Buscar

Umbanda - artigo

Prévia do material em texto

ODONTOLOGIA TURMA 0126-A1
TATIANE RODRIGUES ARÁUJO
Tarefa do 1º Bloco de Cidadania, Ética e Espiritualidade do curso de Bacharel Odontologia da Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG – Apresentada ao Prof. Me. Kleber Torres de Moura. 
Kleber Torres de Moura
Goianésia
 				“Sr. José: E que nome darão a esta 	igreja?
O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria amparou nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.”
Ronaldo Antônio Linares.
RESUMO
	Podemos afirmar que o Brasil é um país com uma extensa diversidade de religiões que marcaram à sua construção cultural, com o intento de abarcar essa multiplicidade foram estabelecidas algumas divisões. 
	Nesse artigo vamos tratar a especificidade acerca da religião afro-brasileira conhecida como Umbanda, suas tradições, danças, rituais, filosofias e práticas que vieram tal como engendradas em solo africano. 
	Umbanda é oriunda do vocabulário quimbundo, de Angola, e significa cura. Há também a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas" ITAOMAN; 1990, p. 100 - 101. ou "deus ao nosso lado". MARTINS 2007, p. 17.
	Diante os estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais do Rio de Janeiro por meio de decreto¹, logo discutiremos a importância e a história das religiões de matrizes africanas, especialmente a Umbanda
Palavras-chave: Religião; Religião-afro-brasileira; África; Umbanda
ABSTRACT
	We can affirm that Brazil is a country with an extensive diversity of religions that marked its culturais construction, with the intention of encompassing this multiplicity, some divisions were established.
	In this article we will treat the specificity about the Afro-Brazilian religion known as Candomblé, its traditions, dances, rituals, philosophies and practices that came as engendered on African soil.
	Umbanda comes from the vocabulary quimbundo, from Angola, and means healing. There is also the assumption of an origin in a mantra in the Adamic language whose meaning would be "set of divine laws" ITAOMAN; 1990, p. 100 - 101. or "god beside us." MARTINS 2007, p. 17.
	In view of the studies of the Rio Patrimony of Humanity Institute (IRPH), umbanda was included in the list of intangible heritage of Rio de Janeiro by decree¹, soon we will discuss the importance and history of religions of African matrices, especially Umbanda.
Keywords: Religion; Afro-Brazilian religion; African; Umbanda
A CRIAÇÂO DA UMBANDA.
	De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é o país com mais descendentes africanos fora da África, totalizando o contingente de 54% da população negra.
	A história do Brasil com o continente Africano está associada com a escravidão, e a construção cultural do país advém desse passado junto com a influência europeia.
	As religiões afro-brasileiras estabelecidas a partir de tradições africanas tem em seu legado a ancestralidade e a conexão com à sua origem. 
	Elementos da religiosidade e referencias de outras religiões locais foram imprescindíveis para a formação da Umbanda no Brasil, mas a égide da sua fé segue representada em suas danças, orixás e ritos influenciados por algumas particularidades da cultura africana. 
	A Umbanda, em sua prática religiosa, ganhou contornos na Bahia, por do ano de 1908. Zélio Fernandino de Moraes, aos 17 anos, definido com a postura de um velho, proferia palavras incompreensíveis e comportava-se como um felino, na época não obteve sucesso ao ser levado aos psiquiatras. “Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói, KLOPPENBURG, Boaventura (1991)
	Ao incorporar um espírito, se apresentava como negros escravizados e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou conta de Zélio e disse que a saúde seria resolvida e que ele estaria curado no dia seguinte, confirmando o fato posteriormente. 
	Por meio da incorporação uma entidade, se identificou como sendo o Caboclo das Sete Encruzilhadas. E, em seguida, completou: "Para mim, nunca haverá caminhos fechados".
	Prontamente definiu as diretrizes da religião Umbanda: vestir roupas brancas, usar guias de contas coloridas e, entre outras faculdades mediúnicas, priorizar a incorporação de espíritos.
	A história do surgimento da Umbanda há bastante controvérsia, apesar de alguns historiadores considerarem Zélio como fundador, há indícios que já haviam práticas de umbanda muito semelhantes tanto em ritualística quanto em estética ao que acontece hoje muito antes de 1908. 
ESPIRITUALIDADE
	
	A Umbanda é uma religião cujos cultos são fundamentados na possessão de espíritos, onde alguns médiuns entram em transe e recebem os guias, eles são cultuados e dão atendimento às pessoas que estão frequentando os lugares designados como terreiros. 
	Segundo Renato Ortiz:
 
"A possessão é, portanto, o elemento central do culto, permitindo a descida dos espíritos do reina da luz, da corte de Aruanda, que cavalgam a montaria da qual eles são senhores." ORTIZ, 1999, p. 71
	Hoje, há subdivisões dentro das religiões das matrizes africanas e o Brasil congrega vários ritos distintos, mas que se identificam.
	A Umbanda tem o fundamento e ensino básico de valores humanos como a caridade, não discriminação, fraternidade e a coletividade. na obediência a ensinamentos básicos de valores humanos, como a fraternidade, a caridade, a não discriminação e a coletividade. 
“O nascimento da religião umbandista deve ser apreendido neste movimento de transformação global da sociedade. A Umbanda não é uma religião do tipo messiânico, que tem uma origem bem determinada na figura do messias, pelo contrário, ela é fruto das mudanças sociais que se efetuam 
numa direção determinada. Ela exprime assim, através de seu universo religioso, esse movimento de consolidação de uma sociedade urbano industrial. A análise de sua origem deve pois se referir dialeticamente ao processo das transformações sociais que se efetuam.” (ORTIZ, 1999, p. 32)
	 Uma das características da Umbanda é sua diversidade, e cada terreiro estabelece seu ritual conforme as determinações do chefe da casa, contudo, a assistência que é concedida através dos pais e mães de santo é pautada nos princípios da Umbanda.
	Esses princípios estão regados por entidades ancestrais que os adeptos acreditam habitar outro plano, denominados orixás.
	As antigas divindades foram advindas com os negros escravizados e sua permanência é cultuada e reverenciada quando o pai ou mãe de santo os incorporam. Dentre os orixás, os mais cultuados nos terreiros são:
Oxalá: é o criador da humanidade. Seu símbolo é o branco e sua qualidade é a sabedoria. No sincretismo, é Jesus Cristo.
Oxóssi: orixá da caça, identificado com as matas, os animais e as plantas. Seu símbolo é o arco e flecha. No sincretismo, é São Sebastião.
Xangô: orixá da justiça e do trovão. O símbolo de Xangô é o machado e, no sincretismo, é identificado com São Jerônimo.
Iemanjá: orixá feminina das águas salgadas, Iemanjá é a Rainha do Mar. Sua cor é o azul claro e o branco. É identificada com Nossa Senhora.
Ogum: orixá guerreiro, associado à metalurgia, à luta e ao trabalho. Seu símbolo é a espada. No sincretismo, é o São Jorge.
Oxum: orixá feminina das águas doces, associada à maternidade, à fertilidade, à beleza e ao amor. Seu símbolo é o ouro. É identificada com Nossa Sra. da Conceição.
Iansã: orixá feminina dos raios, tempestades, trovões e vendavais. Seu símbolo é o raio. No sincretismo, é Santa Bárbara.
Exu: orixá mensageiro, dono das encruzilhadas e guardião das entradas. Seus símbolos são o tridente ou o ogó (bastão de madeira). No sincretismo, é Santo Antônio, embora também seja equivocadamente associado ao diabo.
	As entidades que podem ser incorporadospor médiuns durante os cultos nos terreiros de umbanda cumprem funções ligadas à cura e ao aconselhamento, dentre as principais aqui estão elas:
Pretos-velhos: espíritos de negros escravizados, são possuidores de vasta sabedoria.
Caboclos: espíritos de antepassados indígenas, possuem forte vínculo com a natureza.
Baianos: espíritos descontraídos, dotados de grande energia positiva.
Boiadeiros: são bondosos, justos e muito corajosos.
Zé-Pelintras: são os espíritos dos marginalizados pela sociedade. É o patrono dos bares e da vida noturna.
Pombagiras: associadas à sedução, à força feminina e à liberdade. 
	Cada entidade/orixá é homenageada com um som advindo da batida dos tambores. A palavra música é desusa na religião umbanda, sendo comumente aludida como ponto-cantado, definido por Carvalho J.J como
"[...] pequenos cânticos, carregados de valor ritual, no momento em que foram gerados no contexto específico de uma tradição religiosa, definida em termos genéricos como cultos afro-brasileiros". (1997, p. 96)
O recurso aos pontos-cantados sempre vem acompanhados de palmas ou de tambores pontuando as performances rituais, o movimento é praticamente universal na umbanda.
Refletiu a luz divina
Com todo seu esplendor
É no reino de Oxalá
Aonde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para nós iluminar
Hino da Umbanda (José Manuel Alves)
Oliveira salienta que os pontos cantados como forma ritualística da Umbanda, são muito importantes numa sessão, nos trabalhos de transes e possessões. A música era muito comum no período da escravidão, já no século XVI, os negros escravizados utilizavam de instrumentos musicais para acompanhar o ritmo da música, como, por exemplo, os atabaques. “Os pontos cantados são os cânticos ritualísticos acompanhados por percussão em atabaques consagrados e entoados pelos ogãs” (OLIVEIRA, 2018, p. 157).
	Importante salientar sobre a repetição e as letras curtas que favorecem a memorização; são entoados a todo momento, para que os frequentadores aprendam a letra e possam acompanhar, fortalecendo ainda mais as vibrações presentes no momento, seja de incorporação, desobsessão
ou outros trabalhos presentes no momento da celebração.
CONCLUSÃO
	Embora a Constituição de 1988 reconheça a laicidade do Estado brasileiro e garanta liberdade de crença e de atuação em cultos religiosos, ainda há discriminação e preconceito em torno de religiões afro-brasileiras.	
	O número de umbandistas de acordo com o último Censo, chega a 432 mil adeptos no Brasil. Sendo um dos países mais ricos em diversidades étnicas, constituído por uma pluralidade cultural e religiosa, mas que ainda possui uma dificuldade imensa em conviver com o diferente, o número não chega a ser expressivo.
Em 5° artigo, a Constituição prevê uma grande conquista, pois estabeleceu que todos são iguais perante a lei, garantindo aos residentes no 
Brasil liberdade, igualdade e segurança. Cita também a liberdade que o cidadão brasileiro terá 
para exercer cultos religiosos, garantindo proteção aos locais de culto e liturgia. 
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei. [...]
Chegou ao final da pesquisa, agora coloque as suas conclusões, apresentando ao leitor, os resultados da pesquisa e em que eles podem contribuir com a sociedade, por exemplo para o combate a intolerância. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS
ITAOMAN (1990); Pemba: A grafia sagrada dos orixás; Thesaurus Editora.
MARTINS, Giovani (2007 Tenda Espírita Caboclo Cobra Verde;). Clube de Autores
VIEIRA, Isabela., EBC, Umbanda é declarada patrimônio imaterial do Rio de Janeiro 08/11/2016 Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-11/umbanda-e-declarada-patrimonio-imaterial-do-rio-de-janeiro acesso em 07/04/2023 às 16:05
ORTIZ, Renato; A morte branca do feiticeiro negro: Umbanda e sociedade brasileira; (1999 pág 71).. São Paulo: Brasiliense
ORTIZ, Renato; A morte branca do feiticeiro negro: Umbanda e sociedade brasileira; (1999; pag 32.).. São Paulo: Brasiliense
NEGRÃO, Lísias Nogueira Umbanda e Questão Moral: Formação e Atualidade no Campo Umbandista em São Paulo. Dissertação de doutorado.. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993.
GUERRIERO, S. Novos Movimentos Religiosos: o quadro brasileiro. 1.ed. São Paulo:
Paulinas, 2006.
Carvalho, J. J. (1997). A tradição mística afro brasileira. Religião & Sociedade, 18(2), 93 12

Continue navegando