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ASMA DEFINIÇÃO: Doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-responsividade das vias aéreas inferiores, associada a limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento. EPIDEMIOLOGIA • Condição crônica comum, afetando tanto crianças quanto adultos. • NA INFÂNCIA: mais prevalente no sexo ♂ → aos 3 anos • EM ADULTOS: prevalência é a mesma para ambos os sexos – asma atópica/alérgica • As hospitalizações e a mortalidade estão na maioria das regiões, em paralelo a um maior acesso aos tratamentos • BRASIL: 8º lugar na taxa de prevalência no mundo. • Os meses de outono e inverno possuem taxas maiores de internação → caráter sazonal da doença FATORES DE RISCO A etiologia é desconhecida, mas existem diversos fatores envolvidos na fisiopatologia da doença. • Atopia (principal) • Genética • Ocupação (↑ exposição a alérgenos) • Prematuridade • Não aleitamento materno • Infecções • Fármacos • Exercício físico • Estresse • Baixa idade materna • Poluição CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGIA Inflamação dos brônquios → mucosa inflamada → hiper-reatividade à diversos estímulos. SENSIBILIZAÇÃO Interação de alérgenos ambientais inalados com as células dendríticas do epitélio brônquico → apresentação aos → linfócitos TCD4+ → produção de → citocinas e liberação de linfócitos TH2 → liberação de → IL-4 e IL-5 → estímulo à → produção de IgE e mastócitos, da meia- vida de eosinófilos → IgE se liga aos receptores de alta afinidade nos mastócitos → SENSIBILIZAÇÃO!! **Sempre que houver o contato com o alérgeno que estimulou esse processo, este alérgeno irá se ligar aos IgE nos mastócitos. REAÇÃO IMEDIATA Reexposição ao antígeno → ligação à IgE nos mastócitos → liberação de mediadores → abertura das junções intracelulares → antígeno na mucosa ativa mastócitos e eosinófilos → ↑ liberação de mediadores → atuação no sistema vagal e por via direta → broncoespasmo, ↑ permeabilidade vascular e produção de muco e ↑ recrutamento de mediadores inflamatórios. REAÇÃO TARDIA Chegada de leucócitos recrutados (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos) → liberação de mediadores → hiper- sensibilidade brônquica e inflamação eosinofílica L Ocorre: lesões e alterações na integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico e no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, mudanças na função muco-ciliar e da reatividade do músculo liso da via aérea. **Outras alterações: hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, ↑ nº de células caliciformes, ↑ das glândulas submucosas e alteração no depósito e degradação dos componentes da MEC → são constituintes do remodelamento → que leva à irreversibilidade da obstrução. ALTERAÇÕES FUNCIONAIS • A obstrução do fluxo de ar → gera → da resistência das vias aéreas e da velocidade de fluxo em toda a capacidade vital. • Resistência ao fluxo de ar expiratório maior que do que o fluxo de ar inspiratório = HIPERINSUFLAÇÃO. • Estimulação dos receptores intrapulmonares → efeitos centro respiratório central → TAQUIPNEIA • Estreitamento da via aérea e fluxo de ar mais rápido → sobrecarga da bomba ventilatória → uso da musculatura acessória. • Hiperventilação → hiperpneia → ↓ níveis de CO2 → PCO2 arterial QUADRO CLÍNICO PERÍODO ENTRE AS CRISES: paciente pode estar assintomático ou oligossintomático, além de ter um exame físico normal. SINTOMAS CLÁSSICOS INCLUEM: dispneia, tosse, sibilância (“gato no peito”) e sensação de opressão torácica. Piora à noite/ de manhã, com variabilidade durante o dia (de manhã está ruim, mas durante o dia melhora) → relação com gatilhos ambientais EXAME FÍSICO CARACTERÍSTICAS COMUNS: taquipneia (frequentemente entre 25ipm e 40ipm), taquicardia e pulso paradoxal (queda exagerada da PAS durante a inspiração); oximetria de pulso→ saturação próxima dos 90%. EXAME DO TÓRAX: uso da musculatura acessória, hiper-insuflação torácica, fase expiratória prolongada, hipertimpanismo à percussão, frêmito toracovocal e sibilos à ausculta. ACHADOS RELACIONADOS A CRISES GRAVES: ansiedade, sudorese, tiragem intercostal ou supraesternal, inquietação, pulso paradoxal, alteração do nível de consciência e “tórax silencioso” PIORA DOS SINTOMAS DURANTE A NOITE/ INÍCIO DA MANHÃ → variação fisiológica circadiana do tônus broncomotor, com predomínio do sistema colinérgico (broncoconstritor) durante o sono. DIAGNÓSTICO Requer histórico ou presença de sintomas respiratórios (tosse, opressão torácica, dispneia e sibilos) consistentes com asma associado a limitação variável do fluxo de ar expiratório. ESPIROMETRIA AVALIA: função pulmonar SERVE PARA: diagnosticar e monitorar pacientes com asma. INDICATIVOS DE ASMA: • Obstrução das vias aéreas caracterizada por do VEF1 para < 80% • Relação VEF1/CVF < 0,7 (GINA 2019 < 0,8- 0,75) classifica a obstrução. • ↑ VEF1 de 12% em relação ao valor previsto e de 200 mL em valor absoluto, após inalação de beta-2 agonista de curta duração. • ** Em pacientes asmáticos, o VEF1 com a piora clínica da obstrução aérea e com o tratamento bem-sucedido. Determina o grau de obstrução e acompanhar a evolução do paciente. HIPERRESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS • Indivíduos com asma, mas com espirometria normal ou sem resposta broncodilatadora significativa. • Refletem a sensibilidade ou facilidade com que as vias aéreas reagem aos estímulos externos que podem causar sintomas de asma. • Teste de bronco-provocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) com alta sensibilidade e alto VPN. • Teste de bronco-provocação por exercício. ** A queda de VEF1 deve ser > 20% PRICK TEST E PEAK FLOW PRICK TEST: teste para detecção de alergias PEAK FLOW: variação PEF>10% EXAMES COMPLEMENTARES RAIO-X DE TÓRAX: suspeita de pneumonia, derrame pleural, outras complicações e no caso de internação GASOMETRIA ARTERIAL: nos doentes graves, com hipoventilação e desconforto respiratório importante. Na crise asmática geralmente há hipercapnia devido a hiperventilação. HEMOGRAMA: suspeita de pneumonia e na internação ELETRÓLITOS: na internação e nos pacientes que necessita de doses frequentes de Beta-2-agonistas devido ao risco de hipocalemia ECG: pacientes cardiopatas, portadores de DPOC e com mais de 50 anos PEAK FLOW: útil em pacientes com pouco preceptores de sintomas. AVALIAÇÃO da função pulmonar é melhor preditor de gravidade ESCORE CASTRO MODIFICADO POR GUILBERT Escore preditor em crianças < 5 anos *1 CRITÉRIO MAIOR OU 2 CRITÉRIOS MENORES* VPP: risco de 47,5% a 51,5% de crianças (6-13 anos) de ter asma persistente CONTROLE De acordo com a gravidade, a asma pode ser classificada em: TRATAMENTO • Controle dos sintomas • Normalização da função pulmonar • Manutenção da atividade física adequada para a idade do paciente OBJETIVOS DE LONGO PRAZO: • CONTROLE DOS SINTOMAS: alcançar um bom controle dos sintomas e manter os níveis normais de atividade • DOS RISCOS: minimizar os riscos futuros de exacerbações, limitação fixa do fluxo aéreo e efeitos colaterais da medicação. ETAPA 1: medicação de resgate para alívio dos sintomas Utiliza-se apenas medicação de alívio para pacientes que têm sintomas ocasionais (tosse, sibilos ou dispneia ocorrendo ≤ 2x/ semana) de curta duração. Entre esses episódios, o paciente está assintomático, com função pulmonar normal e sem despertar noturno. ETAPA 2: medicação de alívio + um único medicamento de controle Corticosteroide inalatório em dose baixa diário é a primeira escolha. ETAPA 3: medicação de alívio + 1 ou 2 medicamentos de controle Medicação diária! A associação de um corticosteroide inalatório em dose baixa + beta-2-agonista inalatório de longa duração é a 1ª escolha. ETAPA 4: medicação de alívio + 2 ou mais medicamentos de controle Sempre que possível, otratamento deve ser conduzido por médico especialista no tratamento da asma. A escolha preferida consiste na combinação de corticosteroide inalatório em doses média ou alta com um beta-2-agonista de longa duração. ETAPA 5: medicação de alívio + medicação de controle adicional Obs 1: Independentemente da etapa de tratamento, medicação de resgate deve ser prescrita para alívio dos sintomas conforme a necessidade. Obs 2: Em crianças < 5 anos, não é recomendado o uso de beta-2- agonista de longa ação. IMPORTANTE: Reavaliar o paciente após 2 a 3 meses do início do tratamento – checar sintomas, exacerbações, efeitos colaterais e satisfação do paciente – e considerar para a terapia da etapa logo abaixo (step down) após 3 meses de sintomas controlados. FLUXOGRAMA PARA TRATAMENTO EXARCEBAÇÃO Fatores que influenciam a resposta ao tratamento da asma: diagnóstico incorreto; falta de adesão; uso de drogas que a resposta ao tratamento (AINES e β-bloqueadores); exposição domiciliar (poeira ou fumaça); exposição ocupacional; tabagismo; e outras comorbidades. TRATAMENTO NA EXACERBAÇÃO DOMICILIAR: TRATAMENTO DE ALÍVIO: corticoide inalatório + β2- agonista de longa ou curta duração EMERGÊNCIA: CRISE LEVE-MODERADA: • Avaliação • Iniciar tratamento com doses repetidas de SABA (a cada 20min na 1ª hora) → Fenoterol ou Salbutamol: 10 gotas (máx 20gts) em 03 a 05 mL de SF 0,9% └ OPÇÃO: Salbutamol spray 100mcg/jato: 4-6 jatos a cada 20 min • CORTICOIDE ORAL: Prednisona 40-60mg • OXIGÊNIO: Manter saturação entre 93-95% • Reavaliar os sintomas e saturação frequentemente, e medir função pulmonar após 1 hora CRISE GRAVE: • CORTICOIDE SISTÊMICO: Metilprednisolona 60-125mg/dose / Hidrocortisona 100-500 mg/dose • BROMETO DE IPRATRÓPIO e considera administrar Β2- AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO pelo nebulizador • O2 SUPLEMENTAR se SatO2 < 92% • Reavaliar paciente após cada inalação CRISE GRAVE SEM RESPOSTA AO TTO: • Sala de observação • β2-agonista de curta + Ipratrópio contínuo • Sulfato de magnésio venoso • O2 suplementar se SatO2 • Repetir corticoide venoso SN • Considerar VNI AINDA SEM RESPOSTA: • Considerar UTI • NBZ contínua • Considerar VM invasiva • Avaliar patologias associadas LISTA DE MEDICAMENTOS QUE PODEM SER UTILIZADOS NA ASMA: CORTICOIDES INALATÓRIOS Beta-2 agonistas Curta duração → usa apenas na crise. Longa duração → sempre associado com corticoide inalatório FENOTEROL: 5mg/ml: NBZ – 3 a 20 gts/8/ horas (varia com a idade) SALBUTAMOL: 2,5 mg/5ml: NBZ – 1gt/2kg 6/6 horas OU 100mcg: aerossol – 1-2 puffs 6/6 horas FORMOTEROL: 24 mcg/dia (máxima) SALMETEROL: 100 mcg/dia (máxima)
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