Buscar

Dissertação Final Vinicius Ent



Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA 
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL (PGCA) 
 
 
VINICIUS SILVA CASTRO 
 
 
 
PREVALÊNCIA E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE Escheri-
chia coli SHIGATOXIGÊNICA EM CARNE BOVINA IN NATURA 
PRODUZIDA EM MATO GROSSO, BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá/MT 
2017 
 
 
VINICIUS SILVA CASTRO 
 
 
 
 
 
 
PREVALÊNCIA E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE Escheri-
chia coli SHIGATOXIGÊNICA EM CARNE BOVINA IN NATURA 
PRODUZIDA EM MATO GROSSO, BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá/MT 
2017 
 
Dissertação apresentada ao Pro-
grama de Pós- 
Graduação em Ciência Animal da 
Universidade Federal de Mato 
Grosso, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de Mestre 
em Ciência Animal. 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo 
Eustáquio de Souza Figueiredo 
 
 
 
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVUGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE 
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PA-
RA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. 
 
 
 
 
 
 
 
Serviço de Documentação Biblioteca Geral da UFMT 
 
 
Dedico este trabalho a minha mãe Gilda Ma-
chado e meu padrasto Saulo Moura. Ao meu 
pai Antônio Castro, meu irmão João Pedro e 
minha namorada Angélica Kauffmann. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Aos meus pais Gilda Machado e Antônio Castro, meu padrasto Saulo Moura e meu ir-
mão João Pedro por todo apoio, carinho e compreensão. 
A minha namorada Angélica Kauffmann, por todo carinho e paciência durante o mes-
trado. 
Ao meu orientador e amigo Prof. Dr. Eduardo E. S. Figueiredo, por toda paciência, en-
sinamento e dedicação nesses anos de aprendizado. 
A todos meus amigos do Laboratório de Microbiologia Molecular de Alimentos, Barba-
ra, Dandara, Fernanda, Ricardo, Adelino, Maxsueli, Jorge, Larraiane, Greika, Elis e 
Patrícia, pela colaboração e por todos os momentos de convívio. 
Aos professores, a Elaine e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. 
A Prof. Drª. Cássia Aldrim e ao Prof. Dr. Carlos Adam Conte, por participarem como 
componentes da banca de defesa da minha dissertação de mestrado. 
A FAPEMAT pelo auxílio financeiro concedido para a realização do Projeto. 
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxí-
lio financeiro concedido durante o mestrado. 
 
 
“Our whole universe was in a hot dense state 
Then nearly fourteen billion years ago expansion started 
Wait 
The Earth began to cool 
The autotrophs began to drool 
Neanderthals developed tools 
We built a wall (we built the pyramids) 
Math, science, history, unraveling the mysteries 
That all started with the big bang!” 
 
The Big Bang Theory 
RESUMO 
 
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo sendo o estado de Mato 
Grosso o maior produtor nacional, responsável por aproximadamente 20% do total de 
carne produzida no país. Dentre os principais micro-organismos que habitam o trato 
gastrointestinal, a família das enterobactérias englobam muitos gêneros, destes, apenas a 
E. coli tem como habitat primário o trato intestinal de animais de sangue quente, sendo 
classificada como principal indicador de contaminação fecal em alimentos e possível 
ocorrência de enteropatógenos. Além de indicador higiênico-sanitário, existem diversas 
linhagens de E. coli que são patogênicas ao ser humano e aos animais. A E. coli produ-
tora de shigatoxina (STEC) é de grande importância à saúde pública por apresentarem 
duas toxinas imunologicamente distintas, denominadas Stx1 e Stx2 com capacidade cito-
tóxica, podendo apresentar capacidade de múltipla resistência a antibióticos, devido à 
facilidade da Escherichia coli em adquirir plasmídeos conjugativos portadores do gene 
de resistência. Apesar de assintomático, os ruminantes são os maiores reservatórios de 
STEC, sendo, portanto, a carne considerada o principal veículo da transmissão. Nesse 
contexto, o presente estudo objetivou estimar a prevalência de E. coli STEC em carne 
bovina in natura e avaliar o perfil de resistência antimicrobiana das colônias isoladas. A 
amostragem foi calculada e um total de 107 amostras de carne bovina produzida por 13 
diferentes matadouros-frigoríficos de Mato Grosso foram submetidas à análise microbi-
ológica, a multiplex PCR e a testes antimicrobianos de disco difusão. A prevalência foi 
de 4,67% e todos os isolados apresentaram múltiplas resistências à diversas classes de 
antibióticos. A presença do patógeno representa risco à saúde pública, restringe transa-
ções internacionais e traz prejuízos econômicos aos estabelecimentos de abate, além 
disso, cepas resistentes aos antimicrobianos podem dificultar o tratamento da infecção, 
agravando a casos mais graves da doença, como a síndrome hemolítica urêmica ou púr-
pura trombocitopênica trombótica. 
 
PALAVRAS-CHAVES: STEC, gene stx1 e stx2, colibacilose, carne bovina in natura 
 
 
ABSTRACT 
 
Brazil is the second largest producer of beef in the world, and the state of Mato Grosso 
is the largest national producer, responsible for about 20% of the total beef produced in 
the country. Among the main microorganisms that inhabit the gastrointestinal tract, the 
family of enterobacteria encompass many genera, these, only one E. coli has as primary 
habitat or intestinal tract of warm-blooded animals, being classified as the main indica-
tor of fecal contamination in food and possible occurrence of enteropathogens. In addi-
tion to hygienic-sanitary indicators, there are several strains of E. coli that are pathogen-
ic to humans and animals. The E. coli shigatoxin product (STEC) is of great importance 
to public health because it presents as immunologically different toxins, called Stx1 and 
Stx2 with cytotoxic capacity, being able to present capacity of multiple resistance to 
antibiotics, due to the facility of Escherichia coli to acquire conjugative plasmids bear-
ing the resistance gene. Therefore, the main reservoirs of the STEC, therefore, the meat 
is considered the main vehicle of the transmission. In this context, the present study 
aimed to estimate a prevalence of E. coli STEC in fresh beef and to evaluate the antimi-
crobial resistance profile of the isolated colonies. Sampling was calculated and a total of 
107 beef samples produced by 13 different slaughterhouses from Mato Grosso were 
submitted to microbiological analysis, a multiplex PCR and an antimicrobial disc diffu-
sion testis. The prevalence was 4.67% and all the isolates showed several resistances to 
several classes of antibiotics. The presence of the pathogen poses a risk to public health, 
restricts international transactions and brings economic losses to the slaughter systems; 
in addition, strains resistant to antimicrobials can make it difficult to treat the infection, 
aggravating the more severe cases of the disease, such as a syndrome Hemolytic uremic 
or thrombotic thrombocytopenic purpura. 
 
Keywords: STEC, stx1 and stx2 gene, colibacillosis, bovine meat cooled. 
 
 
LISTA DE FIGURAS E TABELAS 
 
 CAPITULO 1: 
 
Tabela 1: Principais métodos de detecção de E. coli 
STEC................................................................................................................................... 
Tabela 2: Genes patológicos de interesse em sorotipos shigatoxigênicos........................... 
Figura 1: Mecanismo de ação da toxina Shi-
ga...................................................................... 
 
CAPÍTULO 2: 
 
Tabela 1: Genes alvo e oligonucleotídeos para identificação de STEC (BAM/FDA) ....... 
Figura 1: Identificação de STEC em carne bovina in natura resfriada em Mato Grosso, 
Brasil.................................................................................................................................... 
Tabela 2: Resistência antimicrobiana de Escherichia coli STEC isoladas de amostras de 
carne bovinaresfriada.......................................................................................................... 
 
 
 
 
 
 
35 
36 
37 
42 
44 
45 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
EHEC – ENTEROHEMORRÁGICA 
STEC- SHIGATOXIGÊNICA 
EaeA – gene Intimina 
Stx1 – Gene da toxina stx1 
Stx2 - Gene da toxina stx2 
PCR – Reação em cadeia da polimerase 
µL – Microlitro 
mL - Mililitro 
mM - Milimolar 
pb - Pares de base 
SHU - Síndrome hemolítica urêmica 
UV - Ultra-violeta 
°C – Graus Celsius 
PTT - Púrpura Trombocitopênica 
LEE - Locus of enterocyte effacement 
A/E - attaching / effacing 
Ehx - entero-hemolisinas 
pO157 - plasmídeo O157 
mTSB – Caldo Triptona de soja modificado 
TC-SMAC – ágar MacConkey sorbitol negativo 
TSA-YE – ágar Tripticase de soja com extrato de levedura 
L-EMB – ágar Eosina azul de metileno (Levine) 
IMViC – Testes Indol, Voges Praskauer, Vermelho de metila, Citrato 
BHI – caldo infusão cérebro e coração 
+93uidA - enzima β-glicuronidase 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 
2. OBJETIVO.......................................................................................................... 2 
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................ 3 
CAPÍTULO 1: Escherichia coli STEC: super-shedding, patogenicidade, métodos de 
diagnóstico e prevalência em carne bovina 
....................................................................... 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 6 
2. MECANISMO DE PATOGENICIDADE.......................................................... 8 
3. SUPER SHEDDING.............................................................................................. 11 
4. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO........................................................................ 15 
5. OCORRÊNCIA E SURTOS DE STEC............................................................. 21 
6. CONCLUSÃO....................................................................................................... 23 
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................... 24 
CAPÍTULO 2: Prevalência e resistência antimicrobiana de Escherichia coli Shigato-
xigênica em carne bovina in natura produzida em Mato Grosso, Brasil.......................... 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 39 
2. MATERIAL E MÉTODO.................................................................................... 40 
2.1 AMOSTRAGEM E CÁLCULO DE PREVALÊNCIA.......................................... 41 
2.2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS....................................................................... 41 
2.3 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE DNA...................................................... 42 
2.4 IDENTIFICAÇÃO STEC POR MULTIPLEX PCR.............................................. 42 
2.5 ANTIBIOGRAMA................................................................................................. 43 
3. RESULTADOS..................................................................................................... 44 
3.1 ISOLAMENTO E DETECÇÃO DOS GENES DE VIRULÊNCIA....................... 45 
3.2 RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE E. COLI STEC................................... 45 
4. DISCUSSÃO.......................................................................................................... 47 
5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 47 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 48 
ANEXOS........................................................................................................................... 52 
4 
38 
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
As exportações nacionais de carne bovina no Brasil cresceram 737% em 14 
anos, passando de US$ 779 milhões (R$ 2,7 bilhões a preços de hoje), em 2000, para 
US$ 6,4 bilhões (R$ 22,2 bilhões), no ano passado. O Brasil é líder mundial em vendas 
externas do produto, com 21% do total, e a expectativa para os próximos 5 anos é que o 
Brasil lidere o posto de maior produtor e exportador de carne bovina (BRASIL 2015). 
Em relação ao estado, Mato Grosso é o maior produtor do país, responsável por mais de 
5 milhões de cabeças em 2014 o que corresponde a 19,34% do total nacional. (ABIEC, 
2015). 
Para manter a crescente produção é de vital importância garantir a segurança mi-
crobiológica na cadeia produtiva da carne bovina resfriada, visto que quantidades variá-
veis de contaminação microbiana podem ser encontradas na superfície das carcaças. A 
principal origem desta contaminação provém da pele e do trato gastrointestinal dos ani-
mais, resultante de falhas operacionais ocorridas principalmente nas etapas iniciais do 
processo de abate, tais como a esfola e a evisceração, entre outros agentes de contami-
nação. (BARROS et al., 2007) 
Dentre os principais micro-organismos que habitam o trato gastrointestinal, a 
família das enterobactérias que engloba muitos gêneros, como a Salmonella, Shigella, 
Yersinia, Enterobacter e Escherichia. Estes micro-organismos apresentam como carac-
terísticas gerais o formato de bacilos Gram-negativos, anaeróbios facultativos, com mui-
tas propriedades em comum, havendo poucas exceções (JAY, 2005). 
Na família das Enterobactérias existe a classificação do grupo indicador de qua-
lidade higiênico-sanitária, denominado de coliformes, como as espécies Enterobacter, 
Klebsiella, Citrobacter, Escherichia coli entre outras. Destes, apenas a E. coli tem como 
habitat primário o trato intestinal de animais de sangue quente, sendo classificada como 
principal indicador de contaminação fecal em alimentos e possível ocorrência de ente-
ropatógenos. (FRANCO et al. 2008) 
Além de indicador higiênico-sanitário, existem diversas linhagens de E. coli que 
são patogênicas ao ser humano e aos animais. Atualmente são conhecidos nove grupos 
de E. coli virulentas (patotípos) sendo denominadas de EPEC (E. coli enteropatogêni-
2 
 
 
ca), ETEC (E. coli enterotoxigênica), EIEC (E. coli enteroinvasiva), EHEC (E. coli en-
tero–hemorrágica), EaggEC (E. coli enteroagregativa), UPEC (E. coli uropatogênica), 
NMEC (E. coli da meningite neonatal), DAEC (E. coli que adere difusamente) e tam-
bém E. coli patogênica para aves (APEC) (CROXEN et al. 2013). Destaque para a clas-
sificação da E. coli entero–hemorrágica (EHEC), a qual está incluída como sub-grupo 
da E. coli Shigatoxigênica (STEC´s), diferenciando-se das outras cepas pela produção 
da enzima enterro-hemolisina, ocasionando a colite sanguinolenta (AUVRAY et al., 
2007). 
A contaminação de carnes por bactérias do grupo da Escherichia coli Shigatoxi-
gênica apresentam riscos graves ao consumidor, por possuir duas toxinas distintas que 
se ligam às células do cólon e também a células renais, podendo ocasionar diarreias 
sanguinolentas e em casos mais graves, pode apresentar a síndrome hemolítica urêmica 
e casos de púrpura trombocitopênica trombótica, e em animais essas enfermidades não 
são evidenciadas visto à rusticidade do bovino e à genética (KARMALI., 2010). 
As exigências de alguns mercados externos para ausência de EHEC tem forçado 
o mercado brasileiro a uma monitorização maior do processo de abate, visto que uma 
pequena quantidade de células viáveis destas bactérias é o suficiente para desencadear a 
infecção. Além disso a ausência de padrão sobre bactérias STEC no Brasil e em países 
com mesmo nível de exigência, classificados como lista geral, abre espaço para dúvidas 
sobre a contaminação real da carne (LANNA et al., 2013). 
Neste contexto, o presente estudo busca colaborar com o levantamento científico 
nacionala respeito de STEC em carne bovina in natura com aplicação de métodos con-
vencionais e moleculares, tendo um caráter incisivo na busca por um produto seguro, 
nacionalmente e para exportação, além de identificar possíveis cepas resistentes a anti-
biótico, e sugerir mudanças no âmbito de criação. 
Essa dissertação está organizada na forma de 2 capítulos, onde serão apresenta-
dos dois artigos científicos preparados conforme a formatação e exigência das revistas 
escolhidas. Capítulo 1 – Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety. 
Capítulo 2 – Meat Science. 
 
 
3 
 
 
2. OBJETIVO GERAL 
 
 Estimar a prevalência de E. coli STEC em carne bovina in natura produzida por 
matadouros frigoríficos localizados em Mato Grosso, destinada ao Brasil e à ex-
portação. 
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Pesquisar a prevalência de E. coli produtora de toxina Shiga (STEC) e/ou E. coli 
O157:H7, em carnes produzidas em Mato Grosso; 
 Gerar dados sobre resistência antimicrobiana das cepas STEC e EHEC isoladas de 
carne bovina; 
 Realizar uma revisão de literatura sobre Escherichia coli Shigatoxigênica e aspec-
tos relevantes à produção de carne bovina. 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1: Escherichia coli Shigatoxigênica: Patogenicidade, Super 
Shedding, métodos de diagnóstico, ocorrência e surtos alimentares. 
 
 
 
5 
 
 
Escherichia coli Shigatoxigênica: Patogenicidade, Super Shedding, mé-1 
todos de diagnóstico, ocorrência e surtos alimentares. 2 
Vinicius Silva Castro1,4, Ricardo César Tavares Carvalho2, Carlos Adam Conte-Junior,3,4,5 Edu-3 
ardo Eustáquio Souza FiguIredo1,2* 4 
1- Animal Science Program, Faculdade de Agronomia e Zootecnia, Universidade Federal de 5 
Mato Grosso,78060-900, Mato Grosso, Brazil. 6 
2 - Department of Food and Nutrition, Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Mato 7 
Grosso,78060-900, Mato Grosso, Brazil. 8 
3- Department of Food Technology, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminen-9 
se, 24230-340, Rio de Janeiro, Brazil. 10 
4- Food Science Program, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21941-11 
909, Rio de Janeiro, Brazil. 12 
5- National Institute of Health Quality Control, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 21040-13 
900, Rio de Janeiro, Brazil. 14 
 15 
* Corresponding author: 16 
Eduardo Eustáquio de Souza Figueiredo, D.V.M., M.Sc., Ph.D. 17 
Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT – Brazil. 18 
CEP - 78060-900 19 
Fone: +55 (65) 3615-8000 / FAX: +55 (65) 3628-1219 20 
 21 
E-mail address: figueiredoeduardo@hotmail.com (Figueiredo E. E. S.). 22 
 23 
mailto:figueiredoeduardo@hotmail.com
6 
 
 
RESUMO – Historicamente, a E. coli está entre os organismos mais estudados e serve 24 
de base para a compreensão de muitos conceitos bioquímicos e genéticos fundamentais. 25 
Além disso, possui 9 grupos de patogenia, sendo o grupo STEC o principal representan-26 
te alimentar, a característica típica é a presença de duas toxinas distintas e variantes: 27 
stx1 (stx1a, stx1c e stx1d), e stx2 (stx2a, stx2b, stx2c, stx2d, stx2e, stx2f e stx2g). O 28 
principal desafio é a padronização de um método que contemple todos os patotipos, 29 
com boa sensibilidade e que permita um enriquecimento das células STEC e diminuição 30 
da microbiota de fundo. Além disso, acreditasse que o fator primordial na transmissão 31 
entre os bovinos são animais que possuem capacidade de depositarem fezes altamente 32 
concentradas de STEC (acima de 104 UFC/g) e que recebem a designação de Super 33 
Shedding. Portanto, o objetivo dessa revisão é abordar os fatores de patogenicidade, a 34 
importância de animais super shedding na transmissão do patógeno, discutir os princi-35 
pais métodos utilizados e a ocorrência em carne bovina. 36 
 37 
1. Introdução 38 
A família Enterobacteriaceae englobam muitos gêneros, como a Escherichia co-39 
li, Salmonella, Shiguella, Yersinia, e Enterobacter, estes micro-organismos apresentam 40 
como características gerais o formato de bacilos Gram negativos, anaeróbios facultati-41 
vos, com muitas propriedades em comum, havendo poucas exceções. Bioquimicamente 42 
as Enterobacteriaceae mostram as seguintes características: fermentam a glicose, são 43 
citocromo oxidase negativa e reduzem nitrato em nitrito, são encontrados na natureza e 44 
a maioria faz parte da flora normal do intestino de seres humanos e de animais (Kone-45 
man 2006). 46 
Historicamente, a E. coli está entre os organismos mais estudados e serve de ba-47 
se para a compreensão de muitos conceitos bioquímicos e genéticos fundamentais (Alte-48 
7 
 
 
ri and Mobley 2012). Classificada como comensal e inofensiva por muito tempo, a E. 49 
coli possui 9 grupos de patogenias provavelmente derivada da transmissão de plasmí-50 
deos codificadores com genes de patogenicidade de outras espécies, ocasionando em 51 
cepas com capacidade de desencadear sérias doenças (Clements and others 2012). 52 
O termo Shigatoxigênica (STEC) foi determinado, devido as espécies de E. coli 53 
possuírem a toxina Stx, semelhante a Shigella dysenteriae tipo 1, além disso, as espé-54 
cies deste grupo podem apresentar a toxina Stx2 assim como variantes Stx1 e/ou Stx2 55 
(Willford and others 2009; Skinner and others 2013). As espécies STEC são divididas 56 
em dois subtipos: O157 ou não-O157, sendo os casos envolvendo cepas O157 relacio-57 
nados mais frequentemente aos quadros mais graves da doença, como desenvolvimento 58 
da síndrome hemolítica urêmica e púrpura trombocitopênica trombótica (Oporto and 59 
others 2008). Apesar disso, os sorogrupos não-O157 tem sido o micro-organismo de 60 
maior incidência nos surtos alimentares relatados nos Estados Unidos (Scallan and oth-61 
ers 2011; Luna-Gierke and others 2014) e em outros países (Allen and others 2013; Iwu 62 
and other 2016). 63 
Em relação a contaminação dos alimentos, a principal etapa envolvida em pro-64 
dutos de origem animal é durante a remoção do couro na etapa de evisceração. Vários 65 
estudos sugerem que falhas nas operações iniciais são responsáveis pela contaminação 66 
do produto final (Elder and others 2000; Arthur and others 2004; Barkocy-Gallagher 67 
and others 2005; Brichta-Harhay and others 2008). Além disso, a contaminação pode 68 
estar presente em produtos frescos, como brotos e folhas verdes devido a contaminação 69 
por uso de fertilizantes a base de estrume ou água contaminada (Verhaegen and others 70 
2016). 71 
Uma característica importante deste grupo, com implicações em muitos surtos, é 72 
a capacidade termotolerante que as cepas apresentam, algumas são capazes de sobrevi-73 
8 
 
 
verem a vários meses sob temperatura de congelamento (De Schrijver and others 2008; 74 
Strawn and Danyluk 2010). Além disso, outro fator relevante é a capacidade de resis-75 
tência a pH ácido (próximo a 2,5). Essa resistência auxilia as bactérias a sobreviverem 76 
em alimentos com pH adverso, a vencerem a barreira da acidez estomacal e permite a 77 
colonização do trato gastrointestinal (Doyle and others 2007). 78 
A resistência a ambientes ácidos é um dos fatores estudados em animais super 79 
shedding, na qual, o gado excreta elevado número de patógenos nas fezes (Arthur and 80 
others 2010). Evidências indicam que a principal causa é devido a formação de uma 81 
camada biofilme na porção final do reto destes animais, onde o desprendimento ocasio-82 
nal resulta na eliminação de um grande número de células patogênicas (Munns and 83 
others 2015). 84 
Várias metodologias vêm sendo aprimoradas com o intuito de detectar animais 85 
com tais características ainda no rebanho (Omisakin and others 2003). Além disso, a 86 
falta de um método padrão ouro para detecção e o desenvolvimento de uma metodolo-87 
gia que contemple todos os isolados patogênicos de STEC permanece um grande desa-88 
fio (Smith and others2014). Neste contexto, o objetivo dessa revisão é abordar os fato-89 
res de patogenicidade, a importância de animais super shedding na transmissão do pató-90 
geno e discutir os princípios dos métodos utilizados atualmente na detecção da E. coli 91 
Shigatoxigênica e sua prevalência em carnes. 92 
 93 
2. Mecanismo de patogenicidade 94 
A resistência a ambientes ácidos apresentada por bactérias STEC, exerce um 95 
importante papel no favorecimento do processo de infecção do hospedeiro, uma vez que 96 
a acidez gástrica não atua na eliminação total desta bactéria (Mathusa and others 2010). 97 
A patogenicidade causada por cepas STEC são mediadas por genes que expressam as 98 
9 
 
 
Shiga toxinas (Stx) e outros genes presentes na ilha de patogenicidade do locus of ente-99 
rocyte effacement (Bolton 2011). Outro desafio é a hibridação de subtipos patogênicos 100 
de outros grupos de E. coli, que adquiriram o fago Stx2 através de transferência horizon-101 
tal de gene, como exemplo o sorotipo O104:H4, envolvido em surto alimentar (Grau-102 
Leal and others 2015). 103 
Existem 41 genes localizados na ilha de patogenicidade do locus of enterocyte 104 
effacement (LEE) divididos em cinco operons denominados LEE-1 ao LEE-5. As regi-105 
ões 1, 2 e 3 codificam o T3SS que transloca bactérias efetoras no enterócito. LEE-4 106 
contém o gene EspADB que codifica proteínas translocatoras, formando um canal atra-107 
vés do qual o T3SS proporciona proteínas com efeito às células hospedeiras (Attaching 108 
and effacing). Os genes de adesão estão localizados no LEE-5, incluindo a intimina 109 
(eae), codificadora de uma membrana externa que auxilia na fixação da bactéria a célula 110 
(Lara-Ochoa and others 2010). 111 
A fixação da bactéria, através das proteínas produzidas pelo LEE, causa pro-112 
fundas alterações histológicas em decorrência da destruição das microvilosidades do 113 
epitélio intestinal, modificando a morfologia da zona apical dos enterócitos (Vidal and 114 
others 2007). Após o contato inicial, a bactéria injeta na célula um conjunto de proteínas 115 
com ação citotóxica e de ligação através do sistema secretor Tipo III (SSTT), que atuam 116 
como uma ponte de ligação entre o micro-organismo e a célula. A infecção celular por 117 
STEC finaliza-se com a ligação da Tir (Translocated intimin receptor) com a intimina, 118 
proteína codificada pelo gene eae, que ocasiona uma intima e resistente ligação entre a 119 
bactéria e a célula através de um pedestal de fixação formado pelo acumulo de actina, 120 
esta resultante de alterações no citoesqueleto celular (Frankel and others 2001; Cornick 121 
and others 2002; Lara-Ochoa and others 2010). Sorotipos LEE negativo, possuem uma 122 
10 
 
 
proteína aglutinante de ligação codificada pelo gene Saa, que possibilita a ligação do 123 
sorotipo à célula (Paton and others 2001). 124 
Após a ligação, às cepas STEC iniciam a produção da toxina shiga, podendo ex-125 
pressar uma, ambas ou variantes, como stx1 (stx1a, stx1c e stx1d), e stx2 (stx2a, stx2b, 126 
stx2c, stx2d, stx2e, stx2f e stx2g). Sendo a stx2 a principal toxina envolvida com os 127 
casos mais graves da doença (Tzipori and others 2004; Fuller and others 2011; Schütz 128 
and others 2012). A toxina shiga é formada por uma subunidade A que exerce ação tó-129 
xica e inibe a síntese proteica das células, e outra cinco subunidades B, responsável pela 130 
ligação da Toxina ao receptor de Globotriacilceramida (Gb3) da célula do hospedeiro 131 
(Karmali and others 2010). A porção A da toxina é internalizada a célula é transportada 132 
ao complexo de Golgi e reticulo endoplasmático, esta subunidade é N-glicosidase, que 133 
irá atuar sobre a porção 28s do RNA mensageiro e também na subunidade ribossomal, 134 
inibindo a síntese proteica e ocasionado casos de apoptose celular (Figura 1) (Karmali 135 
and others 2010). 136 
A lesão no endotélio compromete entre outras funções fisiológicas a função re-137 
nal, com inchamento da célula e separação da membrana basal, fibrina e trombos, oca-138 
sionando no estreitamento do lúmen capilar, consequentemente a redução do forneci-139 
mento de sangue aos glomérulos com comprometimento da função renal (Gyles 2007). 140 
Outro fator de patogenicidade é a produção de entero-hemolisinas (Ehx) consti-141 
tuída por um gene localizado no plasmídeo pO157, responsáveis pela destruição de he-142 
mácias, através de sua inserção no citoplasma das células e produção de poros (Mainil 143 
and Daube 2005). A Ehx atua também como um importante mecanismo de sobrevivên-144 
cia da bactéria, uma vez que a destruição de hemácias libera o componente ferro, impor-145 
tante mineral para potencializar a multiplicação destas bactérias (Boczek and others 146 
2006). 147 
11 
 
 
A dose infecciosa de STEC é considerada baixa e estimasse que menos de 100 148 
células seriam capazes de desenvolver a patogenia, geralmente os sintomas aparecem 149 
após um curto período de incubação, entre 3-4 dias, inicialmente o paciente desenvolve 150 
diarreia aquosa acompanhada de dor abdominal cólicas podendo agravar em diarreia 151 
sangrenta na maioria dos casos (Adams and Moss 2007). 152 
O uso de antibióticos ou antimotilidade não é indicado devido ao aumento do 153 
risco de síndrome hemolítica urêmica (SHU), além disso, o uso de substâncias promoto-154 
ras de crescimento pode contribuir na disseminação do gene Stx2, e com o surgimento 155 
de novos sorotipos patogênicos (Köhler and other 2000). O risco de desenvolver SHU 156 
por STEC depende de vários fatores, incluindo demografia, imunidade, estilo de vida, 157 
fatores patogênicos como o sorotipo, tipo da toxina, fatores de virulência, como o locus 158 
LEE e a dose de exposição (Karmali 2017). As sequelas pós-SHU incluem complica-159 
ções renais crônicas, diabetes mellitus, distúrbios neurológicos, estenose do cólon, hi-160 
pertensão, anormalidades urinárias e pedras biliares (Karch and other 2005). 161 
Apesar de causar inflamações intestinal e induzir petéquias focais no intestino, 162 
bem como induzir resposta imune inata e adaptativa (Zaheer and others 2017). Os rumi-163 
nantes são assintomáticos aos efeitos da toxina shiga e demais patogenicidades, por não 164 
possuir a camada glicotriacilceramida-3 na superfície da célula (Bonardi and others 165 
2015). Este fator dificulta a identificação dos animais hospedeiros, além disso, estima-166 
se que a principal fonte de disseminação dos sorotipos são animais com capacidade Su-167 
per Shedding, aqueles que apresentam alto número de patógenos eliminado pelas fezes 168 
(Stephens and others 2009). 169 
3. Animais SUPER-SHEDDING 170 
Um dos fatores que contribuem para a alta prevalência e como fonte principal de 171 
STEC em bovinos, são animais que possuem capacidade de depositarem fezes altamente 172 
12 
 
 
concentrada de E. coli STEC (níveis acima de 104 UFC/g) e que receberam a designa-173 
ção de Super Shedding (Chase-Topping and others 2008). Estudos relatam que o derra-174 
mamento de E. coli O157:H7 pelas fezes é esporádico e por curto tempo, geralmente 175 
persistindo menos de 1 mês de duração (Besser and others 1997), variando de 10 a 107 176 
UFC/g de fezes (Chase-Topping and others 2008; Stephens and others 2009). 177 
Embora existam muitas dúvidas acerca de animais Super Shedding, acredita-se 178 
que a principal causa é devido a formação de uma camada biofilme no epitélio intesti-179 
nal, contendo alta densidade de E. coli STEC (Munns and others 2015). O biofilme é 180 
uma comunidade de microrganismos que aderem a uma superfície através da produção 181 
de uma matriz polímera (Sadekuzzaman and others 2015) e o desprendimento heterogê-182 
neo da camada de biofilme em bovinos foi relatado pela primeira vez em infecções ex-183 
perimentais (Cray and Moon 1995). As quantidades elevadas destas bactérias nas fezes 184 
seriam ocasionadas durante aevacuação do animal (Munns and others 2015). Além dis-185 
so, existem relatos científicos que a vesícula biliar também é sugerida como reservatório 186 
de O157:H7 em bovinos (Stoffregen and others 2004). 187 
Vários estudos longitudinais apontam heterogenia na presença de Super Shed-188 
ding, resultados em rebanhos bovinos indicam prevalência desses animais, variando de 189 
0,48% a 71% (Munns and others 2015). As variações nos resultados seriam provavel-190 
mente devido a diferença entre animais, dieta, período e duração do estudo (Chase-191 
Topping and others 2008). Além disso, foi detectado que o microbioma intestinal de 192 
espécies Super-Shedding possui maior diversidade entre espécies do que animais não 193 
Shedding, sendo possível detectar através de amostras de fezes (Xu and others 2014). 194 
Entretanto, análise do microbioma de cada animal do rebanho é inviável economica-195 
mente, sendo mais frequente utilizado swab na porção reto anal (RAJ) do animal, como 196 
forma da investigação (Naylor and others 2003; Arthur and others 2013). 197 
13 
 
 
Além da detecção, outro desafio encontrado é que a alta eliminação de STEC 198 
tem curto período de tempo e não é restrito a um grupo de animais, podendo ser hetero-199 
gêneo em todo o rebanho (Brown and others 1997). Para isso, a divisão dos animais em 200 
no shedding (não detectável), low Shedding (< 102), Shedding (102 – 104) e Super She-201 
dding (> 104) está sendo utilizada para classificação (Grauke and others 2002; Williams 202 
and others 2014). Outro aspecto importante é que a maioria dos estudos é restrita a 203 
O157:H7, sendo poucas as pesquisas em sorotipos non-O157. No primeiro estudo avali-204 
ando a presença de Super Shedding para o sorotipo O26 na Europa, Murphy and others 205 
(2016) identificaram a presença de animais Super Shedding no rebanho, indicando que 206 
o fenômeno não é restrito a cepas O157. 207 
A relação entre animais super-shedding e a contaminação da carcaça ainda não 208 
está totalmente elucidada (Smith 2014). Na pesquisa conduzida por Matthews and 209 
others. (2006) foi sugerido que 80% das transmissões ocorrem devido a 20% de animais 210 
super-shedding. Outro estudo sugere que 9% destes animais podem ser responsáveis por 211 
96% das contaminações STEC encontradas nos abatedouros (Omisakin and others 212 
2003). No experimento realizado por Arthur and others (2009) foi identificado que ani-213 
mais com alta eliminação de STEC nas fezes tem influência na disseminação do pató-214 
geno a outros animais dentro do curral. Um ponto importante é que a presença de ani-215 
mais super shedding está diretamente relacionada a dieta, sendo que animais com ali-216 
mentação a base de grãos apresentam níveis significativamente maiores de E. coli pato-217 
gênica nas fezes do que animais alimentados a base de forragem, devido a presença de 218 
taninos e ácido fenólico (Berard and others 2009; Cueva and others 2010). Outro fator é 219 
que a sobrevivência de E. coli O157 foi maior nas fezes de bovinos alimentados com 220 
grãos (Lowe and others 2010). Entretanto, no estudo realizado por Stanford and others 221 
14 
 
 
(2012) foram avaliados a resistência a antimicrobianos de cepas O157:H7 isoladas de 222 
super shedding e animais low shedding, na qual não houve diferença entre os isolados. 223 
Estratégias para diminuição da prevalência de STEC como a identificação de 224 
animais super-shedding ainda no rebanho poderia auxiliar na diminuição das contami-225 
nações, vários estudos estão sendo realizados com a finalidade de desenvolver uma me-226 
todologia eficaz na identificação destes animais (Loneragan and Brashears 2005; Le-227 
Jeune and Wetzel 2007; Sargeant and others 2007). Contudo, outras pesquisas sugerem 228 
que a remoção de animais Super Shedding do rebanho tem pouca influência na dinâmi-229 
ca da contaminação, devido a capacidade de outros bovinos apresentarem tal caracterís-230 
ticas futuramente, ou não serem identificados devido ao rápido período de eliminação 231 
destas bactérias pelas fezes (Munns and others 2015). Em estudo realizado por Williams 232 
and others (2014) a presença no número de bovinos que apresentaram Super Shedding 233 
foi de 46,2% durante 6 meses de monitoramento. Evidenciando que Super shedding não 234 
é um evento restrito a alguns animais, e sim transitório. Aliado a isso, outros estudos 235 
avaliam medidas preventivas como o uso de probióticos, mescla de dieta (grãos e forra-236 
gens) e o uso de vacina na prevenção da adesão de E. coli no epitélio intestinal dos ani-237 
mais para a diminuição do número destes animais no rebanho (Matthews and others 238 
2006). Outro estudo relata que o mel pode ser um potente aliado no combate a formação 239 
de biofilme por células EHEC, devido a presença de uma molécula peptídica chamada 240 
defendin 1, com ação antimicrobiana inibindo a viabilidade da agregação das células 241 
EHEC (Lee and others 2011). Porém, a diversidade das raças é um desafio nas etapas de 242 
mitigação, no estudo realizado por Jeon and others (2013), foi identificado menor nú-243 
mero de células O157 em bovinos da raça Brahman quando comparados com o outro 244 
cruzamento de Angus-Brahman. Evidenciando a necessidade de mais estudos analisan-245 
15 
 
 
do diversas raças com a comparação dos locus específicos genéticos e a capacidade de 246 
adesão das bactérias. 247 
 248 
4. Métodos bacteriológicos para pesquisa de E. coli STEC. 249 
A espécie E. coli fermenta sorbitol em 24 horas, e produz a enzima β– glicuro-250 
nidase, estas características metabólicas são importantes para a diferenciação do grupo 251 
STEC, que diferente da maioria das outras linhagens de E. coli, pouco ou não cresce a 252 
45,5ºC, espécies O157 não fermentam sorbitol (durante as primeiras 24 horas) e não 253 
produzem enzima β–glicuronidase (Manafi and Kremsmaier 2001). Entretanto, em es-254 
tudo conduzido por Sallam and others (2013), foram identificadas cepas O157:H7 com 255 
capacidade de fermentar sorbitol, assim como um surto ocorrido em 1999 com cepa 256 
O157:H7 sorbitol positivas (Ammon and others 1999). Esse fator demonstra a limitação 257 
na detecção baseada apenas no metabolismo bacteriano. 258 
Estudos indicam que produtos cárneos podem conter uma pequena quantidade 259 
como 0,3 a 15 UFC/g, sendo que entre dez e cem células seriam suficientes para o de-260 
sencadeamento da infecção (Adams and Moss 2007) o que corrobora com a baixa pre-261 
sença de células bacterianas frente a outros microrganismos (Lejeune et al. 2001; Gill 262 
and others 2014). 263 
Diversos métodos oficiais e não oficiais foram padronizados para detecção de 264 
STEC (tabela 2), porém atualmente não existe nenhum padrão ouro para cultivo e iso-265 
lamento de STEC (Conrad and others 2016). Entre as principais metodologias emprega-266 
das, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estabelece dois méto-267 
dos distintos, um para detecção de O157:H7 (USDA 2014), e outro para o “big six” 268 
(O26, 045, O103, O111, O121, O145) non-O157 (USDA 2012). 269 
16 
 
 
Na União Europeia a metodologia utilizada é preconizada pela European Food 270 
Safety Autority (EFSA) e seguida pela ISO 13136 (2012) para detecção dos sorotipos 271 
O26, 045, O103, O111, O121, O145 e O157 em alimentos. Esta metodologia emprega 272 
diferentes técnicas para isolamento, como o uso de q-PCR para os genes Stx, eae, antí-273 
geno O, além da técnica de imunoseparação e plaqueamento em agar cromogênico. 274 
Outro país que apresenta histórico de surto relacionado a STEC, o Japão, tem 275 
como metodologia a investigação de marcadores gênicos específicos para os principais 276 
sorotipos (O26, 045, O103, O111, O121, O145 e O157) através do uso de ferramentas 277 
moleculares (Hara-Kudo and others 2016). 278 
4.1 Meios de Enriquecimento 279 
O uso conjunto de diferentes técnicas é necessáriodevido aos vários fatores que 280 
influenciam o limiar da detecção de STEC, tanto em materiais clínicos, alimentos ou em 281 
fezes de animais (Gill and others 2014). Diversos meios de enriquecimento foram testa-282 
dos sobre a eficácia na recuperação de células injuriadas e também na redução da micro-283 
flora acompanhante (tabela 1). Os meios de base mais frequentemente utilizados são o 284 
caldo tripticase de soja (TSB), água peptonada tamponada (BPW), Caldo E. coli (EC) e 285 
Caldo Brila (BC), podendo ser suplementados com novobiocina, cefixima, telurito de 286 
potássio, vancomicina, acriflavina e cefsulodina para suprimir o crescimento de micro-287 
biota acompanhante (Vimont and others 2006; Hussein and Bollinger 2008). Entretanto, 288 
garantir um meio de enriquecimento efetivo a todos os sorotipos de STEC permanece 289 
um grande desafio para favorecer a posterior etapa de isolamento deste grupo (Durso 290 
2013). 291 
Em estudo conduzido por Stromberg et al. (2015) o caldo Escherichia coli (EC) 292 
obteve melhor desempenho no pré enriquecimento do que o caldo tripticase de soja 293 
(TSB). Outros estudos sugerem que agentes inibidores como novobiocina, vancomicina, 294 
17 
 
 
cefulodina e cefixima, além da inibição da microflora acompanhante pode ocasionar a 295 
inibição de células alvo, e consequentemente, risco de resultado falso-negativo (Vimont 296 
and others 2007; Kanki and others 2011; Stromberg and others 2015). Em contraste, 297 
Gill and others (2012) examinou seis agentes seletivos (cefixima, cefsulodina, mitomi-298 
cina C, novobiocina, telurito e vancomicina) isoladamente e em combinações e os resul-299 
tados indicaram que o caldo tripticase de soja modificado (mTSB) suplementado com 300 
vancomicina (10 µg/mL) e cefsulodina (3 µg/mL) possibilitou o crescimento de todas as 301 
estirpes testadas. Outro agente frequentemente utilizado são os sais biliares, junto a con-302 
centração do meio, na qual apresenta boa capacidade de inibição da flora de fundo 303 
(Baylis 2008; Stromberg and others 2015). Além do meio de cultura, a temperatura de 304 
incubação pode ser utilizada como inibidor da microflora acompanhante, resultados 305 
sugerem que incubando amostras a 42°C existe uma maior inibição do que a temperatu-306 
ra de 37°C (Drysdale and others 2004). 307 
A fim de aumentar a eficiência na detecção, grande parte dos métodos tem utili-308 
zado o princípio de separação imunomagnética (IMS) como forma de concentração de 309 
células, baseado nas características da parede celular (LeJeune and others 2006). Entre-310 
tanto, a técnica IMS apresenta menor eficiência em meios de enriquecimento com ele-311 
vada microbiota de fundo, podendo ocasionar em resultados falso-negativos (Verhaegen 312 
and others 2016). Uma alternativa viável para diminuição da microbiota acompanhante, 313 
seria o tratamento ácido no pellet bacteriano proveniente do caldo de enriquecimento, 314 
seguido de posterior plaqueamento no meio seletivo, explorando a capacidade da E. coli 315 
em suportar baixas faixas de pH (Verhaegen and others 2016). 316 
 317 
 318 
 319 
18 
 
 
4.2 Meios de Isolamento 320 
Para o isolamento das cepas presentes no caldo de pré enriquecimento, os meios 321 
mais tradicionais empregados são o ágar eosina azul de metileno (Levine) e MacConkey 322 
com sorbitol suplementado com telurito e cefixima (TC-SMAC). Outros meios foram 323 
desenvolvidos com a inclusão de substratos cromogênicos como o agar Rainbow O157, 324 
Biosynth culture media O157, Fluorocult E. coli O157:H7, HICrome EC O157, 325 
O157:H7 ID agar e o CHROMagar O157 (Manafi and Kremsmaier 2001; Park and oth-326 
ers 2011; Tzschoppe and others 2012; Ngwa and others 2013). E para isolamento de 327 
STEC O26 o uso do agar Rhamnose-MacConkey (RMAC), devido à incapacidade desta 328 
cepa em fermentar Rhamnose (Hiramatsu and others 2002). 329 
Em estudo conduzido por Verhaegen and others (2016) foram avaliados a recu-330 
peração de cepas STEC em agar CHROMagar™ e ChromID™, meios seletivos empre-331 
gados em diversas metodologias e o resultado variou conforme a matriz alimentar, sen-332 
do o CHROMagar™ mais efetivo em amostras de produtos de origem animal e o 333 
ChromID™ melhor na detecção de produtos de origem vegetal. Outro estudo avaliando 334 
a sensibilidade de detecção dos seis principais sorotipos non-O157 em agar TC-335 
SMAC™ e CHROMagar™ indicaram uma maior eficácia em amostras de carne bovina 336 
(aproximadamente 5 UFC/g) do que em relação a brotos de rabanete (25 UFC/g), além 337 
disso, não houve diferença significativa entre os meios utilizados (Hara-Kudo and 338 
others 2016). 339 
4.3 Sorotipagem dos isolados 340 
Para a determinação do sorotipo das cepas isoladas, a metodologia mais empre-341 
gada na identificação é a sorotipagem convencional, baseada em reações de aglutinação 342 
entre antígeno-anticorpo (DebRoy and others 2011). E geralmente realizada em labora-343 
tórios de referência de E. coli (Centers for Disease Control and Prevention 2006). Além 344 
19 
 
 
disso, outros métodos estão sendo utilizados como os kits de aglutinação em látex, mais 345 
rápidos e fáceis do que a sorotipagem convencional (Dwivedi and Jaykus 2011). E téc-346 
nicas mais recentes como a citometria de fluxo (comparação entre os fragmentos genéti-347 
cos) e imunoabsorção enzimática (ELISA) foram desenvolvidos para a detecção dos 348 
seis principais STEC não-O157. O ensaio de citometria de fluxo é rápido, específico e 349 
eficiente (Hegde and others 2012a). E os ensaios de imunoabsorção enzimática, com 350 
especificidade aproximada de 98,2%, são mais viáveis economicamente, porém mais 351 
laboriosos (Hegde and others 2012b). 352 
 353 
4.4 Métodos moleculares para identificação de STEC 354 
Os métodos baseados na reação em cadeia da polimerase podem ser utilizados 355 
para porções específicas do DNA ou RNA, estas sequências são amplificadas com inici-356 
adores e auxilio da enzima DNA polimerase (Park and others 2014). Este método ba-357 
seia-se na detecção de genes promotores e possuem boa sensibilidade mesmo em baixos 358 
níveis de células presentes, seja em fezes, alimentos, água e amostras ambientais (Yeni 359 
and others 2014). É possível utilizar a PCR convencional de modo simples (uma região) 360 
ou múltiplas regiões (dois ou mais gene-alvo) com o intuito de amplificar cópias sufici-361 
entes para serem detectáveis visivelmente por eletroforese em gel (Maciorowski and 362 
others 2005). 363 
Para a identificação de STEC, são utilizados vários genes associados à virulên-364 
cia, bem como genes sorotipo específicos (tabela 2), tais como, rfbE que codifica o po-365 
lissacarídeo O157 (antígeno O), flicC codifica H7, antígeno flagelar especifico (Fach 366 
and others 2003), eaeA codifica intimina, hlyA codifica hemolisina, uid (gusA) codifica 367 
β-glucuronidase (Monday and others 2007). 368 
20 
 
 
Os genes stx1 e stx2 codificam Shiga toxina 1 e 2 respectivamente, tem sido uti-369 
lizada para genotipagem e detecção de O157:H7 em ambos os formatos de PCR simples 370 
e multiplex/PCR (Fagan and others 1999; Chassagne and others 2009). 371 
Outras reações de PCR foram desenvolvidas com base nos sorotipos mais fre-372 
quentes em surtos alimentares, classificados pela USDA-FSIS (2011) como patógenos 373 
contaminantes (O26, O45, O103, O111, O121 e O145). As detecções dos seis sorotipos 374 
basearam-se nas regiões promotoras wzy e wzx, responsáveis pelo antígeno O das célu-375 
las (DebRoy and others 2011; Fratamico and Bagi 2012; Paddock and others 2012). 376 
Além disso, protocolos com o objetivo de detecção de diferentes variantes das 377 
toxinas shiga, Stx1 (Stx1a, Stx1c e Stx1d) e Stx2 (Stx2a, Stx2b, Stx2c, Stx2d, Stx2e, 378 
Stx2f e Stx2g) e também de subtipos de promotores da intimina (a1, a2, b1, nR / b2B, d 379 
/ b2O, j, C1, c2, h, e1, mR / e2, f, g1, g2, i1,lR / i2, k, lB, mB, nB e p) estão sendo utili-380 
zados para elucidação das diferentes cepas circulantes (Paton and Paton 1998; DebRoy 381 
and others 2004; Feng and others 2005; Valadez and others 2011). Além da PCR con-382 
vencional, a técnica quantitativa em tempo real (q-PCR), é utilizada como ferramenta de 383 
detecção em metodologias oficiais (EFSA 2012; ISO 13136) devido a precisão, sensibi-384 
lidade e pelo menor tempo requerido de análise (Smith and Osborn 2009; Girones and 385 
others 2010; Lin and others 2011; Guy and others 2014). Atualmente, esta técnica re-386 
presenta parte fundamental do processo de rastreamento de agentes patogénicos nas 387 
indústrias de alimentos. 388 
Além disso, outras metodologias foram desenvolvidas com o intuito de reduzir a 389 
possibilidade de contaminação ou erro durante a PCR, como o sistema BAX® (Wasilen-390 
ko and others 2014) aprovado pela USDA-FSIS, que consiste em apenas uma etapa de 391 
inoculação. (Bailey 1998; Shearer and others 2001; Frausto and others 2013). 392 
21 
 
 
Muitos desafios relacionados à detecção deste importante micro-organismo ain-393 
da permanecem, principalmente devido as bactérias do grupo STEC apresentarem hete-394 
rogenia fenotípica e genotípica, além do grupo possuir mais de 200 sorotipos, o que 395 
dificulta a padronização de um método que contemple todas as estirpes patogênicas 396 
(Fremaux and others 2007; Smith and others 2014). 397 
 398 
5. Ocorrência e surtos alimentares de STEC 399 
Desde o advento da dieta moderna com a promoção de consumo de vegetais, fo-400 
lhas verdes, brotos e sementes, um incremento no número de STEC foi associada ao 401 
consumo deste produto (Hou and others 2013). Além disso, os produtos alimentícios 402 
podem ser expostos a contaminação por STEC através de diversos formas, como conta-403 
to o com agua contaminada, ar, contato com solo, fertilizantes, com o ambiente de pro-404 
cessamento etapas do abate, portanto, desde a produção da matéria prima até o consumo 405 
final (Wang and Salazar 2016). O grupo STEC é considerado um sério problema de 406 
saúde pública em muitos países desenvolvidos. O sorotipo O157:H7 é a principal cepa 407 
envolvida nos casos de colite hemorrágica (CH) e Síndrome Hemolítica Urêmica em 408 
crianças (Echeverry and others 2006). 409 
No entanto, estudos de prevalência mostram crescente número de infecções liga-410 
das a non-O157, dados da União Europeia indicam que os sorotipos mais frequentes em 411 
infecções reportadas durante os anos de 2007-2011 foram devido a O157 (49 – 76%), 412 
O26 (7 – 11%), O103 (3 – 4%), O91 (2 - 3%), O145 (2 – 3%), O111 (1 – 2%), e O128 413 
(1%) (EFSA 2013). Nos Estados Unidos a incidência de infecção por sorotipo non-414 
O157 cresceu de 0,12 por 100.000 habitantes em 2000 para 0.95 por 100.000 habitantes 415 
em 2010. Enquanto infecções por O157 caíram de 2.17 para 0.95 em 100.000 habitantes 416 
22 
 
 
no mesmo período (Gould and others 2013). Outro país que apresentou casos de surtos 417 
relacionados a STEC, o Japão, reportou 2289 casos em 2014, sendo os sorotipos mais 418 
frequentes a O157 (59.2%), O26 (21.9%), O145 (4.1%), O103 (4.1%), O111 (3.4%) e 419 
O121 (2.9%) (National Institute of Infections Diseases 2015). 420 
Em estudo avaliando a prevalência de STEC em diferentes rebanhos realizado 421 
por Oporto et al. (2008) foram analisados 345 criadores, sendo 17 de suínos, 122 de 422 
ovelhas leiteiras, 124 de bovinos de corte e 82 de bovinos leiteiros, a taxa de prevalên-423 
cia de STEC foram maiores para o rebanho de ovelhas leiteiras (50,8%), seguida por 424 
bovinos de corte (46,0%), vacas leiteiras (20,7%) e 0,0% para os rebanhos de suínos. 425 
Para presença de STEC O157 e non-O157 em bovinos de corte, Hussein and Bollinger 426 
(2005a) avaliaram relatórios de contaminação STEC em rebanhos bovinos durante as 427 
últimas 3 décadas e as taxas de prevalência de STEC O157 variaram de 0,2% a 27,8%, e 428 
STEC não-O157 de 2,1% a 70,1%. Já em produtos cárneos, a prevalência de STEC non-429 
O157 variou entre 2,4 a 30,0% para carne moída, 17,0 a 49,2% para embutidos, e 8,6 a 430 
49,6% em cortes cárneos vendidos em varejo (Hussein and Bollinger 2005b). No Brasil, 431 
a prevalência de STEC encontrada em produtos cárneos vendidos no varejo foi de 3,5% 432 
e todas as cepas possuíam a toxina Stx2 e a presença do gene ehxA responsável pela 433 
codificação da enterohemolisina (Bergamini and others 2007). 434 
Entre os surtos ocasionados por STEC, o maior relatado até o momento ocorreu 435 
no Japão em 1996, envolvendo mais de 7.500 casos (Terajima and others2014). O pri-436 
meiro relato de surto envolvendo a E. coli STEC ocorreu nos Estados Unidos em 1982, 437 
em hambúrguer de carne bovina contaminada por cepa O157:H7 comercializada em 438 
uma rede fast-food (Riley and others 1983). Em 1993 um novo surto com maiores pro-439 
porções que o anterior foi registrado, desta vez atingindo setecentas pessoas de quatro 440 
23 
 
 
estados norte-americanos, 51 enfermos apresentaram SHU, e quatro mortes foram regis-441 
tradas (Feng 1995). 442 
Surtos com cepas não-O157 são mais comuns na Europa, Austrália e América 443 
Latina (Guth and others 2002). Em mais de 30 países em 6 diferentes continentes há 444 
relatos de isolados de cepas STEC. Na China em 1999 um surto com grande impacto na 445 
saúde pública foi causado por uma cepa O157:H7 estirpe XuZhou21 responsável por 446 
causar Síndrome Hemolítica Urêmica em 195 pessoas com taxa de mortalidade de 90%, 447 
a maioria (85,6%) tinham idades acima de 50 anos e a causa provável devido as condi-448 
ções precárias e a proximidade com animais portadores (Xiong and others 2012). Em 449 
2011 na Alemanha o sorotipo O104:H4, hibrido de E. coli enteroagregativa (EAEC) 450 
com presença do gene Stx2, através de transferência horizontal foi responsável por 3816 451 
casos relatados de infecção, com 845 (22%) apresentando a Síndrome Hemolítica Urê-452 
mica e 36 (4,2%) casos de morte. As infecções foram relacionadas ao consumo de feno 453 
grego cru contaminado (Frank and others 2011). Cepas hibridas são comuns na E. coli 454 
STEC visto que grande parte como O157:H7 e O26:H11 são híbridos que evoluíram de 455 
cepas patogênicas de E. coli entero-patogênica (EPEC) (Wick and others 2005; Eich-456 
horn and others 2015). 457 
6. Conclusão 458 
O grupo da E. coli STEC compreende uma grande diversidade de espécies, en-459 
tender o papel dos genes de virulência, os mecanismos de ação e os reservatórios ani-460 
mais é de suma importância para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficaz. 461 
A principal forma ainda de evitar a contaminação é impedir o contato dessas cepas com 462 
os alimentos, durante toda a cadeia de processamento. Melhora nas metodologias de 463 
detecção que englobam O157 e nonO157 e a padronização de uma metodologia oficial, 464 
principalmente na etapa de enriquecimento é um grande desafio, aliado a isso, mais es-465 
24 
 
 
tudos serão essenciais para a compreensão do papel dos animais super shedding, além 466 
de estratégias para diminuir a incidência desses animais no rebanho. 467 
 468 
7. AGRADECIMENTOS 469 
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso 470 
(FAPEMAT) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CA-471 
PES) pelo apoio financeiro. 472 
 473 
8. CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES 474 
Castro VS e Figueiredo EES pesquisaram estudos anteriores, interpretaram os artigos, 475 
compilaram os dados e redigiram o manuscrito. Carvalho RCT contribui na construção 476 
da figura e na redação dos mecanismos de patogenicidade. Figueiredo EES e Conte-477 
Junior CA editaram e corrigiram o manuscrito. 478 
 479 
9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 480 
Adams M, Moss M. 2007. Food Microbiology. 3 ed. Royal Society of Chemistry. 481 
Allen KJ, Laing CR, Cancarevic A, Zhang Y,Mesak LR, Xu H, Paccagnella A, Gannon VPJ, 482 
Hoang L. 2013. Characteristics of Clinical Shiga Toxin-Producing Escherichia coli Isolated 483 
from British Columbia. BioMed Res. Int. 2013:e878956. 484 
Alteri CJ, Mobley HLT. 2012. Escherichia coli physiology and metabolism dictates adaptation 485 
to diverse host microenvironments. Curr. Opin. Microbiol. 15:3–9. 486 
Ammon A, Petersen LR, Karch H. 1999. A large outbreak of hemolytic uremic syndrome 487 
caused by an unusual sorbitol-fermenting strain of Escherichia coli O157:H-. J. Infect. Dis. 488 
179:1274–1277. 489 
Arthur TM, Ahmed R, Chase-Topping M, Kalchayanand N, Schmidt JW, Bono JL. 2013. Char-490 
acterization of Escherichia coli O157:H7 strains isolated from supershedding cattle. Appl. Envi-491 
ron. Microbiol. 79:4294–4303. 492 
Arthur TM, Bosilevac JM, Nou X, Shackelford SD, Wheeler TL, Kent MP, Jaroni D, Pauling B, 493 
Allen DM, Koohmaraie M. 2004. Escherichia coli O157 prevalence and enumeration of aerobic 494 
25 
 
 
bacteria, Enterobacteriaceae, and Escherichia coli O157 at various steps in commercial beef 495 
processing plants. J. Food Prot. 67:658–665. 496 
Arthur TM, Brichta-Harhay DM, Bosilevac JM, Kalchayanand N, Shackelford SD, Wheeler TL, 497 
Koohmaraie M. 2010. Super shedding of Escherichia coli O157:H7 by cattle and the impact on 498 
beef carcass contamination. Meat Sci. 86:32–37. 499 
Arthur TM, Keen JE, Bosilevac JM, Brichta-Harhay DM, Kalchayanand N, Shackelford SD, 500 
Wheeler TL, Nou X, Koohmaraie M. 2009. Longitudinal Study of Escherichia coli O157:H7 in 501 
a Beef Cattle Feedlot and Role of High-Level Shedders in Hide Contamination. Appl. Environ. 502 
Microbiol. 75:6515–6523. 503 
Bailey JS. 1998. Detection of Salmonella Cells within 24 to 26 Hours in Poultry Samples with 504 
the Polymerase Chain Reaction BAX System. J. Food Prot. 61:792–795. 505 
Barkocy-Gallagher GA, Edwards KK, Nou X, Bosilevac JM, Arthur TM, Shackelford SD, 506 
Koohmaraie M. 2005. Methods for recovering Escherichia coli O157:H7 from cattle fecal, hide, 507 
and carcass samples: sensitivity and improvements. J. Food Prot. 68:2264–2268. 508 
Baylis CL. 2008. Growth of pure cultures of Verocytotoxin-producing Escherichia coli in a 509 
range of enrichment media. J. Appl. Microbiol. 105:1259–1265. 510 
Berard NC, Holley RA, McAllister TA, Ominski KH, Wittenberg KM, Bouchard KS, Bouchard 511 
JJ, Krause DO. 2009. Potential To Reduce Escherichia coli Shedding in Cattle Feces by Using 512 
Sainfoin (Onobrychis viciifolia) Forage, Tested In Vitro and In Vivo. Appl. Environ. Microbiol. 513 
75:1074–1079. 514 
Bergamini AMM, Simões M, Irino K, Gomes TAT, Guth BEC. 2007. Prevalence and character-515 
istics of Shiga toxin-producing Escherichia coli (STEC) strains in ground beef in São Paulo, 516 
Brazil. Braz. J. Microbiol. 38:553–556. 517 
Besser TE, Hancock DD, Pritchett LC, McRae EM, Rice DH, Tarr PI. 1997. Duration of detec-518 
tion of fecal excretion of Escherichia coli O157:H7 in cattle. J. Infect. Dis. 175:726–729. 519 
Boczek LA, Johnson CH, Rice EW, Kinkle BK. 2006. The widespread occurrence of the enter-520 
ohemolysin gene ehlyA among environmental strains of Escherichia coli. FEMS Microbiol. 521 
Lett. 254:281–284. 522 
Bolton DJ. 2011. Verocytotoxigenic (Shiga toxin-producing) Escherichia coli: virulence factors 523 
and pathogenicity in the farm to fork paradigm. Foodborne Pathog. Dis. 8:357–365. 524 
Bonardi S, Alpigiani I, Tozzoli R, Vismarra A, Zecca V, Greppi C, Bacci C, Bruini I, Brindani 525 
F. 2015. Shiga toxin-producing Escherichia coli O157, O26 and O111 in cattle faeces and hides 526 
in Italy. Vet. Rec. Open 2:e000061. 527 
Bosilevac JM, Koohmaraie M. 2011. Prevalence and Characterization of Non-O157 Shiga Tox-528 
in-Producing Escherichia coli Isolates from Commercial Ground Beef in the United States. 529 
Appl. Environ. Microbiol. 77:2103–2112. 530 
Brichta-Harhay DM, Guerini MN, Arthur TM, Bosilevac JM, Kalchayanand N, Shackelford 531 
SD, Wheeler TL, Koohmaraie M. 2008. Salmonella and Escherichia coli O157:H7 Contamina-532 
tion on Hides and Carcasses of Cull Cattle Presented for Slaughter in the United States: an 533 
Evaluation of Prevalence and Bacterial Loads by Immunomagnetic Separation and Direct Plat-534 
ing Methods. Appl. Environ. Microbiol. 74:6289–6297. 535 
26 
 
 
Brown CA, Harmon BG, Zhao T, Doyle MP. 1997. Experimental Escherichia coli O157:H7 536 
carriage in calves. Appl. Environ. Microbiol. 63:27–32. 537 
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 2006. Importance of culture confirmation of 538 
shiga toxin-producing Escherichia coli infection as illustrated by outbreaks of gastroenteritis--539 
New York and North Carolina, 2005. MMWR Morb. Mortal. Wkly. Rep. 55:1042–1045. 540 
Chase-Topping M, Gally D, Low C, Matthews L, Woolhouse M. 2008. Super-shedding and the 541 
link between human infection and livestock carriage of Escherichia coli O157. Nat. Rev. Micro-542 
biol. 6:904–912. 543 
Chassagne L, Pradel N, Robin F, Livrelli V, Bonnet R, Delmas J. 2009. Detection of stx1, stx2, 544 
and eae genes of enterohemorrhagic Escherichia coli using SYBR Green in a real-time poly-545 
merase chain reaction. Diagn. Microbiol. Infect. Dis. 64:98–101. 546 
Clements A, Young JC, Constantinou N, Frankel G. 2012. Infection strategies of enteric patho-547 
genic Escherichia coli. Gut Microbes 3:71–87. 548 
Conrad CC, Stanford K, McAllister TA, Thomas J, Reuter T. 2016. Competition during enrich-549 
ment of pathogenic <em>Escherichia coli</em> may result in culture bias. FACETS 1:114–550 
126. 551 
Cooley MB, Jay-Russell M, Atwill ER, Carychao D, Nguyen K, Quiñones B, Patel R, Walker S, 552 
Swimley M, Pierre-Jerome E, et al. 2013. Development of a Robust Method for Isolation of 553 
Shiga Toxin-Positive Escherichia coli (STEC) from Fecal, Plant, Soil and Water Samples from 554 
a Leafy Greens Production Region in California. PLoS ONE 8. 555 
Cornick NA, Booher SL, Moon HW. 2002. Intimin Facilitates Colonization by Escherichia coli 556 
O157:H7 in Adult Ruminants. Infect. Immun. 70:2704–2707. 557 
Cray WC, Moon HW. 1995. Experimental infection of calves and adult cattle with Escherichia 558 
coli O157:H7. Appl. Environ. Microbiol. 61:1586–1590. 559 
Cueva C, Moreno-Arribas MV, Martín-Alvarez PJ, Bills G, Vicente MF, Basilio A, Rivas CL, 560 
Requena T, Rodríguez JM, Bartolomé B. 2010. Antimicrobial activity of phenolic acids against 561 
commensal, probiotic and pathogenic bacteria. Res. Microbiol. 161:372–382. 562 
De Schrijver K, Buvens G, Possé B, Van den Branden D, Oosterlynck O, De Zutter L, Eilers K, 563 
Piérard D, Dierick K, Van Damme-Lombaerts R, et al. 2008. Outbreak of verocytotoxin-564 
producing E. coli O145 and O26 infections associated with the consumption of ice cream pro-565 
duced at a farm, Belgium, 2007. Euro Surveill. Bull. Eur. Sur Mal. Transm. Eur. Commun. Dis. 566 
Bull. 13. 567 
DebRoy C, Roberts E, Kundrat J, Davis MA, Briggs CE, Fratamico PM. 2004. Detection of 568 
Escherichia coli serogroups O26 and O113 by PCR amplification of the wzx and wzy genes. 569 
Appl. Environ. Microbiol. 70:1830–1832. 570 
DebRoy C, Roberts E, Valadez AM, Dudley EG, Cutter CN. 2011. Detection of Shiga toxin-571 
producing Escherichia coli O26, O45, O103, O111, O113, O121, O145, and O157 serogroups 572 
by multiplex polymerase chain reaction of the wzx gene of the O-antigen gene cluster. Food-573 
borne Pathog. Dis. 8:651–652. 574 
Doyle Michael P, Beuchat Larry R, Brary I. 2007. Food microbiology: fundamentals and fron-575 
tiers. Third edition. Washington, D.C: ASM Press. 576 
27 
 
 
Drysdale M, MacRae M, Strachan NJC, Reid TMS, Ogden ID. 2004. The detection of non-577 
O157 E. coli in food by immunomagnetic separation. J. Appl. Microbiol. 97:220–224. 578 
Durso LM. 2013. Primary isolation of shiga toxigenic from environmental sources. J. Environ. 579 
Qual. 42:1295–1307. 580 
Dwivedi HP, Jaykus L-A. 2011. Detection of pathogens in foods: the currentstate-of-the-art and 581 
future directions. Crit. Rev. Microbiol. 37:40–63. 582 
Echeverry A, Loneragan GH, Brashears MM. 2006. Survival of Escherichia coli O157:H7 in 583 
bovine feces over time under various temperature conditions. J. Food Prot. 69:2851–2855. 584 
Eichhorn I, Heidemanns K, Semmler T, Kinnemann B, Mellmann A, Harmsen D, Anjum MF, 585 
Schmidt H, Fruth A, Valentin-Weigand P, et al. 2015. Highly Virulent Non-O157 Enterohemor-586 
rhagic Escherichia coli (EHEC) Serotypes Reflect Similar Phylogenetic Lineages, Providing 587 
New Insights into the Evolution of EHEC. Appl. Environ. Microbiol. 81:7041–7047. 588 
Elder RO, Keen JE, Siragusa GR, Barkocy-Gallagher GA, Koohmaraie M, Laegreid WW. 2000. 589 
Correlation of enterohemorrhagic Escherichia coli O157 prevalence in feces, hides, and carcass-590 
es of beef cattle during processing. Proc. Natl. Acad. Sci. 97:2999–3003. 591 
Fach P, Perelle S, Grout J, Dilasser F. 2003. Comparison of different PCR tests for detecting 592 
Shiga toxin-producing Escherichia coli O157 and development of an ELISA-PCR assay for 593 
specific identification of the bacteria. J. Microbiol. Methods 55:383–392. 594 
Fagan PK, Hornitzky MA, Bettelheim KA, Djordjevic SP. 1999. Detection of Shiga-Like Toxin 595 
(stx1 and stx2), Intimin (eaeA), and Enterohemorrhagic Escherichia coli (EHEC) Hemolysin 596 
(EHEC hlyA) Genes in Animal Feces by Multiplex PCR. Appl. Environ. Microbiol. 65:868–597 
872. 598 
Feng L, Senchenkova SN, Tao J, Shashkov AS, Liu B, Shevelev SD, Reeves PR, Xu J, Knirel 599 
YA, Wang L. 2005. Structural and Genetic Characterization of Enterohemorrhagic Escherichia 600 
coli O145 O Antigen and Development of an O145 Serogroup-Specific PCR Assay. J. Bacteri-601 
ol. 187:758–764. 602 
Feng P. 1995. Escherichia coli serotype O157: H7: novel vehicles of infection and emergence of 603 
phenotypic variants. Emerg. Infect. Dis. 1:47. 604 
Frank C, Werber D, Cramer JP, Askar M, Faber M, an der Heiden M, Bernard H, Fruth A, 605 
Prager R, Spode A, et al. 2011. Epidemic profile of Shiga-toxin-producing Escherichia coli 606 
O104:H4 outbreak in Germany. N. Engl. J. Med. 365:1771–1780. 607 
Frankel G, Phillips AD, Trabulsi LR, Knutton S, Dougan G, Matthews S. 2001. Intimin and the 608 
host cell--is it bound to end in Tir(s)? Trends Microbiol. 9:214–218. 609 
Fratamico PM, Bagi LK. 2012. Detection of Shiga toxin-producing Escherichia coli in ground 610 
beef using the GeneDisc real-time PCR system. Front. Cell. Infect. Microbiol. 2. 611 
Frausto HSEG, Alves J, Oliveira TCRMD. 2013. Evaluation of the BAX® system for the detec-612 
tion of Salmonella spp. in naturally contaminated chicken meat. Food Sci. Technol. Camp. 613 
33:475–478. 614 
28 
 
 
Fremaux B, Delignette-Muller ML, Prigent-Combaret C, Gleizal A, Vernozy-Rozand C. 2007. 615 
Growth and survival of non-O157:H7 Shiga-toxin-producing Escherichia coli in cow manure. J. 616 
Appl. Microbiol. 102:89–99. 617 
Fuller CA, Pellino CA, Flagler MJ, Strasser JE, Weiss AA. 2011. Shiga toxin subtypes display 618 
dramatic differences in potency. Infect. Immun. 79:1329–1337. 619 
Gill A, Huszczynski G, Gauthier M, Blais B. 2014. Evaluation of eight agar media for the isola-620 
tion of shiga toxin-Producing Escherichia coli. J. Microbiol. Methods 96:6–11. 621 
Gill A, Martinez-Perez A, McIlwham S, Blais B. 2012. Development of a method for the detec-622 
tion of verotoxin-producing Escherichia coli in food. J. Food Prot. 75:827–837. 623 
Girones R, Ferrús MA, Alonso JL, Rodriguez-Manzano J, Calgua B, Corrêa A de A, Hundesa 624 
A, Carratala A, Bofill-Mas S. 2010. Molecular detection of pathogens in water--the pros and 625 
cons of molecular techniques. Water Res. 44:4325–4339. 626 
Gould LH, Mody RK, Ong KL, Clogher P, Cronquist AB, Garman KN, Lathrop S, Medus C, 627 
Spina NL, Webb TH, et al. 2013. Increased recognition of non-O157 Shiga toxin-producing 628 
Escherichia coli infections in the United States during 2000-2010: epidemiologic features and 629 
comparison with E. coli O157 infections. Foodborne Pathog. Dis. 10:453–460. 630 
Grauke LJ, Kudva IT, Yoon JW, Hunt CW, Williams CJ, Hovde CJ. 2002. Gastrointestinal 631 
Tract Location of Escherichia coli O157:H7 in Ruminants. Appl. Environ. Microbiol. 68:2269–632 
2277. 633 
Grau-Leal F, Quirós P, Martínez-Castillo A, Muniesa M. 2015. Free Shiga toxin 1-encoding 634 
bacteriophages are less prevalent than Shiga toxin 2 phages in extraintestinal environments. 635 
Environ. Microbiol. 17:4790–4801. 636 
Guth BEC, Lopes de Souza R, Vaz TMI, Irino K. 2002. First Shiga Toxin-Producing Escherich-637 
ia coli Isolate from a Patient with Hemolytic Uremic Syndrome, Brazil. Emerg. Infect. Dis. 638 
8:535–536. 639 
Guy RA, Tremblay D, Beausoleil L, Harel J, Champagne M-J. 2014. Quantification of E. coli 640 
O157 and STEC in feces of farm animals using direct multiplex real time PCR (qPCR) and a 641 
modified most probable number assay comprised of immunomagnetic bead separation and 642 
qPCR detection. J. Microbiol. Methods 99:44–53. 643 
Gyles CL. 2007. Shiga toxin-producing Escherichia coli: an overview. J. Anim. Sci. 85:E45-62. 644 
Hara-Kudo Y, Konishi N, Ohtsuka K, Iwabuchi K, Kikuchi R, Isobe J, Yamazaki T, Suzuki F, 645 
Nagai Y, Yamada H, et al. 2016. An interlaboratory study on efficient detection of Shiga toxin-646 
producing Escherichia coli O26, O103, O111, O121, O145, and O157 in food using real-time 647 
PCR assay and chromogenic agar. Int. J. Food Microbiol. 230:81–88. 648 
Hegde NV, Cote R, Jayarao BM, Muldoon M, Lindpaintner K, Kapur V, Debroy C. 2012a. 649 
Detection of the top six non-O157 Shiga toxin-producing Escherichia coli O groups by ELISA. 650 
Foodborne Pathog. Dis. 9:1044–1048. 651 
Hegde NV, Jayarao BM, DebRoy C. 2012b. Rapid Detection of the Top Six Non-O157 Shiga 652 
Toxin-Producing Escherichia coli O Groups in Ground Beef by Flow Cytometry. J. Clin. Mi-653 
crobiol. 50:2137–2139. 654 
29 
 
 
Hiramatsu R, Matsumoto M, Miwa Y, Suzuki Y, Saito M, Miyazaki Y. 2002. Characterization 655 
of Shiga toxin-producing Escherichia coli O26 strains and establishment of selective isolation 656 
media for these strains. J. Clin. Microbiol. 40:922–925. 657 
Hou Z, Fink RC, Sugawara M, Diez-Gonzalez F, Sadowsky MJ. 2013. Transcriptional and 658 
functional responses of Escherichia coli O157:H7 growing in the lettuce rhizoplane. Food Mi-659 
crobiol. 35:136–142. 660 
Hussein Hussein S., Bollinger LM. 2005a. Prevalence of Shiga toxin-producing Escherichia coli 661 
in beef cattle. J. Food Prot. 68:2224–2241. 662 
Hussein H. S., Bollinger LM. 2005b. Prevalence of Shiga toxin-producing Escherichia coli in 663 
beef. Meat Sci. 71:676–689. 664 
Hussein HS, Bollinger LM. 2008. Influence of selective media on successful detection of Shiga 665 
toxin-producing Escherichia coli in food, fecal, and environmental samples. Foodborne Pathog. 666 
Dis. 5:227–244. 667 
Islam MA, Mondol AS, Azmi IJ, de Boer E, Beumer RR, Zwietering MH, Heuvelink AE, Ta-668 
lukder KA. 2010. Occurrence and Characterization of Shiga Toxin–Producing Escherichia coli 669 
in Raw Meat, Raw Milk, and Street Vended Juices in Bangladesh. Foodborne Pathog. Dis. 670 
7:1381–1385. 671 
ISO, Microbiology of food and animal feed—Real-time polymerase chain reaction (PCR) -672 
based method for the detection of food-borne pathogens—Horizontal method for the detection 673 
of Shiga toxin-producing Escherichia coli (STEC) and the determination of O157, O111, O26, 674 
O103 and O145 serogroups. 2012. 675 
 676 
Iwu CJ, Iweriebor BC, Obi LC, Okoh AI. 2016. Occurrence of non-O157 Shiga toxin-producing 677 
Escherichia coli in two commercial swine farms in the Eastern Cape Province, South Africa. 678 
Comp. Immunol. Microbiol. Infect. Dis. 44:48–53. 679 
Jeon SJ, Elzo M, DiLorenzo N, Lamb GC, Jeong KC. 2013. Evaluation of Animal Genetic and 680 
Physiological Factors That Affect the Prevalence of Escherichia coli O157 in Cattle. Ibekwe 681 
AM, editor. PLoSONE 8:e55728. 682 
Kanki M, Seto K, Harada T, Yonogi S, Kumeda Y. 2011. Comparison of four enrichment broths 683 
for the detection of non-O157 Shiga-toxin-producing Escherichia coli O91, O103, O111, O119, 684 
O121, O145 and O165 from pure culture and food samples. Lett. Appl. Microbiol. 53:167–173. 685 
Karch H, Tarr PI, Bielaszewska M. 2005. Enterohaemorrhagic Escherichia coli in human medi-686 
cine. Int. J. Med. Microbiol. IJMM 295:405–418. 687 
Karmali MA. 2017. Emerging Public Health Challenges of Shiga Toxin–Producing Escherichia 688 
coli Related to Changes in the Pathogen, the Population, and the Environment. Griffin PM, edi-689 
tor. Clin. Infect. Dis. 64:371–376. 690 
Karmali MA, Gannon V, Sargeant JM. 2010. Verocytotoxin-producing Escherichia coli 691 
(VTEC). Vet. Microbiol. 140:360–370. 692 
Kobayashi H, Shimada J, Nakazawa M, Morozumi T, Pohjanvirta T, Pelkonen S, Yamamoto K. 693 
2001. Prevalence and Characteristics of Shiga Toxin-Producing Escherichia coli from Healthy 694 
Cattle in Japan. Appl. Environ. Microbiol. 67:484–489. 695 
30 
 
 
Köhler B, Karch H, Schmidt H. 2000. Antibacterials that are used as growth promoters in ani-696 
mal husbandry can affect the release of Shiga-toxin-2-converting bacteriophages and Shiga 697 
toxin 2 from Escherichia coli strains. Microbiol. Read. Engl. 146 ( Pt 5):1085–1090. 698 
Koneman EW. 2006. Koneman’s Color Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology. Lip-699 
pincott Williams & Wilkins. 700 
Lara-Ochoa C, Oropeza R, Huerta-Saquero A. 2010. Regulation of the LEE-pathogenicity is-701 
land in attaching and effacing bacteria. Curr. Res. Technol. Educ. Top. Appl. Microbiol. Mi-702 
crob. Biotechnol. 1:635–645. 703 
Lee J-H, Park J-H, Kim J-A, Neupane GP, Cho MH, Lee C-S, Lee J. 2011. Low concentrations 704 
of honey reduce biofilm formation, quorum sensing, and virulence in Escherichia coli O157:H7. 705 
Biofouling 27:1095–1104. 706 
Lejeune JT, Besser TE, Rice DH, Hancock DD. 2001. Methods for the isolation of water-borne 707 
Escherichia coli O157. Lett. Appl. Microbiol. 32:316–320. 708 
LeJeune JT, Hancock DD, Besser TE. 2006. Sensitivity of Escherichia coli O157 Detection in 709 
Bovine Feces Assessed by Broth Enrichment followed by Immunomagnetic Separation and 710 
Direct Plating Methodologies. J. Clin. Microbiol. 44:872–875. 711 
LeJeune JT, Wetzel AN. 2007. Preharvest control of Escherichia coli O157 in cattle. J. Anim. 712 
Sci. 85:E73-80. 713 
Lin A, Sultan O, Lau HK, Wong E, Hartman G, Lauzon CR. 2011. O serogroup specific real 714 
time PCR assays for the detection and identification of nine clinically relevant non-O157 715 
STECs. Food Microbiol. 28:478–483. 716 
Loneragan GH, Brashears MM. 2005. Pre-harvest interventions to reduce carriage of E. coli 717 
O157 by harvest-ready feedlot cattle. Meat Sci. 71:72–78. 718 
Lowe RMS, Munns K, Selinger LB, Kremenik L, Baines D, McAllister TA, Sharma R. 2010. 719 
Factors influencing the persistence of Escherichia coli O157:H7 lineages in feces from cattle fed 720 
grain versus grass hay diets. Can. J. Microbiol. 56:667–675. 721 
Luna-Gierke RE, Griffin PM, Gould LH, Herman K, Bopp CA, Strockbine N, Mody RK. 2014. 722 
Outbreaks of non-O157 Shiga toxin-producing Escherichia coli infection: USA. Epidemiol. 723 
Infect. 142:2270–2280. 724 
Maciorowski KG, Pillai SD, Jones FT, Ricke SC. 2005. Polymerase chain reaction detection of 725 
foodborne Salmonella spp. in animal feeds. Crit. Rev. Microbiol. 31:45–53. 726 
Mainil JG, Daube G. 2005. Verotoxigenic Escherichia coli from animals, humans and foods: 727 
who’s who? J. Appl. Microbiol. 98:1332–1344. 728 
Manafi M, Kremsmaier B. 2001. Comparative evaluation of different chromogenic/fluorogenic 729 
media for detecting Escherichia coli O157:H7 in food. Int. J. Food Microbiol. 71:257–262. 730 
Mathusa EC, Chen Y, Enache E, Hontz L. 2010. Non-O157 Shiga toxin-producing Escherichia 731 
coli in foods. J. Food Prot. 73:1721–1736. 732 
31 
 
 
Matthews L, Low JC, Gally DL, Pearce MC, Mellor DJ, Heesterbeek J a. P, Chase-Topping M, 733 
Naylor SW, Shaw DJ, Reid SWJ, et al. 2006. Heterogeneous shedding of Escherichia coli O157 734 
in cattle and its implications for control. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A. 103:547–552. 735 
McCallum C, McGregor A, Vanniasinkam T. 2013. Prevalence of Shiga toxin-producing Esche-736 
richia coli (STEC) in Tasmania, Australia. Pathology (Phila.) 45:681–688. 737 
Monday SR, Beisaw A, Feng PCH. 2007. Identification of Shiga toxigenic Escherichia coli 738 
seropathotypes A and B by multiplex PCR. Mol. Cell. Probes 21:308–311. 739 
Munns KD, Selinger LB, Stanford K, Guan L, Callaway TR, McAllister TA. 2015. Perspectives 740 
on super-shedding of Escherichia coli O157:H7 by cattle. Foodborne Pathog. Dis. 12:89–103. 741 
Murphy BP, McCabe E, Murphy M, Buckley JF, Crowley D, Fanning S, Duffy G. 2016. Longi-742 
tudinal Study of Two Irish Dairy Herds: Low Numbers of Shiga Toxin-Producing Escherichia 743 
coli O157 and O26 Super-Shedders Identified. Front. Microbiol. 7. [accessed 2017 Mar 20]. 744 
http://journal.frontiersin.org/article/10.3389/fmicb.2016.01850/full 745 
National Institute of Infectious Diseases, 2015. Enterohemorrhagic Escherichia coli infection as 746 
of April 2015. Infectious Agents Surveillance Report 36, 73-74 747 
Naylor SW, Low JC, Besser TE, Mahajan A, Gunn GJ, Pearce MC, McKendrick IJ, Smith 748 
DGE, Gally DL. 2003. Lymphoid Follicle-Dense Mucosa at the Terminal Rectum Is the Princi-749 
pal Site of Colonization of Enterohemorrhagic Escherichia coli O157:H7 in the Bovine Host. 750 
Infect. Immun. 71:1505–1512. 751 
Ngwa GA, Schop R, Weir S, León-Velarde CG, Odumeru JA. 2013. Detection and enumeration 752 
of E. coli O157:H7 in water samples by culture and molecular methods. J. Microbiol. Methods 753 
92:164–172. 754 
Omisakin F, MacRae M, Ogden ID, Strachan NJC. 2003. Concentration and prevalence of 755 
Escherichia coli O157 in cattle feces at slaughter. Appl. Environ. Microbiol. 69:2444–2447. 756 
Oporto B, Esteban JI, Aduriz G, Juste RA, Hurtado A. 2008. Escherichia coli O157:H7 and 757 
Non-O157 Shiga Toxin-producing E. coli in Healthy Cattle, Sheep and Swine Herds in North-758 
ern Spain. Zoonoses Public Health 55:73–81. 759 
Paddock Z, Shi X, Bai J, Nagaraja TG. 2012. Applicability of a multiplex PCR to detect O26, 760 
O45, O103, O111, O121, O145, and O157 serogroups of Escherichia coli in cattle feces. Vet. 761 
Microbiol. 156:381–388. 762 
Park SH, Aydin M, Khatiwara A, Dolan MC, Gilmore DF, Bouldin JL, Ahn S, Ricke SC. 2014. 763 
Current and emerging technologies for rapid detection and characterization of Salmonella in 764 
poultry and poultry products. Food Microbiol. 38:250–262. 765 
Park S-H, Ryu S, Kang D-H. 2011. Improved Selective and Differential Medium for Isolation 766 
of Escherichia coli O157:H7. J. Clin. Microbiol. 49:405–408. 767 
Paton AW, Paton JC. 1998. Detection and characterization of Shiga toxigenic Escherichia coli 768 
by using multiplex PCR assays for stx1, stx2, eaeA, enterohemorrhagic E. coli hlyA, rfbO111, 769 
and rfbO157. J. Clin. Microbiol. 36:598–602. 770 
Paton AW, Srimanote P, Woodrow MC, Paton JC. 2001. Characterization of Saa, a novel auto-771 
agglutinating adhesin produced by locus of enterocyte effacement-negative Shiga-toxigenic 772 
Escherichia coli strains that are virulent for humans. Infect. Immun. 69:6999–7009. 773 
32 
 
 
Riley LW, Remis RS, Helgerson SD, McGee HB, Wells JG, Davis BR, Hebert RJ, Olcott ES, 774 
Johnson LM, Hargrett NT, et al. 1983. Hemorrhagic colitis associated with a rare Escherichia 775 
coli serotype. N. Engl. J. Med. 308:681–685. 776 
Sadekuzzaman M, Yang S, Mizan M f. r., Ha S d. 2015. Current and Recent Advanced Strate-777 
gies for Combating Biofilms. Compr. Rev. Food Sci. Food Saf. 14:491–509. 778 
Sallam KI, Mohammed MA, Ahdy AM, Tamura T. 2013. Prevalence, genetic characterization 779 
and virulence genes of sorbitol-fermenting Escherichia coli O157:H- and E. coli