Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 6 – Bioenergética e metabolismo Controle do Gasto Energético OBJETIVOS: 1) Entender como o gasto energético corpóreo pode ser regulado. 2) Entender como a eficiência da fosforilação oxidativa pode regular o gasto energético. 3) Entender um dos mecanismos fisiológicos de controle do gasto energético mediado pelo tecido adiposo marrom. CONTROLE DE OFERTA E DEMANDA O equilíbrio do gasto energético é mantido através da relação entre a ingesta de alimento e a energia utilizada nas atividades, que é resultante das reações metabólicas. Dessa forma, quando a quantidade de ATP utilizada é proporcional a quantidade de comida ingerida, a tendência é que ocorra a perda ou a manutenção do peso corporal. Entretanto, o aumento da ingesta calórica, sem que haja alteração no gasto calórico, tende a favorecer o ganho do peso corporal. Nesse sentido, o excesso de energia que não é gasto na realização do trabalho é acumulado na forma de reservas de triacilgliceróis no tecido adiposo branco e marrom. UMA VISÃO TERMODINÂMICA De acordo com a 1º Lei da termodinâmica, a energia não se cria e não se perde, ela se transforma. Sob essa ótica, uma parte dessa energia é gasta para atender as demandas energéticas do corpo e a outra para dissipação de calor. Caso ela não seja gasta, se transforma em reserva de gordura. Logo, o gasto energético pode ser dividido em três categorias: GASTO OBRIGATÓRIO: Compreende todos os processos biológicos no organismo, que são necessários para a manutenção da vida. Ex.: transporte de íons e solutos, síntese proteica, replicação de ácidos nucleicos e biossíntese de macromoléculas. GASTO VARIÁVEL: Proporcional ao tempo e a intensidade de energia necessária para realizar o trabalho. Ex.: atividades físicas TERMOGÊNESE: Os organismos homeotérmicos mantêm a sua temperatura corpórea independente da temperatura ambiente. Nesse caso, a energia depende de variáveis para regular o calor e o gasto energético calórico. Ex.: a intensidade do estímulo, a temperatura corpórea, a variação da temperatura ambiental, o tempo e a dieta. OBESIDADE versus GASTO ENERGÉTICO A obesidade é um problema de saúde pública global, que é causada pela ingesta alimentar maior que o gasto energético correspondente. Isso gera o acúmulo de gordura no corpo, o qual mede-se pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) através da fórmula: IMC= peso em kg (altura em m) ² A classificação da obesidade é dada pelos seguintes valores: • Abaixo do peso: <18,5 • Peso saudável: 18,5 a 24,9 • Sobrepeso: 25 a 29,9 (acompanhamento para avaliação de risco) • Obeso: 30 a 39,9 (risco aumentado) • Obeso mórbido: > 40 (risco elevadíssimo) O EQUILÍBRIO ENERGÉTICO E A FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A manutenção do peso corporal adequado é resultado do controle da alimentação e do gasto energético. A fosforilação oxidativa é o processo que concentra praticamente toda transferência de energia por consumo de Oxigênio (oxidação) dos nutrientes na síntese de ATP. Ela é regulada basicamente de três maneiras: • Disponibilidade de substratos e pela capacidade de oxidação, que envolve todo o metabolismo de macronutrientes das ações do sistema de transporte; • Demanda energética atua na regulação quando a demanda energética aumenta, pois aumenta a atividade da fosforilação oxidativa como mecanismo de tentar repor os níveis de ATP (homeostase energética); • Vazamento de prótons da membrana celular é necessário para que haja a síntese de ATP. Independente da ATP sintase, eles podem voltar para a matriz mitocondrial, onde o gradiente de prótons será usado como calor (1º Lei da Termodinâmica); ↑ Vazamento de prótons ↓ Fosforilação oxidativa ↓ ATPsintase A FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA versus A FARMACOLOGIA Embora não seja 100% eficiente, o fármaco Dinitrofenol (DNP) reduz o ganho de peso através do aumento do gasto energético devido ao seu efeito desacoplador. Isso gera a dissipação de grande parte do gradiente de prótons, o que interfere na eficiência da fosforilação oxidativa e na ATP sintase. Logo, o gasto calórico é uma parte dissipado como calor e outro como energia pra exercer trabalho. TIPOS DE TECIDO ADIPOSO O tecido adiposo é formado por células adiposas (adipócitos) que armazenam gordura para, posteriormente, serem transformadas em ATP. Eles são classificados como: ADIPÓCITO BEGE: diferenciação das células precursoras do tecido adiposo branco. Dependendo da temperatura, ocorre a transformação em adipócito marrom ou branco. ADIPÓCITO BRANCO: promove a proteção mecânica através do armazenamento os triglicerídeos no centro da célula. Desse modo, amenizam o impacto de choques e permitem o deslizamento de feixes musculares sem perder a integridade funcional. ADIPÓCITO MARROM: produz o calor necessário para a manutenção da temperatura corporal. Isso deve-se ao fato de que suas mitocôndrias dos tecidos adiposos expressam o complexo enzimático (UCP-1), mediante o estímulo enviado pelos ácidos graxos, necessário para evitar a síntese de ATP. Ao invés disso, quando há estímulos externos na membrana (cascata de sinalização), a energia do gradiente de prótons e a energia liberada dos ácidos graxos para a termogênese. Essas células do tecido adiposo marrom estão presentes em diversos locais do corpo, como: REGULADORES DE TERMOGÊNESE NO ADIPÓCITO MARROM Nas figuras abaixo, estão os locais em que a glicose foi captada. Nesse estudo, o indivíduo tomou um copo de 18F-fluordesoxiglicose para que o equipamento faça a captação de glicose. Adaptado de Lichtenbelt et al., N. Engl. J. Med., 2009. Na condição normal de temperatura, há pouca captação de tecido adiposo marrom. Ao contrário da exposição à baixa temperatura, visto que há um enorme aumento na captação de glicose nos locais marcados. Isso porque o tecido marrom é ativado pelo frio (estímulo ambiental). Assim que o tecido marrom é acionado, ocorre o aumento da captação de glicose circulante e a ativação da lipólise nas reservas internas para gerar calor (termogênese) A atividade do tecido adiposo marrom contribui para o gasto energético dos humanos adultos. Nesse estudo, foi possível analisar que os indivíduos com alta atividade do tecido marrom têm baixo IMC e as pessoas com baixa atividade de tecido adiposo marrom possuem um alto IMC. Logo, entende-se que esse resultado ocorre porque o tecido adiposo marrom tem um grande consumo calórico. Nesse sentido, a baixa atividade dele resulta no acúmulo de gordura corporal. Veja nesse gráfico: Adaptado de Lichtenbelt et al., N. Engl. J. Med., 2009. Isso acontece porque os indivíduos com a massa corpórea maior não precisam ativar o mecanismo de termogênese no tecido marrom, porque eles são isolados pelo tecido adiposo branco. Entretanto, nas pessoas que acionam o tecido marrom, o trabalho é realizado para dissipar a reserva de energia como calor e não acumulam a gordura. Ou seja, o tecido adiposo marrom tem função oposta ao tecido branco, uma vez que ele ativa a termogênese e assume as suas reservas de gordura. Além disso, é capaz de iniciar a lipólise no tecido adiposo branco, que fornece ácidos graxos livremente para serem fornecidos ao tecido marrom. CONCLUSÕES: 1) O equilíbrio energético corpóreo é mantido através do controle de oferta e demanda de energia. 2) O aumento da ingesta calórica aliada à baixa atividade física contribui para a epidemia de obesidade no mundo. 3) A respiração é um processo que pode ocorrer de forma desacoplada da síntese de ATP, e pode ser induzida por fármacos ou fisiologicamente. 4) O desacoplamento da respiração contribui para o aumento do gasto energéticocorpóreo e é mediado fisiologicamente pela ativação do tecido adiposo marrom. 5) A ativação do tecido adiposo marrom em humanos adultos se correlaciona com o aumento do gasto energético e reduzida massa corpórea.
Compartilhar