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- Fabiana Bilmayer I Obstetrícia ROTURA PREMATURA DEMEMBRANAS OVULARES (RPM OU RUPREME) OU AMNIORREXE PREMATURA ● IMPORTÂNCIA DO TEMA - Top 10 temas de obstetrícia (responsável por 12% das questões em provas) - Problema frequente na obstetrícia - Aumenta os riscos maternos-fetais DEFINIÇÃO DE RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS ● Não tem NADA a ver com idade gestacional - ou seja, não leva em conta a IG. - Rotura de membranas ANTES do início do trabalho de parto, INDEPENDENTE da idade gestacional. CLASSIFICAÇÃO CONFORME IDADE GESTACIONAL + RPM termo: acima de 37 semanas + OU RPM pré-termo: - entre 34 e 36 semanas - entre 24 e 33 semanas - abaixo de 23 a 24 semanas OBS: Essas divisões existem para que seja pesado o risco e benefício entre mãe e bebê. A complicação materna mais frequente na RPM é a infecção. ROTURA DEMEMBRANAS DURANTE O TRABALHO DE PARTO + É fisiológico! É classificada durante o momento em: ● PRECOCE: até 5 cm de dilatação ● OPORTUNA: entre 6 e 8 cm de dilatação ● TARDIA: de 8 a 10 cm de dilatação DEFINIÇÃO DO PERÍODO DE LATÊNCIA É o intervalo entre a rotura prematura das membranas e o início do trabalho de parto. - Inversamente proporcional a IG - Diretamente proporcional a ocorrência de infecção Outra definição: é o período compreendido entre a ruptura das membranas ovulares e o início das metrossístoles (contrações). ETIOLOGIAS ● Principal causa: infecções do trato geniturinário - Sangramento (placenta prévia, descolamento prematuro de placenta) - Colo uterino enfraquecido - Diminuição da oxigênio - Distensão uterina - Diminuição da atividade bactericida do LA - Inflamação - Estresse - Fatores mecânicos (trauma, toques vaginais repetidos) - Amniocentese INFECÇÕES DO TRATO GENITURINÁRIO Agentes etiológicos: ● Gardnerella vaginalis ● Neisseria gonorrhoeae ● Escherichia coli ● Bacterioides spp ● Estreptococos do grupo B ● Enterococos FATORES DE RISCO - RPM anterior* - Infecção do sistema geniturinário (vaginose, cistite) - Extremos de idade materna ( < 15 anos oumais de > 40 anos) - Aborto tardio anterior - Gestação múltipla - Polidrâmnio - Alterações placentárias - Ausência de pré-natal OBS: RCIU não é fator de risco para RPM. COMPLICAÇÕES DA RPM ● Infecção intrauterina - corioamnionite e endometrite (complicação materna) Ela está presente em 15 a 25% dos casos Sendo que o risco aumenta conforme duração da rotura das membranas e o período de latência (tempo entre a ruptura da membrana e o início do TP) ● Prematuridade ● Hipoplasia pulmonar - o líquido amniótico é o responsável pelo desenvolvimento do pulmão dos fetos ● Sepse neonatal - Fabiana Bilmayer I Obstetrícia ● Prolapso do cordão, compressão do cordão ● Retenção placentária ● Descolamento prematuro de placenta PREVENÇÃO DA RPM Quando amulher tem histórico prévio de RPMO < 34 semanas: 1. Progesterona vaginal (16 a 34 semanas) 2. Ultrassom transvaginal (medir colo uterino entre 16 a 24 semanas) - Colo uterino < 25mm:manter progesterona vaginal ou considerar cerclagem uterina DIAGNÓSTICO A principal queixa da gestante com RPM é a saída de líquido amniótico pela vagina na ausência de contrações uterinas. ● Padrão-ouro: EXAME CLÍNICO ESPECULAR + Saída de líquido amniótico pelo orifício externo do colo uterino pelo exame especular. OBS: Pode pedir para mulher tossir ou fazer manobra de valsalva / líquido amniótico tem cheiro de cândida ou pode possuir grumos. Importante lembrar que: quando há uma mulher com ruptura PREMATURA de membranas (ou seja, não está em trabalho de parto, SEM contrações), NÃO deve ser feito o toque vaginal por aumentar o risco de infecção. OBS: pode ser feito o exame especular, avaliação da vitalidade fetal; O exame de toque não deve ser realizado se a gestante estiver fora de trabalho de parto, pelo risco aumentado de infecção. Desse modo, o diagnóstico de rotura prematura de membranas ocorre em 90% dos casos por meio da avaliação clínica, com a visualização da saída de líquido amniótico pelo orifício externo do colo uterino no exame especular, sendo esse o diagnóstico padrão-ouro. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL + Cristalização domuco cervical: aspecto arboriforme namicroscopia (folha de samambaia) + Papel de Nitrazina: determinação do pH vaginal pH vaginal - é ácido: entre 3,8 e 4,5 pH do líquido amniótico - é básico: entre 7,0 e 7,7 (se maior que > 6 já confirma) *pH vaginal na rotura prematura de membranas = > 6,0 + Teste da Lanetta: aquecimento da lâmina, coloração marrom, aspecto arboriforme + Teste do fenol vermelho: corante alaranjado fenolftaleína, coloração rosa choque + Teste do azul de Nilo: sulfato de azul de nilo 1%, coloração amarelo-alaranjada OBS: É importante lembrar que sangue, sêmen, vaginose, tricomoníase e antisséptico alcalino podem gerar falsos-positivos (essas substâncias aumentam o pH da vagina). EXISTEMDOIS TESTES QUE NÃO APRESENTAM INTERFERÊNCIA DESSES COMPONENTES: TESTES COM ALTA SENSIBILIDADE E ALTA ESPECIFICIDADE ● ALFA-1-MICROGLOBULINA PLACENTÁRIA (PAMG-1) - Amnisure ● FATOR DE CRESCIMENTO SEMELHANTE A INSULINA DE ORIGEM FETAL (IGFBP-1) - ActimPROM USG PARA AVALIAR O LÍQUIDO AMNIÓTICO Ajuda no dxmas não faz dx. - Oligoâmnio pode ser por outras causas: RCIU - Fabiana Bilmayer I Obstetrícia ***CONDUTA*** O que deve ser avaliado quando chega uma grávida com queixa de perda de líquido? - Idade gestacional Deve ser calculada pela data da última menstruação (DUM) e confirmada pela USG do primeiro TRI. - Avaliar sinais de infecção Se o quadro for sugestivo de corioamnionite = conduta resolutiva (INDEPENDENTE DA IG) - Avaliar vitalidade fetal É feita pela cardiotocografia e pelo perfil biofísico fetal. OBS: a dopplervelocimetria não é um exame de escolha para avaliar a vitalidade fetal nesses casos. + Se alteração na vitalidade fetal = resolução imediata da gestação (INDEPENDENTE DA IG) + Caso suspeita de DPP + óbito fetal + sangramento vaginal importante + trabalho de parto = resolução imediata da gestação Na ausência de sinais de infecção e na presença de feto com boa vitalidade, a conduta varia conforme a IG. Nas mulheres que entraram em TP após a RPM o parto não é inibido, NÃO se usa tocolíticos nessas pacientes. O parto não é inibido. CORIOAMNIONITE O que é? - Infecção intrauterina da placenta e das membranas amnióticas. Principais agentes infecciosos? - Ocorre pela ascensão de bactérias do trato genital inferior. - Gardnerella vaginalis, Ureaplasma urealyticum, Estreptococos do grupo B, Bacteroides bivius, E.coli, Peptococcus e Peptostreptococcus. Quais são os principais fatores de risco? - Toques vaginais excessivos - Trabalho de parto com > 12 de horas - RPM hámais de > 24 horas - Presença de estreptococos do grupo B - Mecônio Diagnóstico É clínico. - Febre materna > 38 graus - Taquicardia materna > 100 bpm - Taquicardia fetal > 160 bpm - Útero doloroso à palpação - Secreção purulenta pelo colo uterino - Leucocitose com desvio à esquerda - Aumento da PCR Conduta ● ATB de amplo espectro + resolução da gestação Clindamicina (900mg 8/8h) + Gentamicina (1,5 mmg/kg de 8/8h) Ampicilina + Gentamicina +Metronidazol - Via de escolha: parto vaginal ● Caso pré-termo = - < 32 semanas: sulfato de magnésio - < 37 semanas: não fazer corticoide + não fazer tocolítico (salbutamol/atosiban) OBS: QUANDO É INDICATIVO A RESOLUÇÃO DO PARTO NA RPM, O TOQUE VAGINAL PODE E DEVE SER FEITO ● CONDUTA NA ROTURA PREMATURA DE TERMO > 37 semanas - Rotura das membranas ANTES de iniciar o trabalho de parto - Resolução da gestação A indução pode ser feita com misoprostol ou ocitocina (se não houver contraindicação ao parto normal) - Antibioticoprofilaxia para estreptococos do grupo B (se positivo) e se já estiver em trabalho de parto: com Penicilina cristalina, 5 milhões UI seguida de 2,5 milhões UI a cada 4 horas até o parto CONDUTA NA RPMNO PRÉ-TERMO (RPMPT) Principal objetivo: diminuir o risco de prematuridade. ● < 37 semanas - Entre 34 e 36 6/7 semanas Conduta ativa** ou expectante Considerar uso de corticoide seexpectante Pesquisa e profilaxia para EGB - Entre 24 e 33 6/7 semanas: Conduta expectante: tentar ampliar o tempo de latência + Controle de infecção - Fabiana Bilmayer I Obstetrícia + Internação hospitalar + ATB* antibioticoterapia + Corticóide (para maturação pulmonar) + Vitalidade fetal + Cultura para Strepto B + Sulfato demagnésio < 32 sem, se trabalho de parto - Abaixo de 24 semanas: Conduta ativa ou expectante (individualizar) Controle de infecção e antibiótico se conduta expectante Não fazer corticoterapia, tocólise e sulfato de magnésio CORTICOTERAPIA + Objetivo: diminuir os riscos de síndrome respiratória do RN, hemorragia intracraniana, enterocolite necrosante e morte neonatal + Indicação: risco de parto prematuro nos próximos 7 dias (TPP, RPM, PP eletivo) + Medicações: betametasona e dexametasona + Dose: beta 12 mg/dia por 2 dias >>>> dexa 6mg de 12/12h por 2 dias + Contraindicação: corioamnionite, úlcera péptica e diabetes descompensada ANTIBIOTICOTERAPIA PARA AUMENTAR O PERÍODO DE LATÊNCIA + Objetivo: aumentar tempo de latência e diminuir risco de corioamnionite + Indicação: RPM pré-termo entre 24 e 33 6/7 semanas com conduta expectante + Medicação: Ampicilina (IV por 2 dias) + azitromicina (dose única), seguido de amoxicilina (por 5 dias) SULFATO DEMAGNÉSIO + Objetivo: neuroproteção fetal + Indicação: iminência de parto prematuro ou parto prematuro eletivo nas próximas 24 horas entre 24 a 32 semanas + Dose: 4g EV em bolus 15min e manutenção de 1g/h até o nascimento ou por 24h + Intoxicação: depressão respiratória + Contraindicação: Miastenia gravis Cardiopatia Comprometimento da função renal ANTIBIOTICOPROFILAXIA PARA ESTREPTOCOCOS DO GRUPO B + Objetivo: prevenção de sepse neonatal + Indicação: intraparto para todas as gestantes em TPP com cultura positiva ou desconhecida + Medicação: penicilina cristalina + Dose: Penicilina cristalina EV 5.000.ooo UI pelo menos 4h antes do parto e manutenção de 2.500.000 UI de 4/4h até o parto + Outras medicações: ampicilina OU clindamicina + TOCÓLISE =NÃO FAZ NA RPM!!!
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