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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DEFINIÇÃO: Incapacidade do coração de cumprir sua função de bomba e atender à demanda tecidual, ou a necessidade de a pressão de enchimento ventricular (pressão diastólica final) para atender a essa demanda. ETIOLOGIA *DAVD (cardiopatia arritmogênica no VD) EPIDEMIOLOGIA • Afeta no mundo mais de 23 milhões de pessoas. • Sobrevida após 5 anos de diagnóstico é de apenas 35%. • Prevalência aumenta com a idade (4 a 8% > 65 anos) • Mais prevalente em homens • 40% das internações hospitalares foram relacionadas à IC descompensada • Mortalidade intra-hospitalar: 12,6% (Brasil) • Perfil: idosos portadores de etiologias diversas (isquemia a mais prevalente) CLASSIFICAÇÃO DURAÇÃO AGUDA: < 6 meses. Alterações rápidas ou graduais de sintomas resultando em necessidade de terapia urgente. CRÔNICA: > 6 meses DIREITA X ESQUERDA IC ESQUERDA: presença de sinais e sintomas de congestão pulmonar. IC DIREITA: está relacionada aos sinais e sintomas de congestão sistêmica. DÉBITO CARDÍACO BAIXO DÉBITO CARDÍACO: caracterizada por sinais e sintomas de má perfusão (pele fria, sudorese) e congestão. (Maioria) ALTO DÉBITO CARDÍACO: caracterizada por sinais e sintomas de IC, que pode ser reconhecida pela perfusão aumentada da pele. FRAÇÃO DE EJEÇÃO *Requer exame para mediação (ex; Ecocardiograma) • FEr → < 40% • FEi → 41-49% • FEp → > 50% SISTÓLICA X DIASTÓLICA IC SISTÓLICA: fração de ejeção de ventrículo esquerdo/direito é comprometida IC DIASTÓLICA: fração de ejeção preservada (Há dificuldade de enchimento do coração ou enchimento com pressões elevadas). FUNCIONAL (NYHA) ESTRUTURAL (AHA) PERFIL HEMODINÂMICO FISIOPATOLOGIA Lesão miocárdica inicial → ↓ da contratilidade miocárdica ou perda da massa muscular → ↓ do DC MECANISMOS COMPENSATÓRIOS: ATIVAÇÃO DO SISTEMA NEURO-HORMONAL ↓ volume circulatório efetivo → detectado pelo sistema barorreceptor renal e extra-renal → ativação de potentes vasoconstritores → retenção de sódio. SNC SIMPÁTICO Não estiramento dos mecanorreceptores situados no arco aórtico, a. carótidas, a. aferentes renais e VE (devido à do fluxo ou DC) → ativação simpática → gerando efeitos: NOS VASOS: vasoconstrição periférica NO CORAÇÃO: da contratilidade cardíaca e taquicardia (fibrose e remodelamento) NOS RINS: retenção de água e sódio → renina (ciclo vicioso) e pré- carga (distensão dos sarcômeros) **vasoconstrição generalizada → ↑ RVP → da pós-carga para o VE → sobrecarregando um ventrículo já insuficiente. SRAA Rins → pró-renina (inativa) → onde, devido a de sódio e da pressão Hidrostática → ativa a → renina → transforma o angiotensinogênio (produzido no fígado) em angiotensina I → transformada em angiotensina II pela ECA (principalmente no pulmão) → Angiotensina II age nos receptores AT1 → com DIVERSOS EFEITOS: SNC: ativação do sistema simpático ENDOTÉLIO VASCULAR: disfunção vascular e inflamação → vasoconstrição CÉLULAS MIOCÁRDICAS: crescimento e fibrose (crescimento = remodelamento) RINS: Retenção de sódio e água CÓRTEX DA ADRENAL: (aldosterona) fibrose e retenção de água e sódio. (TCD) VASOPRESSINA ↑ vasopressina, que é estimulada pela renina e catecolaminas → provoca vasoconstrição periférica (↑RVP), retenção de água e hiponatremia dilucional. ENDOTELINA Causa vasoconstrição da musculatura lisa (↑ RVP), e estimula o crescimento e remodelamento cardíaco. PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS Tanto o ANP quanto o BNP estão elevados na IC → causam vasodilatação e inibem vasoconstrição (MECANISMO COMPENSATÓRIO) → contrarregulação Produzidos pela distensão dos átrios e ventrículos → libera → ANP e BNP – vasodilatação; elimina água e sódio e hipertrofia e fibrose cardíaca CITOCINAS INFLAMATÓRIAS ↑ TNF-α, IL-1, IL- 6 e interferon-gama → catabolismo protéico → surgimento de caquexia cardíaca. MECANISMO DE FRANK-STARLING Um maior volume diastólico distende mais os sarcômeros. Assim, o ventrículo dilata, o VDF e, com isso, evita a queda do DC. **Estiramento das fibras miocárdicas no final da diástole (reflexo da pré-carga) contralidade miocárdica progressiva do desempenho cardíaco REMODELAMENTO CARDÍACO DILATAÇÃO E A PERDA DA CONFORMAÇÃO CARDÍACA: O VE perde a forma elíptica e adquire forma esferoide, dilata-se e tem suas paredes adelgaçadas. • Morte de cardiomiócitos por necrose e apoptose, com deposição de colágeno e fibroblastos; há hipertrofia dos cardiomiócitos remanescentes. QUADRO CLÍNICO Em geral o paciente permanece assintomático durante vários anos, devido aos mecanismos adaptativos. SINTOMAS TÍPICOS: • Ortopneia e dispneia paroxística noturna • Fadiga • Intolerância ao exercício • Pressão venosa jugular elevada • Refluxo hepatojugular • 3ª bulha cardíaca SINAIS MENOS TÍPICOS E ESPECÍFICOS: • Crepitações pulmonares • Taquicardia • Edema • Tosse noturna • Dor abdominal SINTOMAS DE CONGESTÃO PULMONAR • Dispneia aos esforços → sintoma clássico • Ortopneia • Dispneia paroxística noturna • Tosse seca • Edema agudo de pulmão • Estertoração pulmonar CONGESTÃO SISTÊMICA • Edema sistêmico • Edema de MMII • Ascite • Dispneia • Hepatomegalia dolorosa • Saciedade precoce, náuseas e vômitos DIAGNÓSTICO SINTOMAS: dispneia, ortopneia, DPNM palpitações, síncope, dor torácica, fadiga e perda de peso FATORES DE RISCO: História familiar, DM, HAS, etilismo, tabagismo e dislipidemia ANTECEDENTES: IAM e cirurgias cardíacas ESTADO GERAL: peso, enchimento capilar e caquexia Pulso: FC, ritmo e amplitude SINAIS DE HIPERVOLEMIA: pressão jugular, edema, ascite e hepatomegalia PULMÃO: FR, crepitações, derrame pleural, “asma cardíaca” CORAÇÃO: Ictus cordis, presença de B3/B4, sopro de disfunção valvar EXAME FÍSICO • Desvio do ictus cordis para baixo e para a esquerdo, sopros, ↑ da pressão venosa jugular, edema de MMII, hepatomegalia dolorosa, estertores pulmonares, derrame pleural, ascite, taquicardia, galope de 3ª ou 4ª bulha, pulso alternante, tempo de enchimento capilar lentificado, taquipneia e cianose. • AUSCULTA: crepitações pulmonares e B3/B4, sopros • PALPAÇÃO: ictus cordis desviado (para baixo e para a esquerda), hepatoesplenomegalia • INSPEÇÃO: turgência da jugular (com reflexo hepatojugular), respiração de Chayne-stokes → varia entre taquipneia e bradipneia CRITÉRIOS CLÍNICOS CRITÉRIOS DE FRAMINGHAN: 2 critérios maiores ou um critério maior em conjunto com dois critérios menores CRITÉRIOS DE BOSTON • Definitivo: pontuação entre 8 e 12 pontos • Possível: pontuação entre 5 e 7 pontos • Improvável: pontuação ≤ 4 EXAMES COMPLEMENTARES ECG: auxilia na detecção de sinais de sobrecargas de câmaras (sobrecarga de VE = amplitude QRS → SKOLOW → S(V1) + R(V5 ou V6) > 35mm), bloqueios ou atrasos da condução do estímulo elétrico. As alterações vão depender da etiologia da IC e das comorbidades associadas. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: avaliação de cardiomegalia, sinais de congestão pulmonar (cefalização da trama vascular pulmonar, presença de linhas B de Kerley) e visualização de derrames pleurais. ECOCARDIOGRAMA: uma das melhores ferramentas para avaliação complementar da IC. Permite avaliar a dimensão das câmaras cardíacas, presença de valvopatias e diferenciar a ICFEp e ICFEr. PEPTÍDEO NATRIURÉTICO TIPO B OU NT PRO-BNP: produzidos pelos ventrículos mediante aumento do estresse. Estão elevados na insuficiência sistólica e diastólica. VALORES NA IC CRÔNICA: BNP > 35 pg/mL OU NT-proBNP > 125 pg/mL VALORES NA IC AGUDA: ERGOESPIROMETRIA: avaliação da capacidade funcional por meio da análise de gases respiratórios. Diferencia a causa da dispneia. EXAMES LABORATORIAIS: ROTINA: hemograma, eletrólitos, função renal, glicemia, função hepática, urianálise e perfil lipídico, perfil tireoidiano, especialmente em idosos e na presença de FA. SOROLOGIA PARA CHAGAS: pacientescom epidemiologia positiva, uso prévio de hemoderivados e possível transmissão vertical. SEGUIMENTO: avaliação periódica de eletrólitos (em especial o potássio) e função renal, devido às medicações. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO CONTROLE DE FATORES DESCOMPENSANTES!!! • DIETA: hiposódica e com restrição hídrica. • EXERCÍCIO FÍSICO: IC compensada. • REPOUSO: IC muito sintomática (classe III ou IV) ou descompensada. • VACINAÇÃO: influenza e pneumococo (>65 anos). • OUTROS: cessar tabagismo e etilismo. FARMACOLÓGICO IC com FEVE reduzida (sistólica) • Inibidores da ECA (enalapril) →ou BRA (em caso de RAM por IECA) • Betabloqueadores (carvedilol, metoprolol e bisoprolol) • Antagonistas da aldosterona (espironolactona) • Hidralazina + nitrato IC com FEVE preservada (diastólica) • Controle de congestão pulmonar, da PA e FC, obesidade e DM *Não há fármacos que mortalidade com FEVE preservada ALÍVIO DOS SINTOMAS • DIU de alça (FUROSEMIDA) e tiazídicos: Combater sinais e sintomas de congestão e edema. • Digitálicos (digoxina) ANTICOAGULAÇÃO Varfarina (antagonista vit. K) → histórico ou risco de TVP/TEP TRATAMENTO CIRÚRGICO CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL (CDI) → percebe arritmia, da um choque para voltar à anormalidade TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA → a dilatação cardíaca leva a BRE → dessincroniza os ventrículos → esse dispositivo estimula sincronicamente os ventrículos DISPOSITIVO DE ASSITÊNCIA VENTRICULAR → bomba faz o papel do ventrículo → geralmente em pacientes em estágio D (refratário) TRANSPLANTE CARDÍACO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA OU AGUDA CAUSAS DE DESCOMPENSAÇÃO Medicamentos inadequados, HAS não controlada, dieta inadequada, endocardite, estresse emocional/físico, TEP, IAM, DM não controlado, Miocardite, Anemia, Arritmia ventricular frequente, doença de tireoide, FA, álcool e drogas, desnutrição, IRA, disseção aórtica, infecção e insuficiência mitral PERFIL HEMODINÂMICO MANEJO GERAL • A: Análise do perfil hemodinâmico • B: Boa oxigenação • C: Circulação/Volemia (Perfil L e eventualmente C) → SF 0,9% - 250 ml e reavaliar sinais de congestão. • D: Diurético; • E: ECG; • F: FC • G: Garantir não suspensão de drogas; • H: Heparina TRATAMENTO DE ACORDO COM O PERFIL HEMODINÂMICO PERFIL A Ajuste de medicações via oral para objetivos de redução de mortalidade e manutenção de estado de volêmico estável. PERFIL B • Diurético – Furosemida EV, HCTZ, espironolactona • Nitrato– Nitroglicerina • Suporte • Manter medicamentos prévios do paciente: IECA, BRA, BB PERFIL C • Diurético – Furosemida EV • Nitrato • Inotrópico – Dobutamina (B1- adrenérgico) • Suporte: máscara de oxigenação se sato2 < 85mmHg e acrescenta a terapia vasoconstritor PERFIL L • Geralmente o paciente se encontra nesse perfil devido à erro médico (por muito diurético) • Prova de volume (Soro fisiológico ou Ringer Lactato → 250 ml → avaliar) → Verificar em qual perfil paciente evolui • Suporte: máscara de oxigenação se sato2 DROGAS PARA DESCOMPENSAÇÃO OXIGÊNIO E ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA • Para otimizar a oferta de oxigênio aos tecidos, é importante que se mantenha uma saturação arterial próxima do normal (pelo menos acima de 90%). • Em caso de congestão pulmonar mais importante, deve ser considerado o uso de ventilação não invasiva (VNI), por meio de dispositivos de pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) ou pressão positiva contínua em vias aéreas em dois níveis (BiPAP). • VANTAGENS DA VNI: melhora a oxigenação, contribui para do retorno venoso, do esforço respiratório e da demanda metabólica da musculatura respiratória. DIURÉTICOS • Melhora rápida de sintomas relacionados com a sobrecarga de volume. • EFEITO: natriurese e diurese, melhorando sintomas de congestão venosa pulmonar e edema. VASODILATADORES • O uso de vasodilatadores está indicado sempre que a pressão arterial permitir. • EFEITOS: A da pós-carga facilita o esvaziamento ventricular, levando ao DC. Tem efeito também na da pré-carga, melhorando a congestão pulmonar. Além disso, a melhora do fluxo sanguíneo renal pode levar a diurese, contribuindo para a da pré-carga. • OPÇÃO: nitrato por via oral. Se a PA permitir e o paciente estiver deitado, o uso de nitrato sublingual pode ser uma opção. NITROPRUSSIATO • O nitroprussiato de sódio é um potente vasodilatador arterial. • Melhora o desempenho VE, efeito vasodilatador pulmonar, pós-carga VD. • MONITORIZAÇÃO: da PA (preferencialmente de forma invasiva), restringindo-se à sala de emergência ou à UTI. NITROGLICERINA • EFEITOS: ação vaso dilatadora predominante, com efeito vasodilatador arterial observado em doses maiores. • UTILIZADO: nos casos de isquemia miocárdica sem hipotensão, pelo efeito no do fluxo coronariano. • EVITAR: nos casos de disfunção ventricular direita. INOTRÓPICOS • INDICADO: na presença de hipoperfusão tecidual refratária ao ajuste de volemia e ao uso de vasodilatador (quando tolerado). • Seu benefício na melhora de parâmetros hemodinâmicos é contrabalanceado parcialmente pelo aumento do risco de arritmias e, em alguns casos, pela piora de isquemia miocárdica por aumento de gasto energético. • DROGAS UTILIZADAS: agonistas beta-adrenérgicos (dobutamina), inibidores de fosfodiesterase e sensibilizadores de cálcio. DOBUTAMINA • É uma droga com ação inotrópica positiva que age pela estimulação de receptores beta - adrenérgicos. • EFEITO: FC é menor que o de outras catecolaminas, porém, em pacientes com FA, pode levar a importante da resposta ventricular por facilitar a condução atrioventricular. DOPAMINA • É uma catecolamina endógena precursora da norepinefrina. Em baixas doses ( < 2 ug/kg/min), age apenas em receptores dopaminérgicos periféricos, causando vasodilatação, predominantemente renal e esplâncnica. Na dose de 2 a 10 ug/kg/min, a dopamina estimula receptores beta-adrenérgicos, levando ao aumento da contratilidade miocárdica e, consequentemente, do débito cardíaco. Em doses maiores (> 10 ug/kg/min), tem efeito em receptores alfa-adrenérgicos, com aumento de resistência vascular periférica, sendo útil em pacientes hipotensos. INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE • O efeito inotrópico se dá pela inibição da degradação do AMP cíclico, a disponibilidade e concentração de cálcio no miócito. Esses inibidores também possuem efeito vasodilatador periférico e pulmonar, pela produção de óxido nítrico. • A droga mais disponível dessa classe é a milrinona SENSIBILIZADORES DE CÁLCIO • Agem aumentando a sensibilidade da troponina C ao cálcio já disponível no citoplasma, sem sobrecarga adicional de cálcio nem incremento de consumo de oxigênio. Aumentam a contratilidade miocárdica em grau comparável aos outros inotrópicos e possuem ação vasodilatadora por ativação de canais de potássio ATP-dependentes. • Seu uso não é indicado na presença de hipotensão (PA sistólica< 90 mmHg). A droga dessa classe é a levosimendana. EFEITO DA SUSPENSÃO DO BETABLOQUEADO R • Durante o tratamento da IC aguda, devemos evitar a suspensão de betabloqueador nos pacientes que fazem uso prévio dessa classe de medicação. Nos pacientes com sinais de baixo débito que necessitem de inotrópicos beta-agonistas, deve-se considerar a redução em 50% da dose usada cronicamente. • SUSPENSÃO SOMENTE: nos pacientes com maior instabilidade hemodinâmica, bloqueios avançados ou bradicardia importante. • RESULTADO DE ESTUDOS: a droga deve ser mantida o quanto for possível, com benefícios na dose alcançada após a alta e na sobrevida. Pacientes nos quais a droga foi suspensa tiveram sobrevida pior do que aqueles em que a droga foi mantida. PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO • Todos os pacientes internados por IC aguda têm indicação do uso de heparina não fracionada (na dose de 5.000 UI, via subcutânea,3 vezes ao dia) ou heparina de baixo peso molecular (a mais utilizada em nosso meio é a enoxaparina na dose de 40 mg, via subcutânea.
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