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PERSONAL TRAINER - PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO E ENVELHECIMENTO AULA 1 Prof. Rafael Luciano de Mello 2 INTRODUÇÃO Com o aumento da expectativa de vida da população, a capacidade de envelhecer com uma qualidade de vida suficiente tem sido foco de atenção nas últimas décadas (Zhong et al., 2020). Entendendo que o envelhecimento se dá muito antes de se atingir idades avançadas, é preciso considerar os múltiplos fatores que podem influenciar esse processo dinâmico, biológico e progressivo, como os hábitos acumulados durante toda uma vida. Os idosos já são 13% da população em todo o mundo, parcela essa que pode aumentar consideravelmente nos próximos anos (Park; Lafrombois, 2019), e incorrem nos maiores custos com saúde, que chegam a 35% dos seus gastos gerais (Sato et al., 2020). Melhorar capacitações profissionais e direcionar estudos para essa fase da vida, com enfoque em construir comunidades que promovam a saúde, por meio de apoio à funcionalidade, independência e hábitos saudáveis de idosos, terá grande potencial de abarcar essa demanda anualmente crescente. Os idosos possuem peculiaridades em decorrência de seu processo crônico degenerativo, característico e inevitável do avanço da idade. Apesar do seu declínio funcional, morbidades e aumento das chances de mortalidade (Sattelmair; Petman; Forman, 2009), essa desvantagem pode ser compensada ou postergada pela adoção de um estilo de vida mais ativo (Paterson; Warburton, 2010). Por isso, as estratégias preventivas são fundamentais para mudança de comportamentos, priorizando-se efeitos duradouros e regulares de se envolver em práticas saudáveis, mantendo-se uma vida funcional, independente e ativa (Gebauer et al., 2020). Dessa forma, as estratégias de prescrição de exercícios físicos para essa população devem ser diferentes do que para outras faixas etárias, sendo pautadas na individualização e requerendo rotinas adaptativas de acordo com a experiência, as morbidades preexistentes e as funcionalidades de cada pessoa. Esse é o público-alvo para o qual menos se tem profissional qualificado para atuação quanto a exercícios físicos e, igualmente, o que possui maior necessidade e urgência de realizá-los, em decorrência de seu ciclo deletério ser mais intenso e acarretar incapacidade funcional ou mortalidade precoce. A sequência dos temas desta aula perpassa pelo conhecimento contextual das doenças associadas ao envelhecimento, pelos principais testes funcionais para idosos, pela prescrição de exercício físico para idosos com 3 hipertensão, osteoporose, diabetes, obesidade, depressão e por recomendações para atendimento domiciliar e individualizado. TEMA 1 – DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO Há uma fronteira entre a saúde e a doença no processo de envelhecimento, este podendo ser acelerado ou retardado a depender do lado em que se encontra a pessoa idosa, naquela fronteira. O número de mudanças que acontecem no corpo com o avançar da idade é notavelmente longo e inclui mudanças distintas, como pele enrugada, diminuição gradual na altura, redução de massa muscular e óssea, declínio da função renal, pulmonar, cardíaca, cerebral, imunológica e endócrina (Macnee; Rabinovich; Choudhury, 2014). Nem todos que vivem mais possuem boa saúde à medida que envelhecem, e muitos sofrem acometidos por inúmeros e complexos problemas de saúde. Porém, suas condições invariavelmente dependerão de algumas escolhas feitas no curso da vida. Engajar-se o quanto antes em programas de exercícios físicos, por exemplo, pode ser o ponto de inflexão entre um quadro de saúde ou doença. Mesmo para aqueles que possuem alguma comorbidade, esta pode ser controlada e seus efeitos, retardados ou contidos pela regularidade do comportamento ativo. Os benefícios evidenciados pela prática regular de exercícios físicos em todas as faixas etárias são notáveis e se estendem desde a menor chance de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), passando pela melhora da aptidão física, até o controle do peso corporal e da saúde mental. Todavia, percebe-se que esses problemas têm se agravado nas últimas décadas e em parte isso pode ser explicado pelo estilo de vida. Comportamentos saudáveis praticados nas fases mais jovens aumentam as chances de se manter engajado quando na terceira idade. Mas, os fatores de risco relacionados à carga global de doenças no Brasil (Tabela 1) têm se mostrado elevados ao longo dos anos. A glicemia de jejum aumentada, por exemplo, pode ser explicada pelo crescimento da obesidade, do envelhecimento populacional e por um estilo de vida marcado por alimentação inadequada e inatividade física. A mesma leitura pode ser feita sobre a pressão sistólica elevada e a taxa de filtração glomerular baixa (Malta et al., 2019), possivelmente indicando que hábitos saudáveis ainda não estão sendo priorizados, seja por falta de oportunidades, seja por falta de condições financeiras, tempo, conhecimento ou interesse. 4 Tabela 1 – Fatores de risco relacionados à carga global de doenças no Brasil Fator de risco Variação de 2005 a 2015 Homens (%) Mulheres (%) Tabagismo passivo +0,3 +14 Dieta com alto teor de bebidas açucaradas +7,1 +6,7 Atividade física insuficiente +1,7 +1,5 Glicemia de jejum elevada +6,7 +5,8 Colesterol elevado +3,8 +4,8 Pressão sistólica elevada +0,7 -1,8 Densidade mineral óssea baixa -4,7 -2,6 Taxa de filtração glomerular baixa +1,2 +1,4 Fonte: Adaptado de Malta et al., 2017. A adesão de idosos a programas de exercício físico está diretamente relacionada à motivação da prática, seja por questões de manutenção de saúde, seja para tratamento de doenças ou mesmo por sociabilização, pois muitos vivem sozinhos ou são ignorados pela família. Nesses programas, os idosos podem estabelecer contato com o profissional de educação física e com outros praticantes de exercícios, isso refletindo, por exemplo, em sua saúde cognitiva. Essa adesão pode ser melhorada com atitudes simples, durante as rotinas de trabalho. O profissional deve informar aos idosos os benefícios da prática de exercícios e os riscos da sua não regularidade. Também é desejável criar uma atmosfera de treinamento amigável e familiar com o praticante. Para que haja, ainda, uma execução adequada dos exercícios, estes devem ser monitorados de perto, dedicando-se atenção a cada movimento realizado pelos idosos (Angulo et al., 2020). Os idosos tendem a valorizar a correção das execuções e os feedbacks, que prezam por sua segurança e/ou retroalimentam a constância da prática. Por isso a importância de que os programas de exercício sejam estruturados, contenham prescrições adequadas, individualizadas e completas. 5 Não contemplar todas as nuances necessárias para suprir a demanda da vida cotidiana do idoso pode desestimulá-lo ou até gerar efeitos contrários às metas estabelecidas. Idosos que não realizam exercícios de flexibilidade, por exemplo, possuem uma perda significativa nas propriedades elásticas do tecido musculoesquelético e dos tecidos conjuntivos das suas articulações. Com esse enfraquecimento de estruturas importantes, as suas quedas começam a ficar mais frequentes e acabam por ocasionar outros agravos na sua saúde como um todo (Matos-Duarte et al., 2021). De fato, cerca de 92 doenças estão relacionadas ao envelhecimento. Dessas, 5 são doenças transmissíveis, 6 são oriundas de lesões e 81 são doenças não transmissíveis. Entre as doenças não transmissíveis, 13 são doenças cardiovasculares (DCV), há 35 cânceres, 6 doenças respiratórias crônicas, 5 doenças digestivas, 3 diabetes e doenças renais, 3 distúrbios neurológicos, 7 distúrbios dos órgãos dos sentidos, 5 doenças cutâneas e subcutâneas e 4 outras. Globalmente, aquelas que resultam em mais mortes são doença isquêmica do coração, hemorragia intracerebrale doença pulmonar obstrutiva crônica. É relevante ponderar que o aumento da longevidade não deve ser um incremento de período na vida em que os efeitos do envelhecimento prejudiquem demasiado a qualidade dessa vida, mas sim uma oportunidade de mudança de comportamento para viver-se não só mais, como também melhor (Chang et al., 2019). TEMA 2 – TESTES FUNCIONAIS PARA IDOSOS Antes do início de qualquer programa de exercício físico, e principalmente para aqueles que não possuem nenhuma experiência ou aptidão física prévia, recomenda-se a realização de uma triagem para identificar possíveis fatores de risco que comprometam a realização de determinada atividade. Em posse dos resultados dessa triagem, o conhecimento sobre as reais condições de saúde do indivíduo para iniciar um programa será mais seguro, devendo inclusive se encaminhá-lo a um médico de confiança para avaliação mais pontual, após a identificação de um ou mais fatores de risco. Homens com 40 anos ou mais e mulheres com 50 anos ou mais, inativos e com alto risco de DCV, devem necessariamente consultar um médico antes de praticar exercícios de intensidade mais vigorosa. Frisa-se que ferramentas de triagem de fácil acesso e praticidade de operação estão disponíveis para aplicação, independentemente do nível de aptidão ou histórico do praticante, pois esses testes têm exatamente 6 o propósito de identificar o perfil de cada pessoa. O Quadro 1 mostra os itens que compõem o chamado questionário de prontidão para atividade física (PAR- Q) como uma opção para essa finalidade (ACSM, 2018). Quadro 1 – Questionário de prontidão para atividade física (PAR-Q) Não Sim 1. Algum médico já disse que você sofre de uma condição cardíaca e que somente deveria realizar atividade física recomendada após uma avaliação médica? 2. Você sente dor no tórax quando realiza uma atividade física? 3. No último mês, você teve dor no tórax quando não estava realizando uma atividade física? 4. Você perde o equilíbrio em virtude de uma vertigem ou alguma vez já perdeu a consciência? 5. Você tem algum problema ósseo ou articular que poderia ser agravado por uma mudança em sua atividade física? 6. Seu médico está prescrevendo medicamentos, atualmente (por exemplo, pílulas diuréticas), para sua pressão arterial ou condição cardíaca? 7. Você conhece alguma outra causa para não realizar uma atividade física? Praticante sem risco: nenhum fator registrado (Não assinalado em todos os sete itens). Praticante com risco: registrado um fator ou mais de risco (Sim assinalado em um ou mais itens). Fonte: Adaptado de ACSM, 2018. Em seguida, a avaliação das capacidades funcionais deve projetar o fornecimento de resultados objetivos sobre a função física do idoso, acompanhando a sensibilidade de mudanças de seu perfil, capturando a biologia real de suas funcionalidades e a qualidade dos seus movimentos, conforme 7 avaliados diante de suas tarefas cotidianas. A verificação da flexibilidade, considerada como a capacidade de movimentar uma articulação por meio de sua amplitude de movimento completa, nos limites morfológicos, sem que haja um risco de lesão, pode determinar a capacidade do idoso de realização das suas atividades diárias e, consequentemente, dos exercícios físicos de um programa, sem que haja, em ambos os cenários, um comprometimento das articulações, da musculatura e da estrutura óssea desse idoso. Inúmeros testes são propostos, cada um para uma região específica do corpo; todavia, compreende-se que a região do tronco seja a que mais impacte a execução de qualquer movimento. Assim, o teste de sentar e alcançar no banco de Wells, instrumento que avalia o encurtamento dos músculos posteriores da coxa e sua influência na flexibilidade da região inferior da coluna lombar e quadril, tem sido amplamente aplicado. Para sua realização, o praticante é instruído a manter as pernas estendidas e realizar três tentativas de efetuar um movimento de alcance, mensurado em centímetros (cm), até o marcador máximo conseguido. Considera-se como resultado o maior valor das três tentativas e classifica-se esse resultado de acordo com a tabela de categorias de aptidão, por grupo de idade, para flexão de tronco (ACSM, 2018). Outra ferramenta importante a ser administrada é o teste de caminhada de 400 metros, realizado em menos de 15 minutos, com uma velocidade média de marcha de 0,4 metro por segundo (m/s). Tal distância é compatível com cerca de duas quadras de um bairro e pode identificar presença de incapacidade motora (Patrizio et al., 2020). Na mesma linha, a resistência cardiorrespiratória pode representar uma capacidade essencial para redução de chances de desenvolvimento ou agravo das DCNT e das doenças crônico-degenerativas. O maior aprimoramento desse componente da aptidão física ocorre quando o exercício envolve o uso de grandes grupamentos musculares por períodos prolongados e em atividades de natureza rítmica e aeróbia. Para essa finalidade têm-se utilizado estimativas de avaliação indireta do volume máximo de consumo de oxigênio (VO2máx), que tem por unidade de medida o milímetro por quilograma por minuto (mL/kg/min). Validado para mensuração da população idosa, o teste de caminhada intitulado Rockport One Mile objetiva o indivíduo caminhar por 1 milha, cerca de 1,6 quilômetros (km), no menor tempo possível, em uma pista ou superfície plana (Onetti-Onetti et al., 2020). O cálculo do esforço considera a idade em anos, a 8 estatura em cm, o peso em kg, a frequência cardíaca máxima (FCmáx) em batimentos por minuto ao final do teste e o tempo de execução em minutos. As equações diferem de acordo com o sexo (Quadro 2). Quadro 2 – Equações de mensuração do VO2máx para idosos, aplicadas ao teste de caminhada Rockport One Mile Homens: Mulheres: 𝑽𝑽𝑽𝑽𝟐𝟐𝒎𝒎á𝒙𝒙 = 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏,𝟓𝟓𝟓𝟓𝟓𝟓 −(𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟓𝟓𝟎𝟎𝟓𝟓 × 𝟐𝟐,𝟐𝟐𝟎𝟎𝟐𝟐𝟏𝟏 × 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑) −(𝟎𝟎,𝟑𝟑𝟎𝟎𝟎𝟎𝟓𝟓 × 𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒑𝒑) −(𝟐𝟐,𝟓𝟓𝟓𝟓𝟏𝟏𝟏𝟏 × 𝒕𝒕𝒑𝒑𝒎𝒎𝒑𝒑𝒑𝒑) −(𝟎𝟎,𝟏𝟏𝟏𝟏𝟎𝟎𝟓𝟓 × 𝑭𝑭𝑭𝑭𝒎𝒎á𝒙𝒙) 𝑽𝑽𝑽𝑽𝟐𝟐𝒎𝒎á𝒙𝒙 = 𝟏𝟏𝟓𝟓𝟐𝟐,𝟎𝟎𝟓𝟓𝟓𝟓 −(𝟎𝟎,𝟎𝟎𝟓𝟓𝟐𝟐𝟓𝟓 × 𝟐𝟐,𝟐𝟐𝟎𝟎𝟐𝟐𝟏𝟏 × 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑) −(𝟎𝟎,𝟑𝟑𝟓𝟓𝟎𝟎𝟓𝟓 × 𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒑𝒑) −(𝟑𝟑,𝟓𝟓𝟓𝟓𝟐𝟐𝟐𝟐 × 𝒕𝒕𝒑𝒑𝒎𝒎𝒑𝒑𝒑𝒑) −(𝟎𝟎,𝟏𝟏𝟎𝟎𝟐𝟐𝟓𝟓 × 𝑭𝑭𝑭𝑭𝒎𝒎á𝒙𝒙) Fonte: Elaborado com base em ACSM, 2018; Onetti-Onetti et al., 2020. A potência muscular, força máxima que um músculo consegue gerar na menor unidade de tempo; e a resistência muscular, capacidade que um músculo tem de realizar contrações repetidas, resistindo a fadigas, também apresentam relevância na análise da aptidão física de idosos. Os testes mais práticos utilizados, principalmente para classificar o praticante iniciante, são os testes de flexão de braços e abdominal. Nos testes de flexão de braços, registra-se o número máximo de repetições realizadas ininterruptamente por uma pessoa, enquanto no teste abdominal registra-se o seu número máximo de repetições num período de 60 segundos. Para avaliações de praticantes mais experientes ou com níveis mais avançados de aptidão física, testes que visem, por exemplo, à predição de 1 repetição máxima (RM) em idosos também podem ser aplicados (Knutzen; Brilla; Caine, 1999). Métodos e ferramentas como essas têm a capacidade preditiva de mostrar os resultados das funções físicas de força muscular e desempenho físico, bem como auxiliar na estruturação de programas de exercício. Intervenções baseadas nesses protocolos individualizam o tratamento para cada praticante, prevenindo e controlando as condições relacionadas à idade, além de identificarem os níveis de risco dos indivíduospara realização de determinada atividade e servirem como marcadores de monitoramento da eficácia dos 9 programas propostos, primando sempre pelo bem-estar e segurança do idoso (Patrizio et al., 2020). TEMA 3 – PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM HIPERTENSÃO No Brasil, 60% dos idosos são diagnosticados com hipertensão arterial, e essa prevalência tende a aumentar em decorrência do alastramento de hábitos não saudáveis e da crescente expectativa de vida. Alto consumo de sódio, de gorduras saturadas, obesidade e estresse excessivo são alguns dos fatores de risco mais comuns que podem desencadear a hipertensão (Barroso et al., 2021). Como prevenção primária, recomenda-se manter um índice de massa corporal (IMC) adequado, entre 18,5 a 24,9 quilogramas por metro quadrado (kg/m2); um consumo de sódio menor que 2,4 gramas por dia; a manutenção adequada da ingesta de potássio em 3,5 gramas por dia; uma dieta rica em frutas, verduras e legumes diversificados; menos de 10% de gorduras saturadas, em relação ao total de gorduras; menos ou máximo de 30% de consumo de gorduras totais, em relação à dieta; e a prática regular de atividade física (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). 3.1 Processo fisiológico da hipertensão A hipertensão arterial é caracterizada pela elevada pressão do sangue nas artérias. No momento em que o coração bombeia o sangue para o resto do corpo, por meio das artérias, há uma tensão gerada na parede dessas, denominada de pressão arterial. São complexos os mecanismos que desencadeiam níveis elevados de pressão arterial, pois dependem da integração de diversos sistemas, como cardiovascular, renal, neural e endócrino. Além disso, mecanismos patogênicos também devem estar envolvidos, a ponto de a pressão arterial depender do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Alguns idosos, por exemplo, têm hipertensão sistólica isolada, com um débito cardíaco normal ou baixo, o que se deve provavelmente à perda da elasticidade da aorta, e diastólica fixa ou elevada, geralmente com diminuição do débito cardíaco. Há uma baixa gradual do fluxo sanguíneo renal com o aumento da pressão arterial diastólica, isso resultando na esclerose arteriolar. Isso mostra que o controle da pressão arterial necessita de um alinhamento dos 10 mecanismos neuro-humorais, que, quando sobrecarregados de maneira crônica, acabam por inferir em estruturas anatômicas do indivíduo (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). A pressão arterial hipertensa é definida por níveis de pressão sistólica acima de 140 milímetros de mercúrio (mmHg) e diastólica acima de 90 mmHg, como mostra a Tabela 2. Idosos tendem a ter uma pressão sistólica mais alta e a diastólica mais baixa, e o produto da subtração de ambas é a pressão de pulso. Quanto maior a variância desta, maior é a rigidez arterial. Estima-se que a carga genética explica 43% da variação sistólica e 49% da diastólica (Fermino et al., 2009). Tabela 2 – Classificação da pressão arterial de acordo com as Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial: 2020 Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg) Ótima < 120 e < 80 Normal 120-129 e/ou < 85 Pré-hipertensa 130-139 e/ou 85-89 Hipertensa estágio 1 140-159 e/ou 90-99 Hipertensa estágio 2 160-179 e/ou 100-109 Hipertensa estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110 Fonte: Adaptado de Barroso et al., 2021. 3.2 Prescrição e cuidados Pessoas classificadas como com baixa aptidão cardiorrespiratória têm 1,5 vezes o risco de desenvolver hipertensão arterial. Do mesmo modo, gasto energético menor que 2.000 quilocalorias (kcal) por semana está associado a um risco aumentado de 1,3 vezes de se desenvolver hipertensão arterial. Todavia, observa-se que pessoas consideradas de alto risco para desenvolver hipertensão, quando praticantes de um programa de prescrição de exercícios em intensidade moderada, com média de 30 minutos de duração e 70%-75% da aptidão máxima, em 3 dias por semana, associados com reeducação alimentar, 11 possuem menores índices de incidência da doença (Stamler, 1989). O treinamento resistido também apresenta efeitos positivos em programas com média de 14 semanas, em frequência semanal de 2-5 sessões de 38 minutos cada, com média de intensidade de 35% de 1 RM, com 1-4 séries de 6-14 exercícios e intervalos de 15-120 segundos. Os resultados disso mostram decréscimo de 2% na pressão arterial sistólica e 4% na diastólica (Kelley; Kelley, 2000). Atividades como caminhada, corrida, bicicleta e natação em intensidade de 30%-85% da aptidão máxima se mostram favoráveis para a redução média de 7,4 mmHg e de 5,8mmHg da pressão sistólica e da diastólica, respectivamente, em indivíduos hipertensos (Cornelissen; Fagard, 2005). A contribuição desses programas está ligada à redução da noradrenalina no plasma e no volume cardíaco, além de à diminuição da resistência total periférica, à regulação do sistema nervoso simpático e a alguma alteração no sistema renina-angiotensina-aldosterona (Goessler; Polito; Cornelissen, 2016). Alguns cuidados são essenciais para a realização de exercícios físicos para idosos com hipertensão arterial. Como o processo natural do envelhecimento ocasiona alterações na parede das artérias, enrijecendo ou diminuindo seu espessamento, isso pode levar a alterações constantes na pressão arterial. Dessa forma, é importante aferir a pressão pré e pós-exercício físico para que haja um monitoramento. Os idosos, em sua maioria, são assintomáticos às alterações na pressão arterial e cabe ao profissional mensurá- las de forma objetiva. Como o efeito agudo do exercício está ligado à redução da pressão arterial (em até 24 horas após o término da atividade), ao notar que houve uma queda dos valores mensurados pré e pós-exercício, isso pode gerar um bem-estar, satisfação e conforto no praticante, aumentando a sua segurança e a efetividade da sua adesão ao programa de exercício que lhe foi proposto (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). Contudo, se o valor previamente aferido estiver muito acima do esperado, é recomendado que seja revista a conduta do profissional na aplicação da sessão de exercício, podendo seu volume, intensidade ou tipo serem modificados, dependendo do nível mensurado, ou até suspendida a prática, até que haja normalização dos valores de pressão arterial. 12 TEMA 4 – PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM OSTEOPOROSE A osteoporose, doença que acomete com maior frequência idosos, tem afetado aproximadamente 200 milhões de pessoas no mundo e 10 milhões de pessoas no Brasil. Cerca de um terço dessas pessoas recebem tal diagnóstico e, desses, apenas 20% aderem a algum tipo de tratamento (Katz; Rotstein, 2021). As mulheres (50%) são mais acometidas de osteoporose que os homens (15%), e a incidência dessa doença tem gerado altos custos de manutenção da saúde pública – aproximadamente 58,6 milhões de reais. Estima-se que, no Brasil, cada paciente submetido a cirurgia decorrente de fraturas ocasionadas pela osteoporose tem uma permanência média de 13,4 dias de internação em hospitais. Vértebras, cintura, quadril e úmero proximal são as regiões do corpo em que mais acontecem essas fraturas, que podem gerar incapacidade e mortalidade devido à sua dificuldade de recuperação (Araujo et al., 2020). 4.1 Processo fisiológico da osteoporose A osteoporose – que pode ser classificada em primária, quando relacionada à idade, ou secundária, quando ligada a outra doença e/ou uso crônico de medicamentos (Tu et al., 2018) – é um distúrbio de formação óssea ocasionado pela falta de depósitos normais de sais de cálcio e por uma diminuição dos níveis de proteína óssea. Por um processo normal da sua estrutura de renovação, há uma decomposição do tecido existente, porémsem um depósito de novas formações pelos osteoblastos (Katz; Rotstein, 2021; Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). Com o avançar da idade do indivíduo, ocorre também uma redução da sua capacidade de mastigação, deglutição e secreção enzimática, que pode comprometer a digestão e a absorção de nutrientes essenciais como vitaminas, minerais e fibras. Assim, a densidade mineral óssea, ao atingir valores iguais ou inferiores a -2,5 desvios-padrão (Quadro 2), acarreta aumento da fragilidade e suscetibilidade a fraturas (Cano et al., 2018; Radominski et al., 2004, 2017). Há uma grande determinação genética, em uma contribuição da ordem de 80%, para que se estabeleça um quadro de baixa densidade mineral óssea, percentual aquele que ainda pode variar de acordo com o estilo de vida adotado (Krall; Dawson‐Hughes, 1993). 13 O tabagismo, o baixo peso corporal, o consumo excessivo de álcool, o uso de corticoides orais, a deficiência de estrogênio a partir dos 45 anos, a baixa ingesta de cálcio durante a vida, quedas recorrentes, sedentarismo e inatividade física são os principais fatores de risco para osteoporose, contudo potencialmente modificáveis (Tian et al., 2017). Além disso, mulheres na pós- menopausa apresentam uma diminuição acelerada da massa óssea e uma deterioração da microarquitetura dos tecidos até 10 vezes maior do que as observadas no pré-menopausa (Radominski et al., 2004, 2017). A idade da mulher e o tempo pós-menopausa também podem ser fatores associados à osteoporose (Fernandes et al., 2015). Quadro 2 – Classificação diagnóstica baseada no escore T, de acordo com a avaliação do indivíduo por densitometria óssea Classificação Escore T Normal -1 ou acima Osteopenia entre -1 a -2,4 Osteoporose -2,5 ou abaixo Osteoporose grave -2,5 ou abaixo, associado a fratura por fragilidade Fonte: Adaptado de Tian et al., 2017. 4.2 Prescrição e cuidados Aliado a uma ingesta adequada de nutrientes, vitaminas e minerais, o exercício físico tem sido uma das maneiras não farmacológicas de aumentar a densidade mineral óssea, pois afeta positivamente os níveis de hormônios essenciais para a modelação e remodelação óssea (Cano et al., 2018; Silva et al., 2014; Tarantino et al., 2017; Tu et al., 2018). A prática regular de exercícios físicos, inclusive no decorrer da vida, pode atuar como fator protetivo da integridade da estrutura óssea de um indivíduo, contribuindo para a maximização do pico de massa óssea, especialmente no triângulo de Ward – região proximal do fêmur – e na coluna vertebral (L2-L4) (Florindo et al., 2002). Os exercícios também incidem na prevenção de quedas, pois atividades de sustentação de 14 peso e fortalecimento muscular podem melhorar a agilidade, a força, a postura e o equilíbrio de idosos (Cosman et al., 2014; Giangregorio; Katzman, 2021). Exercícios físicos resistidos, supervisionados e que envolvam principalmente fortalecimento de quadríceps são recomendados para melhora da densidade mineral óssea e redução de quedas em idosos (Radominski et al., 2017). Durante as atividades, a contração muscular promove um estresse mecânico necessário, que desencadeia uma remodelação óssea e incrementa a massa muscular, estimulando os osteoblastos, o efeito piezoelétrico, a ação de prostaglandinas, o incremento de sangue nos ossos e as respostas hormonais do organismo (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). Para indivíduos com baixa densidade mineral óssea, recomendam-se exercícios resistidos de 2 a 3 vezes por semana, em intensidade moderada a vigorosa, com 1 a 2 séries, entre 8-12 repetições para os principais grupos musculares, com duração entre 30 a 60 minutos cada sessão (ACSM, 2018). De fato, os efeitos de exercícios como caminhada, corrida, condicionamento físico e exercícios aeróbios são evidentes na literatura, quanto ao aumento da densidade mineral óssea de um indivíduo, em programas que variam de 3-12 semanas, com frequência de 2-7 dias e duração de aproximadamente 110 minutos por sessão (Shojaa et al., 2020). É imprescindível, todavia, atentar-se a que, durante a prática do exercício físico, o cálcio é utilizado para a contração muscular; com isso, pode haver um desequilíbrio nos níveis de cálcio séricos da pessoa. A via regulatória da homeostase possui a função de manter esse equilíbrio, por meio do aumento da absorção de cálcio no intestino e, quando não ocorre uma ingestão adequada de cálcio, esse mineral pode ser retirado dos ossos para manutenção da homeostase do organismo. Dessa forma, ao se realizar um exercício físico sem que haja uma alimentação rica em nutrientes, é possível que o seu efeito seja contrário ao desejado, acentuando a diminuição da densidade mineral óssea do idoso e expondo-o a riscos durante a execução da atividade (Tarantino et al., 2017). TEMA 5 – PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DIABETES Mais de um quarto das pessoas acima de 65 anos têm diabetes e metade dos idosos são classificados como pré-diabéticos (Classification, 2021). Estima- se que o número de idosos que vivam com essa condição aumente rapidamente 15 nas próximas décadas, com projeções de 592 milhões de novos casos até 2035, principalmente nas faixas etárias mais elevadas. As mulheres com diabetes apresentam prevalência mais alta, sobretudo de acordo com um avanço da idade e podendo esse grupo chegar a um quinto da população idosa feminina (Malta et al., 2019). Devido as complicações oriundas do diabetes, como cegueira, falha renal, amputações não traumáticas e incremento do risco de doenças cardiovasculares, hipertensão e acidente vascular cerebral (AVC), é preciso dar especial atenção ao processo dessa doença e à tratativa de prescrição de exercícios físicos, pois idosos por ela acometidos requerem cuidados redobrados. De fato, a forte associação do diabetes a outras doenças e fatores de risco, como obesidade e gordura abdominal, tem-na posicionado dentre as quatro DCNT identificadas como prioritárias para intervenção (Santos et al., 2019). Além de o diabetes gerar muitos gastos ao sistema de saúde, pois a carga de comorbidades que ele acarreta aumenta o uso de serviços de atenção primária (Buja et al., 2021), certamente o alto percentual (50%) de brasileiros de meia-idade e idosos que apresentam elevado risco de diabetes justifica a promoção de mudanças do estilo de vida, principalmente por parte dessa população. 5.1 Processo fisiológico do diabetes O diabetes é uma doença metabólica, caracterizada como distúrbio na secreção ou ação da insulina pelo pâncreas. O diabetes tipo 1 é ocasionado por uma destruição autoimune das células produtoras de insulina (β-células), enquanto o tipo 2 é ocasionado quando os receptores de insulina se tornam resistentes ao hormônio, podendo se chegar ao ponto em que o pâncreas não mais consegue produzir insulina em quantidades suficientes, agravando o quadro de resistência insulínica. A faixa de glicemia em jejum considerada normal é inferior a 99 miligramas por decilitro (mg/dL), enquanto a considerada alterada apresenta valores de 100-125 mg/dL. Para o quadro ser classificado como diabetes, os valores da glicemia em jejum devem ser iguais ou maiores que 126 mg/dL (Classification, 2021). Quanto à plausibilidade biológica do exercício físico em casos de diabetes, baixar a circulação de insulina no sangue, aumentar a sensibilidade à insulina, a tolerância à glicose, incrementar a ação do transportador de glicose 16 tipo 4 (Glut-4) e diminuir a gordura visceral, centrípeta e total são seus principais efeitos (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). 5.2 Prescrição e cuidados O exercício físico demonstrou melhorar o controle da glicose no sangue, reduzir os fatores de risco cardiovascular, contribuir para a perda de peso e melhoraro bem-estar do indivíduo. É altamente recomendado que pessoas com diabetes se envolvam em pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbia, de intensidade moderada a vigorosa, podendo fracioná-la em séries de 3 dias por semana, com não mais de 2 dias consecutivos sem atividade. O treinamento intensivo e/ou intervalado pode ser suficiente para indivíduos mais jovens e em melhores condições físicas. As recomendações para exercícios resistidos são de 2-3 sessões por semana, em dias não consecutivos. Treinamentos de flexibilidade e de equilíbrio são recomendados de 2-3 vezes por semana para idosos com diabetes, acrescendo-lhes atividades com base nas preferências individuais dos praticantes. Além disso, diminuir a quantidade de tempo gasto em comportamento sedentário diário, interrompendo-o a cada 30 minutos, se envolvendo, por exemplo, em práticas de caminhada, trabalho doméstico, jardinagem, natação e dança, pode gerar benefícios à diminuição das taxas de glicose no sangue (Facilitating, 2021). Os idosos com diabetes têm taxas mais altas de morte prematura, incapacidade funcional, perda muscular acelerada e doenças coexistentes, como hipertensão, doença coronariana e AVC. Todavia, esse quadro pode ser minimizado com práticas regulares de exercício físico. Caminhada e subida de degraus são algumas das atividades que possuem um gasto energético associado ao declínio da razão de incidência de diabetes tipo 2. Ao se subir de 5-14 lances de escada por dia, há uma diminuição de 22% do risco de desenvolver a doença. Para cada incremento de 500 kcal por semana, há uma diminuição de 6% do risco. O mesmo acontece com exercícios de intensidade moderada à vigorosa, que proporcionam um declínio do risco de diabetes da ordem de 35% (Helmrich et al., 1991). Exercícios aeróbios estruturados, com 3 sessões por semana, duração média de 53 minutos de prática por sessão, praticados em média por 18 semanas, com intensidade variando de 50%-79% do consumo máximo de oxigênio e frequência cardíaca entre 110-140 batimentos por minuto também se mostraram efetivos na atuação sobre a 17 hemoglobina glicada de pessoas com média de 55 anos de idade (Boulé et al., 2001). Para avaliação da intensidade do exercício físico prescrito para pacientes com diabetes, é possível utilizar parâmetros objetivos (PO) e parâmetros subjetivos (OS), como mostra a Tabela 3. A FCmáx e o VO2máx, durante um exercício físico, são determinadas por meio de teste de esforço ou ergoespirométrico. A escala de percepção subjetiva de esforço de Borg e o teste da fala são avaliações práticas, de baixo ou nenhum custo de aplicação. Tabela 3 – Classificação da intensidade do exercício aeróbio baseada em PO e PS Intensidade PO PS %FCmáx %VO2máx Escala de Borg Teste da fala (o que o indivíduo consegue) Baixa < 50% < 40% < 12 Cantar e falar Moderada 50%-70% 40%-60% 12-13 Apenas falar Vigorosa > 70% > 60% > 13 Nem falar nem cantar Fonte: Adaptado de ACSM, 2018. É importante compreender a dificuldade que muitos pacientes com diabetes têm em atingir as metas de treinamento recomendadas, e com base nisso identificar abordagens individualizadas para melhorar o alcance dessas metas. Intervenções de exercícios estruturados possuem maiores chances de resultados satisfatórios no controle da diabetes. Atividade aeróbia está associada a riscos cardiovasculares e de mortalidade geral substancialmente mais baixos em pessoas com diabetes tipos 1 e 2. Programas com pelo menos 8 semanas de duração mostraram reduzir os valores de hemoglobina glicada, em média, em 0,66% em pessoas com diabetes tipo 2, mesmo que nesse período não haja mudança significativa no IMC (Boulé et al., 2001). Existem também dados consideráveis de aumento da aptidão cardiovascular, maior força muscular, melhora da sensibilidade à insulina e nivelamento de triglicerídeos, quando da realização de exercícios regulares por pessoas com diabetes tipo 1 18 (Mascarenhas et al., 2016). De todo modo, exercícios devem ser prescritos a todos os indivíduos com diabetes como parte do controle da glicemia e da saúde em geral. As recomendações e precauções específicas é que variam de acordo com tipo de diabetes, idade, atividade realizada e presença de comorbidades. As recomendações devem ser adaptadas para atender às necessidades específicas de cada indivíduo, atentando-se às sugestões de conduta conforme o nível de glicemia avaliado pré-exercício (Quadro 3) (Colberg et al., 2016). Quadro 3 – Sugestões de conduta de acordo com o nível de glicemia pré- exercício Nível glicêmico Conduta a ser adotada < 90 mg/dL Ingerir de 15-30 g de carboidratos de ação rápida antes do início do exercício, dependendo da atividade individual e pretendida (algumas atividades de curta duração ou de intensidade muito alta podem não exigir qualquer ingestão adicional de carboidratos). Para atividades prolongadas com intensidade moderada, consumir carboidratos adicionais, conforme necessário (0,5-1 g/kg de massa corporal por hora de exercício), com base nos resultados dos testes de glicose no sangue 90-150 mg/dL Consumir carboidratos a partir do início do exercício (0,5-1 g/kg de massa corporal por hora de exercício), dependendo do tipo de exercício e da quantidade de insulina 150-250 mg/dL Iniciar o exercício e atrasar o consumo de carboidratos até que os níveis de glicose no sangue sejam menores que 150 mg/dL 250-350 mg/dL Testar cetonas e não realizar nenhum exercício se elas estiverem presentes em quantidades moderadas a grandes. Iniciar exercício de intensidade leve a moderada. O exercício intenso deve ser adiado até que os níveis de glicose sejam menores que 250 mg/dL, pois o exercício intenso pode exacerbar a hiperglicemia 19 ≥ 350 mg/dL Testar cetonas e não realizar nenhum exercício se elas estiverem presentes em quantidades moderadas a grandes. Se as cetonas são negativas (ou presentes de forma insignificante, apenas com traços), considerar a correção conservadora da insulina (por exemplo, correção de 50%) antes do exercício, dependendo do status de insulina ativa. Iniciar exercício leve a moderado e evitar exercícios intensos até diminuírem os níveis de glicose Fonte: Adaptado de Colberg et al., 2018. TEMA 6 – PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM OBESIDADE A prevalência de obesidade nas últimas décadas, no mundo, vem aumentando consideravelmente, agravando a situação desse problema de saúde pública. Segundo o último levantamento do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), houve um aumento da prevalência de obesidade no Brasil de 13,4% para 18,7% de 2008 a 2018, entre os homens, e de 13,9% para 20,7%, no mesmo período, entre as mulheres (Brasil, 2019). Explicada por múltiplos fatores, estima-se que haja uma contribuição de cerca de 25% de carga genética e de cerca de 75% fatores externos, como ambiente, comportamento e hábitos, para configuração de um quadro de obesidade. Um fato importante a ser considerado é que a população tem consumido cada vez mais calorias, com o passar dos anos, sem mudança do seu gasto energético habitual diário (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). 6.1 Processo fisiológico da obesidade A obesidade é conceituada como acúmulo excessivo de gordura corporal, que aumenta o risco de outras doenças. Mecanismos humorais e neurais complexos que controlam o apetite e a saciedade estão relacionados com a doença. No sistema periférico ou aferente, seus principais componentes são a leptina e a adiponectina, produzidas pelas células gordurosas, sendo a grelina no estômago, o peptídeo no íleo e no cólon e a insulina no pâncreas. O núcleo 20 arqueado no hipotálamo tem a função de processar e integrar os sinais neuro- humorais periféricose produzir sinais eferentes. Com isso, o sistema eferente tem a função de transportar os sinais produzidos nos neurônios de segunda ordem do hipotálamo para controlar a ingestão alimentar e o gasto energético do corpo (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). A obesidade é parcialmente atribuída a componentes hereditários, mas há influências ambientais e comportamentais associadas ao seu surgimento. O estresse, por exemplo, ocasiona um aumento dos níveis de cortisol, o que contribui para o aumento da lipogênese e da gliconeogênese e a diminuição da lipólise e da proteólise. Associado ao quadro de estresse, o uso indiscriminado de fármacos, álcool, tabaco e alimentos calóricos como mecanismo de fuga potencializam a obesidade. Principalmente quando o gasto calórico do indivíduo é inferior à ingesta de calorias, isso maximizado pela falta de atividade física, o cenário se torna ainda mais preocupante. No que tange a fatores de desequilíbrio hormonal, característica bastante própria dos idosos, quando os níveis de glicose na corrente sanguínea aumentam, ocorre uma liberação de insulina pelas células pancreáticas. Esse processo irá estimular a lipogênese e bloquear a lipólise, levando a um aumento do armazenamento de gordura nas vesículas lipídicas e, consequentemente, do tecido adiposo. Em síntese, quando há excesso de gordura nesse tecido e em outros órgãos como fígado, músculo e pâncreas, ocorre a lipotoxicidade, que por sua vez leva a uma produção de espécies reativas maléficas, que dão origem à disfunção das células-β pancreáticas (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). O IMC tem sido o indicador antropométrico mais utilizado para estimar o excesso de peso e a obesidade, pois mostra a massa, em kg, dividida pelo quadrado da estatura, em m. Como um complemento da avaliação antropométrica, a obesidade pode ser mensurada ainda pela razão da circunferência da cintura (CC), em cm, por ser esse um indicativo de risco para a saúde mediante presença de obesidade centrípeta, caracterizada por maior concentração de gordura abdominal. Assim, ambos os parâmetros podem ser utilizados, de forma isolada (Tabelas 4 e 5) ou conjunta (Tabela 6). 21 Tabela 4 – Classificação de risco à saúde de acordo com o percentual de gordura corporal baseado no IMC IMC (kg/m2) Nível de risco 40-59 anos 60-79 anos Homem < 18,5 Elevado < 11% < 13% 18,6-24,9 Médio 11%-21% 13%-24% 25-29,9 Elevado 22%-27% 25%-29% > 30 Alto ≥ 28% ≥ 30% Mulher < 18,5 Elevado < 23% < 24% 18,6-24,9 Média 23%-33% 24%-35% 25-29,9 Elevado 34%-39% 36%-41% > 30 Alto ≥ 40% ≥ 42% Nota: o erro padrão da estimativa é de mais ou menos 5%, para prever a porcentagem de gordura corporal com base no IMC (em uma estimativa de quatro compartimentos de porcentagem de gordura corporal). Fonte: Adaptado de ACSM, 2018. Tabela 5 – Critérios para classificação de risco à saúde por meio da mensuração da circunferência da cintura, em cm Categoria de risco Mulher Homem Muito baixo < 70 < 80 Baixo 70-89 80-99 Alto 90-109 100-120 Muito alto > 110 > 120 Fonte: Adaptado de ACSM, 2018. 22 Tabela 6 – Classificação de risco de doença baseada na combinação de IMC e CC IMC (kg/m2) Risco de doença* relacionado ao peso e à circunferência da cintura H ≤ 102 cm H > 102 cm M ≤ 88 cm M > 88 cm Baixo peso < 18,5 — — Normal 18,5-24,9 — — Sobrepeso 25-29,9 Aumentado Alto Obesidade, grau I 30-34,9 Alto Muito alto II 35-39,9 Muito alto Muito alto III ≥ 40 Extremamente alto Extremamente alto Nota: o aumento da CC também pode ser um marcador de risco aumentado, mesmo em pessoas com peso normal. * Risco de doença para diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. Fonte: Adaptado de ACSM, 2018. 6.2 Prescrição e cuidados A obesidade diminui as funções físicas de idosos, causando-lhes fragilidades, queda da qualidade de vida e resultando em maiores gastos com cuidados médicos. Além das suas consequências cardiometabólicas bem conhecidas, a adiposidade excessiva também contribui de forma significativa para a limitação funcional, nessa fase da vida. Assim, intervenções baseadas no estilo de vida em idosos com obesidade demonstram melhora imediata da força e da função muscular, com perda de peso de 3% a 10% (ACSM, 2018). Estratégias de perda de peso que maximizam a perda de massa gorda enquanto minimizam a perda de massa magra devem ser o foco das prescrições de 23 exercício físico. As evidências apontam que exercícios aeróbios de intensidade moderada, de resistência progressiva, ou programas de exercícios combinados à regulação calórica resultam em uma mudança mais favorável na composição corporal, em comparação com as intervenções isoladas (Beavers et al., 2017). Outras evidências sugerem que para cada aumento de 12-24 equivalentes metabólicos da tarefa (EMT) por hora por semana de exercício há uma redução média de -0,41 cm do perímetro da cintura, em homens. Do mesmo modo, o incremento de 30 minutos por semana de treinamento resistido mostrou decréscimo médio de -0,74 cm e, ainda, o incremento do equivalente a 1.609 m de caminhada por hora foi correlacionado com um decréscimo médio de -0,27 cm do perímetro da cintura, também em homens. No sentido oposto, maior exposição a tempo sedentário aumenta os valores médios do perímetro da cintura: para cada 20 horas ou mais por semana, há um incremento médio de +0,3 cm (Koh-Banerjee et al., 2003). No perfil feminino, os efeitos da prática do exercício físico também são notórios. Mulheres que participam de programas de intervenção com média de 176 minutos por semana, divididos em 3-5 dias por semana, com a caminhada sendo o tipo mais frequente, tiveram resultados significativos na mudança do peso corporal, com redução média de -1% de gordura total, -8,6 gramas por centímetro cúbico (g/cm3) de gordura intra- abdominal e -28,8 g/cm3 de gordura abdominal subcutânea (Irwin et al., 2003). Resultados satisfatórios têm sido obtidos com programas de 18 semanas de exercícios aeróbios, que incluem caminhada supervisionada e adaptada individualmente como principal atividade quando do início do treinamento, com frequência de 4 dias por semana, progredindo para se atingir a meta de 45 minutos de duração por sessão, mantendo-se a intensidade entre 12-14 na escala de avaliação de percepção de esforço de Borg. Para exercícios resistidos, a intervenção, também individualizada, pode contar com uma frequência de 4 dias por semana, com duração de 45 minutos em cada sessão, uma intensidade de 15-18 na escala de Borg, com 3 séries de 10-12 repetições. Levantamento lateral, adução e abdução de quadril, flexão plantar, remada sentada, supino e abdominais são alguns dos exercícios possíveis de realização (Beavers et al., 2017). 24 TEMA 7 – PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEPRESSÃO A prevalência de depressão em idosos tem aumentado consideravelmente ao redor do mundo nos últimos anos, principalmente em países mais desenvolvidos, podendo variar entre 1%-25% do quantitativo de idosos (Basta et al., 2021). Alguns fatores estão atrelados a essa doença, como baixo nível de escolaridade, residência em áreas urbanas, relacionamento familiar ruim e baixo suporte social (Li; Shou, 2021). Em parte, isso pode ser explicado pela falta de convívio de idosos com seus familiares e amigos, em decorrência do cotidiano conturbado que as grandes cidades proporcionam, além do baixo nível de envolvimento com atividades físicas, geralmente associado à pouca instrução sobre seus benefícios, como e onde realizá-los ou mesmo falta de condições financeiras para sua realização. 7.1 Processo fisiológico da depressão A depressão é conceituada como uma desordem mental comum que se caracteriza por humor depressivo, baixo interesse ou prazer,sentimento de culpa ou baixa autoestima, distúrbios do sono ou do apetite, baixa energia e problemas de concentração. Esses problemas podem se tornar crônicos ou recorrentes, gerando grandes prejuízos às habilidades individuais, afetando as atividades e responsabilidades do cotidiano. Existem contribuições do exercício físico para a regulação das monoaminas – neurotransmissores como dopamina, norepinefrina e serotonina – e a elevação de β-endorfinas. Estas, encontradas no cérebro, na espinha dorsal, na glândula adrenal, no intestino e nos nervos simpáticos, são proteínas com propriedades analgésicas (Kenney; Wilmore; Costill, 2012; McArdle; Katch; Katch, 2010). Primariamente sintetizadas na glândula hipófise, sua principal função é regular a temperatura corporal e o sistema cardiovascular durante o estresse. Dessa forma, indivíduos com maiores níveis de depressão possuem menores quantidades de β-endorfinas no organismo (Hegadoren et al., 2009). O método comumente utilizado para diagnosticar a depressão é proposto pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2014), chamado de Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. O DSM-5 é a classificação padrão de transtornos mentais usada por profissionais de saúde e 25 que estipula nove critérios para o diagnóstico desses transtornos, dos quais cinco devem estar presentes para a confirmação do quadro. É necessário ainda que os sintomas estejam presentes por pelo menos duas semanas, representem uma alteração em relação ao funcionamento anterior e que um deles seja obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse/prazer, como mostra o Quadro 4. Quadro 4 – Critérios diagnósticos para depressão conforme o DSM-5 Número Critério 1 Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outra pessoa 2 Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias 3 Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (mais de 5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias 4 Insônia ou hipersonia quase diária 5 Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias 6 Fadiga ou perda de energia quase todos os dias 7 Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias 8 Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias 9 Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio Fonte: Adaptado de APA, 2014. 26 7.2 Prescrição e cuidados A prática regular de exercícios físicos tem produzido efeitos de prevenção primária na diminuição dos sintomas ou como parte do tratamento medicamentoso. Desde os primeiros estudos, na década de 1970, que relacionaram os efeitos da prática de atividade física em pessoas com depressão, até revisões de literatura mais recentes, que analisaram estudos experimentais e quase experimentais com uma abordagem de exercícios físicos aeróbios e resistidos realizados em frequência de 3 vezes por semana, por 20- 60 minutos e com duração de 6-19 semanas, os resultados têm se mostrado satisfatórios, reduzindo significativamente os efeitos da doença e seus sintomas (Blake et al., 2009; Morgan; Roberts; Feinerman, 1971). Evidências ainda apontam que o exercício físico utilizado como terapia tem efeitos similares no decréscimo de escores depressivos quando comparado a tratamentos como psicoterapia e medicação (Blumenthal et al., 1999; Schuch et al., 2016). Apesar de a dose-resposta para prevenção e reabilitação não estar claramente descrita na literatura, sabe-se que a recomendação de exercício físico para idosos com depressão é de 3-5 vezes por semana, por 20-60 minutos por sessão e com intensidade de 55%-85% da FCmáx (Blumenthal et al., 1999). O efeito positivo do exercício resistido na melhora dos sintomas de ansiedade e depressão em idosos está relacionado a programas com no mínimo 16 semanas, com frequência de 2 vezes na semana, por 30-60 minutos cada sessão e em intensidade moderada (Araujo et al., 2017; Gordon et al., 2018; Santos, 2019). TEMA 8 – ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO DE IDOSOS COM FRAGILIDADES A grande parcela dos idosos possuem uma ou mais doenças associadas ao seu processo de envelhecimento, e a inflamação crônica, junto ao estresse oxidativo, são alguns dos resultados desse quandro, podendo acarretar problemas como doenças cardiovasculares, cardiorrespiratórias, metabólicas ou do sistema endócrino e de caráter musculoesquelético. A fragilidade, estado clínico caracterizado por uma redução da função fisiológica, seja da aptidão cardiorrespiratória, seja da flexibilidade, seja da resistência muscular, impacta diretamente a funcionalidade do idoso. Isso está associado ou pode derivar de várias comorbidades, que aumentam as chances de incapacidade da realização 27 de tarefas simples e cotidianas. A baixa massa muscular, por exemplo, tanto em homens quanto em mulheres idosas, aumenta a probabilidade de mortalidade por todas as causas. Em mulheres, essa probabilidade é mais alta, sendo 62 vezes maior quando comparada a mulheres idosas que realizam exercícios de resistência muscular (Santana et al., 2019). Dessa forma, fica evidente que a faixa etária não deve ser a base da prescrição de exercícios, mas a capacidade funcional do idoso. Existem três processos de envelhecimento. O acelerado, o usual e o saudável. Nesse último caso, o idoso não alcança uma condição de fragilidade, debilidade e mortalidade. A prática regular de exercício físico individualizado pode contribuir com o terceiro cenário, reduzindo o dano oxidativo relacionado à idade e a inflamação crônica, aumentando a autofagia e melhorando a função mitocondrial do organismo do idoso. As intervenções com prática de exercícios físicos visam trabalhar a flexibilidade, o equilíbrio, a atividade aeróbia e a aptidão muscular (força e potência) dos indivíduos. Cada tipo de atividade irá melhorar diferentes aspectos do funcionamento físico dos idosos, embora muitas possam ser combinadas de acordo com a necessidade e prescritas como uma intervenção multicomponente. Portanto, os programas de intervenção com exercícios devem ser prescritos com base no funcionamento físico de cada indivíduo e adaptados à resposta resultante (Angulo et al., 2020). Para um melhor atendimento individualizado de idosos, recomenda-se identificar inicialmente os cinco fatores propostos como classificadores da sua fragilidade, que são, conforme Fried et al. (2001): 1. a perda de peso não intencional; 2. a exaustão avaliada autorrelatada de fadiga; 3. a diminuição da força de preensão manual; 4. o baixo nível de atividade física; 5. a diminuição da velocidade de caminhada. Para um programa com idosos com fragilidade, podem-se realizar alongamentos dinâmicos no aquecimento da sessão, enquanto os exercícios de alongamento estático podem ser realizados ao seu final, como parte da fase de desaceleração. Ambos irão impactar a tolerância de amplitudes maiores das articulações, refletindo em melhor qualidade de execução dos movimentos subsequentes. 28 Muitas atividades têm sido propostas para aumentar a capacidade aeróbia dos idosos, como caminhada rápida, corrida, hidroginástica, natação, dança ou uso de bicicleta. Caminhar, certamente, é o mais fácil, mais barato e mais viável meio de aplicação da prescrição desse tipo de atividade. Embora existam diferentes abordagens, de acordo com o estado funcional da pessoa, não existem regras padronizadas sobre a prescrição de exercícios aeróbios para pessoas frágeis. Apesar de, em alguns casos, indivíduos frágeis não serem capazes de realizartodas as atividades aeróbias, exercícios modestos de fortalecimento podem impactar positivamente a progressão da realização dessas atividades. Dependendo da intensidade, o treinamento de força deve ser prescrito em dias alternados, especialmente nos estágios iniciais do treino, sempre se fornecendo ao praticante instruções técnicas simples e com suporte de exemplificação, pelo profissional. A intensidade do treinamento de força deve variar de 30%-60% da carga de 1 RM, com a realização da fase concêntrica o mais rápida possível. Os efeitos do treinamento de força, priorizado em idosos, melhora significativamente a velocidade e a estabilidade da sua marcha e aprimora a sua musculatura empregada em ações cotidianas como levantar da cadeira e subir escadas (Angulo et al., 2020). CONSIDERAÇÕES FINAIS Exercícios aeróbios, resistidos e de flexibilidade formam a tríade ideal para a manutenção e a restauração da saúde da população idosa. Todavia, em todos os casos é altamente recomendado que se priorizem atividades de equilíbrio e propriocepção. Esses atributos são essenciais para a execução das atividades cotidianas, especialmente nessa faixa etária. A Tabela 7 apresenta uma síntese das recomendações de exercícios físicos aeróbio e resistido que devem ser combinados aos de flexibilidade para idosos, de acordo com o perfil de doença existente. 29 Tabela 7 – Síntese das recomendações gerais de tipo de exercício físico prescrito para idosos, com frequência de vezes por semana (F), intensidade (I) e tempo (T), de acordo com o perfil de doença existente Doença Aeróbio Resistido F I T F I T Hipertensão 5-7 Moderada ≥ 30 minutos 2-3 60%-70% de 1 RM 2-4 séries/8-12 repetições Osteoporose 4-5 Moderada 20-60 minutos 2-3 Moderado- vigorosa 1-2 séries/8-12 repetições Diabetes* 3-7 Moderado- vigorosa ≥ 150 minutos por semana ≥2 50%-85% de 1 RM 1-3 séries/10- 15 repetições Obesidade ≥5 Moderado- vigorosa 150-300 minutos por semana 2-3 60%-70% de 1 RM 2-4 séries/8-12 repetições Depressão 3-5 Moderado- vigorosa 30-60 minutos 20-30 minutos ≥2 40% de 1 RM 1-3 séries/8-10 repetições * Deve-se combinar exercícios aeróbios e resistidos e diminuir o tempo sedentário diário, interrompendo-o a cada 30 minutos. Para a prescrição responsável de exercícios físicos para idosos, deve-se levar em consideração as condições individualizadas de cada praticante, suas experiências anteriores e habilidades adquiridas com exercícios físicos. Além da definição do seu nível de treinamento, condicionamento e aptidão física, a avaliação prévia e contínua, para acompanhamento da efetiva evolução das metas traçadas, é imprescindível para primar pelo bem-estar e segurança do idoso. A principal mensagem das diretrizes mais atuais é de que cada movimento importa. Sair da inércia e se colocar em atividade já promove algum ganho na 30 saúde (Ding et al., 2020). Todavia, para que haja efeitos mais duradouros e significativos na prevenção e/ou tratamento de doenças se faz necessária a prescrição e adesão do idoso a um programa de exercícios físicos estruturado. Por conta da variabilidade de doenças, suas combinações e peculiaridades, a prescrição de exercício com enfoque num envelhecimento saudável, primando pela manutenção ou aquisição de melhor qualidade de vida, depende das metas e objetivos traçados entre profissional e praticante. Estes, munidos de diagnósticos clínicos quanto ao estágio das doenças e de avaliações constantes dos resultados do programa de exercício, podem individualizar as estratégias e adaptá-las às reais necessidades de cada cliente. INDICAÇÃO DE 2 ARTIGOS 1. <http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201700050018> (Malta et al., 2017) 2. <https://doi.org/10.1016/j.jshs.2019.04.002> (Luan et al., 2019) 31 REFERÊNCIAS ACSM – American College of Sports Medicine. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2018. ANGULO, J. et al. Physical activity and exercise: Strategies to manage frailty. Redox Biology, v. 35, ago. 2020. 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