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Quais são os pontos positivos e negativos do tratamento? a taxa de abandono do tratamento é alta, e a ausência de comorbidade clínica e o estado nutricional adequado de alguns pacientes contribui para esse processo. No estudo supracitado, os pacientes que abandonaram o tratamento eram adultos jovens, com o diagnóstico de AN e longo tempo de sintomas antes do início do tratamento. Também eram eutróficos e estavam em tratamento há menos de seis meses. Dessa forma, é sempre importante buscar informações visando esclarecer os principais motivos que comprometem a adesão dos pacientes ao tratamento, com objetivo de subsidiar o aprimoramento dos protocolos de assistência. O sucesso do tratamento do TA está condicionado à condução por uma equipe multidisciplinar, composta por no mínimo nutricionista, nutrólogo ou clínico, psicólogo e psiquiatra, pois os sintomas são muito complexos e específicos. Dessa forma, o nutricionista que receber um paciente que não seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, deve encaminhar o paciente a eles. Outros profissionais também podem contribuir para o tratamento? Outros profissionais também podem contribuir para o tratamento, como enfermeiros, educadores físicos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. A equipe deve ser treinada na área de TA, sendo imprescindível que haja boa comunicação entre os profissionais. A supervisão da equipe deve ser feita, de preferência, por um integrante experiente. A importância do envolvimento da família no tratamento está relacionada ao impacto e ao desgaste emocional e físico que esse transtorno ocasiona no paciente e nos círculos social e familiar. Os sintomas, como permanecer em jejum por longos períodos ou comer em excesso e vomitar em seguida, dificilmente são compreendidos adequadamente por um ou mais membros da família, gerando situações estressantes tanto para os pacientes quanto para os familiares. O tratamento do TA exige constante diálogo não somente com o paciente, mas também entre todos os profissionais envolvidos no diagnóstico, no planejamento e no acompanhamento de cada caso. A discussão em grupo é fundamental, e o discurso para com o paciente deve ser uníssono, pois o contato com o “novo” pode funcionar como um fator desestabilizador, atrapalhando a evolução de cada caso O trabalho em equipe multidisciplinar possibilita a construção de uma visão global de cada caso mediante a interlocução entre os diversos profissionais envolvidos no seguimento terapêutico. Isso contribui para alcançar um melhor prognóstico para os pacientes e deter o curso crônico a que, frequentemente, esses transtornos levam. Os profissionais que integram uma equipe interdisciplinar são participantes privilegiados para a compreensão da complexidade envolvida no processo saúde-doença. O TA tem melhores prognósticos, ou seja, tem melhores chances de regressão quanto mais precocemente for reconhecido e tratado. O resultado do tratamento multidisciplinar da AN em crianças e adolescentes é melhor do que em adultos, e o prognóstico, de acordo com a American Psychiatric Association (2013), é o seguinte: · Metade dos pacientes recupera a maior parte ou todo o peso perdido, revertendo qualquer outra complicação endócrina ou de outro tipo; · Cerca de um quarto tem desfecho intermediário e pode recair; · A quarta parte restante tem resultado ruim, incluindo recidivas e complicações físicas e mentais persistentes. Foram realizadas poucas pesquisas sobre os efeitos do tratamento na BN. Mas o tratamento multiprofissional parece diminuir a frequência de compulsões e purgações, sendo que, após o tratamento, 97,5% das pacientes não preenchem mais critério diagnóstico. O Papel do Nutricionista na Equipe Multidisciplinar: O trabalho do nutricionista na área de TA pode exigir habilidades não inerentes à sua formação, como, por exemplo, o estudo de outras áreas de atuação da equipe multidisciplinar, como Psicologia, Psiquiatria e técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental, para atuar de forma empática, colaborativa e flexível, mas esses conhecimentos não substituem os profissionais específicos Um exemplo sobre a importância da união dos conhecimentos de Nutrição com Psicologia é a adoção, pelo paciente, do vegetarianismo. Alguns pacientes com AN adotam a dieta vegetariana como um meio de limitar a escolha alimentar. Por isso, o vegetarianismo pode ser considerado parte dos achados psicopatológicos do TA. As atitudes alimentares compreendem os pensamentos, os sentimentos, os comportamentos e as crenças para com a alimentação, descrevendo, portanto, a forma como o indivíduo se relaciona com a mesma. Para estabelecer esta prática de aconselhamento, o nutricionista necessita de sensibilidade, treinamento, supervisão e experiência, assumindo o papel denominado “terapeuta nutricional”. O nutricionista, ou “terapeuta nutricional”, na equipe de tratamento de TA não deve ter apenas o objetivo de melhorar o estado nutricional desses pacientes, devendo estar preparado para: · Discutir crenças, tabus alimentares, hábitos culturais/familiares, lançando mão de informações cientificamente comprovadas; · Saber argumentar, com clareza, sobre as inúmeras informações oriundas de revistas e sites da moda, puramente sensacionalistas, que fazem promessas milagrosas no sentido de obter um corpo perfeito sem sacrifício; · Discutir padrões de beleza, mostrando a sua influência na relação que temos com o corpo e com os alimentos; · Diminuir a angústia do paciente com seu peso corporal, propondo um peso saudável/possível e abolindo o conceito de peso ideal. · Ensinar o paciente a ter autonomia e a confiar em si e nos seus sinais de fome e saciedade; · Ajudar o paciente em qualquer questão clínica que surja durante o tratamento e que possa levar a piora da relação com a comida e com o corpo, como, por exemplo, a intolerância a algum alimento, causando náusea ou dor abdominal; · Saber lidar com a ansiedade da família em relação à melhora do paciente. O nutricionista não é o profissional responsável pelo diagnóstico do TA, mas pode atuar na prevenção mediante o fornecimento de informações e da conscientização da importância de uma alimentação correta para a saúde e o bem-estar do organismo. O risco de desenvolvimento de transtorno alimentar também pode ser rastreado durante um atendimento nutricional, quando o profissional faz a anamnese alimentar e identifica práticas alimentares inadequadas. Verificando o Aprendizado 1. O tratamento da TA deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar. São características desse grupo: R: Saber esclarecer, orientar e informar o paciente em todos os aspectos inerentes ao TA, independentemente de sua especialidade na equipe. · Uma equipe multidisciplinar reúne um grupo de profissionais de diferentes áreas para trabalharem na busca de um objetivo comum, que é o paciente. Todos os profissionais devem conhecer adequadamente o trabalho de cada participante para a construção de uma visão global de cada caso. Na equipe multidisciplinar para tratamento de uma TA, a presença do nutricionista é fundamental. Portanto, a resposta correta é a letra C. 2. O nutricionista da equipe multidisciplinar necessária para o tratamento de pacientes com TA deve, EXCETO: R: Saber diagnosticar os TA. · O papel do nutricionista nessa equipe multidisciplinar é primordial, pois a reeducação alimentar faz parte dos objetivos do tratamento. Para isso, ele deve desenvolver algumas habilidades nem sempre presentes na sua formação, como por exemplo o conhecimento de Psicologia e de técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental. Além disso, o nutricionista precisa ser colaborativo e flexível, e trabalhar de forma empática, sem esquecer seus conhecimentos específicos, mas tendo consciência de que não é o profissional responsável pelo diagnóstico da TA do paciente. Dessa forma, a opção correta é a letra D.