Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 GERENCIAMENTO DA DOR E CUIDADOS PALIATIVOS EM DOMICÍLIO 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 2. HOME CARE 4 3. CUIDADOS PALIATIVOS 5 4. ENFERMAGEM NO HOME CARE 12 5. SENTIDO DA COMUNICAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS 15 6. MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA 18 7. GERENCIAMENTO DA DOR 20 8. O CUIDADO DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE COMDOR 23 9. AVALIAÇÃO CRITERIOSA DE ELEGIBILIDADE 26 10. GARANTIA DE CONTINUIDADE DO CUIDADO 27 11. PRÁTICAS DE SEGURANÇA DA EQUIPE E DOSCUIDADORES 28 12. PREVENÇÃO DE LESÕES POR PRESSÃO 29 13. CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 30 CONCLUSÃO 32 REFERÊNCIAS 34 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A enfermagem está presente em todas as modalidades da atenção domiciliar, seja nas visitas ou no gerenciamento de pacientes crônicos. É ela quem avalia o paciente e a família, faz orientações educativas e a ponte com a equipe interdisciplinar. Reconhecemos a importância desses profissionais e, por isso oferecemos treinamentos por meio de educação continuada. É isso que garante a prática em técnicas modernas de abordagem e atualização em protocolos de atendimento. Afinal, a ideia do home care é deixar o paciente se recuperando próximo à família, mas sem abrir mão da expertise de atendimento que ele teria no hospital. As funções do enfermeiro abordam tanto o lado assistencial quanto educativo. No primeiro caso, ele elabora um guia do seu próprio trabalho e dos demais profissionais envolvidos na rotina do paciente. Acompanha esse guia, interagindo sempre que houver necessidade. Já a atribuição educativa é aplicada junto à família, ao paciente e ao restante da equipe de atendimento domiciliar. Aos poucos, o enfermeiro pode ensinar os familiares e responsáveis pelo paciente a realizarem os procedimentos necessários para seu bem-estar. Também ajuda o próprio paciente na busca pela autonomia. 4 2. HOME CARE É a assistência médica ou de suporte prestada por um cuidador profissional na casa individual onde o paciente ou cliente está morando, em oposição a assistência prestada em acomodações em grupo, como clínicas ou lares de idosos. O atendimento home care também é conhecido como atendimento domiciliar, atendimento social ou atendimento domiciliar. Compreende um leque de atividades, destacando-se o auxílio paramédico por enfermeiros e a assistência na vida quotidiana a doentes, deficientes ou idosos. Os clientes que recebem cuidados de saúde em casa podem incorrer em custos mais baixos, receber cuidados iguais a melhores e ter maior satisfação em comparação com outros locais. Ocasionalmente, cuidados paliativos e de fim de vida podem ser fornecidos por meio de enfermagem domiciliar. Enfermeiros de saúde domiciliar podem ajudar os pacientes com atividades de vida diária (AVDs), como banho, ir ao banheiro e alimentação, ou eles dirigem e supervisionam o auxiliar na prestação de cuidados de AVD. Os enfermeiros monitoram os sinais vitais, cumprem as ordens do médico, coletam sangue, documentam as tarefas que realizam e o estado de saúde do paciente e comunicam- se entre o paciente, a família e o médico. Algumas enfermeiras viajam para várias casas por dia e fornecem visitas curtas a vários pacientes, enquanto outras podem ficar com um paciente por um determinado período por dia. 5 3. CUIDADOS PALIATIVOS 1. Cuidado paliativo é um tratamento multiprofissional, uma abordagem de cuidados que visa a melhoria da qualidade de vida de pessoas com doenças graves. Disso resulta que não existem pacientes paliativos, assim como não existem pacientes diálises, ou mesmo pacientes quimioterapias. Cuidado Paliativo, diálise ou quimioterapia são tratamentos, e não diagnósticos. Todos os pacientes com doenças graves podem se beneficiar dessa abordagem de cuidados. Pacientes com doenças cardíacas, oncológicas, pulmonares, neurológicas, AIDS, diabetes, síndromes das mais diversas e outras condições médicas podem se beneficiar desse tratamento, estejam ou não lidando com o fim de suas vidas. 2. Cuidado Paliativo não é um diagnóstico médico, nem uma fase da doença, mas uma abordagem de cuidados, e portanto um tratamento, o que inclui uma série de medidas específicas, um conjunto de dimensões a serem precisamente avaliadas e um conjunto de ações a serem implementadas, por vezes bastante complexas, se considerarmos algumas condições igualmente complexas. Disso tudo resulta que uma pessoa pode ter uma doença absolutamente avançada, incurável, gravíssima, e ainda assim não estar recebendo nenhum Cuidado Paliativo. Cuidado Paliativo pode ser oferecido inclusive no curso do tratamento curativo de uma doença potencialmente curável, e auxiliar o paciente e sua família a terem seus sofrimentos administrados e cuidados por uma equipe multiprofissional, mesmo que o desfecho dessa história seja a cura. 6 3. Cuidado Paliativo não é uma possível última alternativa para a vida de alguém, e não significa morte certa. Cuidado Paliativo não significa retirar tratamentos médicos, nem negar às pessoas o melhor que a medicina e as demais ciências da saúde podem lhe oferecer, mas ajudar a pensar em tratamentos hierarquizados e proporcionais entre os benefícios a ser buscados e os malefícios a serem evitados em cada fase da doença. 4. Cuidado Paliativo não é um conjunto de técnicas e procedimentos exclusivos de uma única categoria profissional, e, portanto, envolvem vários atores no cenário das ciências da saúde e da vida. Cuidado Paliativo de qualidade se faz em equipe multiprofissional, com profissionais treinados na filosofia e na boa prática da paliação. 5. Cuidado Paliativo não deve ser entendido como algo para as pessoas ricas, mas um direito humano como outro qualquer, já que todos devem ter acesso a alívio para os sofrimentos (por vezes muito intensos) gerados por graves condições de saúde. Cuidado Paliativo significa busca para uma vida digna e de melhor qualidade, mesmo diante do fim da vida. Cuidado Paliativo é um exercício de cidadania. História O cuidado paliativo se confunde historicamente com o termo hospice, que definia abrigos destinados a receber e cuidar de peregrinos viajantes. O relato mais antigo remonta do século V, quando Fabíola, discípula de São Jerônimo, cuidava de viajantes provindos da Ásia, África e dos países do Leste no Hospício do Porto de Roma.Uma ordem religiosa, no século XIX, os resumiu a locais destinados a moribundos na Irlanda e em Londres. O hospice moderno é um conceito relativamente recente que surgiu no Reino Unido após a fundação do St. Cristopher'sHospice, em 1967. Foi fundado porCicely Saunders, amplamente conhecida como fundadora do movimento do hospice moderno. O paliativismo tem crescido intensamente nos últimos anos. No Reino Unido, nos anos de 2003 e 2004, cerca 250 mil pessoas foram pacientes da prática nos hospices ou em outros locais de atendimento. Hoje, o tratamento é gratuito e sustentado através de caridade, apesar de já ter sido financiado pela National Health Service. 7 Nos Estados Unidos, o movimento passou de voluntário, melhorando os cuidados a pessoas que morriam sozinhas, isoladas ou em hospitais, para um significante componente do sistema de saúde. Em 2005, mais de 1,2 milhão de pessoas e suas famílias receberam tratamento paliativo. Esse é o único tratamento cujos benefícios do Medicare inclui remédios, equipamento médico e assistência em tempo integral. A maioria dos cuidados é feita na casa do paciente. É também disponível em diversos ambientes como, casas de enfermagem, prisões, hospitais. Na década 1970, o encontro de Cicely Saunders com Elisabeth Klüber-Ross, nos Estados Unidos, fez com que o Movimento Hospice também crescesse naquele país. Desde então, tem havido um intenso aumento no número de programas, mais de 1200 atualmente. Aproximadamente, 55% dos hospitais com mais de 100 leitos possuem um programa. Nos hospitais, o funcionamento dos cuidados paliativos pode ser caro. Requer tempo e integração de vários profissionais. Além disso, os pacientes podem não ter seguro adequado ou quantia em dinheiro suficiente para cobrir os custos. Assim, estratégias para financiamento de programas de cuidados paliativos se concentram em cortar custos hospitalares, garantindo renda. Quem é o paciente que se beneficia de Cuidados Paliativos? Todos os pacientes que são portadores de doenças graves, que ameacem a continuidade da vida e que apresentem sintomas de sofrimento se beneficiam do atendimento de uma equipe de Cuidados Paliativos, desde o diagnóstico da doença, passando por todos os tratamentos que busquem a cura ou o controle da doença, bem como os cuidados intensamente necessários na finitude humana. Aqui se encaixam todas as doenças com este perfil de gravidade e não somente o câncer. Como é o trabalho de Cuidados Paliativos? Os Cuidados Paliativos atuam nas necessidades do paciente e de sua família, comprometendo-se a avaliar e tratar os sintomas físicos de desconforto, como dor, fadiga, cansaço, falta de ar e outros que possam causar sofrimento e piora da qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que trata os sintomas da dimensão física, orienta-se no sentido de avaliar e cuidar das necessidades emocionais, sociais, familiares e espirituais do paciente e de sua família, respeitando seus valores e crenças. 8 Tratando-se de um Cuidado Integral, devemos contar sempre com uma equipe de profissionais de saúde que sejam treinados e capacitados em tratar sintomas de desconforto relativos às dimensões do ser humano que são descritas como: dimensão física, emocional, social, familiar e espiritual. Os profissionais que compõem a equipe são os que controlam os sintomas do corpo – dimensão física – (todos os profissionais de saúde podem ajudar neste controle!), da mente – dimensão emocional – (psicólogo, psicoterapeuta, psicanalista, psiquiatra), do espírito – dimensão espiritual – (padre, pastor, rabino, guru, sacerdotes das diferentes crenças religiosas professadas pelos pacientes) e do social e familiar (assistente social, voluntário, psicólogo). Os tratamentos curativos e paliativos são complementares entre si, pois com um melhor controle de sintomas o paciente e sua família podem passar pelo tempo de tratamentos curativos de maneira mais efetiva, mesmo que estes tratamentos sejam mais agressivos. O que ocorre em geral, é que à medida que a doença apresenta progressão, percebe-se uma maior necessidade dos cuidados paliativos; sendo possível que, em algum momento da evolução da doença de base, a prioridade de cuidados visa o conforto e qualidade de vida exclusivamente. Fazem parte dos princípios dos cuidados paliativos: Respeitar a dignidade e autonomia dos pacientes. Honrar o direito do paciente de escolher entre os tratamentos, incluindo aqueles que podem ou não prolongar a vida. Comunicar-se de maneira clara e cuidadosa com os pacientes, suas famílias e seus cuidadores. Identificar os principais objetivos dos cuidados de saúde a partir do ponto de vista do paciente. Prover o controle impecável da dor e de outros sintomas de sofrimento físico. Reconhecer, avaliar, discutir e oferecer acesso a serviços para o atendimento psicológico, social e questões espirituais. Proporcionar o acesso ao apoio terapêutico, abrangendo o espectro de vida através de tratamentos de final de vida que proporcionem melhora na qualidade de vida percebida pelo paciente, por sua família e seus cuidadores. 9 Organizar os cuidados de modo a promover a continuidade dos cuidados oferecidos ao paciente e sua família, sejam estes cuidados realizados no hospital, no consultório, em casa ou em outra instituição de saúde. Manter uma atitude de suporte educacional a todos os envolvidos nos cuidados diretos com o paciente. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente A doença, principalmente aquela que ameaça a continuidade da vida, costuma trazer uma série de perdas, com as quais paciente e família são obrigados a conviver, quase sempre sem estarem preparados. As perdas de autonomia, autoimagem, segurança, capacidade física, respeito, sem falar das perdas concretas, materiais, como deemprego, de poder aquisitivo e, consequentemente, de status social, podem trazer angústia, depressão e desesperança, interferindo objetivamente na evolução da doença,na intensidade e na frequência dos sintomas, que podem apresentar maior dificuldadede controle. A abordagem desses aspectos sob a ótica da psicologia se faz fundamental. A novidade é a possibilidade de abordá-los também sob o ponto de vista da espiritualidade, que se confunde e se sobrepõe invariavelmente à questão religiosa. Noventa ecinco por cento dos americanos creem numa força superior, e 93% gostariam que seusmédicos abordassem essas questões se ficassem gravemente enfermos. Segundo Saporetti, “espírito, do latim spiritus, significa sopro e se refere a algo que dá ao corposua dimensão imaterial, oculta, divina ou sobrenatural que anima a matéria. O espíritoconecta o ser humano à sua dimensão divina ou transcendente”. É mais esse aspecto, oda transcendência, do significado da vida, aliado ou não à religião, que devemos estarpreparados para abordar, sempre lembrando que o sujeito é o paciente, sua crença eseus princípios. Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tãoativamente quanto possível até o momento da sua morte. Não devemos nos esquecer de que qualidade de vida e bem-estar implicam observância de vários aspectos da vida. Problemas sociais, dificuldades de acesso a serviços,medicamentos e outros recursos podem ser também motivos de sofrimento e devem serincluídos entre os aspectos a serem abordados pela equipe multiprofissional. Viver ativamente, e não simplesmente viver, remete-nos à questão da sobrevida a qualquer custo,que esperamos combater. É nosso dever e nossa 10 responsabilidade sermos facilitadorespara a resolução dos problemas do nosso paciente. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doençado paciente e o luto. Nunca estamos completamente sós. O ser humano é por natureza um ser gregário. Todo o núcleo familiar e social do paciente também “adoece”, a unidade de cuidados paciente-família se coloca como uma e específica ao mesmo tempo. A célula de identidade do ser humano é a família, respeitadas todas as condições que fazem dela um universo cultural próprio, muitas vezesdistante ou até mesmoalheio ao universo cultural dos profissionais da saúde”. A família, tanto a biológica como a adquirida (amigos, parceiros etc.) pode e deve ser nossaparceira e colaboradora. Essas pessoas conhecem melhor do que nós o paciente, suasnecessidades, suas peculiaridades, seus desejos e suas angústias, muitas vezes não-verbalizados pelo próprio paciente. Da mesma forma, essas pessoas também sofrem, e seusofrimento deve ser acolhido e paliado. Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dospacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto. Na prática do cuidado ao paciente, frequentemente iremos nos deparar cominúmeros fatores que atuarão concomitantemente na modificação da resposta terapêutica medicamentosa, na evolução da própria doença e na relação com o paciente e a família. A integração sugerida pelo Cuidado Paliativo é uma forma deobservarmos o paciente sob todas as suas dimensões e a importância de todos essesaspectos na composição do seu perfil para elaborarmos uma proposta de abordagem. Ignorar qualquer dessas dimensões significará uma avaliação incompleta econsequentemente uma abordagem menos efetiva e eficaz dos sintomas. O sujeitoda ação é sempre o paciente, respeitado na sua autonomia. Incluir a família noprocesso do cuidar compreende estender o cuidado no luto, que pode e deve serrealizado por toda a equipe, e não somente pelo psicólogo. A equipe multiprofissional, com seus múltiplos “olhares” e sua percepção individual, pode realizar essetrabalho de forma abrangente. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença com uma abordagem holística, observando o paciente como um ser biográfico mais queum ser simplesmente biológico, poderemos, respeitando seus desejos e suas necessidades,melhorar o curso da doença e, segundo a experiência de vários 11 serviços de Cuidados Paliativos, também prolongar sua sobrevida. Vivendo com qualidade, ou seja, sendo respeitado,tendo seus sintomas impecavelmente controlados, seus desejos e suas necessidades atendidas, podendo conviver com seus familiares e resgatando pendências, com certeza nossospacientes também viverão mais. Iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamentecom outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia eradioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhorcompreender e controlar situações clínicas estressantes. Pela própria definição de Cuidados Paliativos da OMS, esses devem ser iniciadosdesde o diagnóstico da doença potencialmente mortal. Dessa forma, iremos cuidar dopaciente em diferentes momentos da evolução da sua doença, portanto não devemosprivá-lo dos recursos diagnósticos e terapêuticos que o conhecimento médico podeoferecer. Devemos utilizá-los de forma hierarquizada, levando em consideração osbenefícios que podem trazer e os malefícios que devem ser evitados. Uma abordagem precoce também permite a prevenção dos sintomas e de complicações inerentes à doença de base, além de propiciar diagnóstico e tratamento adequados de enfermidades que possam cursar paralelamente à doença principal. Umaboa avaliação embasada nos exames necessários, além da definição da performancedo paciente, é indispensável para a elaboração de um plano integral de cuidados,adequado a cada caso e adaptado a cada momento da evolução da doença. 12 4. ENFERMAGEM NO HOME CARE Assistencial As funções do enfermeiro home care mais procuradas são justamente as assistenciais. Esse trabalho começa com a elaboração da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), um guia para os trabalhos do profissional e demais envolvidos. A SAE descreve: histórico médico e de enfermagem, diagnóstico de enfermagem,planejamento dos resultados estimados, implementação da assistência, evolução e enfim o prognóstico de enfermagem. Para isso, o profissional entrevista não só o paciente como os parentes e responsáveis, avaliando também o histórico traçado por profissionais anteriores. Os trabalhos assistenciais são variados, dependendo da complexidade de cada pessoa, entre menor, média e alta. Ilustrativamente, essa complexidade iria de um paciente que ainda tem certa independência até um idoso acamado que precisa de medicação específica. É comum que os responsáveis pelos idosos procurem o enfermeiro home care para aplicação de medicação intravenosa ou caso o paciente esteja acamado e precise de sondas ou oxigênio. A todo momento do trabalho home care o profissional de enfermagem pode identificar e reagir às condições que oferecem riscos à saúde do idoso. Educativa Entre as atribuições do enfermeiro também estão as tarefas educativas junto à família, ao paciente e ao restante da equipe de atendimento domiciliar, se existir. O enfermeiro pode, aos poucos, sempre acompanhando o progresso do paciente, ensinar os familiares e responsáveis pelo idoso a realizarem os procedimentos necessários para seu bem estar. Esse profissional pode – e deve – opinar sobre melhorias e investimentos no ambiente do idoso, como acessibilidade e ambientes adaptados. Também pode trazer profissionais como psicólogos e nutricionistas para fazer um plano de cuidados mais holístico, considerando a saúde física e emocional. 13 Doença neurológica de longa duração Cuidar de pacientes graves, com doenças irreversíveis e progressivas já se configuraum desafio diário na prática dos Cuidados Paliativos. Por outro lado, cuidar de pacientescom doenças graves, incuráveis, com condições de dependência irreversíveis, mas queapresentam progressão lenta e imprevisível, ainda é o maior desafio de qualquer profissional da área da saúde. Os pacientes portadores de doenças neurológicas, de instalação precoce ou adquiridana fase mais tardia da vida, apresentam sofrimentos, de menor ou maior intensidade, físicos, emocionais, familiares, sociais e espirituais e que frequentemente não são detectadospor seus médicos, cuidadores ou familiares. O lugar dos Cuidados Paliativos não-oncológicos está sendo progressivamente reconhecido, especialmente em condições neurológicas rapidamente fatais, como adoença do neurônio motor (DNM). Muitos guidelines agora recomendam a indicaçãoprecoce de Cuidados Paliativos para esses casos. Pacientes com essas doenças possuem necessidades diferentes dos portadores deCâncer, e podem ser caracterizados como portadores de sintomas de desconfortorelacionados com sua condição neurológica, com duração e intensidade muito variáveis. Devido ao comprometimento cognitivo, muitas vezes os sintomas são avaliados indiretamente, por meio da percepção de familiares e cuidadores. 14 Isso traz algumas dificuldades para a equipe de Cuidados Paliativos com relação aomanejo adequado de sintomas: • Em geral, as condições neurológicas apresentam curso de evolução longo e raramenteconseguimos identificar claramente quando se inicia a fase final da doença; • Os sintomas são variados, e muitos pacientes apresentam disfunção cognitiva comportamental ou de comunicação, além de déficits físicos. Nessa realidade, fica muito difícil avaliar a diferença entre disfasia e déficit cognitivo,levando a equipe de Cuidados Paliativos a procurar por constantes atualização e treinamento para o manejo desses pacientes. É comum a crença de que a reabilitação é uma intervenção de curta duração e relacionada com um evento pontual. Entretanto, o manejo da condição crônica de disfuncionalidade é um fator central no sucesso dos cuidados dispensados a esses pacientes,determinando a qualidade de assistência oferecida no final de vida. Na doença neurológica de longa duração, a interface entre o neurologista, o fisiatra e o Cuidado Paliativo encontram uma rara clareza de papéis que pode ser transportada para outras condiçõesclínicas, facilitandoaté a discussão entre os serviços provedores dos cuidados (convênios,seguros e serviço público). O Royal CollegeofPhysicians, renomada instituição inglesa, publicou um excelenteguideline de cuidados aos pacientes com doenças neurológicas da longa duração. Umdos propósitos do trabalho foi explorar a interação entre essas especialidades médicase definir o papel de cada uma delas nos cuidados dos pacientes nessas condições. Apesquisa mostrou um alinhamento sobre as contribuições oferecidas por cada especialidade, embora não tenha foco na atuação multiprofissional que se desencadeia a partir daatuação médica. O neurologista se envolve na avaliação, no diagnóstico e no manejo dadoença neurológica; o fisiatra coordena a terapia, o equipamento e as ações de suportesocial e psicológico durante a fase entre o diagnóstico e a morte, sem o intuito de realizaro trabalho dos profissionais específicos. Os médicos de Cuidados Paliativos são os responsáveis pelas recomendações dos cuidados terminais e pelo manejo do processo de mortee luto, que é realizado por ele e por todos os profissionais da equipe. 15 5. SENTIDO DA COMUNICAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS Uma vez que se relacionar é estar com o outro, fazendo uso de habilidades de comunicações verbal e não-verbal para emitir e receber mensagens, a comunicação é umelemento fundamental na relação humana e um componente essencial do cuidado. Oemprego adequado de técnicas e estratégias de comunicação interpessoal pelos profissionais da saúde é medida terapêutica comprovadamente eficaz, permitindo ao pacientecompartilhar medos, dúvidas e sofrimento, contribuindo para a diminuição do estressepsicológico e garantindo a manifestação de sua autonomia Para os pacientes sob Cuidados Paliativos, a comunicação interpessoal e o relacionamento humano são ressignificados, representando a essência do cuidado que sustenta fée esperança nos momentos mais difíceis que são enfrentados. O paciente sob Cuidados Paliativos deseja ser compreendido como um ser humanoque sofre porque, além da dor física, possui conflitos existenciais e necessidades que osfármacos ou os aparelhos de alta tecnologia não podem suprir. Assim, ademais de compartilhar seus medos e anseios relacionando-se com seus pares, ele necessita sentir-secuidado, amparado, confortado e compreendido pelos profissionais da saúde responsáveispor ele. Expressões de compaixão e afeto na relação com o paciente trazem a certezade que ele é parte importante de um conjunto, o que ocasiona sensação de proteção econsolo, além de paz interior. Para que essas necessidades sejam atendidas e o cuidado ao fim da vida seja bemsucedido, é necessário que os profissionais da saúde resgatem a relação interpessoal empática e compassiva como base para suas ações e condutas. Mais do que habilidades técnicas para diagnosticar e tratar, além de informações sobre doença e tratamento, ospacientes que vivenciam a terminalidade esperam que a relação com os profissionais dasaúde seja alicerçada por compaixão, humildade, respeito e empatia. Na prática a implementação e a sustentação desses conceitos subjetivos é possível com o uso adequado dehabilidades de comunicação. O que precisamos entender sobre comunicação? Independente da área de formação básica ou da categoria profissional, os profissionais da saúde têm como base de seu trabalho as relações humanas e, por isso, precisamaprimorar suas habilidades de comunicação. Médicos, enfermeiros, 16 fisioterapeutas, psicólogos e outros especialistas que trabalham com seres humanos em situação de doença esofrimento, principalmente com aqueles que vivenciam a terminalidade, necessitam sabernão apenas o que, mas quando e como falar. Precisam até mesmo saber o momento decalar, substituindo a frase por um toque afetivo ou potencializar o efeito de um ansiolítico com um bom par de ouvidos, estando mais próximo e acessível às reais necessidadesdos pacientes. Comunicação interpessoal não se resume à troca de mensagens entre duas ou maispessoas, tampouco à mera transmissão de informações. Trata-se de um processo complexo que envolve percepção, compreensão e transmissão de mensagens por parte de cadasujeito envolvido na interação, considerando-se contexto, cultura, valores individuais,experiências, interesses e expectativas de cada um. Todo processo de comunicação é constituído por duas dimensões: verbal e não-verbal. A verbal é aquela que ocorre por meio de palavras, com o objetivo de expressar um pensamento, clarificar um fato ou validar a compreensão de algo. Porém ela é insuficientepara caracterizar a complexa interação que ocorre no relacionamento humano. É necessárioqualificá-la, oferecer-lhe emoções, sentimentos e adjetivos, para que seja possível perceber ecompreender não só o que significam as palavras, mas também os sentimentos implícitos namensagem; e é a dimensão não-verbal do processo de comunicação que permite demonstração e compreensão dos sentimentos nos relacionamentos interpessoais. A linguagem verbal équalificada pelo jeito e tom de voz com que as palavras são ditas, por gestos que acompanhamo discurso, olhares e expressões faciais, postura corporal, distância física que as pessoas mantêm umas das outras e até mesmo por roupas, acessórios e características físicas. Para facilitar o estudo da comunicação não-verbal, propõe-se classificá- laemparalinguagem, cinésica, proxêmica, características físicas, fatores do meio ambiente etacêsica. A paralinguagem refere-se a qualquer som produzido pelo aparelho fonador e utilizado no processo de comunicação, ou seja, o modo como falamos. Representam- na osruídos, a entonação da voz, o ritmo do discurso, a velocidade com que as palavras sãoditas, o suspiro, o pigarrear, o riso e o choro. É também chamada paraverbal e confereemoção às informações transmitidas verbalmente. 17 O termo “cinésica”, criado por Ray Birdwhistell, precursor no estudo da fala e dossinais emitidos pelo corpo durante as interações, diz respeito à linguagem corporal. É caracterizado por gestos, expressões faciais, olhar, características físicas e postura corporal. Conhecer a linguagem do corpo é importante não apenas por trazer informações sobre ooutro, mas também para o autoconhecimento. A proxêmica aborda as teorias que dizem respeito ao uso que o homem faz do espaço físico dentro do processo de comunicação. O neologismo “proxêmica” foi criado porEdward Hall, ao identificar os fatores envolvidos na distância que o indivíduo mantém dooutro na interação. O toque e todas as características envolvidas são estudados pela cinésica. O contatofísico é capaz de provocar, por meio de seus elementos sensoriais, alterações neuromusculares, glandulares e mentais. Não apenas em caráter técnico e instrumental, mastambém como forma de oferecer apoio e demonstrar afeto, o toque é um instrumentoterapêutico valioso na área da saúde. A comunicação não-verbal é fundamental para o estabelecimento do vínculo queembasa o relacionamento interpessoal, imprescindível na relação entre profissionaisda saúde e pacientes. Com frequência, mesmo antes que a interação diretacom o paciente aconteça, existe um julgamento prévio a respeito do profissional combase na análise de seu comportamento e características não-verbais, expressos noscorredores do hospital ou na interação com os outros colegas. E pode ser até nessemomento que o paciente decida se o profissional é ou não digno de sua confiança e sequer ou não ser cuidado por ele, sem que palavra alguma seja trocada entre ambos. É principalmente por meio da emissão dos sinais não-verbais do profissional dasaúde que o paciente desenvolve confiança e permite que se estabeleça uma relaçãoterapêutica efetiva. Assim, tanto o comportamento verbal quanto o não-verbal doprofissional devem demonstrar empatia e transmitir segurança.Ao cuidar do paciente em processo de morte, uma das principais habilidades de comunicação necessárias ao profissional é a escuta. Ela, atenta e reflexiva, é um dos maisimportantes instrumentos do profissional da saúde que atua em Cuidados Paliativos, vistoque permite identificar as reais demandas dos pacientes. Sentar-se ao lado do paciente,mostrando-se interessado por sua história e disponível para ouvi-lo e compreendê-loé uma maneira comprovadamente eficaz de assisti-lo emocional e 18 espiritualmente. Serouvido é um importante demanda de quem vivencia a terminalidade. Quando se utiliza adequadamente a comunicação interpessoal no contexto dos Cuidados Paliativos, frequentemente é possível decifrar informações essenciais e, dessa forma, diminuir a ansiedade e a aflição de quem está próximo da morte, proporcionandomais qualidade ao nosso cuidar e conquistando mais satisfação pessoal. 6. MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA Câncer A história dos Cuidados Paliativos se iniciou com o câncer, quando Cicely Saunderscuidou de seu amigo, David Tasma, e acompanhou a trajetória de dor e sofrimento peloqual ele passou antes de morrer. Daí surgiu a sua ideia de agregar os conhecimentos nasvárias áreas do saber científico e empregá-los no auxílio daqueles que sofriam até morrer. O grande dilema ético nessa situação é em que momento interromper os tratamentosdirigidos ao tumor e começar a redirecioná-los para o sofrimento em seu sentido maisamplo. Então a medicina logo percebeu que essa filosofia de cuidados poderia se estender a outros grupos de doenças. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Em recente levantamento não publicado, o Sistema de Internação Domiciliar (SID) daSecretaria Municipal de Saúde de Londrina evidenciou, em 384 pacientes acompanhadosno ano de 2008, aproximadamente 14% de portadores de DPOC, segundo grupo de doenças depois das neoplasias, número semelhante a outros levantamentos. Dispneia, tosse eansiedade são sintomas frequentes nesse grupo, que devem ser abordados de forma eficazpor equipe devidamente capacitada. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) É outro grupo frequente, muito associado em nosso país a doença de Chagas, hipertensão arterial (HA) não-controlada e diabetes. As internações hospitalares pela 19 descompensação dessa condição contribuem para as altas taxas de ocupação hospitalar demaneira repetitiva. Esse grupo também pode ser alvo dos Cuidados Paliativos. Insuficiência renal crônica (IRC) Também uma consequência da HA e do diabetes mal controlados, encontra na terapiarenal substitutiva um modo de prolongar a vida dos pacientes portadores dessa condição. No entanto, assim como o câncer, apresenta uma etapa terminal, principalmente aquelepaciente que não consegue o transplante e evolui para uma situação de fim de vida. Existem trabalhos europeus que exploram as questões relativas à suspensão da diálise e àcondução do paciente de forma paliativa. Doenças neurológicas degenerativas Com o envelhecimento da população aumentou a incidência das patologias degenerativas, mormente Alzheimer e Parkinson, são doenças que não têm evolução tão acelerada como o câncer, mas que também têm sua etapa terminal. O controle da dor, daobstipação, da insônia e das crises de agitação psicomotora é o maior desafio no grupo depessoas acometidas por essas doenças. Cuidado Paliativo em pediatria Situação das mais desafiadoras e difíceis, exige do pediatra experiente quecuidade crianças com critérios para Cuidados Paliativos toda sua habilidade para lidar com adisrupção do binômio mãe-filho. A morte da criança é difícil de ser aceita, não apenas por mãe e familiares, mas também pela equipe de profissionais, que deve ser cuidadosamentepreparada para trabalhar nesse cenário especial. 20 7. GERENCIAMENTO DA DOR AVALIAÇÃO DA DOR A experiência dolorosa é um fenômeno individual e, para caracterizá-la, devem ser realizadas avaliações sistemáticas. O registro de tais informações permite que os dados sejam compartilhados entre os diversos plantões e a equipe multiprofissional, possibilitando melhor assistência. A comunicação entre o doente e os profissionais que o atendem é de extrema importância para compreensão do quadro álgico e de seu alivio. No intuitode refinar a expressão dessa experiência e facilitar a comunicação entre doentes e profissionais, foram desenvolvidos instrumentos para a avaliação da dor. Os objetivos da avaliação da experiência dolorosa são: determinar os elementos que possam justificar, manter ou exacerbar dor, sofrimento e a incapacidade, apurar o impacto da dor navida do indivíduo e verificar a eficácia das intervenções terapêuticas propostas. Para entendermos a dor e sermos capazes de aliviá-la no processo da cura, devemos considerá-la em seu contexto mais amploque inclui as atitudes e expectativas mentais do paciente, sesistema de crenças, o apoio emocional da família e dos amigos, muitas outras circunstâncias. Em vez de lidar com a dor desse modo abrangente, a atual prática médica, atuando dentro deuma limitada estrutura biomédica, tenta reduzir a dor a um indicador de algum distúrbio fisiológico específico. Na maioria das vezes, a dor é tratada por meio da negação e suprimida com analgésicos. No entanto, várias atividades de enfermagem podem ser usadapara auxiliar a pessoa que manifesta dor, sendo elas: estabelecerrelação com o paciente que sente dor; ensinar ao paciente aresposta da dor; usar a situação paciente-grupo; lidar com outras pessoas que estejam em contato com o paciente; forneceroutros impulsos sensoriais; promover repouso e relaxamento;usar analgesia imaginada; diminuir os estímulos nocivos; utilizar outro auxílio profissional; permanecer com o paciente; explicar que a fonte de estímulos nocivos foi removida ou diminuídae auxiliar na assimilação da experiência com dorBalck&Matassarin-Jacobsafirmam que a interação terapêutica com alguém que apresenta dor pode incluir: a facilitação da expressão 21 dos sentimentos pelo paciente, o que lhe dará umsensação de que está sendo bem cuidado; oferecimento dapoio, tranquilização e compreensão, que podem aliviar a doatual ou prevenir a dor futura; ensinar aos pacientes medidaspara o alivio da dor. Avaliações realizadas e registradas sistematicamente podemcontribuir para a melhora do manejo do fenômeno doloroso,porém, em nosso meio, poucos são os serviços que se utilizamdesses instrumentos. A utilização de instrumentos padronizados para mensurar e avaliar as características da dor tem semostrado efetiva como estratégia para o registro de dados sobrea dor e analgesia. No entanto, a inexistência desses instrumentos não impede quea dor seja avaliada e registrada. A mensuração das características da dor compreende a identificação dos aspectos relativosao início da queixa, localização, intensidade, qualidade, frequência, duração, o padrão de instalação dos episódios e a investigação dos fatores de melhora e piora do sintoma. Compreendetambém investigar as ações implementadas, o alívio obtido comessas terapêuticas e os possíveis efeitos colaterais. A aferição da intensidade da dor é fundamental para o planejamento e a verificação da terapia proposta. Deve ser verificada naadmissão do doente, após um procedimento doloroso, com oaparecimento de uma nova queixa álgica e, rotineiramente, emintervalos regulares, dependendo da natureza e magnitude daDor. Para realizar a avaliação, o enfermeiro terá de fazer uma análiseda sua intervenção e, através dela, avaliar a reação do doente àsações de enfermagem que lhe foram executadas e alterá-las, senecessário, pois só assim podemos considerar satisfatória a assistência ao doente, face à problemática da dor. A mensuração da dor no homem é essencial para a avaliação dosmétodos de controle dador. Para avaliação da dor do paciente, pode-se usar uma grande variedade de escalas unidimensionais para mensurar a intensidade da dor. No entanto, o desafio para o enfermeiro é adaptarcada instrumento à capacidade cognitiva e psicomotora de cadapaciente, adulto ou criança, para que os dados subjetivos referidos possam ser traduzidos da forma mais objetiva possível. Éimportante, utilizar protocolos padronizados para que todos osprofissionais avaliem de forma sistemática as experiências dospacientes. Vários métodos são utilizados para mensurar a percepção e sensação da dor. Alguns consideram a dor como uma qualidadesimples, única e unidimensional que 22 varia apenas em intensidade. São exemplos a Escala Visual Numérica (EVN), graduada dezero a dez, onde zero significa “ausência de dor” e dez, “pior dorimaginável”, e a Escala Visual Analógica (EVA) , que consiste deuma linha reta, não numerada, onde uma extremidade corresponde à “ausência de dor”, e a outra a “ pior dor imaginável”. Escala Verbal Descritiva Esta escala, ou escala de avaliações verbais, consiste em umaescolha de três a cinco palavras ordenadas numericamente, descritoras como nenhum, pouco, modesto, moderado ou grave. Onúmero que corresponde à palavra escolhida é usado para determinar a intensidade da sensação dolorosa em nível ordinal. Éuma escala pequena, sendo fácil para o paciente marcar e para aenfermeira analisar, bem como aplicável para qualquer tipo dedor clínica. Escala Visual Analógica Esta escala consiste em uma linha que representa uma qualidadecontinua de intensidade e dados verbais – nenhuma dor ou dormáxima. O tamanho da linha pode variar, mas é frequentementede 10 cm. Esta escala é mais indicada uma vez que o respondentemarca em qualquer ponto na escala, ao contrário da escala verbal descritiva em que deve escolher uma palavra. Sua utilizaçãopode ser muito útil em situações clinicas nas quais se desejemensurar a intensidade como resultado de um tratamento, sendo fácil de administrar e marcar. Esta escala produz dados nivelados em intervalos, podendo ser usados parâmetros estatísticos na análise. Escala Numérica É utilizada para a criança graduar sua dor em intervalos de 0 a 5ou 0 a 10, onde 0 significa ausência de dor e 5 ou 10 respectivamente significam a pior dor imaginável. Escala Das Faces É uma escala que contém seis faces e estas são mostradas àcriança. Primeira figura é muito sorridente, e as expressões vãose transformando até chegar à última que é muito triste. As figuras intermediarias mostram graus crescentes de tristeza. A criança escolhe a face que se parece com a sua em situação de dor. 23 A avaliação da queixa dolorosa é reconhecida como um direitode todos os doentes e deve ser investigada em toda internação. O manejo da dor compreende uma abordagem inicial e regular. Aavaliação da dor inclui o local, a intensidade, a frequência, aduração e a qualidade e deve ser registrada em instrumentospara tal finalidade, sendo que para avaliação da intensidade osinstrumentos descritos anteriormente poderão ser utilizados. 8. O CUIDADO DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE COMDOR Ao se falar de cuidado deve-se levar em conta que para o mesmoocorrer se faz necessário um processo interativo onde o profissional cuidador, no caso o enfermeiro, aplique além de sua habilidade técnica, conhecimentos, intuição e, sobretudo, muita sensibilidade para com o indivíduo a ser cuidado. Nesta perspectiva cuidar de alguém com dor não significa apenas realizar técnicas para deixá-lo “confortável”, mas também, mostrar na relaçãoprofissional/cliente, interesse, compaixão, afetividade, consideração que têm o intuito de aliviar, confortar, apoiar, ajudar, favorecer, promover, restabelecer, e torná-lo satisfeito com o seu viver. Considera-se que o domínio técnico-científico possa contribuirpara uma melhor assistência ao paciente com dor. No entanto,referente a esta temática podemos constatar que há relatos defalhas de conhecimento, crenças e atitudes equivocadas, inadequada avaliação e insuficiente registro sobre dor e analgesia. A análise dos registros de enfermagem em prontuário de doentes hospitalizados pode propiciar a identificação de problemasrelativos ao controle de dor e subsidiar propostas de soluçõescalcadas na nossa realidade. No entanto pesquisas demonstramque os registros sobre a avaliação da dor são insuficientes epouco contribuem para o adequado cuidado do paciente comdor. O enfermeiro precisa saber quando ocorre a dor e como ela afetao doente, para poder ajudá-lo. Para isso é necessário utilizartécnicas de comunicação, as quais envolvem, entre outros aspectos, o respeito pela individualidade do doente, o estabelecimento de uma relação empática, o desejo de sentir o mundodesse indivíduo como se fosse nosso e, finalmente, saber escutar e questionar com perguntas simples, e diretas, no sentido deajudar a compreender a sua dor . 24 A observação permite ao enfermeiro verificar aspectos comportamentais do doente que são concretos e observáveis, tais como: · A existência de dor e suas características em termos delocalização, intensidade, descrição (aguda, lancinante, espasmódica, violenta), duração e recorrência; · A reações comportamentais do doente à dor: qual a suaexpressão facial: se chora; como é que ele a expressa verbalmente; como é que a encara; como reage (tem medo, fica angustiado,irritável, ou com insônias...); · Os fatores fisiológicos associados: se manifesta taquicardia, aumento da pressão arterial, taquipnéia, palidez, sudorese ou alteração da tensão muscular. Em suma, podemos dizer que, de acordo com a situação, asações de enfermagem podem englobar diversas técnicas, quepodem ser desenvolvidas de forma direta ou indireta através de: Aproveitamento de um relacionamento confiante; Criação de um ambiente calmo; Criação de uma sensação de conforto geral; Mudanças de posição; Distração para desviar a sua atenção da dor; Alteração na condução do estímulo; Técnicas de modificação comportamental; Promoção da autoconfiança; Estabelecimento de uma boa comunicação-empatia; Apoio emocional ao doente e família. Além destas medidas, o enfermeiro pode, no intuito de uniformizar a prática com linguagem específica, após a elaboração dodiagnóstico de enfermagem de dor aguda ou crônica, utilizarIntervenções de Enfermagem (NursingInterventionClassification -NIC). Cabe destacar que estas intervenções foram criadas através deexperiências da prática clínica na intenção de uniformizar as açõesdo enfermeiro junto aos pacientes a seus cuidados, sendo, portanto, uma taxonomia como os diagnósticos de enfermagem. O enfermeiro deve exercer seu papel no controle da dor, temresponsabilidade na avaliação diagnóstica, na intervenção e monitorização dos resultados do 25 tratamento, na comunicação dasinformações sobre a dor do paciente, como membro da equipede saúde. Acredita-se que a educação em enfermagem não parece estarpreparando enfermeiros para o manejo da dor na área clínica. Para o manejo adequado da dor, os enfermeiros precisam ter oentendimento de cada um de seus componentes e apresenta osseguintes sentimentos como sendo desses profissionais comrelação à dor: a dor é um resultado esperado de muitos procedimentos médicos, deste modo, o alivio da dor não necessita serpriorizado; o manejo da dor não é de sua responsabilidade jáque são os médicos quem prescrevem as drogas analgésicas. Talvez o ponto crucial para melhorar o manejo da dor entre enfermeiros seja incentivando cada vez mais o conhecimento teórico e prático, mostrando a importância de uma avaliação desprovidas de preconceitos e tabus, utilizando métodos precisose apropriados para tal avaliação. Do ponto de vista do gerenciamento de enfermagem, é importante estabelecer- se o patamaraceitável de dor, em intensidadee em frequência, na instituição, considerando as condições clinicas ou patológicas. Esses parâmetros permitem estabelecerprotocolos de assistência em dor e analgesia e propiciar treinamento da equipe no tema, desenvolvimento de instrumento parasua documentação e auditoria sistemática para análise da situação. No que diz respeito à documentação, os trabalhos apontam queesse aspecto é problemático, mesmo quando da utilização deinstrumentos padronizados para registro. No entanto, registrossão formas de comunicação entre as equipes entre os turnos,além de fonte de pesquisas e base para a auditoria. Sua ausênciaou baixa qualidade quantitativa e qualitativa compromete a assistência ao doente e, portanto, o aperfeiçoamento dos registros é meta a ser perseguida. Acredita-se que a adoção de um padrão de avaliação diária dodoente, especificamente sobre dor, possa contribuir para o aperfeiçoamento da assistência de enfermagem. 26 9. AVALIAÇÃO CRITERIOSA DE ELEGIBILIDADE A admissão do usuário na Atenção Domiciliar dá-se a partir do estabelecimento de alguns critérios de elegibilidade, de forma a buscar sua segurança antesmesmo de ser incluído nessa modalidade de cuidado. Os critérios são divididos emclínicos, que tratam sobre a situação do paciente, procedimentos indispensáveisao cuidado e frequência de visitas necessárias; e administrativos, que consideramos aspectos operacionais e normativos primordiais para a viabilidade do cuidadoem AD (BRASIL, 2012). Em relação aos critérios clínicos, é muito importante ter a correta noção doperfil daqueles usuários que podem receber cuidados domiciliares – o quadroclínico precisa ser estável o suficiente para que o fato de estar em casa nãosignifique um risco adicional ao usuário. Deve-se, também, diferenciar os casoselegíveis para as equipes do Serviço de Atenção Domiciliar (modalidades AD2 eAD3) daqueles que devem ser acompanhados pela Atenção Básica (modalidadeAD1). Como já mencionado, nas modalidades AD2 e AD3 há maior complexidadee necessidade de maior intensidade de cuidados, com visitas multiprofissionaisno mínimo semanais, além da necessidade de realização de procedimentos maiscomplexos, por vezes, envolvendo o uso de equipamentos médico-hospitalares. Quanto aos critérios administrativos, é necessária a concordância do usuárioou da família para a inclusão nos SAD e morar em região coberta pelo serviço. Adefinição de cuidador(es) comprometido(s) com o cuidado e disposto(s) a ser(em)capacitado(s) é fundamental no caso de usuários com algum grau de dependênciae uso de dispositivos como, por exemplo, cateter nasoenteral ou traqueostomia. 27 10. GARANTIA DE CONTINUIDADE DO CUIDADO Para a continuidade responsável do cuidado, é necessário garantir alguns requisitos, antes da admissão pela equipe de AD: • Fornecimento regular, por parte do município ou estado, de materiais, equipamentos e insumos necessários para a atuação da equipe no domicílio. • Presença de cuidador apto, nos casos de usuários dependentes funcionalmente. Devem-se verificar com o cuidador suas condições de realização de ações necessárias, realizando treinamento prévio para o início do atendimento, mantendo capacitações permanentes e disponibilizando um canalde comunicação por via telefônica sempre que surgir alguma dúvida docuidador em relação ao cuidado. • Domicílio com condições adequadas para o tipo de cuidado proposto, tal como o fornecimento ininterrupto de energia elétrica quando o pacientefizer uso de aparelhos elétricos. • Avaliação da forma de transporte adequado do usuário para o domicílio,podendo incluir a necessidade de acompanhamento de profissionais desaúde e o uso de ambulâncias. Vale ressaltar que não há intenção de se excluir a possibilidade de atendimento no domicílio em função dessas condições, mas de adequá-lo o melhor possívelàs demandas de cada situação, antes mesmo do retorno do usuário à sua casa. Depois de verificadas estas condições, cabe às equipes (demandante e Emad) aelaboração da alta programada e responsável para que a transferência do usuário do hospital ou das unidades de urgência para o domicílio seja realizada naforma e no tempo oportunos. Para a garantia da continuidade do cuidado, tão importante quanto umacuidadosa avaliação para a admissão do usuário é a avaliação do momentooportuno de alta do SAD. Esse processo deve ser pensado desde o início do atendimento, considerando que é um serviço transitório, devendo-se permanentementepromover o vínculo com o serviço da Atenção Básica existente no território dousuário. Alguns aspectos a serem considerados no processo de alta do SAD: • A evolução clínica do usuário, permitindo cuidado menos intensivo. • As condições (potências e dificuldades) do usuário/família/cuidador para oseguimento das ações de sua responsabilidade. • As condições psicossociais do usuário e família/cuidador para o seguimento 28 dos cuidados, avaliando-se a necessidade de encaminhamento para obtenção de benefício assistencial, no que for de direito do usuário. • Avaliação das possibilidades de atuação dos demais pontos da Rede deAtenção à Saúde (potências e possíveis dificuldades), especialmente noâmbito da equipe de Atenção Básica, diante das necessidades do usuário. • Organização de acesso a insumos e equipamentos necessários, conforme os fluxos locais. • Realização da transição do cuidado, com atenção especial ao fortalecimento do vínculo entre usuário/família/cuidador com a nova equipe/serviço. Por fim, destaca-se que se a alta do SAD é devida à necessidade de intensificação dos cuidados por agravamento do caso, faz-se necessária pactuação préviacom a rede de urgência e hospitalar, para que nenhum atraso por dificuldade defluxos entre serviços prejudique ou coloque em risco a vida do usuário. Estes e outros elementos apresentados no decorrer deste documento estãoapresentados de maneira sintética no Anexo B, checklist para auxiliar na verificação de aspectos relacionados à segurança do paciente em Atenção Domiciliar. 11. PRÁTICAS DE SEGURANÇA DA EQUIPE E DOSCUIDADORES Entre os diversos cuidados imprescindíveis para a segurança do paciente estão alguns procedimentos básicos que precisam ser adaptados para o contexto domiciliar e que devem ser adotados rigorosamente, tanto pela equipe assistente, quanto pelos cuidadores – que, na sua maioria, são informais, em geral os próprios familiares. Os mais importantes e frequentes são: Precauções Básicas Padronizadas De acordo com os Centers for DiseaseControlandPrevention (CDC) (2007 apud MENDES; SOUSA, 2014), a circulação de usuários por diferentes níveis de cuidados motivou a criação do conceito de Precauções Básicas Padronizadas, que são medidas padronizadas para o cuidado em saúde, independentemente do local em que sejam realizados. As medidas padronizadas citadas e que concernem a estecontexto são: colocação (acomodar o usuário de acordo com sua complexidadeou risco), 29 higienização das mãos, higiene respiratória, utilização de Equipamentode Proteção Individual (EPI), manuseamento seguro da roupa e coleta segura deresíduos. Essas medidas devem ser adotadas por cuidadores e profissionais, demodo a evitar o surgimento de infecções no tratamento em domicílio e outrascomplicações. Cabe destaque o processo de higienização das mãos, por ser medidaindividual e pouco dispendiosa para a prevenção e o controle de infecções. No domicílio, essa prática deve ser reforçada, também, entre os familiares e cuidadores,podendo ser realizada com água e sabonete líquido ou com preparação alcoólicapara a higiene das mãos. 12. PREVENÇÃO DE LESÕES POR PRESSÃO As lesões por pressão ocorrem na pele ou tecido subjacente, são resultantes dapressão ou da combinação entrepressão e fricção e causam danos aos usuários,como dores, infecções graves, internações prolongadas e sepse. Algumas medidas preventivas: • Realizar avaliação inicial para identificação de riscos de lesões (novas ou já existentes). Recomenda-se o uso de escalas preditivas, como a Escala deBraden1, para avaliação do risco e orientação das medidas de prevenção aodesenvolvimento de lesões por pressão. • Realizar reavaliação periódica de risco de desenvolvimento de lesões porpressão de todos os pacientes acompanhados pelo SAD. • Sinalizar em prontuário os usuários com risco alto e moderado de desenvolvimento de lesões por pressão. Isso facilita a abordagem preventiva multiprofissional. • Adotar de medidas de higiene e hidratação da pele. • Atentar à nutrição e à hidratação corporal. • Em casos de risco nutricional, orientar e providenciar os recursos disponíveis na rede de saúde ou por meio de articulações intersetoriais. • Orientar a mudança de decúbito no máximo a cada duas horas, para reduzir a duração e a magnitude da pressão exercida sobre áreas vulneráveisdo corpo. • Utilizar de superfícies de redistribuição de pressão. • Evitar movimentos que levem à fricção da pele. 30 • A realização de massagens em proeminências ósseas e áreas com hiperemiaé desaconselhada. • Evitar posicionar o paciente sobre cateteres, drenos e com proeminênciasósseas em contato direto entre si. • Manter lençóis e roupas de cama bem esticados, sem dobras. • Criar estratégias que estimulem o paciente a movimentar-se na cama, sempreque possível. • Estimular e orientar a realização de higiene íntima logo após diurese eevacuação. 13. CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Outra questão importante para a segurança do paciente é em relação aos medicamentos. O uso, os procedimentos envolvidos na sua administração e asrespostas orgânicas decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais capazesde provocar danos ao usuário. Portanto, é fundamental que tanto os profissionaisquanto os usuários e cuidadores compartilhem responsabilidades relacionadas aessa questão. Nesse sentido, alguns cuidados precisam ser tomados. Estes podem ser traduzidos por meio dos “nove certos” para a administração de medicamentos, descritosa seguir (BRASIL, 2013a): 1. Usuário certo: certificar-se de que o medicamento será administrado aousuário para quem é prescrito. 2. Medicamento certo: certificar-se de que o medicamento a ser administrado é o correto. Se houver dúvida em relação ao nome ou achar que é um medicamento errado, não se deverá administrá-lo antes de verificar com omédico prescritor. 3. Via certa: certificar-se de que a via de administração atende às especificidades do usuário e do medicamento em questão. 4. Hora certa: garantir que a medicação será administrada no tempo corretopara garantir os níveis séricos terapêuticos desejados. 31 5. Dose certa: certificar-se de que a dose a ser administrada confere com adose prescrita. 6. Registro certo: registrar todas as ocorrências relacionadas aos medicamentos, tais como horários de administração, adiamentos, cancelamentos,desabastecimento, recusa do paciente e eventos adversos. 7. Orientação certa: orientar sobre motivos do uso, efeitos esperados, formade uso adequado, os cuidados e os possíveis problemas relacionados aomedicamento, como, por exemplo, interação com outro(s) medicamento(s). 8. Compatibilidade medicamentosa: assegurar que os medicamentos a seremadministrados podem ser misturados, sem que precipitem ou formem pequenos cristais ou partículas na solução. 9. Direito a recusar o medicamento: o usuário tem o direito de recusar-se areceber o tratamento. Os profissionais das equipes do SAD podem auxiliar na identificação e noarmazenamento do medicamento pelo cuidador, para assegurar que o usuárioreceba o medicamento e dose corretas em cada momento. Além disso, há estratégias que podem ser facilitadoras nessa identificação e diminuição de erros porparte dos cuidadores, tais como: • A contagem da quantidade dos medicamentos a cada visita domiciliarpara avaliação da administração correta. • Evitar o excesso de informação gráfica ou visual que possa gerar confusãono entendimento. • Separação de medicamentos que devem ser utilizados em cada período dodia com figuras, cores, tabelas ou outro método. É fundamental, ainda, para o envolvimento do cuidador e do usuário com asegurança, que eles entendam o motivo daquele medicamento ser administrado,assim como reconheçam os sinais de alerta clínicos, os eventos adversos e saibamquais são as providências a serem tomadas. 32 CONCLUSÃO A segurança não é restrita apenas ao usuário. Sendo assim, as ações e os serviços devem ser organizados para atender o usuário e sua família, mas também oprofissional que oferece o cuidado em saúde. Como se pode ver no Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente (BRASIL, 2014, p.16), “transtornos que atingem a saúde mentaldo profissional da Saúde são considerados importantes fatores contribuintes doerro e dos eventos adversos”. Especialmente em um ambiente não institucional,muitas ocasiões são geradoras de sentimento de revolta, conflito, indignação e impotência nos profissionais. Diante disso, é de suma importância preservar aqualidade da saúde mental dos profissionais, propiciando espaços coletivos dediscussão e análise destas situações. Acidentes com materiais perfurocortantes e com material biológico apresentam alta incidência entre profissionais da saúde como consequências de inúmeros riscos ocupacionais e até mesmo de condições de trabalho a que se expõem. A prevenção pode ser trabalhada com o auxílio de capacitações quanto aos POPse Educação Permanente. Eventualmente, pode ocorrer a exposição da equipe a áreas com maioresíndices de violência. Portanto, algumas medidas podem ser adotadas a fim dediminuir os riscos aos profissionais, tais como: • Utilização de carro com identificação do serviço visível a distância. • Identificação dos profissionais por meio do uso de crachá ou jaleco. • Comunicação e pactuação com a família quanto ao dia e melhor horáriopararealização da visita domiciliar. • Busca de informações na unidade básica de saúde sobre a situação do território em que se situam as residências cobertas pelo SAD. • Evitar áreas que estejam em conflitos entre facções, oferecendo alternativasque assegurem a continuidade do cuidado a estes usuários e sem riscosadicionais para as equipes de Atenção Domiciliar. Na Atenção Domiciliar é primordial que haja a oferta de Educação Permanentepara os profissionais, com espaços institucionalizados de discussão de 33 casos e reunião com outras equipes da Rede de Atenção à Saúde envolvidas, além de cursosde aprimoramento e seminários para integração e fortalecimento da rede. A já citada Portaria GM/MS nº 825/2016 afirma que é uma das atribuições doprofissional se engajar nos processos de Educação Permanente (EP) envolvendoEmad e Emap. A EP contribui para a qualificação e saúde do trabalhador, bemcomo para a organização dos processos de trabalho e, consequentemente, repercute na segurança tanto dos próprios trabalhadores quanto dos usuários. 34 REFERÊNCIAS CORTES, C. C. Historia y desarrollo de los cuidados paliativos. In: Marcos G. S. (ed.). Cuidados paliativos e intervención psicossocial em enfermos com cáncer. Las palmas: ICEPS, 1988. FRANCO, M. H. P. Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade: psicologia. Cuidado paliativo, CREMESP, 1-III, p. 74-6, 2008. GALRIÇA NETO, I. Pequeno manual básico de cuidados paliativos – Região de Saúde de Lisboa. MACIEL, M. G. S. Definições e princípios.Cuidado paliativo, CREMESP, 1-I, p. 18-21, 2008. MONTEIRO, M. G. F. Transição demográfica e seus efeitos sobre a saúde da população. In: Barata, R. B. et al. Eqüidade e saúde: contribuições da epidemiologia. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ABRASCO, 1997. PESSINI, L. Cuidados paliativos: alguns aspectos conceituais, biográficos e éticos. Prática hospitalar, n. 41, p. 107-12, 2005. PESSINI, L. Distanásia: até quando investir sem agredir? Bioética, v. 4, p. 31-43, 1996. SAPORETTI, L. A. Espiritualidade em cuidados paliativos. Cuidado paliativo, CREMESP, 4-I, p. 522-3, 2008. SIQUEIRA, J. E. Doente terminal. Cadernos de Bioética do CREMESP, v. 1, 2005. TWYCROSS, R. Medicina paliativa: filosofia e considerações éticas. Acta Bioética, n. 1, 2000.
Compartilhar