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NEOPLASIAS MAMARIAS EM FELINOS

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NEOPLASIAS MAMARIAS EM FELINOS 
Diferentemente das cadelas, as gatas apresentam uma maior taxa de tumores mamários malignos, 
aproximadamente 85%, apresentam uma constante invasão estromal por sua alta velocidade de 
proliferação, e presença de metástase no momento da exérese tumoral. 
Em relação aos fatores de risco no desenvolvimento de tumores mamários em felinos, podem-se 
destacar a idade, a raça e a influência hormonal. A obesidade e uma dieta rica em gordura também 
têm sido associadas ao aumento do risco das neoplasias da glândula mamária. 
Assim como nas cadelas esta patologia é mais observada em animais mais velhos, já foram descritos 
em gatos com idade entre os nove e 23 anos, porém a idade média dos animais acometidos é de 10 
e 12 anos. 
Em gatos siameses, esta patologia ocorre mais precocemente, verificando-se como idade média de 
aparecimento os 9 anos de vida, alguns trabalhos referem que a incidência de neoplasias mamárias 
nessas raças é duas vezes maior que em outras raças. Acredita- se que essa incidência maior não 
está apenas relacionada a neoplasias mamárias, os siameses possuem um risco maior para muitos 
tipos de tumores por apresentarem alterações germinativas associadas à raça em genes de 
suscetibilidade tumoral ou defeitos nos genes supressores tumorais. 
Há também forte associação entre o fator hormonal e o desenvolvimento de tumores mamários em 
gatas. Estudos demonstraram que as fêmeas ovariectomizadas ate aos seis meses apresentam risco 
reduzido de desenvolvimento de neoplasias mamárias em 91%, ate um ano de idade sofrem uma 
redução de ate 86%, a redução é apenas 11% quando o animal tem entre 13 e 24 meses, e acima de 
24 meses não se têm benefícios da ovariectomia em relação a prevenção a neoplasias mamár 
O uso de progestágenos propiciou um aumentam do risco de 3,4 em comparação com animais que 
não recebem tais tratamentos, embora os tumores benignos surjam mais comumente do que os 
tumores malignos. Porém, apenas o uso regular dos progestágenos foi associado ao aumento deste 
risco, terapias hormonais de curta duração estão mais relacionadas ao desenvolvimento de lesões 
benignas, como hipertrofia mamária felina e fibroadenoma. 
O uso combinado de estrógenos e progesterona também pode aumentar o risco do 
desenvolvimento das neoplasias mamárias, porém diversos estudos têm demostrado que os 
carcinomas mamários felinos apresentam expressão reduzida de receptores de estrógeno, um 
indicador da perda de dependência hormonal durante a progressão maligna. Esta apresentação 
pode estar relacionada a maior agressividade nas neoplasias mamárias nas gatas, uma vez que, os 
tumores malignos, com imunomarcação negativa para receptores hormonais, crescem a uma taxa 
mais alta do que os tumores positivos. 
• Apresentação clínica 
Gatas com uma neoplasia mamária podem apresentar uma massa notável na cadeia mamária, que 
tanto pode estar na glândula mamária propriamente dita como pode aparecer distante em relação 
às mesmas, sendo facilmente palpáveis ao exame físico. Os tumores geralmente são firmes, 
nodulares, invasivos, eritematosos e de crescimento progressivo não são tão bem delimitados como 
nas cadelas. 
Mais de 50% de gatas afetadas têm mais de uma glândula envolvida, as glândulas mamárias 
abdominais caudais (41%) e inguinais (33%) são as mais acometidas, enquanto as torácicas 
apresentam uma incidência de 26%. 
O tamanho dos tumores pode variar, desde pequenos nódulos com 0,5 cm de diâmetro, ate tumores 
com mais de 15 cm no seu maior eixo, porém raramente ultrapassam 8 cm de diâmetro no entanto 
isto depende da precocidade na detecção e da agressividade dos tumores. 
Os efeitos sistêmicos das neoplasias mamárias geralmente surgem nos estágios mais avançados da 
doença, comumente os animais desenvolvem anorexia, perda de peso e se tornam letárgicos. 
Distrição respiratória acompanhada ou não de efusão pleural podem ser observadas em pacientes 
com metástases pulmonares. Lesões dérmicas e epidérmicas sob aspectos esfoliativos, papulares e 
nodulares podem acontecer sob a forma de metástase cutân 
• Diagnostico 
Tumores mamários são mais comuns em gatas mais idosas, nesse sentido a avaliação clínica geral da 
paciente é recomendada a fim de investigar possíveis comorbidades. Nesse sentido, é essencial 
realizar exames hematológicos, perfis bioquímicos, urinálise e dosagem da concentração sérica de 
T4. 
Exames de imagem são de fundamental importância na busca de metástases a distância. Deve ser 
realizado estudo radiográfico de tórax com as seguintes projeções: laterolateral direita e esquerda e 
ventrodorsal, além do exame ultrassonográfico abdominal. A tomografia computadorizada é 
recomendada para pesquisa de metástases e detecção precoce de novos tumores. 
A citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) de qualquer massa em glândula mamária e dos 
linfonodos regionais são recomendadas, podendo inclusive auxiliar no diagnóstico diferencial. 
Porém, o diagnóstico definitivo so é obtido por meio de exame histopatológico, que determina o 
tipo histológico e o grau de malignidade tumoral e invasão linfática, auxiliando na determinação do 
prognósti 
• Tratamento 
O principal método para o tratamento das neoplasias mamárias em gatas é a excisão cirúrgica. A 
cirurgia isolada geralmente não proporciona a cura do paciente, uma vez que há grande 
possibilidade da ocorrência de micrometástases no momento do diagnóst 
Em gatas é recomendada uma abordagem cirúrgica mais agressiva, com mastectomia bilateral, 
sempre que possível, ou a mastectomia unilateral realizada em dois tempos cirurgicos. Isso, devido à 
elevada recidiva de dos tumores mamarios malignos em felinos e ao comportamento tipicamente 
invasivo que a maioria exibe. Tumores muito aderidos recomenda-se a remoção em bloco de parte 
da parede muscular ou fáscia muscular adjacente, bem como o uso da técnica do linfonodo sentinela 
e sua exérese. Deve-se ressaltar que o uso do azul de metileno é contraindicado em felinos. Algumas 
complicações pós-operatórias podem ser associadas à mastectomia, como a formação de seroma, a 
deiscência de sutura e o ede 
A detecção precoce e uma abordagem cirúrgica agressiva podem resultar em um aumento no tempo 
de sobrevida dos pacientes com tumores mamários em estágio inicial. De forma geral, o diagnóstico 
das neoplasias mamárias se da mais tardiamente, geralmente apresentam tumores grandes e 
invasão de linfonodos regionais, não sendo a cirurgia como modalidade unica tão eficaz no 
tratamento. Nesses casos, a quimioterapia adjuvante no pós-operatório é indicada na tentativa de 
aumentar o tempo de sobrevida dessas pacientes. A quimioterapia como modalidade única é 
indicada apenas em situações em que gatas sejam portadoras de tumores irressecáveis ou 
Protocolos quimioterápicos utilizando doxorrubicina (25 mg/m2 ou 1 mg/kg, IV, a cada 3 semanas) 
isoladamente ou em associação com a ciclofosfamida (doxorrubicina (mesma dose) com 
ciclofosfamida (50 mg/m2, VO, nos dias 3, 4, 5 e 6 após a doxorrubicina), a cada 3 ou 4 semanas), 
têm apresentado resposta a curto em mais de metade dos animais com metástases a distância ou 
com neoplasias que não foram sujeitas a cirurgia. Esses protocolos também podem ser empregados 
como adjuvante nos demais pacientes em pós-operatório para evitar ou retardar a evolução de 
micrometástases. 
No entanto, é importante referir que a doxorrubicina é nefrotóxica para felinos. Assim, esse 
quimioterápico deve ser utilizado com avaliação cuidadosa da função renal (ureia, creatinina sérica e 
urianálise tipo I). 
Outro protocolo seria a utilização de carboplatina como agente único ou associada à doxorrubicina e 
associação de mitoxantrona e ciclofosfamida. 
• Prognostico 
Três categorias de tamanho do tumor mostraram significância prognóstica, gatas com tumores 
maiores que 3 cm de diâmetro apresentam sobrevida média de 4 a 12 meses, enquanto as gatascom tumores entre 2 e 3 cm de diâmetro, de 15 a 24 meses e aquelas com tumores menores que 2 
cm, superior a 3 anos. O tamanho do tumor é um dos fatores mais importantes ao avaliar o risco de 
metástase e a necessidade de tratamento adjuvante, e está associado ao tempo de sobrevida global 
e livre de doença. 
Procedimentos cirúrgicos mais invasivos, tais como a mastectomia uni ou bilateral, aumentaram 
significativamente o período livre de doença neoplásica, quando comparadas com a realização de 
cirurgias mais conservativas como a mastectomia simples ou regional, de 300 a 325 dias para 575 a 
1300 dias, sendo considerado também um fator prognóstico.

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