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FILOSOFIA
E
EDUCAÇÃO
Aula 1
CONHECIMENTO
E EDUCAÇÃO
Conhecimento e
Educação
Olá, estudante!
Nesta aula você irá refletir a
respeito da origem do
conhecimento e como os
filósofos, desde a Antiguidade,
pensaram a construção do
conhecimento humano. Esse
conteúdo é importante para a
sua formação profissional, pois
o levará ao entendimento da
relação existente entre ciência,
conhecimento e educação.
Prepare-se para essa jornada
de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de
Partida
A Filosofia é um conhecimento
que marca, significativamente,
a história ocidental. Tendo sua
origem por volta do século VII
a.C., ao longo dos séculos ela
deu luz a um conhecimento
singular da realidade. A
Filosofia mostra sua
importância ao problematizar o
homem e a produção de
conhecimento. A teoria do
conhecimento é uma disciplina
filosófica que busca
compreender como acontece a
complexa relação entre o
sujeito que aprende e o objeto
que ele busca aprender, além
de esclarecer quais são os
múltiplos fatores que estão
envolvidos nesse processo.
Sendo um dos pilares mais
fundamentais da prática
pedagógica, entre os seus
temas de estudo estão os
relacionados à origem dos
saberes, isto é, à forma como o
ser humano se apropria do
conhecimento sobre o mundo
físico e social. Por ser uma
teoria que trata de elementos
mais subjetivos do que
objetivos, não é possível
encontrarmos uma única
abordagem nesse campo de
estudo, pois nesse território
convivem múltiplas e
antagônicas concepções.
Para compreendermos melhor
tais questões e conseguirmos
olhar mais especificamente
para essas questões, vamos
pensar na seguinte situação:
você está no momento de
cursar os estágios obrigatórios
do seu curso de graduação.
Você inicia suas horas de
estágio acompanhando o
professor Carlos, responsável
pela disciplina de Ciências em
turmas do Ensino Fundamental
em uma escola da rede pública
de ensino.
As aulas são expositivas quase
em sua totalidade, com
questionários e atividades que
devem ser realizados no
caderno ou livro,
individualmente ou em grupo.
Motivado pelo que tem
estudado nas disciplinas da
faculdade, você começa a
perceber que a prática da sala
de aula, observada no
cumprimento do estágio, está
bem distante daquilo que se
pensa como boa prática pelos
teóricos. Reflita o seguinte:
qual a utilidade da teoria, já
que ela parece não ser
aplicável?
Vamos
Começar!
A origem do
conhecimento
Como sabemos o que
sabemos, ou conhecemos
aquilo que julgamos conhecer?
Essa é uma questão que ocupa
a mente dos filósofos desde a
Antiguidade, e desde então
eles vêm tentando desvendar
os aspectos que envolvem a
interação do ser humano com o
ambiente social, físico e
cultural. A origem do
conhecimento sempre foi um
enigma para o ser humano. A
filosofia centrada no ser
humano, que teve seu início
praticamente com Sócrates na
Grécia Antiga, já apresentava,
desde o princípio, a clássica
formulação epistemológica
"sujeito-objeto". Isso significa
que, desde o momento em que
adquiriu consciência de sua
existência como uma entidade
autônoma em relação aos
elementos da natureza, o ser
humano passou a dedicar-se à
busca da verdade
(conhecimento).
Se falamos em ensinar, temos,
em contrapartida, a ideia de
que há quem deve aprender.
Também de modo primário,
entenderemos que no processo
educativo deve haver quem
provoca (ensina) e aquele que
é provocado (aprende).
“Aprender” significa, aqui,
“apreender um objeto”. Desse
modo, ao tratar da educação,
necessariamente, temos de
tratar da relação que ocorre
entre aquele que aprende
(chamemos de “sujeito”) e
aquilo que é apreendido
(chamemos de “objeto”). A
essa relação entre um sujeito
que apreende um objeto,
damos o nome de
conhecimento. Dito isso,
podemos concluir não ser
possível falar de educação sem
falar do conhecimento.
Por diferentes motivos, os
seres humanos têm o desejo
de explorar e compreender o
mundo em todos os seus
aspectos, pois o conhecimento
proporciona uma sensação de
segurança à sua existência.
Essa busca pela segurança
pode ser facilmente
compreendida ao considerar o
seguinte argumento: se nada é
conhecido, não há expectativas
e a falta de previsão prevalece;
se tudo permanece imprevisto
e inesperado, os perigos se
tornam inevitáveis. Assim, a
ausência de conhecimento
resulta em falta de segurança,
transformando a própria vida
em uma situação perigosa.
Portanto, o ato de conhecer
coloca o ser humano em uma
posição diferente na existência,
distanciando-o das surpresas
que afetam outros animais.
Aristóteles (384-322 a.C.) foi
um dos grandes pensadores do
auge da Filosofia Grega. Uma
de suas monumentais obras,
que recebeu o título de
Metafísica, é iniciada com a
seguinte ideia:
Todos os homens, por
natureza, desejam
conhecer. Sinal disso é o
prazer que nos
proporcionam os nossos
sentidos, pois, ainda que
não levemos em conta a
sua utilidade, são
estimados por si
mesmos; e, acima de
todos os outros, o
sentido da visão. Com
efeito, não só com o
intento de agir, mas até
quando não nos
propomos a fazer nada,
pode-se dizer que
preferimos ver a tudo
mais. O motivo disto é
que, entre todos os
sentidos, é a visão que
põe em evidência e nos
leva a conhecer o maior
número de diferenças
entre as coisas
(Aristóteles, 1969, p. 36) 
Não entraremos na discussão
da escolha do pensador pelo
sentido da visão, embora
possamos perceber claramente
a supremacia desse sentido ao
trazer o mundo até nós: ao
abrir os olhos, não
demandamos energia, pois o
mundo se revela a nós por
meio deles. A ideia principal
reside no desejo inato do ser
humano de conhecer.
Independentemente do local ou
do tempo, esse desejo emerge
como uma característica
natural do homem, que,
enquanto animal dotado de
racionalidade, anseia por
conhecer.
O ato de conhecer proporciona
satisfação, semelhante a outros
desejos e necessidades, como
comer, ser reconhecido, ser
amado, entre outros. A Filosofia
se desdobra em várias
disciplinas, e uma delas se
dedica à reflexão sobre o
problema do conhecimento,
conhecida como Teoria do
Conhecimento. No entanto,
surge a pergunta: por que o
conhecimento se torna um
problema filosófico?
Siga em
Frente...
Teoria do
Conhecimento 
É importante ter em mente que
tudo pode se tornar “problema
filosófico”. Essa classificação é
atribuída a algo que passa a
ser de maior preocupação para
os filósofos. Eles se preocupam
com aquilo que não é
totalmente claro, deixando
dúvidas sobre seu ser ou
funcionamento de algo. Nesse
caso, o conhecimento se torna
problema, pois não se sabe de
modo exato como ele funciona.
Por exemplo, podemos
observar o impasse que existe
entre duas concepções da
Teoria do Conhecimento: o
racionalismo e o empirismo.
A Idade Moderna é o marco
histórico que define o início da
teoria do conhecimento como
disciplina autônoma, pois, na
Antiguidade e na Idade Média,
esse tipo de estudo estava
vinculado à metafísica (área da
Filosofia que se ocupa de
questões como a existência do
ser, a causa e o sentido da
realidade e a natureza).
Na Idade Moderna, portanto,
Descartes, Locke, Hume e Kant
procuraram sistematizar
questões sobre a gênese, a
essência e a verdade sobre o
conhecimento, apontando
algumas questões, como:
Qual o critério
fundamental para se
chegar ao conhecimento?
O sujeito pode apreender
o objeto?
O conhecimento
investigado é fechado
deixando brecha para a
descrença?
A fonte (origem) do
conhecimento seria a
experiência ou a razão? 
Como consequência dessas
indagações, durante a Idade
Contemporânea, surgem outras
teorias, de natureza menos
científica e de caráter mais
próximo do existencialismo,
pois percebemos que
responder a toda essa
complexa estrutura, que
envolve o ser humano e o
conhecimento, não é tão
somente uma possibilidade
objetiva. Assim, em
decorrência dessa relação
imbricada, que envolve o ser
humano e suas interações com
o meio natural e social, outros
estudiosos se posicionam,
dando origem a novas formas
de entendimento dessa
questão. Vamos compreender
duas visões de mundo
diferentes: o racionalismo e o
empirismo. 
I. Racionalismo
Para o racionalismo, a razão
está acima daexperiência, pois
também muitas coisas que os
sentidos nos mostram (“o Sol é
menor que a Terra”), são
provadas como “falsas” pela
razão. René Descartes (1596-
1650) é reconhecido como o
pensador que estabeleceu os
fundamentos do racionalismo,
sendo que muitos outros
posteriormente basearam suas
ideias na filosofia cartesiana.
Descartes sustenta a ideia de
que a dúvida é o caminho para
alcançar a verdade, levando
essa concepção ao extremo:
ele questiona todos os
conhecimentos que possuía,
buscando determinar se algo
permaneceria como verdadeiro.
O ato de "duvidar" implica não
aceitar algo, partindo em busca
de evidências que possam
contradizer.
Esse pensador entendia que o
homem tem ideias inatas, ou
seja, que sempre estiveram em
sua mente. Por exemplo,
imagine de onde tiramos o
conceito de “perfeição”, se
nunca conhecemos algo sobre
o que possamos dizer que seja
realmente perfeito (tudo o que
conhecemos pode sempre ser
melhorado).
 II. Empirismo
 O empirismo, derivado do
grego "empeiría", que significa
experiência, representa
essencialmente o oposto do
racionalismo. Diversos
pensadores dedicaram-se a
essa abordagem e tomaremos
como exemplo um dos
principais, John Locke (1632-
1704). Para Locke, nenhuma
ideia surge na mente sem
antes ter sido percebida pelos
sentidos. Assim, as ideias que
não podem ser verificadas na
realidade têm sua origem na
atividade mental sobre aquelas
previamente adquiridas. Como
afirmou Locke, "A maneira pela
qual adquirimos qualquer
conhecimento constitui
suficiente prova de que não é
inato" (Locke, 1999, p. 37). O
empirismo aborda o
conhecimento ao estabelecer
os sentidos como as portas de
entrada para as ideias: antes
da experiência, a mente pode
ser concebida como uma folha
em branco. 
Ciência e
Educação 
Agora possuímos mais
elementos para contemplar a
educação ao considerar o
homem como um sujeito
individual que compartilha uma
realidade. Após refletir sobre o
conhecimento e como
compreendemos o ser humano
como sujeito na relação de
conhecimento, é necessário
examinar, de maneira
específica, a relação entre a
educação e um tipo particular
de conhecimento, que é a
ciência. Não temos a intenção
de abordar aqui a filosofia da
ciência, uma área tão relevante
da Filosofia. Em vez disso,
discutiremos a ciência e a
educação como dois domínios
interconectados dentro de uma
mesma realidade.
Considerando o que já
destacamos sobre o desejo
natural do homem de conhecer,
torna-se fácil compreender que
a ciência não é algo recente
para o ser humano. Desde a
antiguidade, o anseio pelo
conhecimento levou-o a se
dedicar à descoberta do que
seria a ciência. No entanto, é
crucial perceber que há uma
notável diferença ao longo do
tempo no que denominamos
como "ciência".
Inicialmente, a ciência não era
fragmentada em diversas
áreas, dessa forma, um único
indivíduo se dedicava a
contemplar as diferentes
questões que a realidade
apresentava. Com o decorrer
do tempo, surgiu o que
chamamos de especialização:
à medida que o pensamento
sobre os problemas se
desenvolvia, alguns
pensadores começaram a se
especializar no tratamento de
um objeto específico,
resultando na formação de
ciências especializadas.
Podemos citar como exemplo:
a Química (que estuda a
matéria física em sua
constituição), a Física (que
analisa a matéria física em
suas relações espaço-
temporais), a Matemática (que
explora os números e seu
comportamento em
determinadas relações), a
História (que investiga os
eventos humanos ao longo do
tempo), a Medicina (que se
dedica ao estudo do corpo
humano, com base nos
conceitos de saúde e doença),
entre outras.
A ciência procura compreender
a realidade por meio da
observação dos fenômenos,
buscando identificar elementos
que se repetem. A constância
dessas repetições permite à
ciência registrar a regularidade
na maneira como o mundo se
desenrola. Essa regularidade,
por sua vez, leva os cientistas
a formular leis gerais que
descrevem o funcionamento do
mundo. As teorias científicas
são, portanto, constituídas pelo
conjunto de leis que abrangem
um determinado domínio da
realidade.
A ciência é responsável pela
geração de conhecimento,
enquanto o cientista conduz
pesquisas e registra os
resultados obtidos. A
educação, por sua vez, lida
com o conhecimento produzido
pela ciência. O propósito
constante da educação é
formar cidadãos autônomos,
capacitados a viverem a
liberdade dentro de seu
contexto. Não indo até o
mundo, a educação transmite a
ideia de que o conhecimento é
pleno e verdadeiro do modo
como aparece nos livros.
No contexto educacional, o
professor ensina, explorando o
conteúdo disponibilizado pela
pesquisa científica. A educação
(entendida como possibilidade
de libertação e emancipação
do homem) deve levar o aluno
à criticidade, para que ele saiba
se portar diante da ciência, não
como um mero espectador, que
recebe e aceita o que é dito,
mas como aquele que sabe
questionar e perceber os
interesses que estão por detrás
do fazer científico, já que a
produção da ciência nunca é
neutra, mas obedece a
interesses diversos.
Vamos
Exercitar?
Agora é hora de retomarmos a
nossa situação inicial. Você
está cursando o estágio
obrigatório do seu curso de
graduação e se depara com
algo que o instiga a pensar
mais detidamente na relação
teoria-prática. De certa forma,
sua questão é: qual é a
importância da teoria, já que a
prática não permite sua
aplicação? O problema pode –
e deve – ser entendido por
diversos ângulos.
Podemos começar pensando
sobre o desejo natural pelo

20/02/2025, 07:23
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