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AVA Unidade 1 - Patologia dos sistemas cardiovascular, respiratório e hemolinfático

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Unidade 1 – Patologia dos sistemas cardiovascular, respiratório e hemolinfático
Patologia do sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular é subdividido em sistemas vascular (coração e vasos sanguíneos) e linfático (vasos linfáticos). Entre as funções do sistema cardiovascular, destacam-se o bombeamento sanguíneo; a manutenção do fluxo sanguíneo aos tecidos periféricos, fornecendo oxigênio, nutrientes e hormônios; bem como a termorregulação e a remoção de metabólitos residuais e dióxido de carbono. 
O principal órgão desse sistema é o coração, peça fundamental para o funcionamento dele. Trata-se de um órgão muscular cônico localizado na cavidade torácica e que, ao contrair-se de forma rítmica, bombeia sangue aos tecidos.
Morfologicamente, o coração de mamíferos apresenta quatro câmaras (ventrículos e átrios esquerdos e direitos) e quatro válvulas (atrioventriculares direita – tricúspide – e esquerda – mitral –, semilunares aórtica e pulmonar). Sua parede é dividida em três camadas, epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio compõe a porção externa do coração (pericárdio visceral), a qual se une ao pericárdio parietal, formando o saco pericárdico que tem função de lubrificar e facilitar a movimentação cardíaca durante a sístole e diástole. O miocárdio tem feixes musculares estriados (cardiomiócitos) e espessura relacionada à pressão local. Já o endocárdio é a camada interna revestida por endotélio e revestida por tecido conjuntivo, além de vasos sanguíneos, nervos e fibras de Purkinje. 
Entende-se que as doenças do miocárdio são as principais nesse sistema e, dessa forma, a compreensão dos mecanismos de lesões e reações teciduais é fundamental. Isso porque os cardiomiócitos possuem baixa capacidade de regeneração tecidual e, portanto, têm um espectro limitado de reações às lesões, com predomínio de respostas adaptativas. A hipertrofia cardíaca é a principal dessas respostas, com aumento da massa ventricular, podendo ser subdividida em concêntrica (diminuição da luz cardíaca) e excêntrica (câmara cardíaca dilatada). Por sua vez, as lesões cardíacas degenerativas ou necróticas geralmente são irreversíveis e inicialmente caracterizadas por necrose hialina da fibra muscular, com subsequente fagocitose de restos necróticos por neutrófilos e macrófagos e, por fim, formação de tecido cicatricial (fibrose).
DOENÇAS CARDÍACAS
As doenças cardíacas podem levar à perda de função tanto de forma aguda, com síncope, colapso, perda da consciência e alterações bruscas na frequência, como de forma crônica, com perda gradual da eficácia do bombeamento sanguíneo ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC). 
A ICC pode ser causada por doença cardíaca primária (valvular, miocárdica ou pericárdica) ou sobrecarga associada à lesão pulmonar. Quando crônica do lado direito, causa acentuada congestão hepática (fígado com aspecto de noz-moscada), aumento da pressão hidrostática vascular e extravasamento de líquidos (ascite, hidrotórax e edema de subcutâneo). Já do lado esquerdo, resulta em congestão e edema pulmonar, além de apresentar células de falha cardíaca alveolares. 
No caso de malformações do coração ou de grandes vasos, há falhas na embriogênese por diversas causas. É importante considerar que a pressão cardíaca dos dois lados é similar no feto, ao passo que, ao nascer, a pressão do lado esquerdo aumenta. A persistência do ducto arterioso é a anomalia de falha de fechamento mais comum, principalmente em cães, e caracteriza-se pela persistência da comunicação vascular entre as artérias pulmonar e aorta, que deveria ser convertida no ligamento arterioso após o nascimento. Faz com que o sangue desvie do lado esquerdo para o direito, levando à hipertensão pulmonar e hipertrofia concêntrica do ventrículo direito (VD), ao passo que o ventrículo esquerdo (VE) pode sofrer hipertrofia excêntrica por aumento de volume diastólico. 
Outras falhas de fechamento incluem os defeitos de septos atriais (DSA) ou ventriculares (DSV). Os DSA também são denominados de persistência do forame oval, estrutura que comunica ambos os átrios na vida fetal. Entretanto, quando malformado, há refluxo do sangue atrial esquerdo ao átrio direito, com dilatação atrial direita e hipertrófica excêntrica do VD. No que tange os DSV, ocorrem como resultado de desenvolvimento incompleto do septo e permitem a comunicação entre os ventrículos. Dessa forma, ocorre passagem de sangue do VE ao VD, com hipertrofia concêntrica no VD e dilatação atrial e hipertrofia excêntrica do VE por aumento de volume. 
Entre as falhas de desenvolvimento valvular, destacam-se as estenoses de valvas semilunares aórtica e pulmonar, comuns em cães e em suínos. Nesses casos, ocorre a formação de uma banda de tecido conjuntivo fibroso próxima à base da válvula, o que leva à diminuição da luz, sobrecarga de pressão e hipertrofia concêntrica do ventrículo associado. Por sua vez, a persistência do arco aórtico direito (PAAD) é uma falha de posicionamento da artéria aorta pelo desenvolvimento errôneo a partir do arco aórtico direito, pois em situações normais ela se origina no arco aórtico esquerdo. Dessa forma, a aorta ascende ao lado direito e o ligamento arterioso forma um anel sobre o esôfago e a traqueia, resultando em obstrução esofágica, disfagia e megaesôfago, com regurgitação e pneumonia aspirativa.
Também podemos citar como falhas a ectopia cardíaca, em que o coração está for a da cavidade torácica, e a tetralogia de Fallot, em que são visualizadas três falhas primárias (DSV, estenose pulmonar e PAAD) e uma secundária (hipertrofia concêntrica no VD por sobrecarga de pressão) (Figura 1). 
Com relação ao pericárdio, tem-se uma região que pode ser afetada por lesões não inflamatórias e inflamatórias. Entre as primeiras, há a atrofia serosa de gordura epicárdica, em que o tecido adiposo tem aspecto gelatinoso devido a caquexia e mobilização excessiva de reservas de gordura. No hidropericárdio, há acúmulo anormal e progressivo de líquido seroso no saco pericárdico como resultado de ICC ou doenças que provocam hipoproteinemia, como cirrose hepática, insuficiência renal crônica e verminoses. Já no hemopericárdio, há acúmulo súbito de sangue no saco pericárdico, com consequente tamponamento cardíaco e morte súbita. As causas mais frequentes para isso incluem ruptura arterial intrapericárdica, como em equinos após exercício, ruptura atrial e ruptura de hemangiossarcoma em caninos. 
As lesões inflamatórias frequentemente resultam de processos infecciosos sistêmicos em animais neonatos, em que se observa pericardite fibrinosa, considerada o tipo mais comum em animais. Entre as causas, destacam-se a presença de Clostridium chauvoei (carbúnculo sintomático); Escherichia coli (colibacilose) em bovinos; Streptococcus equi em equinos; Glaesserella parasuis e Pasteurella spp. Em suínos; e vírus da peritonite infecciosa felina (FCoV) em felinos. Macroscopicamente, o pericárdio apresenta aspecto rugoso, granular à friável e amarelado filamentoso (aspecto de pão com manteiga). 
Por sua vez, também há pericardites purulentas, geralmente causadas por bactérias piogênicas (Trueperella pyogenes) e pela extensão de processos infecciosos, como na reticulopericardite traumática em bovinos pela ingestão de corpos estranhos metálicos. À necropsia, o saco pericárdico é preenchido por material purulento amarelo-esverdeado. Como a doença tem evolução lenta, o animal desenvolve ICC e pericardite constritiva com fibrose epicárdica acentuada.
Já no caso do endocárdio, a maior parte das lesões de significado clínico-patológico envolvem as valvas cardíacas e não o endocárdio mural. Elas podem causar estenose valvar e sobrecarga de pressão, bem como insuficiência valvar, a qual leva à regurgitação sanguínea e murmúrios cardíacos. A insuficiência valvar pode ter causa degenerativa ou infecciosa, como na endocardiose e endocardite, respectivamente. 
Em cães, a degeneração mixomatosa valvular (endocardiose) ocorre frequentemente, tem etiopatogenia desconhecida e afeta predominantemente a valva mitral, por vezes,envolvendo a valva tricúspide de forma incidental. Macroscopicamente, as valvas ficam encurtadas, espessadas e nodulares, com superfície lisa e coloração branca brilhante. Em casos avançados, há refluxo sanguíneo do VE ao átrio esquerdo em alta pressão, provocando lesões em jato na superfície endocárdica (jet lesions), que podem culminar com ruptura atrial e hemopericárdio.
CURIOSIDADE Se a endocardiose tiver relação com a causa da morte do animal, lesões secundárias ICC, como ascite, fígado noz-moscada ou edema pulmonar estarão presentes.
A endocardite é um processo inflamatório de origem infecciosa, geralmente bacteriana, que envolve especialmente as valvas mitral e tricúspide (endocardite valvar ou valvular). Acomete praticamente todas as espécies, sendo frequente em bovinos, equinos, suínos e cães. 
A endocardite valvar é associada à bacteremia persistente, em que bactérias circulantes podem aderir em bordos valvulares, locais que passam a colonizar formando lesões de aspecto vegetativo. Macroscopicamente, são friáveis, amarelo-avermelhadas e facilmente removíveis porém a superfície endotelial fica erodida após a remoção. Entende-se que porções das vegetações podem formar tromboêmbolos e atingir outros órgãos (rins, baço, pulmões e encéfalo), causando infartos. Há também formas de endocardite mural envolvendo o endocárdio atrial em cães com insuficiência renal e uremia, casos nos quais o átrio exibe aspecto rugoso e irregular, com coloração opaca ou esbranquiçada.
Com relação às doenças miocárdicas, elas podem ocorrer como resultado de degeneração, necrose, processos inflamatórios (miocardite) ou cardiomiopatias. Entre as causas tóxicas, destaca-se a intoxicação por Palicourea marcgravii (erva-de-rato) em bovinos, considerada a planta tóxica mais importante do Brasil. Ela causa morte súbita por conter como princípio tóxico o monofluoracetato de sódio que interfere no ciclo de Krebs e, portanto, interrompe o metabolismo celular. Os achados de necropsia são escassos e, à microscopia, há degeneração hidrópica renal. Há registros também de outras plantas que causam ICC crônica com fibrose cardíaca, como Niedenzuella spp. E Ateleia glazioviana. 
Os equinos são sensíveis à intoxicação por antibióticos ionóforos (monensina), compostos empregados como coccidiostáticos em aves e promotores de crescimento em bovinos. Eles se intoxicam pelo uso incorreto de ração ou mistura incorreta, levando a lesões necróticas musculares esquelética e cardíaca. Ademais, tem-se a deficiência de vitamina E e selênio, que causa a doença do músculo branco em bezerros, cordeiros, suínos e potros, com necrose muscular esquelética, mas que ocasionalmente apresenta envolvimento do coração. Em suínos, essa deficiência provoca extensas hemorragias na superfície epicárdica (doença do coração de amora). 
Em se tratando da miocardite, há uma variedade de doenças sistêmicas como possíveis causas, sendo raramente primária. Pode ainda ocorrer como extensão da inflamação do epicárdio ou endocárdio. As miocardites supurativas resultam da ação de bactérias piogênicas sistêmicas, como Trueperella pyogenes e Listeria monocytogenes, em bovinos. A miocardite hemorrágica é um padrão típico de lesão induzida por Clostridium chauvoei no carbúnculo sintomático em bovinos. Por sua vez, as miocardites intersticiais linfocíticas estão relacionadas a infecções virais sistêmicas, como Parvovirus (caninos) e Aphtovirus spp. (bovinos) e caracterizam-se por áreas pálidas no miocárdio, que correspondem à variável infiltrado inflamatório de linfócitos e plasmócitos. Sabe-se que as miocardites parasitárias têm aspectos similares às intersticiais linfocíticas, sendo fundamental a identificação de estruturas parasitárias à microscopia para confirmação do diagnóstico. Entre essas, destaca-se as causadas por Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Trypanosoma cruzi e Sarcocystis cruzi. 
No que tange a cardiomiopatias, tem-se doenças do miocárdio sem causa bem-definida, mas de provável causa genética. Três formas são reconhecidas em animais: dilatada, hipertrófica e restritiva. A mais comum em cães é a dilatada, predominantemente afetando as raças de grande porte, que exibem sinais clínicos de ICC esquerda ou de ambos os lados, como edema pulmonar e/ou ascite, respectivamente. À necropsia, o coração tem aspecto globoso, com todas as câmaras cardíacas marcadamente dilatadas. 
Em contrapartida, em gatos a hipertrófica é a forma mais comum, com acentuada hipertrofia concêntrica de ambos os ventrículos, mais notavelmente do VE e septo interventricular. A cardiomiopatia restritiva é menos comum em felinos e é caracterizada por intensa fibrose endocárdica. Por sua vez, a dilatada nessas espécies tem relação com deficiência de taurina na dieta e sua ocorrência é reduzida pela suplementação apropriada do aminoácido na alimentação.
Outro ponto de importância para o estudo das doenças cardíacas são as neoplasias. As alterações neoplásicas primárias do coração, como rabdomiomas, são consideradas raras. Por sua vez, as neoplasias secundárias, tanto metastáticas quanto multicêntricas, são mais comuns. Em caninos, o hemangiossarcoma, originado de células endoteliais, comumente envolve o átrio direito e forma massa avermelhada, que pode romper e provocar hemopericárdio com tamponamento cardíaco e morte súbita. Já o linfoma frequentemente envolve o coração em cães e bovinos, formando massas nodulares brancas que correspondem microscopicamente a linfócitos neoplásicos. Em bovinos, está associado à leucose enzoótica bovina e ocorre frequentemente em propriedades leiteiras. 
Outras neoplasias incluem aquelas localizadas na base cardíaca com origem em quimiorreceptores (corpos carotídeos ou aórticos), sendo denominados quimiodectomas ou paragangliomas, de ocorrência mais frequente em cães braquicefálicos, especialmente os da raça Boxer. 
DOENÇAS VASCULARES
O sistema vascular é composto por segmentos arteriais, capilares, venosos e linfáticos. As artérias são classificadas em elásticas, musculares e arteríolas, enquanto no sistema venoso há veias e vênulas, havendo um rico leito capilar. No segmento linfático, os vasos linfáticos contêm a chamada linfa. Microscopicamente, as duas estruturas têm similaridades, como túnica íntima revestida por células endoteliais, porém diferenças são vistas na composição da túnica média das artérias, pela composição de elastina e musculatura lisa em artérias elásticas e musculares, respectivamente. Externamente, todas são revestidas pela túnica adventícia. De forma distinta à patologia humana, casos veterinários de alterações degenerativas arteriais são menos comuns. 
A aterosclerose se refere ao acúmulo de depósitos de lipídios (ateroma) na parede de vasos, levando à estenose do lúmen (Figura 2). É uma das doenças de maior importância em humanos causando infarto do miocárdio, enquanto em animais domésticos é rara e vista ocasionalmente na hiperlipidemia de distúrbios endócrinos (hipotireoidismo e diabetes mellitus).
Por sua vez, a arteriosclerose se refere ao espessamento arterial com perda da elasticidade e estreitamento luminal predominantemente de aorta abdominal, enquanto a mineralização arterial mais comum ocorre em casos de intoxicação por plantas calcinogênicas em ruminantes, e toxicose por vitamina D e insuficiência renal em cães e gatos.
No que tange a aneurismas, tem-se dilatações localizadas de vasos, envolvendo predominantemente grandes artérias, com maior propensão de causarem rupturas e hemorragias graves fatais. São raros em animais domésticos, com exceção de casos associados a Spirocerca lupi em cães. As rupturas arteriais e de demais vasos ocorrem comumente por traumas, mas também de forma espontânea, como em casos que acomentem a aorta intrapericárdica após exercício intenso em equinos.
Processos inflamatórios de vasos são comuns e geralmente denotam doença infecciosa sistêmica, visto que alguns agentes têm tropismo por estruturas vasculares, como na língua azul (ovinos), febre catarral maligna (FCM) (bovinos), peritonite infecciosafelina e peste suína clássica. Assim, entende-se que alterações inflamatórias de artérias caracterizam arterites, enquanto termos morfológicos como vasculite e flebite englobam inflamações envolvendo artérias, veias e capilares. Os casos de arterite proliferativa envolvem agentes parasitários que têm parte de seu ciclo no interior de vasos, como S. vulgaris, em equinos, e S. lupi e Dirofilaria immitis, em cães. 
A trombose também tem Importância clínica nesse âmbito e se refere a um processo de coagulação intravascular diretamente relacionado à tríade de Virchow: lesão endotelial, turbulência ou estase do fluxo sanguíneo e estados de hipercoagulabilidade sanguínea. Agentes infecciosos ou reações imunomediadas podem provocar as lesões endoteliais que a favorecem, enquanto endotoxemias e septicemias bacterianas resultam em coagulação intravascular disseminada. Os trombos são amarelos a levemente avermelhados e aderidos à parede vascular, podendo se desprender e provocar tromboembolismo. Entende-se que os processos inflamatórios e trombóticos envolvendo veias são muito similares aos descritos para as artérias.
Com relação a anastomoses ou derivações portossistêmicas (shunts), encontram-se alterações vasculares que permitem que o sangue proveniente da veia porta passe diretamente à veia cava caudal, desviando do fígado. São comuns em cães e gatos, podendo ocorrer de forma congênita ou adquirida, sendo esta última secundária à hipertensão portal por cirrose hepática. Além disso, as veias também podem ser invadidas por neoplasias, como o feocromocitoma de adrenal. 
Patologia do sistema respiratório
As doenças do sistema respiratório são causas importantes de morbidade e mortalidade em diversas espécies de animais domésticos, predominantemente em suínos, equinos e bovinos. Os pulmões exibem particularidades anatômicas dependendo da espécie animal, como diferentes graus de lobação e lobulação pulmonar. Os lobos pulmonares são definidos de acordo com a ramificação dos brônquios e podem ser bem demarcados, como em suínos e ruminantes, ou pobremente, como em equinos. São subdivididos em lóbulos por tecido conjuntivo e o grau de lobulação influencia se o ar se movimenta entre os lóbulos (ventilação colateral). Bovinos e suínos, por exemplo, têm menor ventilação colateral. 
O trato respiratório pode ser subdividido de forma estrutural em superior (desde as narinas até a laringe) e inferior (da traqueia aos pulmões) e de forma funcional em sistema condutor, transicional e de trocas gasosas, cada um com suas funções e particularidades anatômicas e histológicas. 
O sistema condutor compreende desde as narinas até os brônquios intrapulmonares, e tem função de conduzir e filtrar o ar, bem como realizar a remoção mucociliar de partículas estranhas. O sistema transicional é composto por bronquíolos, com desaparecimento gradual de cílios e perda de células caliciformes. Já o sistema de trocas gasosas é formado pelos alvéolos pulmonares, que são revestidos predominantemente por pneumócitos tipo I, células delgadas que facilitam as trocas gasosas do ar inspirado com os capilares presentes nos septos alveolares.
O ar constantemente inspirado expõe o sistema respiratório a diversos microrganismos potencialmente patogênicos e alérgenos. Os reflexos protetores, como espirro e tosse, facilitam a expulsão de partículas, assim como a configuração anatômica previne ou reduz a passagem delas aos pulmões. Além disso, a remoção mucociliar realizada pelo sistema condutor facilita a adsorção de partículas estranhas pela produção de muco e remoção pelos cílios por meio de movimentos unidirecionais. Assim, quando partículas estranhas chegam aos espaços alveolares, macrófagos locais prontamente realizam a fagocitose e outros produtos secretados nos alvéolos contribuem para a defesa, como os surfactantes produzidos por pneumócitos tipo II que recobrem a superfície alveolar, e previnem o colapso da estrutura alveolar. 
Por isso, a análise macroscópica do sistema respiratório deve ser realizada de forma sistemática e ordenada, a fim de que todas as possíveis lesões possam ser observadas.
DOENÇAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR
Algumas são as enfermidades que afligem animais doméstico com relação ao trato respiratório superior. Com relação às malformações congênitas envolvendo a cavidade nasal, há casos raros. A fenda palatina (palatosquise), um defeito de fechamento na linha média do palato duro a mole que permite comunicação entre a orofaringe e cavidade nasal, é o principal acometimento desse tipo em bovinos e suínos. Ela pode ocorrer de forma concomitante à fenda labial ou lábio leporino (palatoqueilosquise). A falha resultante na comunicação da cavidade oral com a nasal predispõe à aspiração de conteúdo alimentar e pneumonia aspirativa, que é fatal. 
As alterações inflamatórias são denominadas rinites e, por extensão, frequentemente envolvem os seios paranasais, causando sinusite. As rinites são causadas principalmente por agentes infecciosos e têm ocorrência diretamente relacionada ao desequilíbrio dos mecanismos de defesa, como sistema mucociliar e microbiota local. Como fatores predisponentes às rinites, principalmente em suínos e bovinos, destacam-se níveis aumentados de amônia, superlotação animal, escassa ventilação, elevada poeira e baixa umidade do ar. Assim, elas podem ser classificadas conforme o tipo de exsudato em serosa, catarral, purulenta, fibrinosa e granulomatosa. 
A rinite serosa se apresenta com secreção de fluido claro e límpido, com escassa inflamação. Ocorre durante as fases iniciais de infecções virais e reações alérgicas. Na forma catarral, há secreção serosa com conteúdo mucoso e translúcido a turvo, como é visualizado na FCM em bovinos, enquanto na purulenta há exsudato espesso amarelo-esverdeado e viscoso (pus), rico em neutrófilos, que acompanha infecções bacterianas. As fibrinosas ocorrem em algumas condições, como na infecção por Herpesvírus bovino-1 (rinotraqueíte infecciosa bovina) e Fusobacterium necrophorum (difteria dos bezerros), e são caracterizadas por abundante fibrina sobre as mucosas, com aspecto macroscópico amarelado e ressecado. Já as granulomatosas são caracterizadas por processo inflamatório crônico de curso clínico longo e macroscopicamente têm aspecto proliferativo devido ao influxo de macrófagos e células gigantes multinucleadas, além de fibrose. São exemplos desse caso a rinosporidiose, em equinos; a pitiose e a conidiobolomicose, em ovinos e caprinos; e a criptococose, em felinos. 
Em suínos, cabe destacar a ocorrência da rinite atrófica, doença de importância econômica que pode se manifestar de forma não progressiva ou progressiva. É necessária infecção inicial com Bordetella bronchiseptica, que prolifera e altera o balanço da microbiota nasal, levando a alterações inflamatórias e degenerativas leves com secreção serosa (rinite atrófica não progressiva). Todavia, a colonização inicial da bactéria pode levar à exposição da lâmina própria da mucosa nasal, favorecendo a aderência de Pasteurella multocida, com produção de toxina dermonecrótica, a qual tem ação osteoclástica (reabsorção óssea) e inibe a atividade osteoblástica (síntese óssea), causando a progressão e promovendo, ao fim, atrofia de endoturbinados, deformação do focinho e rinite hemorrágica (rinite atrófica progressiva). Entende-se que a lesão dos endoturbinados pode ser avaliada e graduada por meio de corte transversal à altura da comissura labial.
Em equinos, a infecção por Streptococcus equi subsp. Equi causa o garrotilho, que ocorre predominantemente em animais jovens e é caracterizada por linfadenite e rinite purulenta. Nessa situação, os linfonodos mandibulares e retrofaríngeos ficam aumentados por pus que drena para a cavidade nasal, causando tal tipo de rinite. Ocasionalmente, esse exsudato preenche as bolsas guturais e resulta em empiema. Broncopneumonia por aspiração do conteúdo purulento, hemiplegia laríngea e púrpura hemorrágica por deposição de imunocomplexos em vasos são outras sequelas.
No que tange àsneoplasias da cavidade nasal, a origem pode se dar em qualquer tecido que a compõe, como ósseo (osteoma e osteossarcoma), cartilaginoso (condroma e condrossarcoma), conjuntivo (fibroma e fibrossarcoma), vasos sanguíneos (hemangioma ou hemangiossarcoma) e epitelial (adenoma ou carcinoma). Cães com focinho alongado (dolicocefálicos), como Collie e Pastor Alemão, são predispostos ao desenvolvimento de tumores nessa região, sendo malignos e altamente infiltrativos. Causam deformidade facial (Figura 3), dificuldade respiratória, exoftalmia e, ocasionalmente, sinais neurológicos. 
Em gatos, o carcinoma de células escamosas (CCE) cutâneo é altamente infiltrativo e pode se estender à cavidade nasal, assim como em equinos apresentando CCE palpebral. Por sua vez, em ruminantes, principalmente ovinos e caprinos, a ocorrência de neoplasias epiteliais na cavidade nasal está associada à infecção por um retrovírus (vírus do tumor nasal enzoótico – ENTV) e a condição é denominada de tumor nasal enzoótico. A doença tem período de incubação longo (de um a três anos) e, por isso, afeta animais adultos. 
A laringe também é afetada, mas co” doenças incomuns, destacando-se a hemiplegia laríngea, em equinos, e a laringite necrótica, em bovinos. A primeira, também conhecida por doença do cavalo roncador, é uma condição geralmente subclínica que se manifesta após exercícios e cursa com atrofia unilateral do músculo cricoaritenoideo esquerdo pela degeneração idiopática do nervo laríngeo recorrente esquerdo. A segunda condição, denominada difteria dos bezerros ou necrobacilose oral, é causada por F. necrophorum, provocando áreas demarcadas de necrose recobertas por fibrina na mucosa laríngea.
Igualmente, as doenças traqueais são incomuns em animais domésticos, com exceção de caninos toy ou miniatura, como Yorkshire Terrier, os quais são predispostos à ocorrência de colapso de traqueia. Nesse caso, há achatamento dorsoventral da região, com redução do lúmen traqueal, ressultando em tosse, intolerância ao exercício e, por vezes, colapso respiratório e morte. A etiopatogenia da doença não é clara, mas acredita-se que tenha relação com a degeneração cartilaginosa de anéis traqueais e o relaxamento exacerbado de musculatura dorsal do órgão.
DOENÇAS PULMONARES
O conhecimento de padrões de lesão pulmonar e de respostas do hospedeiro é essencial para uma melhor compreensão das doenças que atingem essa região do organismo. Os alvéolos, por exemplo, têm estrutura delicada, com parede recoberta por pneumócitos tipo I, os quais são suscetíveis a agentes nocivos. Assim, quando atingidos, os pneumócitos tipo I se desprendem da parede e deixam a membrana basal exposta, situação essencial para a proliferação de pneumócitos tipo II, que recobrem a área lesada e, por fim, diferenciam-se em pneumócitos tipo I, reparando a lesão inicial.
Entende-se que os insultos a brônquios e bronquíolos podem causar degeneração e necrose do epitélio, evoluindo para reparo ou, em casos crônicos, resultando em bronquite ou bronquiolite, com obstrução da via aérea e possível dilatação bronquial (bronquiectasia), além de outras consequências, como pneumonia, atelectasia alveolar e enfisema.
As anomalias congênitas pulmonares são raras em animais domésticos, mas a melanização na superfície pleural (melanose pulmonar) é um achado comum de abate em suínos e bovinos. Já as anormalidades do preenchimento alveolar se referem a condições em que há perda do equilíbrio entre o quociente de volume de ar e de sangue capilar. Dessa forma, podem ser caracterizadas por alvéolos hiperinflados (enfisema) ou colapsados (atelectasia)
Contudo, o enfisema pulmonar, como doença primária, é incomum em animais, sendo secundário à obstrução da saída de ar ou respiração agônica próxima à morte. Pode ainda ser classificado em enfisema alveolar, com distensão de paredes alveolares, ou intersticial, com presença de ar em septos interlobulares.
Por sua vez, atelectasia pode ocorrer de forma congênita, em pulmões de fetos que não se expandiram ao nascimento, ou de forma adquirida, que é mais comum e pode ser visualizada sob as formas obstrutiva ou compressiva.
A forma obstrutiva está ligada à obstrução de vias aéreas, como inflamação, material estranho ou parasitas, e sua extensão e gravidade dependem do diâmetro da via aérea afetada e da capacidade de ventilação colateral do animal. Dessa forma, suínos e bovinos, os quais possuem menor grau de ventilação colateral, exibem um padrão lobular marcado, com áreas deprimidas e escurecidas. Enquanto isso, a forma compressiva ocorre em associação a massas intratorácicas ou acúmulos de líquidos no tórax, como hidrotórax. Ademais, a perda da pressão negativa da cavidade torácica por lesões perfurantes causa pneumotórax, o que leva à atelectasia compressiva. 
Em oposição às anomalias, as alterações circulatórias nos pulmões são comuns em diversas condições por se tratar de um órgão ricamente vascularizado, incluindo casos de hiperemia, congestão, hemorragia, edema, embolia e infartos. A hiperemia é um processo ativo que geralmente acompanha quadros infecciosos (pneumonias), ao passo que a congestão é um processo passivo frequentemente observado em associação à ICC esquerda. Em ambas as situações, os pulmões estão parcialmente colapsados e vermelho-escuros, fluindo sangue ao corte. 
As hemorragias pulmonares se diferem da congestão pela distribuição, sendo geralmente representadas por petéquias ou áreas mais extensas avermelhadas, enquanto na congestão a lesão é difusa. Elas são frequentes em processos com diátese hemorrágica, como trombocitopenia e intoxicação por rodenticidas, e por consequência de traumas, sepse e tromboêmbolos.
No caso do edema pulmonar, uma das alterações pulmonares mais comuns, ocorrem complicações de inúmeras doenças. As causas vão desde o aumento de pressão hidrostática (ICC esquerda), redução da pressão oncótica ou hipoproteinemia (insuficiência renal crônica e cirrose hepática) até o aumento da permeabilidade vascular (pneumonias com lesões alveolares) e a forma neurogênica. Macroscopicamente, pulmões edematosos são pesados, brilhantes e não colapsados, com fluído serobolhoso ao corte que pode se estender às vias aéreas. 
Como os pulmões possuem leito capilar vasto, êmbolos pulmonares são comuns, principalmente representados por tipos bacterianos originados de outros tecidos e neoplásicos provocando doença pulmonar metastática. Por sua vez, os infartos são raros devido ao suprimento arterial duplo pulmonar, mas podem ocorrer quando há trombose e isquemia de vasos periféricos. Sabe-se que torções lobares podem causar infarto com isquemia, trombose e necrose do segmento afetado.
Distúrbios metabólicos também podem ser observados nos casos de doenças pulmonares. São compostos pela mineralização ou calcificação pulmonar que pode ser observada em cães com doença renal aguda ou crônica, provocando a denominada pneumopatia urêmica, ou em doenças que induzem hipercalcemia. Macroscopicamente, os pulmões estão não colapsados, firmes a duros e, ao corte, têm aspecto de pedra-pomes, enquanto, microscopicamente, há mineralização do interstício pulmonar.
No que tange à compreensão da classificação morfológica de pneumonias (Infecções pulmonares), sua fundamentação se baseia em distribuição das lesões, porta de entrada, consistência e presença ou ausência de exsudato. Os cinco principais tipos de pneumonia reconhecidos constam no Quadro 1.
As pneumonias intersticiais são causadas por vírus, como na cinomose em cães, e envolvem qualquer uma das camadas do interstício alveolar, pois se disseminam de forma hematógena, com distribuição difusa e impressão das costelas. Já as pneumonias granulomatosas podem ter tanto origem aerógena quanto hematógena, causadas por bactérias (tuberculose), fungos (criptococose) ou parasitas. 
No caso das pneumonias embólicas, originadas de lesões primárias bacterianas em outros tecidos, apresentam tromboêmbolos que chegam aos pulmões, causando lesões multifocais aleatórias vermelho-amareladas e a formaçãode abscessos. Em bovinos, a ruptura de abscessos hepáticos na veia cava caudal pode causar pneumonia embólica supurativa, além de ocasionalmente infiltração nas paredes de vasos e síndrome hemorrágica aguda com hemoptise fatal. 
As broncopneumonias supurativas são geralmente causadas por bactérias, como, por exemplo, na pneumonia enzoótica em suínos por Mycoplasma hyopneumoniae, e apresentam exsudato purulento que se deposita em região cranioventral. As broncopneumonias fibrinosas são relativamente similares quanto à localização (cranioventral) e etiologia (bacteriana), mas diferem pela exsudação de fibrina na superfície pleural e parênquima pulmonar, como na febre dos transportes em ruminantes.
CURIOSIDADE Em humanos, o exsudato de broncopneumonias supurativas se deposita em porções diafragmáticas por ação gravitacional, ao passo que em animais é cranioventral por serem quadrúpedes. 
Em bovinos, ovinos e caprinos, a febre dos transportes é uma doença respiratória relacionada com fatores predisponentes de estresse (transporte, modificação de alimentação, desmame e superlotação de animais), causada por M. haemolytica ou P. multocida, bactérias comensais do trato respiratório superior. Macroscopicamente, apresenta broncopneumonia fibrinosa e, microscopicamente, neutrófilos em formato de grão-de-aveia (oat cells). 
Outras doenças cursam com pneumonias de acordo com as espécies acometidas, visto que alguns agentes são espécie-específicos. Em suínos, por exemplo, pneumonias se enquadram no complexo de causas multifatoriais relacionadas aos hospedeiros, ao ambiente, a práticas de manejo e a agentes infecciosos. Na maioria das vezes, há ainda associação de agentes, como vírus e bactérias, o que requer exames complementares para detecção específica. 
O M. hyopneumoniae é o agente causador da pneumonia enzoótica, que causa perdas econômicas à suinocultura e afeta principalmente animais de crescimento e terminação. O agente se adere aos cílios das vias aéreas, causando cilioestase e induzindo a hiperplasia de tecidos linfoides peribronquiais, o que favorece a ocorrência de infecções bacterianas secundárias. 
· O vírus da influenza também tem destaque e se manifesta como doença clínica altamente contagiosa em suínos de creche. Causa bronquite/bronquiolite necrotizante, culminando com padrão macroscópico de tabuleiro de xadrez por causar atelectasia obstrutiva lobular. Já o Actinobacillus pleuropneumoniae causa pleuropneumonia suína em animais na fase de crescimento e produz citotoxinas leucotóxicas (Apx I, II e III). Macroscopicamente, há pleuropneumonia fibrinossupurativa e necro-hemorrágica que geralmente envolve as porções dorsais de lobos médios. 
· O circovírus tipo 2 é o agente etiológico da síndrome do definhamento pós-desmame dos suínos, afetando animais da creche ao crescimento com doenças multissistêmicas, incluindo pneumonia intersticial como uma das possíveis lesões envolvidas. Além desses quadros, pode-se citar ainda o G. parasuis, que provoca a doença de Glasser, com poliserosite fibrinosa (pleurite, pericardite e peritonite), meningite e artrite. 
· A Infecção por retrovirídeos do gênero Lentivirus causa pneumonia progressiva ovina ou maedi (dispneia, em islandês) e artrite-encefalite caprina. A maedi se manifesta em animais adultos que passam a apresentar dispneia progressiva e perda de peso. Macroscopicamente, os pulmões ficam aumentados e com aspecto elástico e, microscopicamente, há pneumonia intersticial com infiltrado mononuclear em septos alveolares e manguitos de linfócitos em torno de vasos e vias aéreas. A artrite-encefalite caprina pode ter a pneumonia como principal apresentação em cabritos e adultos, ocorrendo em associação à encefalite ou artrite. De forma macroscópica, ocorre pneumonia intersticial com lesões multifocais a difusas firmes e brancacentas, e de forma microscópica, linfócitos no interstício alveolar, hiperplasia de pneumócitos tipo II e preenchimento de alvéolos por material eosinofílico e proteináceo. 
· Em equinos jovens de três a seis meses, é comum a infecção por Rhodococcus equi, bactéria Gram-positiva que sobrevive e se multiplica no interior de macrófagos alveolares (intracelular facultativa). Causa doença respiratória de evolução crônica, que também pode envolver outros órgãos, como linfonodos, intestino grosso, olho, ossos e articulações. Macroscopicamente, há formação de inúmeras estruturas nodulares amareladas com aspecto caseoso ao corte (piogranulomas). Além disso, múltiplas áreas de necrose caseosa associadas a infiltrado de macrófagos, células gigantes multinucleadas, frequentemente contendo cocobacilos intracitoplasmáticos, e inúmeros neutrófilos são encontrados microscopicamente.
Já em cães, a pneumonia intersticial causada por Morbillivirus canino (cinomose) tem relevância e afeta principalmente animais jovens não vacinados. Como o vírus é pantrópico, os sinais clínicos e as lesões variam conforme o sistema acometido. Assim, além do quadro de pneumonia, é possível haver meningoencefalite não supurativa, hipoplasia de esmalte dentário, espessamento de coxins, entre outros aspectos. Em análise microscópica, inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas e, por vezes intranucleares, podem ser visualizadas. Entende-se ainda que, como o vírus induz imunodepressão nos animais afetados, é comum ocorrer broncopneumonia bacteriana supurativa secundária. 
No que concerne à tuberculose, sua”ocorrência é registrada em praticamente todas as espécies de animais domésticos com maior relevância em bovinos. É causada por M. tuberculosis ou M. bovis, bactéria altamente resistente no ambiente e transmitida por via aerógena, com inalação e infecção inicial nos pulmões e em linfonodos retrofaríngeos, mediastínicos e traqueobrônquicos (complexo primário da tuberculose). É uma doença de evolução lenta com resposta granulomatosa, visto que a bactéria sobrevive e se reproduz de forma intracelular. 
Macroscopicamente, forma granulomas amarelados com conteúdo caseoso, que rangem ao corte devido à mineralização distrófica. Microscopicamente, a resposta é granulomatosa, com centro necrótico circundado por macrófagos epitelioides e células gigantes de Langhans, além de intensa fibrose e linfócitos e plasmócitos na periferia. Para confirmação do diagnóstico, pode ser realizado exame histoquímico de Ziehl-Neelsen, o qual evidencia bacilos álcool-ácido resistentes (Figura 4). Ocasionalmente, o agente pode se disseminar de forma hematógena a diversos tecidos, causando tuberculose miliar.
Atenta-se também às neoplasias pulmonares, que geralmente são metastáticas, visto que os pulmões têm um leito capilar amplo e recebem grande parte da circulação sistêmica. As primárias são incomuns em animais domésticos e, quando ocorrem, são epiteliais e malignas, com massas solitárias que ocupam um lobo pulmonar. Em ovinos, o carcinoma pulmonar ou adenomatose pulmonar é uma condição neoplásica induzida por um retrovírus ovino que afeta animais adultos.
Patologia do sistema hemolinfático
O sistema hemolinfático, também denominado sistema hematopoiético, compreende órgãos e tecidos envolvidos na hematopoiese e resposta imune. Entre eles estão medula óssea, baço, linfonodos e timo e tecidos específicos, como tonsila e tecidos linfoides associados à mucosa intestinal (placas de Peyer) ou ao epitélio respiratório – tecido linfoide associado aos brônquios (BALT).
A hematopoiese representa a produção de células sanguíneas (eritrócitos, plaquetas, leucócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos, monócitos e macrófagos). No feto, o primeiro local a produzir essas células é o saco vitelino, mas logo o fígado e o baço assumem essa ação. Assim, após a metade da gestação, ela passa a ser predominantemente realizada pela medula óssea. Todavia, é comum observar em animais neonatos resquícios de produção de células hematopoiéticas no baço e no fígado. Cabe ressaltar que em casos de produção hematopoiética medular deficitária em animais adultos por estresse ou doenças concomitantes, baço, fígado elinfonodos podem retomar a atividade hematopoiética.
Nesse sistema, destacam-se os linfócitos, produzidos pela medula óssea, que formam órgãos linfoides primários (timo e bursa de Fabricius, sendo a última apenas em aves) e órgãos linfoides secundários (linfonodos, baço, tonsila e tecidos linfoides associados a mucosas, como BALT e placas de Peyer), nos quais ocorrem produção, diferenciação e maturação linfoide. 
DOENÇAS DA MEDULA ÓSSEA E DE LINFONODOS
A medula óssea é um tecido semifluido localizado no interior de cavidades das estruturas de ossos axiais (crânio, vértebras, costelas, esterno e pelve) e regiões proximais de ossos longos, como fêmur e úmero. No tecido medular saudável ou ativo, a medula é vermelha, apresentando uma mescla de células hematopoiéticas pluripotentes (com ampla capacidade de diferenciação) e tecido adiposo. Mas, à medida que o animal envelhece, a proporção de células hematopoiéticas diminui, ao passo que o tecido adiposo aumenta, e, dessa forma, a medula se torna amarelada.
A aplasia medular se refere à Interrupção de produção e maturação de precursores hematopoiéticos pela medula óssea, o que pode ocorrer de forma adquirida ou hereditária. A forma adquirida é mais comum em animais domésticos, tendo causas infecciosas, tóxicas, reações a alguns fármacos e hiperestrogenismo (por administração exógena ou relacionado a síndromes paraneoplásicas tumorais).
Entre as causas infecciosas, destacam-se o Parvovirus em caninos e felinos (panleucopenia felina) e a erliquiose monocítica canina. Esta última condição é causada por Ehrlichia canis, uma riquétsia transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus a cães. A doença manifesta-se tipicamente de forma crônica com aplasia medular e lesões, como palidez de mucosas, febre e hemorragias em diversos órgãos. Citologicamente, podem ser visualizadas formas parasitárias do agente (corpos elementares ou mórulas) no interior de monócitos, neutrófilos e plaquetas.
Tratamentos com cloranfenicol ou doses errôneas de lomustina em cães também podem causar aplasia medular. Além disso, em bovinos, a ingestão de grandes quantidades de samambaia-do-campo (Pteridium arachnoideum), como a da Figura 5, em um curto período de tempo, induz aplasia medular, com síndrome clínica de diátese hemorrágica, ou seja, hemorragias espontâneas envolvendo múltiplos órgãos por falha na hemostasia primária. Esses casos estão associados à ingestão dos brotos da planta, que apresentam ptaquilosídeos com efeito radiomiméticos como princípio tóxico.
A hipoplasia medular se refere à Interrupção ou parada de uma das linhagens celulares da medula óssea, seja ela a linhagem mieloide, eritroide ou megacariocítica. A mieloide pode ocorrer na infecção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) ou da imunodeficiência felina (FIV). A eritroide pode acompanhar casos de insuficiência renal ou hepática, em função de menor produção de eritropoietina renal. Por sua vez, a megacariocítica é rara, mas pode ocorrer em infecções pelo vírus da diarreia viral bovina (BVDV), predominantemente do genótipo 2, cursando com trombocitopenia e enterite hemorrágica.
Entende-se que as alterações proliferativas hiperplásicas na medula óssea são usualmente resultantes de produção aumentada de uma ou mais das linhagens celulares. Dessa forma, a hiperplasia eritroide é comum e acompanha processos anêmicos regenerativos agudos ou crônicos, tanto por hemorragia como por hemólise, enquanto a mieloide, também frequente em animais domésticos, ocorre como resposta a estímulos antigênicos, como em infecções bacterianas, fúngicas ou virais. Já a megacariocítica ocorre como resposta à diminuição de plaquetas na circulação por aumento de consumo, destruição acelerada e sequestro esplênico.
Com relação às condições inflamatórias envolvendo a medula óssea denominadas de mielites, costuma-se haver envolvimento de estruturas ósseas, visto que estão em íntima associação, fazendo com que o processo inflamatório seja caracterizado também por uma osteomielite. As principais causas de mielites ou osteomielites em animais são bactérias que se disseminam predominantemente por processos embólicos.
No que tange aos aspectos neoplásicos, denomina-se leucemias as neoplasias originadas a partir da medula óssea. Elas podem ter origem em qualquer linhagem de células hematopoiéticas presentes nesse órgão, bem como em células com diferentes fases de maturação e diferenciação. Inicialmente, há um processo de proliferação neoplásica no interior da medula óssea (mielodisplasia), que pode vir a se disseminar pelo organismo, caracterizando, então, a leucemia. 
Essas doenças, conhecidas também como distúrbios mieloproliferativos, devem ser diferenciadas de processos linfoproliferativos, como de linfócitos e plasmócitos, uma vez que são classificados de acordo com o curso clínico (agudo/crônico), tipo celular (mieloide, eritroide ou linfoide) e presença de células neoplásicas na circulação (leucemia leucêmica). 
A leucemia mieloide aguda (LMA) é a forma mais comum em cães e é caracterizada pela proliferação de pelo menos 20% de células blásticas na medula óssea e/ou sangue, enquanto, em gatos, a associação com a infecção por FeLV os predispõe a quadros de LMA. Para o diagnóstico preciso, são necessários hemograma e avaliação morfológica da medula óssea pelo mielograma. À necropsia, a medula pode apresentar-se desde vermelho-viva a pálida, e esplenomegalia e linfadenomegalia podem também ser observados. Todavia, não há a formação de massas nodulares, o que permite a diferenciação em comparação com linfomas, que culminam com a formação nódulos.
As neoplasias de plasmócitos também podem ter origem na medula óssea, sendo denominados mielomas. Podem ocorrer de forma localizada (solitária) ou múltipla, afetando a cavidade medular de diversos ossos com medula ativa. Caracterizam uma condição maligna com massas de aspecto gelatinoso e coloração branco-rósea, podendo realizar metástase para outros órgãos (Figura 6). O quadro clínico é principalmente relacionado à fragilidade óssea por lise e fraturas patológicas resultantes do crescimento tumoral. Dessa forma, os animais podem apresentar quadros de claudicação ou paresia associados a fraturas ou compressão da medula espinhal.
Outras neoplasias originadas da medula óssea incluem as desordens proliferativas histiocíticas, que são predominantemente identificadas em caninos, mas também ocorrem em felinos. Em cães, é comum a ocorrência de histiocitoma cutâneo, uma neoplasia benigna que envolve a pele de animais jovens na região da cabeça, das orelhas e dos membros. Por sua vez, os sarcomas histiocíticos são malignos e originados em células dendríticas ou macrófagos que envolvem múltiplos órgãos concomitantemente, formando massas nodulares amplas em órgãos como baço, linfonodos, pulmões, medula óssea, pele, tecidos periarticulares e sistema nervoso central. Algumas raças, como Bernese, Golden Retriever, Labradores e Rottweilers, têm predisposição familiar reconhecida ao desenvolvimento desses tumores.
No âmbito do sistema hemolinfático, a anemia se refere a uma síndrome clínico-patológica em que há queda da quantidade de hemoglobina e hematócrito, com redução ou não de hemácias. Pode ocorrer como resultado de processos hemorrágicos, hemolíticos, deficiência na produção de hemoglobina ou aplasia medular. Os quadros de anemias hemorrágicas ocorrem em processos infecciosos parasitários, como na hemoncose, em ovinos e caprinos, e na ancilostomíase, em caninos, bem como por lesões traumáticas e ruptura de órgãos. 
A anemia hemolítica pode ocorrer de forma Intravascular, devido à lise dos eritrócitos no interior dos vasos, ou extravascular, com a remoção de eritrócitos no baço. Como consequência de ambas, é comum haver icterícia, que é mais acentuada em processos de hemólise extravascular. Quando extravascular, o baço fica aumentado (esplenomegalia), enquanto há liberação maciça de hemoglobina na circulação quando intravascular, causando hemoglobinúria, rins vermelho-escuros a enegrecidos e deposição de hemoglobinalivre nos tecidos, conferindo coloração rósea às serosas e também ao encéfalo.
Entre os distúrbios hemolíticos em que essas lesões macroscópicas de anemia se aplicam, destaca-se a tristeza parasitária bovina, que pode ser causada pela bactéria Anaplasma marginale ou pelo protozoário Babesia spp. (B. bigemina ou B. bovis). No caso da A. marginale, a doença é extravascular, enquanto na babesiose bovina, é intravascular, podendo causar até mesmo sinais neurológicos pelo ingurgitamento de vasos do encéfalo por hemácias parasitadas por merozoítos. Para a diferenciação entre as duas etiologias, é fundamental a realização de exame citológico por imprinting no baço ou a partir de vasos do encéfalo, além da observação dos agentes parasitários nas hemácias.
Em ovinos, a intoxicação por cobre é crônica, resultante de uso de ração de bovinos ou de níveis reduzidos de molibdênio na dieta, porém os sinais são agudos e ocorrem como consequência de choque hemolítico intravascular, com lesões similares às descritas no caso dos distúrbios bovinos.
Como exemplo de anemia hemolítica extravascular, ainda há a infecção pelo protozoário Rangelia vitalii em caninos. Esse agente é transmitido por carrapatos da espécie Amblyomma aureolatum e, devido à distribuição do vetor, ocorre predominantemente em animais em áreas de transições com regiões rurais. Caracteriza-se por cser_educacional hemolítica grave extravascular, trombocitopenia acentuada, icterícia severa, sangramentos nas orelhas e no trato digestivo, linfadenomegalia, esplenomegalia e colestase hepática. Microscopicamente, observa-se vacúolos parasitóforos no interior de células endoteliais em praticamente todos os tecidos.
No que concerne aos linfonodos, tem-se órgãos linfoides de formato ovalado a arredondado, tamanho variável e localizados de forma adjacente a praticamente todos os sistemas do organismo de mamíferos domésticos, porém ausentes em aves. São macroscópica e histologicamente divididos em região cortical, onde estão dispostos os folículos linfoides ou centros germinativos, e medular, onde se localizam os seios linfáticos. É possível encontrar algumas modificações de linfonodos, como os hemolinfonodos, em ruminantes, os quais têm arquitetura bastante semelhante, porém cápsula espessa fibromuscular.
Usualmente, recebem a linfa de vasos aferentes na cortical, sendo ela drenada no hilo nodal em vasos eferentes. Dessa forma, os linfonodos recebem constantemente antígenos do local que drenam e montam resposta imune adaptativa conforme necessário com os linfócitos T ou B. Entende-se que as alterações circulatórias de linfonodos geralmente ocorrem como consequência de sua função de drenagem da linfa de um sistema ou órgão. 
Assim, se há um processo hemorrágico ou edematoso próximo ao seu local de inserção, o linfonodo se apresenta avermelhado ou macio e suculento, respectivamente. Já em casos de doenças hemolíticas extravasculares, os linfonodos frequentemente se apresentam aumentados de forma generalizada em função da fagocitose de hemácias anormais da circulação (eritrofagocitose). Com a progressão da doença, pode passar a exibir hemossiderose devido à quebra da hemoglobina e à formação de pigmentado acastanhado.
O termo empregado para descrever os processos inflamatórios que envolvem os linfonodos é linfadenites. Tais processos costumam estar relacionados a causas infecciosas de lesões primárias nos órgãos drenados, considerando que substâncias estranhas e tóxicas podem vir a causar lesões. Elas são classificadas de acordo com o exsudato (purulenta/supurativa, caseosa, granulomatosa ou piogranulomatosa) e com o curso clínico (aguda ou crônica).
· A linfadenite supurativa ocorre em Infecções por bactérias piogênicas e cursa com a formação de pus e abscessos, como nas afecções por T. pyogenes e S. equi. A caseosa tem conteúdo pastoso amarelado que se torna lamelar de forma concêntrica, sendo causada por Corynebacterium pseudotuberculosis em caprinos. Por sua vez, as granulomatosas cursam com a formação de granulomas focais ou difusos, os quais têm coloração amarelada, aspecto sólido a caseoso e frequentemente rangem ao corte, devido à mineralização, sendo M. bovis o melhor exemplo, enquanto na piogranulomatosa, há exsudato purulento em meio à inflamação granulomatosa, como na infecção por R. equi.
· No âmbito das alterações prolifera”Ivas’de linfonodos, a principal representante é a hiperplasia linfoide, de ocorrência à reação à infecção por agentes patogênicos, sejam eles vírus, bactérias, protozoários ou fungos. Nesses casos, o aumento dos linfonodos é local e, microscopicamente, pode ser visualizada hiperplasia linfoide folicular a paracortical. 
· Esses processos podem ainda estar acompanhados de necrose linfoide, juntamente com diversas doenças infecciosas virais, como a parvovirose canina e a panleucopenia felina, e também de causas tóxicas, como na intoxicação por Baccharis coridifolia em bovinos e ovinos. Macroscopicamente, os linfonodos podem estar aumentados e hemorrágicos, enquanto na microscopia a necrose tende a ocorrer nos folículos linfoides.
· Com relação às neoplasias, podem ser caracterizadas como distúrbios linfoproliferativos ou linfomas e metástases de outros tecidos drenados. É comum o envolvimento secundário de linfonodos por neoplasias epiteliais ou mesenquimais por via linfática, como em carcinomas de mama, sendo, por isso, muitas vezes necessária a análise de linfonodos regionais para estadiamento clínico de doença oncológica.
O linfoma tem apresentação variável, dependendo da espécie animal acometida, do fenótipo celular (célula de origem T ou B), da morfologia celular e da localização anatômica (multicêntrico, nodal, mediastínico, alimentar, extranodal etc.). Cães, por exemplo, geralmente são afetados por linfomas multicêntricos de células B, que envolvem os linfonodos, baço, fígado e tonsilas, bem como o encéfalo e os globos oculares. São ainda caracterizados por linfadenomegalia e esplenomegalia e frequente formação de nódulos brancos que coalescem, formando massas amplas. 
Em gatos, o desenvolvimento de linfoma é frequentemente relacionado à infecção por FeLV e se apresenta nas formas alimentar, mediastinal e multicêntrica, com o envolvimento das células de linhagem T ou B. A forma alimentar é a mais comum e afeta o trato gastrointestinal e o linfonodo mesentérico, formando massas brancacentas e culminando em síndrome de má absorção de alimentos, diarreia e caquexia em gatos adultos. O tipo mediastinal é a segunda forma mais comum e ocorre na região topográfica de timo em gatos jovens (<2 anos). Resulta em massa tumoral que ocupa a porção cranial do mediastino, comprimindo pulmões e induzindo dificuldades respiratórias. 
Em bovinos, o linfoma ocorre na leucose enzoótica associado à infecção pelo vírus da leucose bovina em espécimes adultos, geralmente de aptidão leiteira. Há envolvimento multicêntrico por linfócitos neoplásicos de linhagem B, causando linfadenomegalia generalizada e formação de massas tumorais brancacentas em diversos órgãos, sendo os mais acometidos: abomaso, útero, rins, coração, tecido retrobulbar ocular e medula espinhal lombar (forma extradural). Além disso, é comum haver prolapso ocular e sinais neurológicos.
DOENÇAS DO BAÇO E DO TIMO
O baço é um órgão linfoide periférico, que também compõe o sistema circulatório sanguíneo, e é comumente referido como órgão linforreticular. Macroscopicamente, o formato do baço varia conforme as espécies, sendo alongado (cães, gatos, suínos e bovinos), triangular (equinos) ou foliar (caprinos e ovinos). É localizado na região topográfica mesogástrica esquerda e fica preso ao estômago pelo ligamento gastroesplênico, com exceção de ruminantes, nos quais é aderido à região laterodorsal esquerda do rúmen. 
Para entender melhor sua função, é importante considerar a arquitetura do órgão, sendo ele dividido em polpa branca e vermelha. Na polpa branca, estão presentes os folículos esplênicos arranjados em torno de arteríolas centrais, contendo macrófagos, células apresentadorasde antígenos e linfócitos T e B. Exerce resposta imunológica e produz linfócitos B e plasmócitos, bem como anticorpos e linfócitos de memória. Já a polpa vermelha é formada por uma rede de fibras reticulares, células reticulares e monócitos ou macrófagos associados, com função dupla de manter um grande reservatório vascular sanguíneo ao mesmo tempo em que os macrófagos são responsáveis pela fagocitose de material estranho no sangue, hemácias senescentes ou células danificadas.
As anormalidades congênitas no baço são incomuns e, dessa forma, é preciso destacar as adquiridas. Entre elas, estão as alterações circulatórias esplênicas, extremamente comuns, como a congestão esplênica. A característica do baço de ser um órgão de armazenamento de sangue com estrutura reticular favorece o acúmulo passivo de sangue ou a congestão e, nesses casos, o órgão se torna aumentado e vermelho-escuro, caracterizando esplenomegalia. Pode ocorrer em função de obstrução venosa, doença hemolítica extravascular e uso de barbitúricos durante cirurgia ou eutanásia. 
A esplenomegalia por obstrução venosa geralmente acompanha casos de torção do hilo esplênico, como na síndrome de dilatação-vólvulo gástrico, em caninos e suínos, na qual o baço assume formato de V ou de bumerangue, ingurgitado, com bordos arredondados e de coloração vermelho-escura. Atenta-se que a esplenomegalia por doença hemolítica extravascular também culmina com baço aumentado e de bordos arredondados, porém nesses casos há acentuada icterícia associada.
DICA Se o baço fluir sangue ao corte, a esplenomegalia é por congestão, ao passo que se apresentar aspecto carnoso com protrusão da polpa vermelha e menor quantidade de sangue, é por doença hemolítica. Ademais, na congestão, os sinusoides esplênicos ficam preenchidos por hemácias, enquanto na doença hemolítica há aumento de macrófagos em atividade eritrofagocítica.
Outras alterações esplênicas incluem hemorragias, trombose e infartos. As hemorragias geralmente acompanham processos necróticos causados por vírus em animais domésticos, como na infecção por Parvovirus, em caninos. O baço, então, assume aspecto moteado, ou seja, áreas vermelho-escuras intercaladas por áreas claras no parênquima esplênico. Nesses animais, é comum ainda a ocorrência de hemorragias subcapsulares, que podem formam massas ou hematomas que devem ser diferenciados de neoplasias vasculares, como hemangiossarcoma. Ressalta-se que os hematomas podem romper, causando hemoperitônio com choque hipovolêmico.
A trombose com subsequente Infarto esplênico é uma lesão comum que acompanha casos de tromboembolismo, como nas endocardites, em caninos; de coagulação intravascular disseminada; e de vasculites, como na peste suína clássica. Macroscopicamente, infartos esplênicos são vistos como áreas vermelho-escuras a enegrecidas, elevadas na borda subcapsular, e com distribuição focal a multifocal. Sabe-se que os infartos mais antigos podem ser observados por meio de fibrose e formação de cicatriz esplênica, a qual tem aspecto retraído e coloração brancacenta.
Os casos de rupturas esplênicas ocorrem frequentemente como resultado de traumatismo por atropelamento ou violência doméstica criminal em cães e gatos, podendo ser fatal quando houver hemoperitônio e choque hipovolêmico. Todavia, por vezes, a área de ruptura pode ser reparada, formando tecido cicatricial brancacento na área lesada, bem como o baço pode ser totalmente dividido em duas ou mais partes, mantendo sua função. Além disso, na ruptura do baço, pequenos fragmentos do parênquima esplênico podem se desprender e se implantar no omento e peritônio, formando baços ectópicos funcionais, conhecidos também como esplenose ou baços acessórios.
Em cães idosos ou senis, uma alteração frequente, mas incidental ou sem significado clínico-patológico, é a formação de placas siderofibróticas na superfície capsular. Essa lesão é, de forma macroscópica, caracterizada por áreas espessadas branco-amareladas com aspecto de placa ao longo das margens do baço e que correspondem, microscopicamente, a depósitos de bilirrubina, hemossiderina e/ou cálcio entremeados por fibrose. Ocorrem em resposta subsequente a episódios de trauma com hemorragia nesses locais.
As alterações inflamatórias no baço são denominadas de esplenites e a necrose linfoide em centros germinativos geralmente as acompanha. São principalmente um resultado de doenças sistêmicas causadas por bactérias ou vírus, como na parvovirose canina e na panleucopenia felina. Em infecções bacterianas, pode ocorrer a formação de abscessos ou de granulomas/piogranulomas, dependendo do agente envolvido. 
Outro tipo de inflamação específica é a que envolve a região subcapsular a capsular, chamada de periesplenite. Ocorre frequentemente em casos de leishmaniose em caninos, nos quais se observam macrófagos com formas amastigotas intracitoplasmáticas na região subcapsular, e na peritonite infecciosa felina, havendo periesplenite piogranulomatosa e fibrinosa. A leishmaniose é uma doença crônica em cães, causada por um protozoário transmitido por mosquitos flebótomos. Apesar de três síndromes clínicas serem reconhecidas em humanos (cutânea, mucocutânea e visceral), em cães há uma combinação da leishmaniose cutânea e visceral, com lesões cutâneas esfoliativas associadas à linfadenomegalia generalizada, hepatomegalia e esplenomegalia. Nesses casos, nos órgãos e na medula óssea, podem ser detectadas variáveis quantidades de formas amastigotas no interior de macrófagos.
No caso de lesões proliferativas e”plên’cas, pode haver desde distúrbios do crescimento, como hiperplasias, até neoplasias. A hiperplasia linfoide ou hiperplasia de polpa branca é resultante de infecções sistêmicas crônicas e caracterizada por evidenciação de polpa branca de forma difusa no parênquima esplênico, o qual passa a exibir aspecto de sagu. Por sua vez, a hiperplasia nodular esplênica ocorre como formação tumoriforme focal de coloração variada, dependendo do grau de hemorragia. É frequentemente observada em cães idosos e, devido ao aspecto macroscópico, deve ser diferenciada de outras neoplasias esplênicas por meio de microscopia, na qual se observa proliferação monomórfica (hiperplásica) de linfócitos em mantos separados por espaços vasculares e ocasionais megacariócitos. De forma similar aos hematomas esplênicos, essas áreas de hiperplasia podem romper e causar hemoperitônio.
Entre as neoplasias que envolvem o baço, as mais comuns são linfoma, leucemias mieloides e hemangiossarcoma. O linfoma é a neoplasia mais comum para caninos, mas geralmente tem origem multicêntrica. Nesses casos, o baço pode exibir dois padrões distintos: acentuadamente aumentado de forma difusa, com bordos arredondados e superfície de aspecto carnoso a folicular brancacento; ou multinodular brancacento aleatório. Na leucemia, tanto em cães quanto em gatos, o baço exibe esplenomegalia acentuada e as células blásticas ocupam praticamente todos os espaços vasculares da polpa vermelha, bem como comprimem e substituem a polpa branca.
Já o hemangiossarcoma, neoplasia de células endoteliais comum em cães, também é tido como multicêntrico, por concomitantemente envolver fígado, pulmões, coração e cérebro, e macroscopicamente exibe área nodulares, elevadas e multifocais vermelho-vivas. Outras neoplasias que envolvem o baço são os sarcomas esplênicos primários (fibrossarcomas, osteossarcomas, condrossarcomas etc.) e as neoplasias metastáticas, como carcinomas de mama em cadelas.
Com relação ao timo, órgão linfoepitelial fundamental em animais jovens, sua função é a diferenciação e a maturação de linfócitos T e posterior colonização de órgãos linfoides secundários, como linfonodos, baço e tonsilas. Histologicamente, se diferencia de outros órgãos linfoides por ser dividido em múltiplo lóbulos e apresentar uma zona cortical e uma zona medular, na qual encontram-se dispostos agregados de células epiteliais ou corpúsculos de Hassal.
Em mamíferos domésticos, esse órgão está localizado da região cervical à região mediastinal cranialdo tórax, sofrendo involução progressivamente na vida adulta. A involução tímica com diminuição do tamanho do órgão é um processo fisiológico normal, gradual e irreversível que ocorre à medida que o animal cresce e atinge a idade adulta. Ainda assim, esse processo deve ser diferenciado da atrofia tímica, a qual pode ser induzida por alguns agentes virais, como na cinomose canina, infecções por Parvovirus, em caninos e felinos, infecções pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e vírus da imunodeficiência felina (FIV), bem como na peste suína clássica e diarreia viral bovina.
As lesões tímicas são incomuns. Todavia, alterações circulatórias de hemorragia ou hematomas podem ocorrer em animais jovens e são fatais por causarem choque hipovolêmico. Elas podem ser causadas por trauma ou intoxicação por rodenticidas anticoagulantes, além de ocasionalmente causas idiopáticas também poderem ser detectadas.
Por sua vez, as alterações proliferativas no timo são representadas por neoplasias, sendo o linfoma mediastinal e o timoma as mais comuns. Os linfomas mediastinais ocorrem predominantemente em gatos jovens infectados por FeLV e raros casos em bovinos ocorrem na forma de linfoma esporádico, em animais de seis meses a dois anos de idade. 
No que tange ao timoma, é uma neoplasia de origem epitelial tímica, podendo ter comportamento benigno ou maligno (carcinoma tímico). São reportados em cães e gatos de dez a doze anos de idade e cabras adultas, geralmente ocorrendo como massas branco-amareladas que se expandem e ocupam praticamente todo o mediastino cranial. É comum também a ocorrência concomitante de síndromes paraneoplásicas em animais afetados com dermatite esfoliativa em gatos e caprinos, além de ocasionalmente a neoplasia poder desencadear miastenia gravis ou eritema multiforme.
SINTETIZANDO
Para entender os processos patológicos que afetam os animais domésticos, as patologias foram divididas de acordo com os sistemas do organismo. Compreendeu-se que o pré-requisito para o estabelecimento do diagnóstico é o reconhecimento de lesões tanto macroscopicamente quanto microscopicamente, que pode fornecer o nome da condição, o agente etiológico relacionado e a forma morfológica, informando se há um processo de malformação, degenerativo, inflamatório ou neoplásico.
As doenças envolvendo o sistema circulatório podem ser muito diversas e, por vezes, até discretas quando envolvem vasos, mas, de forma geral, o coração é a peça-chave nesse sistema. Dessa forma, compreende-se como ele pode ser afetado e quais lesões secundárias podem ser originadas a partir de sua disfunção, como na insuficiência cardíaca congestiva direita, em que é comum observar ascite e fígado noz-moscada como lesões secundárias. 
No caso das doenças envolvendo o sistema respiratório, são comumente vistas formas de pneumonias, ou seja, infecções pulmonares causadas por uma variedade de agentes etiológicos, em que mecanismos de defesa do trato respiratório superior e inferior falharam de alguma maneira. Todavia, ocasionalmente, algumas condições se caracterizam também por envolver unicamente o trato respiratório superior, em especial a cavidade nasal, o que deve acender o alerta para que essa região seja analisada apropriadamente em casos de sintomatologia respiratória.
Já as doenças do sistema hemolinfático ocorrem em praticamente todas as espécies domésticas, porém são mais comuns em caninos e felinos. Nesses, destacam-se as doenças infecciosas, sejam elas hemolíticas ou não, e as doenças neoplásicas, como linfoma, leucemias mieloides e outras neoplasias. Em bovinos, a tristeza parasitária bovina e a leucose enzoótica bovina são as principais doenças desse sistema.

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