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Prévia do material em texto

Excelentíssimo Juízo de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de [Cidade]- Estado de São Paulo.
[Nome e qualificação da autora] por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência para, com fundamento nos Artigos de lei invocados no texto abaixo e demais normas aplicáveis à hipótese, propor
Ação de rescisão contratual c.c. Pedidos de devolução de valor pago e de Indenização por danos morais
Em desfavor de XX Multimarcas, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº xxxxxxxx/xxxx-xx desconhecido e de seu proprietário [Nome e qualificação] e XX FINANCEIRA S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 0000000/0001-89, estabelecida na Av. [Nome do logradouro], nº xxxx, em São Paulo-SP, CEP 00000-000, o que faz na forma a seguir exposta:
1. Dos fatos
A autora, no dia 27/11/2.017, firmou contrato de compra e venda de um veículo, pelo valor total de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), pagando R$ 3.000,00 (três mil reais) de entrada, à vista, para a primeira requerida, que é estabelecida comercialmente e representada pessoalmente pelo segundo requerido, conforme constou do referido contrato, vejamos parte do contrato, abaixo copiada:
[Imagem do contrato]
Frisa-se que apesar da primeira requerida não aparecer no negócio ora discutido, e para que fique claro, a relação de consumo se deu dentro de seu estabelecimento comercial, contudo, juridicamente, no contrato, aparece apenas o nome do segundo requerido.
Também é imperioso destacar que ao que parece, a forma do negócio tem a função de sonegar impostos da atividade comercial da primeira requerida, em vista que, na prática é quem ofereceu o veículo para venda.
Ocorre, também, que durante a negociação do veículo, verificou-se que existiam R$ 2.950,84 (Dois mil, novecentos e cinquenta reais e oitenta e quatro centavos), em débitos de licenciamento, IPVA, multas, seguro-obrigatório, etc., sendo que hoje, esse valor equivale a R$ 3.024,80 (Três mil e vinte e quatro reais e oitenta centavos). (Doc.j.)
Com a verificação de tal débito sobre o veículo que a autora estava comprando, houve o comprometimento da Revenda, no caso a primeira requerida e do Sr. xxx, ora segundo requerido, que tal valor seria suportado por ela.
Para poder suportar os pagamentos, a autora financiou parte do valor do negócio através de contrato de cédula de crédito bancário firmado com terceira requerida XX Financeira, cujos procedimentos da assinatura do contrato do financiamento foram realizados dentro do estabelecimento da primeira Requerida por preposto da terceira requerida, lhe sendo fornecido, pelos primeiros requeridos, um desconto no preço do veículo no valor de R$ 2.950,84 (Dois mil, novecentos e cinquenta reais e oitenta e quatro centavos) relativo aos débitos e o valor creditado pela terceira requerida para que a autora comprasse o veículo, foi de R$ 12.049,00 (Doze mil e quarenta e nove reais), além da entrada de R$ 3.000,00 (três mil reais) que foi paga inicialmente. (Docs.j.)
Assim, somando-se o valor obtido mediante financiamento (R$ 12.049,00), somado à entrada (R$ 3.000,00) e ao desconto referente aos débitos (R$ 2.950,84), totalizou o importe de R$ 17.999,84, ou seja, praticamente o valor do veículo constante do contrato (R$ 18.000,00).
Com a assinatura do valor contrato pelas partes, o DUT (Documento único de transferência) ficou na posse dos requeridos, para que fosse transferido o registro sobre a propriedade do veículo e para que também fosse registrada a alienação fiduciária por parte da XX Financeira, já que estava registrado em nome de pessoa estranha ao negócio e o financiamento obtido foi garantido pelo próprio veículo adquirido.
A autora, por sua vez tomou posse do veículo e o guardou em sua residência, aguardando a chegada da documentação para que pudesse utilizá-lo.
Após aguardar 7 (sete) dias, a autora consultou a terceira Requerida XX Financeira, que disse que a transferência ainda não havia ocorrido, mas não informou o motivo. Após 15 dias a autora questionou a demora e não recebeu resposta, o que ocorreu apenas em meados de janeiro de 2.018, quando a XX Financeira informou que não havia recebido a documentação para que pudesse efetuar os registros de transferência e alienação fiduciária e agiu como se não tivesse qualquer reponsabilidade na situação.
Por tal motivo, a autora devolveu o veículo aos dois primeiros Requeridos em 02/03/2.018, mas por orientações do PROCON, onde fez uma consulta, recuperou sua posse novamente em 07/03/2.018 para o resguardo de seus direitos.
A requerida XX Financeira disse que não recebeu os documentos do veículo dos dois primeiros requeridos, portanto, por uma falha dos Requeridos, o que impede o uso do veículo.
A autora comprou o veículo pois estava gestante de um mês e meio, ou seja, para que tivesse um maior conforto em sua locomoção.
Por tais motivos, ou seja, em vista que o veículo não possui condições de transitar por culpa dos Requeridos, que não entregaram o CRLV (Certificado de registro e licenciamento do veículo) e também devido ao fato que os primeiros requeridos não honraram com o pagamento dos débitos que o veículo possuía na data da venda, motiva a presente ação, pois todos os meios amigáveis já foram tentados, inclusive com a tentativa de devolução do veículo.
Os fatos acima narrados e realmente ocorridos, pela transgressão a uma série de princípios e dispositivos legais que contemplam direitos à autora, conforme ficará demonstrado, são motivos mais do que suficientes para embasar os pedidos de rescisão do compromisso de venda firmado e de ressarcimento do valor pago e dos danos morais causados.
2. Do direito
2.1. Da responsabilidade solidária entre as partes requeridas
Em pesquisa sobre a existência de CNPJ atrelado ao negócio mantido pelo primeiro Requerido, estabelecido no endereço fornecido no preâmbulo, não foi obtido êxito, suspeitando-se que outra empresa está estabelecida no local, utilizando-se da denominação XX Multimarcas ou mesmo que o segundo requerido pratica o comércio clandestino de veículos automotores, sem ter constituído uma empresa para tanto.
De qualquer forma, o segundo requerido se apresentou como proprietário da Revenda XX Multimarcas, razão pela qual se deve atribuir eventual responsabilidade reconhecida em Sentença definitiva de mérito, de forma solidária, aos dois primeiros requeridos, pois em determinados momentos, suas identidades se confundem no negócio jurídico aqui noticiado e discutido.
A terceira Requerida XX Financeira, por sua vez, adquire responsabilidade no evento danoso (dano moral) e na causa da ruptura contratual (não entrega dos documentos), pois como ocorreu no caso, o negócio foi feito em conjunto e concomitantemente pelos requeridos, com a autora.
A documentação do veículo, nesse caso que havia alienação fiduciária, ficou na posse dos requeridos para que o credor fiduciário gravasse a alienação e procedesse à transferência da propriedade do veículo, contudo todos os requeridos falharam ao não entregar a documentação finalizada (CRLV) para que pudesse utilizar o veículo.
Ao ser questionada e nada fazer, a terceira requerida, que é a proprietária fiduciária do bem agiu de forma negligente, aliás, a negligência conjunta das partes requeridas fizeram com que a situação se perdurasse até a presente data, pois nenhum documento foi entregue pelas partes para que a autora pudesse conduzir o veículo.
No momento da venda, um representante da terceira requerida se fez presente no momento da venda e agiu em conjunto com os primeiros requeridos, assumindo a responsabilidade conjunta de entregar a documentação para que o veículo pudesse ser usado.
Portanto, as partes requeridas agiram em conjunto, explorando a mesma situação, de forma comercial, onde os primeiros deveriam ter entregue o DUT assinado pelo antigo proprietário, para a terceira requerida e esta, por sua vez providenciar um novo documento, razão pela qual a responsabilidade no trato da documentação era solidária entre todos os requeridos,o que deve ser considerado para a responsabilidade frente aos pedidos feitos ao final.
2.2. Da responsabilidade das requeridas sobre o débito sobre o bem colocado à venda e sua inadequação ao consumo: motivo do pedido de rescisão contratual de venda do veículo
Conforme as regras de direito do consumidor, aplicados à evidente relação de consumo ocorrida de fato e acima descrita, não poderiam os requeridos, comercializar um veículo com uma dívida e sem fornecer a documentação que permitisse o seu uso.
Em relação à dívida, a prova disso é que até a presente data os débitos relacionados a IPVA, Licenciamento, seguro obrigatório, multas, etc., ainda pendem sobre o veículo, ou seja, não foram honrados pelos requeridos e estavam vencidos antes da venda. (Doc.j.)
O valor do contrato (R$ 18.000,00) e o valor pago na entrada (R$ 3.000,00), somado ao valor posteriormente depositado pela autora (R$ 12.049,00) demonstram que é crível que o valor do débito, na época (R$ 2.950,84), tenha a responsabilidade assumida pelos requeridos, pois a soma e subtração de tais valores, respectivamente, somam a quantia de R$ 17.999,84.
A autora solicitou a entrega do documento logo com 7 (sete) dias da aquisição do veículo e não recebeu qualquer documento, tampouco a dívida que recaía sobre o veículo foi paga e ainda tentou diversas vezes uma solução extrajudicial.
Assim, diante da situação de consumo vivida pela autora, e a conduta das requeridas, deve prevalecer na situação, por opção da autora, os ditames do artigo 18, parágrafo 1º, inciso II do Código de defesa do consumidor, a saber:
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.” (grifo nosso)
Com efeito, vemos que a venda do veículo sem licenciamento, com débitos e sem a entrega dos respectivos documentos (CRLV – exercício 2.017/2.018) para que ele pudesse ser utilizado não ocorreu, tornou o produto INADEQUADO AO CONSUMO, POIS SUA UTILIZAÇÃO SE TORNOU IMPOSSÍVEL, BEM COMO LHE DIMINUIU O VALOR, COM OS DÉBITOS QUE LHE RECAEM.
Veja que o negócio e o financiamento foram feitos com total conhecimento dessa situação do veículo por todos os requeridos, mas foi prometido tanto pelo segundo requerido, quanto por representante da terceira requerida, no momento do negócio, que em pouco tempo ela estaria com o CRLV atualizado em mãos.
A problemática veio a se formar quando a autora percebeu que já havia se passado uma semana e consultou a terceira requerida XX Financeira por volta do dia 04/12/2.017 para saber do andamento da emissão da documentação, contudo, após contatos por volta do dia 11/12/2017 e 08/01/2.018, além de outros, recebeu a notícia que a terceira requerida XX Financeira não havia recebido dos primeiros dois requeridos, a Documentação (DUT) para que pudesse efetivar a alteração do registro da alienação fiduciária.
Também não se percebeu nenhum movimento da terceira requerida, como proprietária fiduciária, para uma tentativa de solucionar a questão perante os primeiros requeridos e não entendeu sua postura, em vista que o negócio da venda foi feita na presença de um representante da terceira requerida.
Após isso, tentou a solução amigável várias vezes desde o mês de janeiro de 2.018, quando descobriu a falha, sendo que no dia 02/03/2.018, quando já passados mais de 30 (trinta) dias da primeira reclamação para que os requeridos solucionassem o problema, a autora tentou devolver o veículo, mas não conseguiu que a situação fosse regularizada.
Por tais razões, deve incidir a aplicação do Art. 18, parágrafo primeiro, inciso II do Código de defesa do consumidor, para que, sendo declarado judicialmente a rescisão contratual, sejam os primeiros dois requeridos, solidariamente, condenados a devolver e pagar à autora, o valor de R$ 15.049,00 (quinze mil e quarenta e nove reais), devidamente corrigidos e atualizados, levando em conta que essa quantia foi realizada em dois depósitos em datas e valores distintos como já descrito nesta petição.
2.3. Da responsabilidade pela entrega do CRLV atualizado para autora pelas requeridas
Conforme decorre da regra do Artigo 123, inciso I e § 1º do Código de trânsito brasileiro se faz obrigatório que se expeça novo certificado de registro do veículo quando transferida a propriedade, vejamos:
“Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando:
I - for transferida a propriedade;[...]”
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo para o proprietário adotar as providências necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos as providências deverão ser imediatas.”
Por sua vez, a documentação do veículo (CRLV), são acessórios fundamentais para a possibilidade de sua utilização e para que os registros legais sejam feitos e modificados, que não poderiam ter sido sonegados à autora, para que pudesse utilizar o bem.
É indissociável do bem em questão (veículo) imaginar a venda sem a entrega do CRLV atualizado em nome da autora com registro do gravame ou em nome da própria proprietária fiduciária, mas as requeridas não entregaram nenhum documento à autora, além de um CRLV com licenciamento vencido e em nome do antigo proprietário.
O julgado abaixo transcrito retrata bem a situação e decide com alto grau de justiça a situação, estabelecendo a obrigação da proprietária fiduciária na disponibilização do CRLV atualizado, vejamos:
“Arrendamento mercantil. Ação de conhecimento objetivando o Autor que a instituição financeira seja compelida a entregar-lhe o certificado de registro de licenciamento do veículo e o contrato de arrendamento mercantil, bem como seja condenada, solidariamente à fabricante de veículos, ao pagamento de indenização por dano moral, despesas processuais e honorários advocatícios de 20% do valor da causa. Sentença que extinguiu o processo, na forma do artigo 267, inciso VI do CPC, em relação ao fabricante e julgou o pedido procedente, em parte, para condenar a instituição financeira a entregar ao Autor o contrato de arrendamento, sob pena de multa a ser aplicada em fase de execução, tendo o demandante sido condenado ao pagamento das despesas processuais e de honorários advocatícios no valor de R$ 500,00, observando-se o artigo 12 da Lei 1060/50. Apelação da instituição financeira e do Autor. Cumprimento da obrigação que foi imposta na sentença à segunda Ré (Aymoré), que, nos termos do artigo 503 do CPC, configura a perda superveniente do interesse recursal, razão pela qual se deixa de conhecer o recurso de apelação por ela interposto. Preliminar de ilegitimidade passiva da primeira Ré corretamente acolhida pela sentença, tendo em vista que a concessionária na qual o Autor escolheu o veículo a ser comprado pela instituição financeira não fazia parte de sua rede autorizada. Instituição financeira que, a despeito da determinação contida no artigo 123 do CTB, não providenciou a emissão do certificado de registro e licenciamento em seu nome, impedindo que o Autor realize o licenciamento anual do veículo. Falha na prestação do serviço que se configura, pois a arrendadora deixou de agir com a cautela necessária ao atuar em conjunto com concessionária que se valia indevidamente do uso da marca da fabricante e não procedeuà entrega do certificado de registro de licenciamento, no qual deveria constar como proprietária do bem. Precedentes do TJRJ. Dano moral que se revela na impossibilidade de o Autor exercer, de forma plena, a posse do bem. Indenização que se arbitra, com moderação, em R$ 6.000,00, corrigidos a contar da publicação do acórdão e acrescidos de juros a partir da citação. Inversão dos ônus sucumbenciais. Não conhecimento da primeira apelação e provimento parcial da segunda apelação. (TJ-RJ - APL: 01276409520118190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 13 VARA CIVEL, Relator: ANA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 09/10/2012, OITAVA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 15/10/2012)”
A situação da falta de entrega do CRLV transferido ou para o nome da autora com registro do gravame ou em nome da proprietária fiduciária, reforça a necessidade da rescisão do contrato e a devolução do dinheiro pago, pois se tratava de obrigação legal e lógica, em se tratando de um veículo automotor.
Os requeridos agiram com total irresponsabilidade, quando na posse de um veículo registrado em nome de outra pessoa, por questões que fogem ao conhecimento da autora, não providenciam a transferência do registro e a inscrição do gravame, razão pela qual não é expedido novo CRLV, permitindo o uso do veículo, motivo que deve somar para a aplicação do Art. 18, parágrafo primeiro, inciso II do Código de defesa do consumidor.
Fato é que os requeridos agiram em conjunto, não justificando-se o “jogo de empurra” na responsabilidade sobre a entrega ou não da documentação, já que a responsabilidade é solidária em vista de como atuaram as parte na situação narrada.
2.3. Da rescisão do contrato de cédula de crédito bancário
Em vista que a terceira requerida XX Financeira detém total responsabilidade sobre a emissão do documento necessário para a utilização do veículo, até mais que os primeiros, pois teria que registrar o gravame da alienação fiduciária em função de adquirir a propriedade fiduciária e nessa praxe de relacionamento, são as financeiras que acabam por pegar a documentação diretamente com a revenda do veículo e no caso em discussão, a terceira reclamada teve amplo acesso e deveria ter exigido isso dos primeiros requeridos, pois os contratos foram celebrados dentro do estabelecimento dos primeiros requeridos.
Isso demonstra que houve uma negligência por parte da terceira requerida na solicitação dos documentos, pois deve agir em conjunto também não só para a obtenção de lucro, mas para a regularização da documentação do bem comercializado e alienado.
No caso em tela tal negligência da terceira requerida faz com que o objeto da alienação fiduciária e a finalidade do crédito obtido desaparecem com o pedido de rescisão do instrumento particular de compromisso de venda e a devolução do veículo.
Sendo tal situação, que tem como concausa a negligência da terceira requerida na regularização da situação, já que é proprietária fiduciária, impossibilitando a fruição pela autora da finalidade (uso do veículo) para a qual o crédito foi obtido, a contratação de tal crédito pode e deve ser rescindida, com a respectiva devolução dos valores obtidos com a operação de crédito.
Ocorre Excelência, que os valores que devem ser devolvidos estão na posse dos primeiros dois requeridos, razão pela qual, na procedência do pedido de rescisão do contrato de cédula de crédito bancário, o valor concedido à autora R$ 12.049,00 (Doze mil e quarenta e nove reais) devem ser devolvidos por quem está na posse dessa quantia, sendo injusto que a autora seja obrigada a devolver o valor obtido, se já o transferiu à posse dos primeiros requeridos, que, por questão de justiça, devem ser as pessoas obrigadas a proceder à devolução do referido valor à terceira requerida.
2.4. Dos danos morais causados
Por infração ao Art. 18, parágrafo primeiro, inciso II do Código de defesa do consumidor e pelos danos causados e plenamente configurados, devem os requeridos, de forma solidária, serem condenados a compensar o sofrimento presumido.
O artigo 186 [1] e 927 [2] do Código civil, aplicados de forma conjunta, impõem a presunção legal da ocorrência de dano moral, face ao ilícito praticado pelos requeridos, no tocante à falta de solução do problema causado exclusivamente por eles.
Além do mais, não se trata de um mero aborrecimento investir aproximadamente R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para se ter conforto e ser impedido injustamente de utilizar o bem adquirido, pela não entrega do documento para que o veículo pudesse ser utilizado, ainda mais quando estamos diante de uma pessoa simples, de poucas posses.
Vários julgados já enfrentaram o tema, a exemplo do que é abaixo apresentado, que aborda com clareza a questão da responsabilidade de todas as partes, vejamos:
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c INDENIZATÓRIA. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE DO BEM OBSTADA POR DOCUMENTOS INCORRETAMENTE PRENCHIDOS. DESIDIA DA CONCESSIONÁRIA E DO AGENTE FINANCIADOR. DANO MORAL CONFIGURADO. 1- Compra de veículo com transferência impossibilitada em razão de diversos erros no DUT Recibo. 2- Demora da concessionária e do credor fiduciário em promover a regularização do bem. 3 - Obrigação da financeira, ao celebrar a alienação fiduciária, providenciar que o bem seja transferido para o seu nome no órgão de trânsito competente, eis que ela é a efetiva proprietária do mesmo. 4 - Falha na prestação do serviço. Dano moral configurado in re ipsa. 5- Indenização corretamente arbitrada por atender aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 6- Recursos conhecidos e improvidos. (TJ-RJ - APL: 00232285420098190205 RIO DE JANEIRO CAMPO GRANDE REGIONAL 3 VARA CIVEL, Relator: ANTONIO ILOIZIO BARROS BASTOS, Data de Julgamento: 26/06/2013, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/06/2013)” (grifos propositais)
Por esse julgado, vemos que a responsabilidade no trato da documentação, principalmente por parte da terceira requerida, deveria ter sido mais zeloso, exigindo da revenda (Primeiros dois requeridos) o documento, no momento da assinatura do contrato, mas assim não o fez, não podendo agora se beneficiar de sua própria torpeza.
Não bastasse esse veículo específico, a autora se desfez de um veículo anterior (Doc.j.), utilizando seu valor para pagar contas e dar a entrada no veículo aqui descrito e caracterizado. Se soubesse do que ocorreria, certamente não teria vendido.
Por isso, a autora ficou sem um veículo para poder se locomover e adquiriu outro que está impedido, situação que se agrava ainda mais pelo tempo já transcorrido e pelo fato que o veículo seria importantíssimo para que ela pudesse se locomover no seu período gravídico.
Agora não só está sujeita a autora, como de fato está sofrendo psicologicamente pela situação gerada pelos réus e fisicamente pelo fato que tem que se locomover de transporte público ao seu trabalho, pois ainda não se afastou.
A situação importa na responsabilização dos requeridos pela compensação desse grave dissabor vivido, à luz das regras legais.
A responsabilidade da terceira requerida reside especificamente no fato que um representante seu estava na posse da documentação, em conjunto com os primeiros dois requeridos e as providências que deveriam ser adotadas (transferência e registro do gravame e entrega de CRLV atualizado para autora poder utilizar o veículo) e de responsabilidade de todas as partes, não ocorreu, fazendo com que a autora permaneça com o veículo sem poder utilizá-lo e as requeridas sem nada fazer para fornecer a documentação legal exigida nesse caso.
A terceira requerida peca por nada fazer pois pé a proprietária fiduciária e a responsável por fazer todo o trâmite da documentação nada cobrou dos demais requeridos, contudo a responsabilidade dos requeridos é solidária, pois atuaram em conjunto, explorando comercialmente a mesma situação e sabendo da situação da documentação que deveria ter sido providenciada.
Para que a indenização, diante da gravidade, atinja seu caráter tríplice, de compensar, punir e educar e não causequalquer tipo de enriquecimento por parte da autora, entende-se que um valor adequado para que o instituto jurídico da indenização por dano moral seja justo, proporcional e aceitável, deve estar na órbita dos R$ 15.000,00 (Quinze mil reais), que é uma vez o valor aproximadamente pago pelo veículo.
3. Da necessidade de inversão do ônus da prova
Neste caso é de rigor que se inverta o encargo probatório, com fulcro no inciso VIII, do Artigo 6º, do Código de defesa do consumidor, uma vez que mediante a forma do negócio, vemos que os requeridos estão mais bem preparados para suportar o dever de provar, em vista que possuem estrutura comercial e um deles é uma grande instituição financeira, fazendo com mantenham arquivados, registros de toda a negociação e demais provas.
A situação narrada mostra uma possível articulação para que a pessoa jurídica responsável, no caso a primeira requerida, não apareça, para que a situação, de forma a iludir os mais desavisados, seja tratada como uma venda de particular para particular, o que não pode prevalecer e o contrato de compra e venda é a maior prova disso, o que também deve fazer com que a prova seja feita pelos requeridos, no sentido que não transgrediram os direitos da autora e que não se tratava de uma relação de consumo.
O fato que o veículo também não estava transferido para o nome de qualquer dos requeridos, o que, em tese, também configura-se como uma transgressão legal, pois se a primeira requerida adquire o veículo para venda, logo teria que transferir para seu nome, para só após, poder vender da forma legalmente adequada.
Assim, vemos que já existem indícios que os primeiros dois requeridos tentam dificultar a identificação e a natureza jurídica do negócio que mantém estabelecido, a fim de lesar direitos, o que deve ser considerado como um grave desequilíbrio processual no que se refere à capacidade de produção de provas.
Até por ter obrigação legal de registrar a venda, manusear documentos dos veículos, fazer o relacionamento com a instituição financeira que financiou o veículo, não se pode dizer que os requeridos, se cumpridas as formalidades legais, não poderiam provar o contrário das alegações desta inicial, razão pela qual deve ser invertido o ônus probatório.
A terceira requerida, atuou em conjunta e concomitantemente na venda, motivo que mostra deter a terceira requerida, também a vantagem de ter registrado a situação.
Além do mais, detém as partes grande capacidade financeira, visto que o objeto de venda dos requeridos é um bem durável valioso e, em seu estoque detém vários, sendo notória a vantagem financeira sobre a autora, o que também expõe o desequilíbrio processual que merece ser corrigido.
Por isso requer-se ao final, que Vossa Excelência inverta o ônus da prova, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII, do CDC.
4. Da concessão da justiça gratuita
A autora não está em um momento favorável em suas finanças, até pelo efeito da crise que o país enfrenta e pelo fato de estar grávida, lhe obrigam a requerer o benefício legal da justiça gratuita.
O pagamento de custas processuais, honorários advocatícios e de sucumbência prejudicariam o custeio de suas necessidades básicas e da família da autora, conforme a declaração firmada e ora anexada.
Por isso, o benefício da justiça gratuita fundado na Lei nº 1.060/50, bem como no artigo 98 e seguintes do Código de processo civil deve ser concedido, a fim de que o processo seja justo e equânime.
5. Da necessidade da concessão de tutela de urgência
O caso, devido à sua natureza e características, exige uma medida protetiva de natureza urgente e abaixo verificar-se-á claramente, o motivo dessa necessidade.
A autora efetuou negócio jurídico com as partes, a fim de poder ter o veículo adquirido, à sua disposição para o uso.
O maior valor utilizado para a compra do veículo (R$ 12.049,00), foi fornecido por contrato de financiamento com alienação fiduciária.
Por culpa da própria terceira requerida, que agora é credora da quantia de 36 parcelas no importe de R$ 797,00 (setecentos e noventa e sete reais), a autora não pode utilizar o veículo, motivo que torna extremamente injusto o fato de ter que pagar as parcelas do financiamento, se a própria XX Financeira tem responsabilidade no fato de não ter sido entregue o CRLV à autora, para que possa usar o veículo.
Também seria injusto, em vista do pedido de rescisão do contrato de cédula de crédito bancário celebrado entre a autora e a terceira requerida XX Financeira, que fosse mantida a exigibilidade do pagamento e posteriormente o contrato fosse declarado rescindido, o que seria mais uma lesão aos direitos da autora, que teria que pedir o ressarcimento das parcelas pagas.
Por isso, nos termos do artigo 300 do Código de processo civil [3], a tutela de urgência deve ser concedida, pois inicialmente presentes os dois requisitos para sua concessão.
Nesse caso, a medida de urgência deve ser suspensão das obrigações que a autora tem perante a terceira requerida, pelo fato de não ter sido possível utilizar o veículo pela falta da emissão de documento de sua responsabilidade.
O artigo 301 do Código de processo civil [4] autoriza a adoção de qualquer medida idônea para assegurar o direito, em sede de tutela de urgência, posto que assim exige a efetividade das decisões judiciais e, nesse contexto, suspender a exigência de pagamento das parcelas do financiamento até a decisão definitiva de mérito é medida que se impõe, já que vai de encontro ao conceito de Justiça.
O fumus boni iuris e o periculum in mora estão plenamente presentes, pois a autora jamais concorreu para que a documentação para que pudesse utilizar o veículo não lhe fosse entregue e agora tem que pagar para quem também causou essa situação, sem que essa parte (XX Financeira) esteja cumprindo com suas obrigações, ao contrário, está gerando danos e constrangimento ilegal à autora.
A concessão de decisão em sede de tutela de urgência para a suspensão da exigibilidade das prestações do financiamento e da isenção de juros e multa enquanto durar o processo é medida que não trará prejuízo à terceira requerida, em vista que se trata apenas de uma suspensão e que em caso de improcedência da ação a dívida financiada e as parcelas avençadas podem ser cobradas novamente.
Essas razões demonstram que se faz necessário a concessão liminar de tutela de urgência no sentido de suspender a exigibilidade das parcelas do financiamento que vencerem no curso da ação, até que se prolate decisão definitiva neste processo, isentando-se das multas e juros, para que seja possível a discussão judicial desse assunto sem que seja obrigada a pagar pelo financiamento de um veículo que a própria financiadora contribui para impedir seu uso, ou seja, para que uma situação teratológica não se instale nos na hipótese.
5. Considerações finais
Com a demonstração dos fatos e das infrações legais por parte das requeridas, vemos que se torna indissociável sua responsabilidade pelos danos causados e na causa da ruptura contratual.
Comercializar um veículo, sem entregar a documentação para que seja usado, é causa mais que suficiente para a ruptura contratual e, devido ao fato das reclamações terem ocorrido antes de 90 (noventa) dias, a teor do que preconiza o artigo 26, inciso II, do Código de defesa do consumidor [5], deve ter aplicação a regra insculpida no Art. 18, parágrafo primeiro, inciso II do Código de defesa do consumidor.
A responsabilidade solidária de todas as requeridas se impõe, visto que, ao atuar em conjunto, não é possível saber quem falhou, contudo todas e principalmente a proprietária fiduciária tinha a obrigação de entregar a documentação (CRLV) à autora para que pudesse usar o carro adquirido.
As causas para as rescisões pretendidas são graves transgressões aos direitos da autora, primeiramente que adquiriu um veículo com dívida e não podendo utilizá-lo por culpa de quem vendeu juntamente com quem forneceu crédito, respectivamente, motivos suficientes para as rescisões de ambos os contratos.
Os danos morais causados com a situação sãoevidentes. A autora, grávida, se desfez de um veículo para comprar outro e acabou “ficando a pé”, pois não pode usar o veículo adquirido e está grávida tendo que utilizar transporte público o que traz muito mais sofrimento físico.
No mais, as demais razões expostas demonstram que a procedência da ação é de rigor, na forma dos pedidos abaixo aduzidos.
6. Dos pedidos
Face ao exposto, requer a autora:
a) Que a ação seja recebida e processada no rito especial da Lei nº 9.099/95;
b) Que seja prolatada decisão liminar, em sede de tutela de urgência para suspender a exigibilidade do pagamento das parcelas do financiamento à terceira requerida enquanto durar o processo, isentando-se a autora da aplicação de juros e multas moratórios, e vista que por culpa solidária de sua parte, a autora não consegue utilizar o bem financiado e devido ao pedido de rescisão do contrato de cédula de crédito bancário;
c) a citação dos requeridos, via postal, para que apresentem resposta à ação, caso queiram, no prazo legal, sob pena de revelia e confissão ficta;
d) que seja deferido o pedido de inversão do ônus da prova, com base no inciso VIII, do artigo 6º do Código de defesa do consumidor;
e) que seja concedido o benefício da justiça gratuita fundado na Lei nº 1.060/50, bem como no artigo 98 e seguintes do Código de processo civil, por não poder a autora, arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu sustento próprio e de sua família; [6]
f) a total procedência da ação para, confirmando a tutela de urgência requerida:
(i) declarar rescindido o instrumento particular de compromisso de venda celebrado entre a autora e entre as duas primeiras partes do processo, com a devolução diretamente à autora, pelos primeiros dois requeridos, do importe de R$ 3.000,00 (três mil reais) referentes à entrada paga e registrada no instrumento contratual;
(ii) declarar rescindida a cédula de crédito bancário com alienação fiduciária do veículo adquirido firmado entre a autora e a terceira requerida, em vista do inadimplemento contratual implícito da terceira requerida;
(iii) condenar os requeridos XX Multimarcas e [Segundo requerido], em função do pedido anterior de rescisão do contrato de cédula de crédito bancário firmado entre a autora e a terceira requerida XX Financeira e a rescisão do instrumento particular de venda, na devolução do valor pago pela autora mediante a obtenção de crédito fornecido pela terceira requerida, no valor de R$ 12.049,00 (doze mil e quarenta e nove reais), devidamente corrigido e atualizado na forma da lei, diretamente para a terceira requerida, para que a autora não seja obrigada a ressarcir a terceira requerida em função dos pedidos de rescisão do contrato de cédula de crédito bancário e devido ao fato que a referida quantia está na posse dos primeiros dois requeridos, sob pena de caracterizar-se crime de apropriação indébita;
(iv) Alternativamente, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, que o valor de R$ 12.049,00 (doze mil e quarenta e nove reais) relativo à rescisão do contrato de cédula de crédito bancário e que estão na posse dos dois primeiros requeridos pagos pela autora, tenham sua devolução determinada diretamente à autora;
(iv) Condenar todos os requeridos, solidariamente, ao pagamento à autora, de uma indenização por dano moral no importe mínimo de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) ou em outro valor que Vossa Excelência entenda por bem arbitrar, com o fito de compensar o abalo moral sofrido com a situação que se arrasta até a presente data;
f) que sejam as rés, condenadas ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, na forma preconizada na legislação em vigor;
g) Que, caso as provas já juntadas aos autos não sejam suficientes a provar o direito invocado, seja possibilitada a produção de qualquer prova permitida e/ou necessária, notadamente a oitiva de testemunhas, juntada de documentos novos, envio de ofícios, perícias, vistorias, a fim de homenagear o princípio da ampla defesa.
Dá-se à causa, o valor de R$ 30.000,00 (Trinta mil reais) para os fins de direito.
Nestes termos,
P. deferimento.
São Paulo, junho de 2.020.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO
1. Código civil - Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ↑
1. Código civil - Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
· Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. ↑
1. “CPC - Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” ↑
1. “CPC - Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.” ↑
1. CDC - Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. ↑
1. CPC - Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. ↑
1. Sentença real correspondente ao modelo, com as devidas supressões de nomes e dados do processo: "Vistos. Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38, da Lei nº 9.099/95. DECIDO. A questão relativa à possibilidade ou não de responsabilização civil das rés e à efetiva comprovação dos fatos narrados dizem respeito ao mérito e não às condições da ação; o Juizado é competente para julgamento da lide, pois a demanda não envolve qualquer complexidade probatória e os fatos estão suficientemente comprovados por documentos, dispensando produção de prova pericial, motivo pelo qual rejeito a preliminares arguidas na contestação. Por fim, não é possível acolher a preliminar de ilegitimidade passiva do réu XXX Financeira. Em se tratando de contratos vinculados (compra e venda e financiamento), ambos os requeridos podem ser responsabilizados solidariamente, até porque a XXX Financeira concedeu o financiamento adstrito à aquisição do veículo descrito na petição inicial. A instituição financeira, no presente caso, também exerce papel de fornecedor na medida em que o valor financiado é usado para aquisição do bem de consumo, e o financiamento destinava-se exatamente a pagar ao vendedor o valor integral da compra feita pela autora. Daí ter o autor legítimo interesse processual contra o banco, que responde, de forma solidária, com a vendedora. Nesse sentido, são os seguintes acórdãos: “BEM MÓVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO JURÍDICO CUMULADA COM RESSARCIMENTO DE DANOSMORAIS MOVIDA POR COMPRADOR DE VEÍCULO EM FACE DA LOJA VENDEDORA E DA FINANCEIRA.SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. APELOS DAS RÉS E ADESIVOS DO AUTOR. RESPONSABILIDADE DASP DEMANDADAS BEM DELINEADAS. Indenização que embora salgada redução não comporta pois antes de enriquecer o prejudicado em muito com a angústia da cobrança e da demanda reipersecutória a merecer regia consolada, há de desestimular a prática que pareceu ainda que mal comumente engendrada para afinal ferir consumidores inocentes. Descabe majorar honorária sucumbencial que já remunera assaz condignamente a atuação do causídico que a mereceu. Recursos desprovidos. (Apelação nº 9188977-81.2004.8.26.0000, 36ª Câmara de Direito Privado do TJSP, Rel. Palma Bisson. j. 30.06.2011, DJe 15.07.2011).” “APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇA C/C DANOS MORAIS. FINANCIAMENTO GARANTIDO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA.INOCORRÊNCIA. INADIMPLEMENTO DA LOJA VENDEDORA DE AUTOMÓVEIS, QUE SE COMPROMETEEM TRANSAÇÃO JUDICIAL A ENTREGAR NOVO VEÍCULO E TRANSFERIR O FINANCIAMENTO, RESPONSABILIZANDO-SE PELAS PARCELAS ATÉ AÍ VENCIDAS. OBRIGAÇÃO NÃO REALIZADA. FINANCIAMENTO QUE SE TORNA INEFICAZ EM RELAÇÃO AO FINANCIADO. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME DO FINANCIADO NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. DANO MORAL CARACTERIZADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Tratando-se de pretensão calcada em fatos distintos de outros objeto de transação, entre o comprador e vendedor de veículo, mostra-se legítima a financeira para residir no polo passivo da ação em que se questiona a indevida inclusão do nome suposto devedor em cadastros restritivos de crédito. 2. A estrutura do financiamento exige que a financeira pague valores à vendedora do bem, que o transfere ao financiado, que, então, obriga-se a pagar as contraprestações junto à instituição concedente de crédito, de modo que, se a financeira repassa os valores à vendedora e esta não cumpre totalmente sua obrigação, pois pratica ato ilícito e fornece veículo pertencente à outrem, de quem não detém autorização, e que vêm a ser posteriormente apreendido, comprometendo-se judicialmente a entregar novo veículo responsabilizando-se pelas parcelas vencidas, perante a mesma instituição, estes valores não são exigíveis do financiado enquanto a vendedora não realizar sua obrigação, já que ineficaz o primeiro financiamento em relação ao financiado, pelo não cumprimento da obrigação da vendedora, não podendo a financeira exigir daquele qualquer valor. 3. A indenização por danos morais não decorre da venda de veículo ou da diligência na verificação de documentos para concessão de financiamento, mas sim da inclusão indevida do nome do apelado em cadastros restritivos de crédito, quando indevido, porque ausente inadimplemento de sua parte, quando tinha ciência de que esta obrigação não lhe era exigível. 4. O valor da indenização deve ser mantido em R $ 6.500,00, por mostrar-se adequado e acordo com os parâmetros da capacidade econômica do causador do dano, a extensão do prejuízo e as circunstâncias do caso concreto. 5. Apelação à que se nega provimento. (Apelação Cível nº 0555374-0 (12603), 17ª Câmara Cível do TJPR, Rel. Vicente Del Prete Misurelli, Rel. Convocado Francisco Jorge. j. 27.05.2009, unânime, DJe 08.06.2009).” “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO PORDANO MORAL. COMPRA E VENDA DE MOBILIÁRIO. FINANCIAMENTO REALIZADO NA PRÓPRIA LOJADE MÓVEIS. CANCELAMENTO DA NEGOCIAÇÃO JUNTO A ESTA, QUE, ENTRETANTO, DEIXA DECOMUNICAR TAL FATO AO BANCO. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AOCRÉDITO. DEMANDA PROPOSTA EM FACE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, TÃO- SOMENTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA, EM RAZÃO DA LEI DE DEFESA E DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR. DEVER DE INDENIZAR. INDIVIDUALIZAÇÃO. DECISÃO REFORMADA. 1. É parte legítima para responder à demanda a instituição financeira, com posto de atendimento junto à loja de móveis, que, em virtude de dívida inexistente, por conta do desfazimento do negócio realizado entre esta e o consumidor, insere-o em cadastro de restrição ao crédito. 2. É, também, responsável pelos danos morais decorrentes da indevida inscrição, ainda que não se lhe impute culpa, conclusão que provém da responsabilização objetiva e do regime de solidariedade estatuídos no Código de Defesa do Consumidor. Apelação cível provida. (Apelação Cível nº 0541253-7 (12556), 16ª Câmara Cível do TJPR, Rel. Paulo Cezar Bellio. j. 25.03.2009, unânime, DJe 15.06.2009). “CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. Contrato de financiamento celebrado, exclusivamente, para a aquisição do veículo, na própria loja da vendedora. Relação jurídica complexa. Responsabilidade solidária entre o vendedor do veículo e a financeira. Pedido contraposto que merece ser acolhido parcialmente. Recursos parcialmente providos. (Apelação nº 0024342-91.2009.8.19.0087, 9ª Câmara Cível do TJRJ, Rel. Carlos Eduardo Moreira Silva. j. 29.06.2011). O pedido é parcialmente procedente. Restou incontroverso que em 27/11/2017, a autora adquiriu um veículo VW Gol, pelo preço de R$ 18.000,00. O preço consistia em: entrada no valor de R$ 3.000,00; pagamento de débitos do veículo no valor de R$ 2.950,84 e financiamento no valor de R$ 12.049,00. A autora alega que os réus se responsabilizaram pelo procedimento de transferência da titularidade do veículo, entregando-lhe ao final o documento regularizado. Todavia, alega que passados diversos meses, não houve a transferência do da titularidade do bem, motivo pelo qual requer a rescisão do contrato. A corré XXX Multimarcas alega que a autora teria dado causa à impossibilidade de regularização e transferência dos documentos, pois não teria quitado os débitos do veículo, os quais assumira na negociação e teria adquirido o veículo com o nome de casada, porém ao tentar reconhecer a firma da autora em cartório, deparou-se com ficha cadastral com o nome de solteira. Em depoimento pessoal, a autora esclareceu que uma preposta da XXX Financeira, de nome X, que deu andamento ao contrato de financiamento, solicitou e providenciou cópia dos documentos da autora e do veículo e prometeu que os pagamentos das multas seriam realizadas por despachante da própria XXX Financeira. Também confirmou que, passados alguns meses, recebeu do despachante cerca de R$3.000,00, que deveriam ser utilizados para pagar as parcelas do financiamento. O requerido [Nome] confirmou a narrativa da autora, afirmando que foi a funcionária [nome] quem recebeu os documentos e que o pagamento das multas não seria necessário, pois o valor correspondente seria incluído no financiamento. Na cédula de crédito bancário (fls. XX) consta que à autora foi concedido o crédito de R$ 15.000,00, dos quais, R$2.950,84 seriam transferidos à Agência de Despachos [nome], conforme autorização de fls. XX. Referida quantia foi devolvida à autora somente em março de 2018, ou seja, quatro meses depois, conforme comprova o documento de fls. XX-XX. Conclui-se, portanto, que havia duas pendências para regularização da documentação do veículo e transferência para a autora: a primeira, o reconhecimento das assinaturas da compradora e da proprietária e a segunda, o pagamento dos débitos incidentes. Entretanto, nenhuma delas foram cumpridas pelas rés. Era ônus das requeridas comprovarem, de maneira cabal, que cumpriram o contrato celebrado, entregando o documento do veículo à autora, com a transferência de propriedade regularmente realizada. Todavia, a rés tentam eximir-se da responsabilidade que assumiram, atribuindo à autora a demora na entrega da documentação e ausência de pagamentos dos débitos. As rés não comprovam que cientificaram a autora de que seria necessária nova abertura de firma para reconhecimento de assinatura e, no mesmo interregno extraviaram o documento e deixaram de pagar os débitos pertinentes, o que impedia, evidentemente a emissão de segunda via do DUT. Se não bastasse, de forma escusa, tentaram transferir tal responsabilidade à autora, depois de passados quase quatro meses desde o início do negócio jurídico. Assim sendo, uma vez que as requeridas não cumpriram as obrigações que lhes competia, a autora faz jus à rescisão de ambos os contratos, com a devolução da quantia de R$3.000,00, paga a título de entrada, devendo restituir às rés o veículo objeto do contrato. Por isso, é evidente que a autora sofreu danos morais por não ter a documentação regular em seu nome. A autora tinha a justa expectativa de receber o DUT do veículo que adquiriu, devidamente regularizado, no prazo legal, expectativa essa que foi frustrada ante a inércia das requeridas para a solução do problema. Não há dúvida de que a inércia das requeridas em fornecer o certificado de registro e propriedade do veículo em nome da autora causou a esta dano moral, pois os transtornos e constrangimento que ela vem suportando ultrapassam em muito os aborrecimentos do diaadia.Com efeito, alémde ficar impossibilitada de dispor do veículo (já que não tinha o DUT em mãos), a autora corria sério risco de ter seu carro retido pelas autoridades de trânsito, por infração ao artigo 233 da Lei nº 9.503/97, se fosse flagrada nessa situação. Portanto, é evidente que a autora viveu assustada com a possibilidade de perder a posse de seu veículo a qualquer momento, por infração ao Código de Trânsito Brasileiro e, embora declare que não utilizou o veículo, isso não impediu que fosse autuado, situação que caracteriza dano moral indenizável. É evidente que essa situação causou dano moral à autora, pois houve violação à sua dignidade pessoal, em decorrência da desídia das rés em providenciar a emissão do novo certificado de registro do veículo em trinta dias. É evidente que qualquer consumidor, no lugar da autora, ficaria angustiado, revoltado, indignado e com sensação de impotência diante da negligência dos réus, que a impediram de dispor livremente de seu patrimônio e de usá-lo. Por ter causado danos morais à autora, os requeridos ficam obrigados a repará-los, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, em casos análogos, são os seguintes acórdãos: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. AÇÃO DENOMINADA DE OBRIGAÇÃODE FAZER CUMULADA COM PEDIDO ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONTRATO CUMULADAPEDIDO INDENIZATÓRIO DE DANO MORAL. O inadimplemento contratual, em circunstâncias graves, após o integral pagamento do preço do veículo, seguido da demora da concessionária na entrega do veículo e dos documentos de transferência da propriedade, gerando completa e profunda apreensão e justo receio de perda do dinheiro e do veículo, supera situação de comum inadimplemento e gera dano moral por ofensa à pessoa. O arbitramento da indenização deve considerar o valor do negócio jurídico e o seu cumprimento, embora a demora, o que justifica, na ponderação das circunstâncias para definir o arbitramento, a redução do valor da indenização em relação à sentença. (Apelação Cível nº 70068205483, 20ª Câmara Cível do TJRS, Rel. Carlos Cini Marchionatti. j. 09.03.2016, DJe18.03.2016). RECURSO INOMINADO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - RECORRIDO EFETUOU A COMPRA DEUM VEÍCULO DA EMPRESA-RECORRENTE - NÃO HOUVE A TRANSFERÊNCIA DO AUTOMÓVEL DEFORMAIMEDIATA,DEVIDOÀ PRESENÇADEPASSIVOSANTERIORESÀ COMPRA- RESPONSABILIDADE DO RECORRENTE - DEMORA NO PAGAMENTO - RECORRIDO EFETUOU O PAGAMENTO DE R$ 500,00 (QUINHENTOS REAIS) PARA ARCAR COM TAXAS DE DESPACHANTE - DANOMORAL DEMONSTRADO - VALOR ARBITRADO EM SENTENÇA DE R$ 3.517,60 (TRÊS MIL QUINHENTOSE DEZESSETE REAIS E SESSENTA CENTAVOS) RAZOÁVEL - DANO MATERIAL VERIFICADO - DEVIDOAO ATRASO NA TRANSFERÊNCIA, O RECORRIDO FOI AUTUADO NA INFRAÇÃO DO ARTIGO 223, CTB - SENTENÇA MANTIDA NOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, CONFORME ARTIGO 46, DA LEI 9.099/1995- RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Inominado nº 1026611-48.2014.8.26.0562, 4ª Turma Cível de Santos – Juizados Especiais/SP, Rel. Rodrigo Barbosa Sales. j. 10.12.2015). RESCISÃO CONTRATUAL C/C PLEITO INDENIZATÓRIO - COMPRA E VENDA DE VEÍCULO - AUSÊNCIADE TRANSFERÊNCIA - PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO - OBRIGAÇÃO CUMPRIDA NO CURSO DOPROCESSO - DANO MORAL CARACTERIZADO. Inviável a rescisão contratual pleiteada, na medida em que a transferência do veículo pretendida acabou se realizando no curso da demanda, conduzindo à perda superveniente de parte objeto da ação, já que não mais subsiste a razão para o desfazimento do negócio jurídico, tampouco para a restituição dos valores pagos. A demora ocorrida com relação à transferência do bem não pode ser imputada à eventual atraso no pagamento das parcelas referentes ao financiamento do veículo, já que, a partir do momento em que houve a celebração do contrato de financiamento, a adquirente do veículo (apelante) passou a não mais dever qualquer valor à vendedora do bem, mas tão somente ao banco que lhe cedeu o crédito. Dano moral caracterizado pelo transtorno suportado pela autora, que teve tolhido o direito de usufruir do veículo adquirido de forma plena, em face da ausência de transferência do bem para o seu nome (dois anos). RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Apelação nº 0010715-47.2013.8.26.0196, 30ª Câmara de Direito Privado do TJSP, Rel. Maria Lúcia Pizzotti. j. 22.07.2015). Caracterizado o dano moral, há de ser fixada a indenização em valor consentâneo com a gravidade da lesão, observadas posição familiar, cultural, política, social e econômico-financeira do ofendido e as condições econômicas e o grau de culpa do lesante, de modo que coma indenização se consiga trazer uma satisfação para o ofendido, sem configurar enriquecimento sem causa, e, ainda, uma sanção para o ofensor. Considerando a situação econômica das partes; considerando o descaso das requeridas e a gravidade do ato ilícito; e, considerando o caráter pedagógico de que também deve se revestir a indenização por danos morais, mostra-se adequado o importe de R$ 8.000,00, que é suficiente para amenizar o sofrimento por que passou o autor e dissuadir a requerida de igual e novo atentado. A autora deu R$ 3.000,00 de sinal à ré, mas já recebeu um crédito de R$ 2.950,84, que deveria ter utilizado para pagamento dos débitos fiscais que recaíam sobre o veículo, o que confessou não ter feito. Portanto, ficam as rés obrigadas à restituição de R$ 49,16. Por fim, considerando que a autora permanece na posse do veículo e, embora exista irregularidade na documentação, era de sua responsabilidade o pagamento do IPVA e demais débitos incidentes após a compra, reputo razoável aplicar desde já a compensação de créditos. O documento de fls. 33 mostra que a autora deveria ter quitado o IPVA de 2018, no valor de R$ 812,30. Considerando que as rés devem lhe pagar R$ 8.000,00 de indenização por danos morais, operando a compensação de créditos, ficam obrigadas ao pagamento da diferença de R$ 7.187,70.ANTE O EXPOSTO, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado nesta ação, movida por [Nome da autora] em face de XXX MULTIMARCAS, [Nome do proprietário] e XXX FINANCEIRA S/A, para o fim de: 1) declarar rescindidos o contrato de compra e venda do veículo VW/Gol, ano 2011, prata, placas XXX 0000, entabulado entre a autora e a requerida XXX Multimarcas, assim como cédula de crédito bancário nº 000000000, que vincula a autora e a XXX Financeira, por culpa exclusiva das rés; 2) condenar as requeridas, de forma solidária, a restituírem à autora a importância de R$ 49,16 (quarenta e nove reais, dezesseis centavos), relativa ao sinal, atualizada monetariamente, de acordo com a Tabela Prática do Tribunal de Justiça de São Paulo e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, incidentes desde o desembolso (27/11/2017); 3) efetuado o pagamento do valor retro fixado, determinar que a autora entregue o veículo VW/Gol, ano2011, prata, placas XXX 0000 à requerida BXXX Financeira, em endereço localizado nesta cidade, que esta deverá informar nos autos; 4) condenar as requeridas a pagarem à autora, de forma solidária, a título de indenização por danos morais, a quantia de R$ 7.187,70(sete mil, cento e oitenta e sete reais, setenta centavos),que deverá ser atualizada pela correção monetária, de acordo com os índices da Tabela Prática do Tribunal de Justiça de São Paulo, a partir desta sentença, nos termos da Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça, e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, contados a partir da citação (29/05/2018); 5) condenar a XXX FINANCEIRA a cancelar o saldo devedor do contrato de financiamento nº 000000000, no prazo de quinze dias, contados do trânsito em julgado desta sentença, independentemente de nova intimação, sob pena de se obrigara restituir em dobro os valores que a autora porventura pagar, sem prejuízo de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) por cobrança indevida que for emitida depois do decurso do referido prazo, ainda que por cessionário de crédito ou escritório de cobrança e multa de igual valor por dia de permanência de seus dados em órgão de proteção ao crédito ou protesto, observado o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais); 6)caso a autora se recuse a entregar o veículo à XXX Financeira, esta ficará autorizada a promover contra ela a cobrança do valor do financiamento objeto do contrato nº 000000000; 7) uma vez entregue o veículo à XX Financeira, que deverá quitar os débitos fiscais sobre ele incidentes, fica autorizada a emissão de alvará autorizando a transferência do veículo para referida financeira, declarando extinto o processo, entre as partes, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Isenção de custas e de honorários advocatícios nessa fase, nos termos do art. 55 da Lei n. 9.099/95. Eventual recurso deverá ser interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, acompanhado das razões e do pedido do recorrente, que deverá efetuar, nas quarenta e oito seguintes à interposição, o preparo do recurso, consistente no pagamento de todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, na forma dos artigos 42, § 1º e 54, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95. (despesas postais com citação e intimação; despesas de diligências dos Oficiais de Justiça; taxa judiciária equivalente a 1% do valor atualizado da causa acrescido de 2% do valor fixado na sentença, observado o valor mínimo de 10 UFESPs, na forma do artigo 2º, parágrafo único, III e IX, e artigo 4º I, II e § 1º, da Lei Estadual nº 11.608/03, etc), ficando indeferida a gratuidade da justiça à autora, que não provou insuficiência de recursos, adquiriu veículo se obrigando a pagamento de parcelas de elevado valore contratou advogado, o que permite concluir que não é pobre na acepção jurídica do termo. Transitada em julgado, aguarde-se provocação do interessado por três meses, e, decorrido esse prazo, arquivem-se. P.I.C."

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