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Nome: Vitoria Romão da Silva RA: 109998-2023 Prof. Nilson Lucas Dias Gabriel Matéria: Epistemologia da Psicologia ATIVIDADE AVALIATIVA 1º BIMESTRE Redija um texto abordando a importância do estudo da Epistemologia da Psicologia para a superação das práticas epistemicidas. A epistemologia pode ser definida a grosso modo como o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes: O que seria o conhecimento e como nós o alcançamos? Há diferentes formas se se entender o conhecimento, mas suas primícias são a necessidade de racionalização e historicidade, é através disso que podemos afirmar se algo seria ou não conhecimento, “Se alguém conhece algum p, então pode saber certamente que p. Mas ninguém pode estar certo de algo. Portanto ninguém sabe algo”(Unger, 1975). Este argumento nos dá um norte na percepção da importância da epistemologia e como seu desdobramento influencia na definição que temos do que seria ou não conhecimento e por consequência quem seria capaz ou não de produzir, ou se apropriar desse conhecimento. Ao trazer essa discussão para o âmbito da psicologia, nos deparamos com uma série de situações delicadas e que exigem uma compreensão de que ao redor do mundo e ao longo da história foram se desenvolvendo cosmologias, ou seja, explicações e questionamentos de mundo, que eram definidas de acordo com a estrutura disponível para quele que produzia o conhecimento, localização geográfica, tempo histórico, posição social e etc. Cabe então a psicologia tendo como objeto de estudo a subjetividade humana (psique) entender todos os seres humanos como seres racionais e capazes de produzir pensamento lógico. Sendo assim, como é possível que exista uma hierarquização do saber, ou que um conhecimento dado como valido em detrimento de outro? Basta um breve estudo sobre a constituição da Psicologia enquanto ciência e seu desenvolvimento até hoje, que encontraremos diversas vezes essa primícia de um conhecimento superior, tido como verdade e desconsiderando a existência de outros, a aceitação da universalidade de um único conhecimento, em específico o europeu. Tudo o que conhecemos sobre a fundação e os primórdios da constituição da psicologia enquanto ciência, está diretamente vinculado a uma proposição de um sujeito universal – homem, europeu, branco – sem questionar o papel desse nas desigualdades raciais e no próprio processo de produção de conhecimento em Psicologia, esse pacto reforça a ideia, historicamente construída, do branco como norma, como se somente o conhecimento europeu fosse o valido e tudo o que se produz e que se conhece oriundo de outros espaços – sejam espaços sociais, culturais ou geográficos – é tido como inferior. Mas quais seriam as consequências, dessa visão única de verdade? Essa pergunta tem sua resposta em a uma violência que há muito tempo acontece e tem como objetivo não somente desvalorizar, mas controlar e desumanizar tudo aquilo que não se entenda como um padrão. O espistemicidio dá- se como uma forma de violência, apagando e invalidando tudo aquilo que é produzido enquanto conhecimento, mas que não se encaixe nos padrões que somos ensinados a entender como validos, ainda que esses conhecimentos possuam o caráter necessário de historicidade e racionalização. Assim como o genocídio apaga a existência de um povo através da destruição de seus corpos, o Epistemonímico os destrói descaracterizando duas produções e invalidando seus saberes, subjugando-os como inferiores e inválidos. Uma vez que Eu enquanto sujeito, ao entrar em contato com o outro, não o enxergo como igual a mim, e sim como outro apenas – objeto, que por ser diferente de mim não carece de atenção ou humanização –Afinal, se a vítima não é integralmente humana, se não é uma pessoa, disso decorre que, tal como um gato, um cão ou qualquer outro ser não-humano, não pode aspirar aos direitos garantidos a todo ser humano (Ssazz, 1971, pp. 323-327). E por consequência tudo aquilo que ele produz, seja cultural, intelectual ou religioso, passa também a ser irrelevante, e de certa forma, perigoso diante de uma visão colonizadora, pois o conhecimento aproxima e organiza, fortalece e humaniza as pessoas e o que não se quer de uma população subjugada é essa organização, e contra isso são empregados os meios de violência, tanto Epstemicidio na destruição ou desvalorização dos saberes quanto no genocídio e escravização dos corpos produtores e detentores desse saber. Sendo a psicologia constituída enraizada nesse pensamento colonialista Eurocêntrico, é preciso se desvencilhar dessa associação a fim de evitar o apagamento ou desvalorização daquilo que existe fora dessa bolha. É importante o resgate e valorização de pensamentos visões que não contemplem apenas uma visão única de sujeito universal, pois não se pode falar em subjetividade desconsiderando questões fundamentais que nos tornam quem somos. Não é possível e falar sobre sofrimento levando em consideração apenas o que seria definição de sofrimento para um grupo especifico. Mesmo entendendo que as violências físicas e coercitivas oriundas do colonialismo não existam mais de forma direta, permanece o pensamento de que aquilo que é diferente deve ser afastado e desvalorizado, esses padrões precisam ser desconstruídos diariamente, não somente na valorização desses conhecimentos tidos como diferentes, mas também na valorização daquele que constrói o conhecimento e para isso é preciso que a psicologia passe não só a considerar mas destacar essas diferenças, como algo natural e que tem muito mais a acrescentar em nossas vidas. Não existem limites para o que pode ser alcançado quando práticas significantes se flexibilizam e ampliam através da aceitação e implantação de uma justiça cognitiva, que valoriza e dá voz aos saberes não hegemônicos, interferindo no processo de marginalização, supressão e subversão de epistemologias outras que a dos poderes capitalistas do norte.(Silva D.A. 2014) Referências EPISTEMOLOGIA, A. C. Grayling Birkbeck College. [s.d.]. Ssazz, T. (1971). A Fabricação da Loucura. Rio de Janeiro: Guanabara. OLIVEIRA, C. M. DE. Pluralidade racial: um novo desafio para a psicologia.Psicologia Ciência e Profissão, v. 22, n. 4, p. 34–45, 2002. SILVA, D. A. DE EPISTEMICÍDIO, (IN)VISIBILIDADE E NARRATIVA: REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA DE REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA EM CADERNOS NEGROS. Ilha do Desterro A Journal of English Language Literatures in English and Cultural Studies, n. 67, p. 51–62, 2014.
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