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07 Aparelho faríngeo, face e pescoço

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Milena Silva Araujo 
MEDUFES 105 
 
Embriologia 
A P A R E L H O F A R Í N G E O , F A C E E 
P E S C O Ç O 
 Aparelho faríngeo: formado por arcos, bolsas, 
sulcos e membranas faríngeas. Contribui para a 
formação da face e do pescoço 
 Arcos faríngeos 
• Os arcos começam seu desenvolvimento na 
quarta semana, quando as células da crista 
neural migram para as futuras regiões de 
cabeça/pescoço 
• Ao fim da quarta semana, 4 arcos são visíveis 
(quinto e sexto arco são rudimentares) 
• Os arcos sustentam as paredes laterais da 
faringe primitiva (originada da parte cranial do 
intestino anterior) e são separados por sulcos 
• Primeiro arco: se separa nas proeminências 
maxilar e mandibular 
 Proeminência maxilar: origina maxila, osso 
zigomático e parte do osso vômer 
 Proeminência mandibular: forma a 
mandíbula e osso temporal 
• Segundo e terceiro arcos: formam o osso 
hioide 
• Estomodeu: pequena depressão do 
ectoderma, separado da faringe primitiva pela 
membrana bucofaríngea (ectoderma externo e 
endoderma interno) 
• O ectoderma do primeiro arco forma o epitélio 
oral 
• Componentes 
 Cada arco é um centro de mesênquima 
recoberto por ectoderma externo e 
endoderma interno 
 O mesênquima vem do mesoderma (3a 
semana) e das células da crista neural (4a 
semana) 
 Mesênquima da crista: produz as 
proeminências do primeiro arco, tecido 
conjuntivo e músculo liso 
 Mesoderma miogênico: vem das regiões 
paraxiais e forma o primórdio do músculo 
 Mesoderma lateral e angioblastos: origem 
das células endoteliais 
 O endoderma faríngeo regula o 
desenvolvimento dos arcos 
 Um arco faríngeo típico contém: uma 
artéria, uma haste cartilaginosa (esqueleto 
do arco), um componente muscular e 
nervos (derivados do 
neuroectoderma/crista neural do encéfalo 
primitivo) 
• Destino 
 Os arcos contribuem para a formação da 
face, das cavidades nasais, da boca, da 
laringe, da faringe e do pescoço 
 Seio cervical: na quinta semana, o segundo 
arco cresce rapidamente e recobre o 
terceiro e o quarto, formando uma 
depressão ectodérmica. O segundo a 
quarto sulcos e o seio desaparecem na 
sétima semana, dando um contorno liso ao 
pescoço 
• Derivados das cartilagens 
 Primeiro arco: a extremidade dorsal está 
relacionada ao desenvolvimento dos ossos 
martelo e bigorna e do ligamento anterior 
do maleólo (pericôndrio). As porções 
ventrais são responsáveis pelo primórdio 
da mandíbula, através de ossificação 
intramembranosa 
 Segundo arco: dorsal forma estribo, 
processo estiloide do osso temporal e 
ligamento estilo-hioideo. Ventral forma o 
corno menor do osso hioide. 
 Terceiro arco: corno maior do osso hioide 
 Quarto arco: cartilagens da laringe/faringe 
(da tireoide e cricoide) 
• Derivados dos músculos 
 Primeiro arco: músculos da mastigação 
 Segundo arco: músculos da face 
 Terceiro e quarto arcos: músculos da 
laringe 
• Derivados dos nervos 
 Cada arco é suprido por seu próprio nervo 
craniano 
 A pele facial é suprida pelo nervo trigêmeo 
 Os nervos do segundo ao quarto arcos 
inervam língua, faringe e laringe 
 Nervo trigêmeo/5: principal nervo sensorial 
da cabeça/pescoço e motor pra os 
músculos da mastigação. Possui os ramos 
maxilar, mandibular e oftálmico 
 Primeiro arco: suprido pelo nervo 
trigêmeo/5 (ramos maxilar e mandibular) 
 Segundo arco: nervo facial/7 
 Terceiro arco: nervo glossofaríngeo/9 
 Quarto arco: nervo vago/10 (ramos 
laríngeos) 
 Bolsas faríngeas 
• A faringe primitiva é alargada cranialmente e 
mais estreita conforme se une ao esôfago 
• O endoderma da faringe reveste internamente 
arcos e bolsas faríngeas 
• As bolsas são evaginações de endoderma que 
vão em direção aos sulcos 
• Quatro pares de bolsas são bem definidos 
• Membranas faríngeas: formadas quando o 
endoderma das bolsas entra em contato com o 
ectoderma dos sulcos 
• Derivados 
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 Primeira bolsa: se expande e forma o 
recesso tubotimpânico (futuras cavidade 
timpânica e tuba 
faringotimpânica/auditiva), que entra em 
contato com o primeiro sulco e origina a 
membrana timpânica (tímpano) 
 Segunda bolsa: seu endoderma participa 
na formação da tonsila palatina 
 Terceira bolsa: se expande e forma uma 
parte superior/dorsal e uma inferior/ventral, 
reduzindo sua conexão com a faringe a um 
ducto estreito que é degenerado. A parte 
superior se diferencia em glândula 
paratireoide inferior, a parte inferior se 
torna um lobo do timo. Mais tarde, os dois 
órgãos se separam. 
o Timo: seus lobos se unem 
medialmente e são unidos por uma 
cápsula. Cada lobo tem suas próprias 
estruturas neurovasculares 
o O timo e as glândulas paratireoides 
inferiores em desenvolvimento se 
separam da faringe, pois estruturas do 
encéfalo se deslocam rostralmente e 
cardíacas caudalmente 
 Quarta bolsa: se expande e origina uma 
parte dorsal/superior e uma ventral/médio-
inferior, reduzindo sua conexão à faringe a 
um ducto que se degenera. A parte dorsal 
se diferencia em glândula paratireoide 
superior e a parte ventral em corpo 
ultimofaríngeo (que fará parte da glândula 
tireoide) 
 Sulcos faríngeos 
• Entre a quarta e quinta semana, há 4 
sulcos/fendas branquiais de cada lado 
• O primeiro par de sulcos persiste como o meato 
acústico externo 
• Os demais sulcos se unem e formam o seio 
cervical, que se oblitera conforme o pescoço se 
desenvolve 
 Membranas faríngeas 
• São invadidas e separadas pelo mesênquima 
• Apenas a primeira membrana (e sua camada 
de mesênquima) contribui para a formação de 
estruturas (membrana timpânica) 
 Desenvolvimento da glândula tireoide 
• Primeira glândula endócrina a se desenvolver 
no embrião (a partir da quarta semana) 
• Há um espessamento endodérmico no 
assoalho da faringe primitiva, na altura da 
primeira bolsa 
• O espessamento forma uma evaginação, o 
primórdio da tireoide, que logo é preenchido 
por células mesenquimais da crista 
• À medida que a língua cresce, a glândula desce 
pelo pescoço e persiste ligada à língua 
temporariamente pelo ducto tireoglosso, que 
depois se degenera 
• A posição final da glândula é estabelecida na 
sétima semana 
• A abertura do ducto persiste como uma 
pequena fosseta na língua, o forame cego 
• A glândula tireoide se divide em dois lobos, 
ligados pelo istmo. Pode haver um lobo 
piramidal superior ao istmo (resquício da 
descida) 
• A função hormonal é estabelecida entre a 20a 
e 35a semana 
 Desenvolvimento da língua 
• No fim da quarta semana, surge uma elevação 
triangular mediana no assoalho da faringe 
primitiva, superior ao forame cego 
• A tumefação lingual mediana (broto da língua) 
é o primeiro indicador de desenvolvimento da 
língua 
• As tumefações linguais laterais (brotos linguais 
distais) desenvolvem-se ao lado da mediana, 
crescem e fundem-se uma com a outra, sobre 
a tumefação mediana (que não forma nada no 
adulto) 
• A parte oral da língua (dois terços anteriores) é 
originada da fusão das tumefações laterais, 
indicada pelo sulco da linha média 
(internamente pelo septo lingual) 
• As três tumefações são resultado da 
proliferação mesenquimal do primeiro par de 
arcos (porções ventromediais) 
• A parte faríngea da língua (terço posterior) é 
formada após o surgimento de duas elevações 
caudais ao forame cego, a cópula e a 
eminência hipofaríngea 
• Cópula: fusão das partes ventromediais do 
segundo par de arcos 
• Eminência hipofaríngea: caudal à cópula, 
partes ventromediais do terceiro e quarto arcos 
• A cópula é coberta pela eminência e 
desaparece 
• O terço posterior se desenvolve a partir da 
parte superior da eminência hipofaríngea 
• A língua de fusão das partes anterior e 
posterior é indicada pelo sulco terminal em 
forma de V 
• A parte posterior da língua desce para a parte 
oral da faringe (orofaringe) após o nascimento 
 Desenvolvimento das glândulas salivares 
• Ocorre dasexta à oitava semana 
• Desenvolvem-se primeiro as parótidas, depois 
as submandibulares e, por fim, as sublinguais 
• Surgem brotos epiteliais a partir da cavidade 
oral primitiva, os quais crescem no 
mesênquima subjacente 
• O tecido conjuntivo é derivado das células da 
crista neural e o parênquima da proliferação do 
epitélio oral 
 Desenvolvimento da face 
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• Os primórdios da face aparecem na quarta 
semana em torno do estomodeu, e o 
desenvolvimento ocorre até a oitava (as 
proporções são obtidas no período fetal) 
• Os cinco primórdios faciais aparecem como 
proeminências: proeminência frontonasal, um 
par de proeminências maxilares e 
mandibulares 
• As proeminências são produzidas 
principalmente pela expansão de células da 
crista e funcionam como centros 
organizadores/ativos de crescimento (WNT e 
tirosina-quinase) 
• Proeminência frontonasal: circunda a porção 
ventrolateral do prosencéfalo (origem às 
vesículas ópticas). Sua parte frontal forma a 
testa e a nasal o limite cranial do estomodeu 
• Proeminências maxilares: limites laterais do 
estomodeu 
• Proeminências mandibulares: limite caudal do 
estomodeu 
• A mandíbula inferior e o lábio inferior são as 
primeiras partes a se formar na face, pela fusão 
das proeminências mandibulares no plano 
mediano 
• No fim da quarta semana, placoides nasais 
desenvolvem-se inferolateralmente na 
proeminência frontonasal. O mesênquima nas 
margens prolifera, produzindo elevações, as 
proeminências nasais mediais e laterais 
• As proeminências nasais alojam os placoides 
(primórdios do epitélio nasal) dentro de 
depressões, as fossetas nasais (precursoras 
das narinas e cavidades nasais) 
• As proeminências nasais laterais formam as 
asas do nariz e são separadas da 
proeminência maxilar pelo sulco nasolacrimal 
• A proliferação do mesênquima nas 
proeminências maxilares provoca a 
aproximação medial de uma com a outra e em 
direção às proeminências nasais 
• Essa expansão impulsionada pela proliferação 
faz com que as proeminências nasais mediais 
se aproximem, na direção do plano mediano 
• Ao fim da quinta semana, os primórdios das 
aurículas começam a se desenvolver. Seis 
saliências (três de cada lado) formam-se ao 
redor do primeiro sulco (futuro meato acústico 
externo) 
• Inicialmente, as orelhas estão na região do 
pescoço, mas vão para a área da cabeça 
conforme a mandíbula se desenvolve 
• Ao final da sexta semana, as proeminências 
maxilares começam a se fundir com as 
proeminências nasais laterais, estabelecendo a 
continuidade entre lado do nariz e bochecha 
• Entre a sétima e a décima semanas, as 
proeminências nasais mediais fundem-se com 
as nasais laterais e maxilares 
• A fusão de nasais mediais e maxilares 
permitem a continuidade da mandíbula 
superior e do lábio 
• Segmento intermaxilar: surge quando as 
proeminências nasais mediais se fundem. 
Forma o filtro do lábio, a parte pré-maxilar da 
maxila e suas gengivas e o palato primário 
• Lâmina labiogengival: espessamento do 
ectoderma que permite o desenvolvimento de 
lábios e gengivas. É degenerado e deixa um 
sulco labiogengival. Uma pequena parte 
persiste como o freio do lábio superior 
• Com o aumento do encéfalo, a cavidade 
craniana se expande lateralmente, fazendo 
com que as órbitas se movimentem da lateral 
para a frente

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