 70 mmHg PRESSÃO INTRA-CRANIANA < 20 mmHg. MANITOL (diurético), Hiperventilação (PAco2 entre 30 e 35 mmHg), ANALGESIA E SEDAÇÃO, usados em risco de herniação. CORTICÓIDES: hemorragia intraventricular ou subaracnoide associada. TRATAMENTO CIRÚRGICO: drenagem do hematoma INDICADA: Hematoma cerebelar > 3 cm ou entre 1-3 cm com repercussão neurológica (ex.: hidrocefalia obstrutiva, coma, compressão do tronco cerebral com arritmia respiratória) Hematoma lobar ou putaminal volumoso, com extensão para a periferia e repercussões clínicas. HEMORRAGIA SUBARACNOIDE DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA • Coleção hemática localizada no espaço subaracnoide. Pode ser classificada como traumática, mais frequente, e espontânea compreende cerca de 5-10% de todos os AVE. • INCIDÊNCIA: entre 50 e 60 anos, ♀ e negros mais acometidos. • FATORES DE RISCO: tabagismo, uso abusivo de álcool, história familiar de HAS, drogas ilícitas e simpatomiméticos. PATOGENIA E PATOLOGIA • Ocorre de forma espontânea (rotura de aneurisma sacular congênito) (mais comum) e por rotura de malformações arteriovenosas (MAV) → Ocorre → rompimento da artéria → O sangue ao atingir o espaço subaracnoide → causa edema cerebral e meningite química. • A partir do quarto dia pode ocorrer complicação de vasoespasmo, pelo contato do sangue com as artérias do polígono de Willis (principal causal do déficit neurológico focal e sequelas). TIPOS DE ANEURISMAS: • SACULAR: (90% dos casos). São bolsas de parede fina que protuem das artérias do poligono de Willis ou seus ramos. LOCALIZAÇÃO MAIS FREQUENTE: porção terminal da carótida interna, bifurcação da ACM e topo da artéria basilar. O local mais frequente de ruptura é na artéria comunicante anterior. • FUSIFORMES (7% dos casos) • MICÓTICOS: localizado nas artérias distais intracranianas. QUADRO CLÍNICO • 35-55 anos → rotura espontânea de aneurisma sacular congênito; • 15-30 anos →rotura de uma malformação arteriovenosa. • SINTOMAS: Cefaleia holocraniana de instalação abrupta e de forte intensidade, dor cervical e nucal, náuseas, vômitos, fotofobia e perda da consciência (metade dos pacientes). (cefaleia em trovoada) (cefaleia sentinela: cefaleia “premonitória”) • Pode apresentar sinais de irritação meníngea, hemorragias retinianas, comprometimento do nível de consciência e sinais neurológicos focais. • A fundoscopia pode mostrar as hemorragias sub-hialoides. • Um dos mais importantes é relacionado à rotura do aneurisma de comunicante posterior, quando o jato hemorrágico comprime diretamente o III par craniano (oculomotor). O paciente chega com anisocoria (midríase no lado da lesão), diplopia e estrabismo divergente. Após o terceiro dia (entre 4-14 dias do início dos sintomas), ocorre o vasoespasmo. TRÍADE: cefaleia + síncope + rigidez de nuca COMPLICAÇÕES • Ressangramento (20%) • Vasoespasmo (20-30%) • Hidrocefalia (15%) • Hiponatremia Prognóstico → quantidade de sangue na TC. (Fisher e de Hunt-hess) DIAGNÓSTICO TC DE CRÂNIO NÃO CONTRASTADA: confirma o diagnóstico em 95% dos casos. (Área hiperdensa) LCR: presença de sangue ou líquido xantocrômico. (coleta de líquor se TC normal ANGIOTOMOGRAFIA CEREBRAL: realizada se diagnóstico duvidoso. RM DE CRÂNIO: indicada se nenhuma lesão vascular for encontrada. LABORATORIAL: Hemograma completo, coagulograma, eletrólitos. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO → AVE DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO → MAV, rompimento de aneurisma DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO → artéria/região acometida TRATAMENTO CUIDADOS GERAIS Repouso absoluto, analgesia, sedação e controle rigoroso da hipertermia e hiperglicemia. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Nimodipina (bloqueador do canal de Ca), risco de complicações isquêmicas, vasoespasmos, utilizado por VO, 60 mg 4/4 horas, durante 3 semanas. Controle da pressão: nitroprussiato de sódio TRATAMENTO CIRÚRGICO • Após estabilização do paciente. • Tratamento dos aneurismas com clipagem neurocirúrgica microvascular ou por tratamento endovascular com molas destacáveis. REABILITAÇÃO • Fisioterapia • Fonoaudiólogo • Nutricionista • Psicólogo PROGNÓSTICO
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