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Caso Gomes Lund CIDH

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso DIREITO 8º período, Campus Tom Jobim
Professora CRISTINA LUCIA SEABRA IORIO (DIREITOS HUMANOS)
Aluno MARCO ANTONIO MOUTINHO 
 Matrícula 2019.01.204171
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
ESTUDO DO CASO GOMES LUND E OUTROS vs. BRASIL
“Guerrilha do Araguaia”
RIO DE JANEIRO 
setembro/2022
O Caso Gomes Lund e Outros vs Brasil
“Guerrilha do Araguaia”
 
Em brevíssima síntese, no dia 7 de agosto de1995, sob a liderança de mulheres, um grupo de familiares de mortos e desaparecidos políticos enviou o caso da guerrilha do Araguaia para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com o suporte jurídico do Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), este foi o quinto caso brasileiro na Corte IDH. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos finalmente condenou o Brasil.
Antes de nos aprofundarmos no tema proposto, precisamos entender o que foi a “Guerrilha do Araguaia” e em que contesto histórico estes fatos ocorreram.
 A “Guerrilha do Araguaia” foi um movimento guerrilheiro que insurgiu na região da Amazônia brasileira ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. De viés comunistas de orientação maoísta tentou-se instituir um foco revolucionário no Norte do Brasil. O objetivo dessa estratégia era instaurar um estado de “guerra popular prolongada” na região e a partir disso, tentar tomar o poder no país e impor a Ditadura do Proletariado.
 O contesto histórico onde ocorreram os fatos se deu durante os chamados Governos Militares, que estiveram no poder de 1964 a 1985, se estabelecendo na política brasileira em uma ocasião em que o país estava mergulhado em uma de suas piores crises, nos primeiros meses do ano de 1964. A Revolução de 1964, assim entendido pelos próprios militares, foi uma insurreição de setores das forças armadas brasileiras contra o governo de João Goulart e suas propostas.
 O presidente João Goulart, que já havia tido dificuldades em assumir o cargo de presidentes após a renúncia de Jânio Quadros, vinha propondo transformações estruturais no âmbito político e social do Brasil, o que sua equipe denominou de “Reformas de Base”. Essas reformas, aos olhos dos críticos do governo, ofereciam brechas para uma guinada comunista de teor radical. O próprio presidente já havia dado atenção a países comunistas à época, como a China, e isso contribuía ainda mais paras as críticas que lhe eram feitas. Além disso, desde o início da década de 1960, havia focos de guerrilha rural no Brasil, como a Liga dos Camponeses, de Francisco Julião, que tinha conexões com Cuba.
 Por fim, as esquerdas alegam que o Regime Militar, ao longo de 21 anos, matou 424 dos seus militantes. Podemos afirmar que se trata de um número bastante inflado. Mortos comprovados são 293, os outros constam como “desaparecidos”. Nessa conta, diga-se, estão militantes da ALN-Molipo que foram mortos pelos próprios “companheiros”. A esquerda também inclui os que morreram de arma na mão no Araguaia, que por uma questão de princípio, não deveria ter morrido uma só pessoa depois de rendida pelo Estado. 
O que também não se diz é que o terrorismo de esquerda matou comprovadamente nada menos de 119 pessoas, muitas delas sem qualquer vinculação com a luta política. Também se consolidou uma outra brutal inverdade histórica, segundo a qual as ações armadas da esquerda só tiveram início depois do AI-5, de 13 de dezembro de 1968. É como dizer que antes disso, esquerdistas tivessem se dedicado apenas à resistência pacífica. 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
Caso Gomes Lund e outros x Brasil
Ficha Técnica:
Vítimas: 62 membros da Guerrilha do Araguaia, 44 familiares diretos e 27 familiares não diretos
Peticionários e/ou Representantes: Cejil e Human Rights Watch/Americas, além da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos do Instituto de Estudos da Violência do Estado, a senhora Angela Harkavy (irmã de um desaparecido) e o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ)
Juízes: Diego García-Sayán, Presidente; Leonardo A. Franco, Vice-Presidente; Manuel E. Ventura Robles, Juiz; Margarette May Macaulay, Juíza; Rhadys Abreu Blondet, Juíza; Alberto Pérez Pérez, Juiz; Eduardo Vio Grossi, Juiz, e Roberto de Figueiredo Caldas, Juiz ad hoc
Quinto caso brasileiro analisado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), a sentença do Caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) versus Brasil data de 24 de novembro de 2010.
 Na segunda metade da década de 1960 e no início da seguinte, durante 0 Regime militar brasileiro, militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) instalaram-se ao longo do rio Araguaia, na divisa dos estados do Pará, Maranhão e do atual Tocantins, à época Goiás, formando a “Guerrilha do Araguaia”. O grupo político objetivava armar um exército popular por meio da mobilização dos camponeses, com o fim de montar uma guerrilha rural na região objetivando derrubar o regime militar vigente. 
Entre 1972 e 1974, militares das Forças Armadas do Brasil dizimaram a Guerrilha do Araguaia, promovendo tortura, desaparecimento forçado e execução extrajudicial de ao menos algumas dezenas de militantes e camponeses da região.
Após o final do regime militar e da consequente restauração da democracia no país, várias iniciativas estatais promoveram algum tipo de reconhecimento dos crimes ocorridos durante o período ditatorial, incluindo os referentes à Guerrilha do Araguaia. A despeito disso, a impunidade dos responsáveis pelas torturas, desaparecimentos forçados e execução extrajudicial de integrantes da Guerrilha do Araguaia se manteve. A não responsabilização foi reiteradamente embasada na Lei de Anistia brasileira, cuja a vigência e a constitucionalidade do parágrafo que protege os militares foi reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ações judiciais movidas com o objetivo de identificar restos mortais das vítimas e publicizar informações sobre as incursões militares contra a Guerrilha também não resultaram em avanços significativos no esclarecimento dos crimes.
Em 7 de agosto de 1995, Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil) e a Human Rights Watch/Americas entraram com petição na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando as violações sofridas pelas vítimas da Guerrilha do Araguaia e seus familiares. Posteriormente, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos do Instituto de Estudos da Violência do Estado, o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ) e Angela Harkavy, irmã de um desaparecido, entraram como co-peticionários. Questionado, o Estado brasileiro alegou não esgotamento dos recursos internos. Após quase seis anos, a CIDH produziu relatório de admissibilidade da petição, em março de 2001.
Após uma série de pedidos de prorrogação de prazo de ambas as partes, a Comissão produziu relatório de mérito em outubro de 2008, considerando o Brasil responsável por uma série de violações de direitos humanos, em detrimento dos membros da Guerrilha do Araguaia e seus familiares. O órgão fez uma série de recomendações ao Estado brasileiro, que chegou a apresentar relatórios de cumprimento parcial. A despeito disso, a CIDH não considerou a implementação satisfatória e remeteu o caso à Corte IDH em março de 2009. Como parte dos acontecimentos relacionados à Guerrilha do Araguaia ocorreram antes do reconhecimento da competência da Corte pelo Brasil, a submissão se refere aos fatos que ocorreram após esse marco temporal, bem como a violações continuadas, que persistiam após o reconhecimento. 
Resumo da SENTENÇA DE 24 DE NOVEMBRO DE 2010 
(15 anos após da entrada da petição inicial)
 
 A Corte Interamericana admitiu parcialmente uma das exceções preliminares interpostas pelo Estado e negou as outras duas, dando prosseguimento ao julgamento.Na mesma sentença, condenou o Brasil pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal, às garantias judiciais, à liberdade de pensamento e de expressão e à proteção judicial, em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar disposições de direito interno, previstos na Convenção Americana. Parte das violações refere-se aos membros da Guerrilha, parte a seus familiares. O Tribunal também decidiu que “as disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana” e “carecem de efeitos jurídicos”
A Corte determinou uma série de medidas de reparação, que incluem a publicação da sentença e o pagamento de indenização, custas e gastos. Também determinou outras medidas de reabilitação, satisfação e não repetição, incluindo: oferecimento de tratamento médico e psicológico; esforços para determinar o paradeiro das vítimas desaparecidas; capacitação em direitos humanos das Forças Armadas; tipificação do delito de desaparecimento forçado de pessoas em conformidade com os parâmetros interamericanos; e busca, sistematização e publicação de informações sobre a Guerrilha. O Tribunal também determinou a investigação penal dos fatos do presente caso e a responsabilização pelos delitos, não podendo o Estado “aplicar a Lei de Anistia em benefício dos autores, bem como nenhuma outra disposição análoga”.
O Brasil pagou a maior parte das indenizações e efetivou a publicação da sentença nos espaços determinados pela Corte. A Lei de Anistia, porém, continuou servindo como argumento para magistrados negarem instauração de processo penal ou a responsabilização dos agentes da repressão, a despeito de esforços do Ministério Público Federal nesse sentido. As iniciativas de busca de restos mortais, bem como de sistematização e publicação de informações sobre a Guerrilha foram enfraquecidas. As demais medidas de reabilitação, satisfação e não repetição foram pouco ou nada cumpridas pelo Estado brasileiro.
A REALIDADE:
O processo de reabertura democrática no Brasil foi marcado pela promulgação pelo regime militar da Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, Lei da Anistia que promoveu anistia “ampla, geral e irrestrita” a todos que haviam cometido “crimes políticos ou conexos” entre setembro de 1961 e agosto de 1979. Se, por um lado, a Lei de Anistia permitiu o retorno de muitos exilados políticos da oposição, por outro serviu para garantir até hoje a impunidade dos agentes repressores do Regime Militar. Em função dela, o Estado deixou de levar a cabo uma investigação penal com o objetivo de julgar e sancionar os responsáveis pelos desaparecimentos relacionados à Guerrilha do Araguaia.
Mais de 15 anos depois, em 4 de dezembro de 1995, o Brasil (Gov. FHC) sancionou a Lei 9.140, conhecida como Lei dos Desaparecidos Políticos. A norma reconheceu como mortas “as pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979”, bem como reconheceu a responsabilidade estatal pelas mortes ocorridas durante esse período. Das 136 pessoas listadas na lei, 61 delas desapareceram no contexto da Guerrilha do Araguaia.
O dispositivo promoveu o pagamento de indenizações para os familiares das vítimas, de acordo com a expectativa de vida que os desaparecidos ainda teriam na época da presumida morte. Até a sentença da Corte Interamericana, familiares de 58 desaparecidos já haviam recebido um montante total superior a R$ 6,5 milhões em indenizações, em valores da época.
Além disso, a Lei determinou a criação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, com a função de reconhecer pessoas mortas ou desaparecidas no contexto do regime militar, emitir pareceres sobre indenizações e envidar esforços na busca de restos mortais.
Em seu livro-relatório “Direito à Memória e à Verdade”, a Comissão dedicou um capítulo inteiro aos fatos da Guerrilha do Araguaia e acrescentou três vítimas em relação às que já haviam sido reconhecidas pela Lei 9.140/95: Antônio Ferreira Pinto e Pedro Matias de Oliveira (também conhecido como Pedro Carretel), que desapareceram durante o período; e Antônio Araújo Veloso, que morreu quatro anos depois, em decorrência das torturas sofridas. Veloso é o único que não figura entre as vítimas no caso perante a Corte Interamericana.
O relatório destaca o Brasil como “único país do Cone Sul” que não trilhou procedimentos penais para “examinar as violações de Direitos Humanos ocorridas em seu período ditatorial, mesmo tendo oficializado, com a Lei nº 9.140/95, (Gov. FHC) o reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas mortes e pelos desaparecimentos denunciados”.
Entre 1980 e 2006, foram realizadas 13 expedições de busca à região do Araguaia. As iniciativas partiram dos familiares das vítimas, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério Público e da Comissão Interministerial, criada via decreto pelo governo federal em 2003. (Gov. Lula)
Nas buscas empreendidas por familiares, foram identificados os restos mortais de Maria Lúcia Petit da Silva e de Bérgson Gurjão Farias, em 1996 e 2009, respectivamente. Além disso, um familiar de Lourival Moura Paulino informou que seu corpo foi identificado no cemitério de Marabá, em 2008. Em outubro de 2001, com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, uma missão do Ministério Público Federal (MPF) encontrou oito restos mortais, que ainda não haviam sido identificados até a sentença da Corte Interamericana. A maioria das expedições dos diferentes órgãos, porém, não obtiveram sucesso em encontrar restos mortais.
Em setembro de 2006, o Brasil deu início a projeto de criação de um banco de DNA, com o objetivo de recolher amostras de sangue dos familiares e criar um perfil genético de cada desaparecido. Até a sentença da Corte, haviam sido recolhidas 142 amostras de familiares de 108 desaparecidos políticos, parte deles da Guerrilha do Araguaia.
Em 18 de junho de 2009, o Brasil também concedeu os benefícios de anistia política a 44 camponeses da região do Araguaia, incluindo o pagamento de pensão vitalícia. Na ocasião, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, apresentou pedido de perdão formal em nome do Estado.
Por fim, 
é interessante lembrar que a jurisprudência, o costume e a doutrina internacionais consagram que nenhuma lei ou norma de direito interno, tais como as disposições acerca da anistia, as normas de prescrição e outras excludentes de punibilidade, deve impedir que um Estado cumpra a sua obrigação inalienável de punir os crimes de lesa-humanidade, por serem eles insuperáveis nas existências de um indivíduo agredido, nas memórias dos componentes de seu círculo social e nas transmissões por gerações de toda a humanidade.
É preciso ultrapassar o positivismo exacerbado, pois só assim se entrará em um novo período de respeito aos direitos da pessoa, contribuindo para acabar com o círculo de impunidade no Brasil. É preciso mostrar que a Justiça age de forma igualitária na punição de quem quer que pratique graves crimes contra a humanidade, de modo que a imperatividade do Direito e da Justiça sirvam sempre para mostrar que práticas tão cruéis e desumanas jamais podem se repetir, jamais serão esquecidas e a qualquer tempo serão punidas.
O procedimento de supervisão do cumprimento da sentença segue em aberto, mais de 10 anos após a decisão. 
O único relatório de supervisão da sentença publicado pela Corte data de outubro de 2014.
Extras:
Breve resumo do que é elencado no Pacto de San José da Costa Rica e a adesão do Brasil a este Pacto.
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinada em 22 de novembro de 1969, reconheceu uma série de direitos que devem ser respeitados pelos Estados Partes e, de acordo com o seu art. 2º, se o exercício desses direitos ainda não estivesse garantido por comandos legislativos ou de outra natureza, os Estadoscomprometer-se-iam a adotar as medidas necessárias para torná-los efetivos.
Com a finalidade de dar efetividade aos compromissos assumidos pelos Estados Partes, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos dispôs sobre o funcionamento de dois órgãos: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Comissão representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos e tem, como principal função, promover a observância e a defesa dos direitos humanos. No Sistema Interamericano, qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação à Convenção por um Estado Parte. Admitida a petição, a Comissão buscará uma solução amigável, atuando como um órgão político de solução de controvérsias. Frustrada a conciliação, a Comissão se posicionará de modo favorável ou desfavorável à demanda. Caso seja favorável, estabelecerá um prazo para que o Estado Parte tome as medidas que lhe competirem para remediar a situação examinada. Se ainda assim o Estado Parte quedar-se inerte, poderá a Comissão submeter o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Corte, por sua vez, tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e à aplicação das disposições da Convenção, que lhe seja submetido pelos Estados Partes ou pela Comissão e, quando decidir que houve violação de direito, determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do direito violado, sem prejuízo da reparação dos danos sofridos. Pode, ainda, em casos de extrema gravidade e urgência, e quando tal se fizer necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas, tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes.
Desde o ingresso do Brasil no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, o País já foi condenado quatro vezes por violações de direitos humanos. O caso Escher e outros versus Brasil, referente à violação, dentre outros direitos, de garantias judiciais, tendo em vista a realização de interceptações telefônicas ilegais. Em tela, trazemos o caso Gomes Lund e outros versus Brasil, referente ao desaparecimento de integrantes da Guerrilha do Araguaia durante as operações militares na década de 1970. O Brasil foi condenado por não ter investigado tais violações e a Corte declarou, por unanimidade, que as disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil”.
LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS - CEDI Em DECRETO N° 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992(Adesão do Brasil ao Pacto de SJCR)
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. O Vice-Presidente da República, no exercício do cargo de Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o Art. 84, inciso VIII, da Constituição, e Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),adotada no âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do segundo parágrafo de seu art. 74; Considerando que o Governo brasileiro depositou a Carta de Adesão a essa Convenção em 25 de setembro de 1992; Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de conformidade com o disposto no segundo parágrafo de seu art. 74; DECRETA: Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia ao presente Decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém. Art. 2° Ao depositar a Carta de Adesão a esse ato internacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte declaração interpretativa: "O Governo do Brasil entende que os Arts. 43 e 48, alínea "d", não incluem o direito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado". Art. 3° O presente Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência e 104° da República. ITAMAR FRANCO Fernando Henrique Cardoso .......................................................................................................
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=315848
O que diz o Pacto de San José da Costa Rica?
Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
Qual o objetivo do Pacto de São José da Costa Rica?
Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza.
Qual o status da Convenção Americana sobre Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro?
Assim, a Convenção Americana de Direitos Humanos, por ter sido recepcionada antes da Emenda Constitucional n.º 45/04, possui atualmente caráter supralegal, servindo, portanto, de referência para o controle de convencionalidade das demais normas infraconstitucionais
Quais são os direitos assegurados no Pacto de São José da Costa Rica?
A convenção proíbe a escravidão e a servidão humana, trata das garantias judiciais, da liberdade de consciência e religião, de pensamento e expressão, bem como da liberdade de associação e da proteção a família.
Quem foi Guilherme Gomes Lund (Rio de Janeiro, 11 de julho de 1947 – ??)
 Codinome Luís, foi um estudante e guerrilheiro brasileiro, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Participou da luta armada contra a ditadura militar, instaurada entre 1964 e 1985, sendo um dos integrantes da Guerrilha do Araguaia. Ali, integrou a segurança da Comissão Militar como tropeiro. 
Por estar desaparecido desde 25 de dezembro de 1973 e não se saber ao certo o local e a data de sua morte, nunca foi sepultado, mas é tido por algumas fontes como morto em combate contra tropas do exército ao lado de outros quatro guerrilheiros no mesmo dia. Seu desaparecimento foi objeto de investigação para a Comissão Nacional da Verdade (CNV) a partir de 2011.
Biografia:
Guilherme nasceu na capital do Rio de Janeiro. Era filho de Júlia Gomes Lund e de João Carlos Lund e possuía uma única irmã, atual herdeira do guerrilheiro, todos membros de uma família de classe média carioca. O jovem foi um dos guerrilheiros que desapareceram no Araguaia durante o regime militar.
Cursou o ensino secundário no Colégio Militar do Rio de Janeiro e, em seguida, no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria e no Colégio Vetor, ambos também no Rio. Com 20 anos, em 1967, entrou na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde participou do movimento estudantil da época e completou somente até o segundo ano da graduação. Em 26 de junho de 1968, durante a Passeata dos Cem Mil, foi detido com outros companheiros enquanto distribuíam panfletos subversivos na avenida Presidente Vargas. Foi libertado em 10 de julho e, posteriormente,recebeu a sentença de seis meses de prisão, pena que não chegou a cumprir. Mudou-se para Porto Alegre logo em seguida. Lá, entrou para a militância do PCdoB, que o levou, em fevereiro de 1970, à região do rio Araguaia, localizada ao sul do estado do Pará, para unir-se ao grupo de guerrilha que se formava por lá.
No Araguaia, Guilherme evoluiu rapidamente nas atividades de hipismo e natação até conquistar o posto de tropeiro da guarda da Comissão Militar do grupo. No dia de Natal de 1973, desapareceu após um ataque das Forças Armadas ao acampamento da Comissão Militar. Ele estava acamado, vítima de malária, e era um dos 15 guerrilheiros que se encontravam no local. O episódio ficou conhecido como "Chafurdo de Natal".
Segundo o Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, Guilherme Lund teria sido morto no mesmo dia do ataque. Os depoimentos do segundo tenente da Polícia Militar de Goiás, João Alves de Souza, em 20 de fevereiro de 2014, e do sargento Santa Cruz – ambos dados à Comissão Nacional da Verdade – também afirmam a data de morte do guerrilheiro como 25 de dezembro de 1973. Porém, seu corpo nunca foi encontrado ou entregue à família.
SUGESTÃO: 
Assista os documentários no YouTube
- Getúlio do Brasil – documentário completo (tv Senado)
- 1964 - O Brasil entre armas e livros (FILME COMPLETO), Brasil Paralelo
Leitura: Livro “1984” George Owell
REFERENCIAS:
https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf
https://reubrasil.jor.br/julia-gomes-lund-e-outros-guerrilha-do-araguaia/
http://www.mprj.mp.br/documents/20184/1283046/Caso_Gomes_Lund_e_Outros_%28Guerrilha_do_Araguaia%29_vs_Brasil.pdf
https://memoriasdaditadura.org.br/memorial/guilherme-gomes-lund/
https://www.ufrgs.br/vozesdaditadura/?p=1045
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm#:~:text=1%C2%BA%20%C3%89%20concedida%20anistia%20a,de%20funda%C3%A7%C3%B5es%20vinculadas%20ao%20poder
https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/lei-da-anistia/
https://www.nexojornal.com.br/explicado/2021/02/21/Lei-de-Anistia-do-al%C3%ADvio-na-reabertura-%C3%A0-impunidade-militar
http://www.tjrr.jus.br/cij/arquivospdf/ConvencaoAmericana-pacjose-1969.pdf
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/repercursao-do-pacto-de-san-jose-da-costa-rica-no-ordenamento-brasileiro.htm
https://www.youtube.com/watch?v=yTenWQHRPIg&t=95s
https://www.youtube.com/watch?v=Mcu4MtLtemE
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