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Resumo Nutrição esportiva Aula 1: Tecnicamente, um músculo é formado pela união de estruturas cilíndricas denominadas de fascículos musculares. Por sua vez, cada fascículo muscular é constituído por vários grupamentos tubulares chamados de fibras musculares. Sequencialmente, as fibras musculares também são estruturas do tecido muscular que se moldam a partir da união de diversos tubulados microscópicos conhecidos como miofibrilas, compreendendo a porção mais profunda do tecido. A Figura 1 apresenta distribuição das disposições cilíndricas sequenciais do tecido. Ainda analisando a constituição do músculo, concentradamente na composição das miofibrilas, é possível perceber uma série de arranjos bem-organizados de regiões mais claras e outras mais escuras. Essas zonas são conhecidas como sarcômero e são as porções funcionais responsáveis pela cinética contrátil do tecido muscular. Essa variação morfológica da miofibrila se notabiliza pelo alongamento de uma série de combinações de proteínas que formam duas espécies de fios conhecidos como miofilamentos. O mais espesso é formado pela união de diversas proteínas – as miosinas. Já os mais delgados (finos) são compostos pelo conjunto de várias proteínas, com destaque para os polímeros de actina (f-actina) associados à troponina e tropomiosina. Fundamentalmente é pela interação sincronizada entre os miofilamentos grossos e finos que ocorre o processo de contração muscular. A Figura 2 apresenta distribuição dos miofilamentos presentes nas miofibrilas. De forma global, o arranjo das estruturas proteicas são repetidas porções tubulares até a apresentação da miofibrila com seu delineamento subdividido em miofilamentos para contração muscular. O sarcolema encobre, entre sua composição e a da fibra muscular, organelas e conjuntos proteicos importantes para fomento de atividade muscular. É possível identificar um emaranhado invaginado a partir do sarcolema, que se apresenta como uma série de canais que circundam a fibra muscular e é denominado de túbulos transversos ou simplesmente túbulos T. Os túbulos T são capazes de propagar os impulsos nervosos advindos da junção neuromuscular, especificamente da placa motora, no intuito de abrir os canais de cálcio tanto do retículo sarcoplasmático como do sarcoplasma. Cada rede de túbulos T está conectada a dois (no caso do coração) ou três (no caso do músculo esquelético) retículos sarcoplasmáticos, formando as díades ou tríades musculares. Assim sendo, os túbulos T propagam estímulos nervosos diretamente para a abertura dos canais de cálcio presentes no retículo sarcoplasmático. Os íons de cálcio disponibilizados por esse processo são fundamentais para a iniciação da contração muscular, funcionando como uma espécie de gatilho do processo. Somente a partir da presença de íons de cálcio no interior da miofibrila é que ocorre um rearranjo dos miofilamentos para o movimento do tecido. Resumidamente, é possível enfatizar as seguintes características do tecido muscular esquelético: Composto por diversos feixes não ramificados de fibras paralelas (músculo; fascículos; fibras; e miofibrilas) organizadas em sequências de agrupamento. Cada fibra muscular, advinda de fascículos musculares, consiste basicamente em uma célula multinucleada de comprimento de 100µm até 30cm e largura de 10 µm a 10µm. O citoplasma (conhecido como sarcoplasma) de cada fibra contém centenas de miofibrilas de 2µm de largura. As miofibrilas são envolvidas pelo sarcolema e estão inseridas em uma rede de túbulos T que tem o propósito de propagar impulsos que abastecem a contração muscular. Como o processo de contração muscular acontece? Para que o processo de contração muscular aconteça, é necessário que os miofilamentos grossos consigam deslizar as subunidades protuberantes da miosina (conhecidas como cabeças) sobre os polímeros de actina dos miofilamentos finos. Esse procedimento só será possível a partir da disponibilidade de íons de cálcio e moléculas de ATP (CARUEL; TRUSKINOVSKY, 2017). A conexão entre o axônio terminal da fibra nervosa que irriga o músculo (motoneurônio) e a placa motora localizada na fibra do tecido muscular é denominada de junção neuromuscular. Assim que o potencial de ação atinge a junção neuromuscular, acontece a liberação de moléculas de neurotransmissores acetilcolina para os receptores terminais da placa motora no sentido de propagar a sinalização em direção aos túbulos T. Quando a despolarização alastrada pelos túbulos T atinge o retículo sarcoplasmático, acontece a liberação de cálcio. Sequencialmente, os íons de cálcio se ligam à troponina, uma das proteínas presentes nos miofilamentos finos. Essa conexão (cálcio-troponina) estimula a movimentação de outra proteína presente no miofilamento fino (tropomiosina) com o objetivo de permitir a exposição da superfície de contato do polímero de actina para a ligação com a cabeça da miosina, demonstrando a obrigatoriedade de sua presença para iniciar a contração do músculo. Necessariamente, ocorre uma sequência de eventos que desencadeiam corretamente a contração muscular. Eles podem ser descritos, concisamente, da seguinte maneira: O sistema nervoso, via motoneurônios, descarrega potencial de ação em direção à junção neuromuscular. Moléculas de acetilcolina são liberadas das fendas sinápticas da junção em direção aos receptores terminais da placa motora. O potencial de ação gera despolarização na fibra que é propagada pelos túbulos T. A despolarização é distribuída até o retículo sarcoplasmático que descompartimentaliza cálcio em direção ao sarcômero. Os íons de cálcio se conectam à troponina, que expõe o sítio de ligação da ponte actina- miosina por meio de movimento/torsão da tropomiosina, presente no complexo de proteínas no miofilamentos finos. Há liberação de Adenosina Difosfato (ADP) e Fosfato Inorgânico (Pi), gerando energia cinética, cuja ponte cruzada energizada puxa as moléculas dos miofilamentos finos. Para que o movimento de relaxamento pós-contração ocorra para o reinício do ciclo contrátil, há a necessidade de presença e hidrólise de nova molécula de ATP. Tecido muscular estriado cardíaco: Localizado no coração e com características de contração muscular involuntária. A contração muscular cardíaca é fundamental para o bombeamento sanguíneo e para o controle da distribuição e coleta de sangue arterial, denso em oxigênio; e venoso, rico em gás carbônico. Tecido muscular liso: Localizado em diversos locais do corpo, principalmente ao longo do trato gastrointestinal e respiratório para auxiliar, por meio de contração muscular involuntária, nos processos digestórios e respiratórios. Tecido muscular estriado esquelético: Compreende o tecido muscular acoplado ao sistema esquelético por meio de tendões e cartilagens. Consiste no único tipo de músculo de contração muscular voluntária a partir de estímulos e da coordenação do sistema nervoso periférico em sua subdivisão motora somática. O papel da mioglobina é transportar oxigênio através do músculo, sendo assim preponderante para o abastecimento do metabolismo energético aeróbio. As fibras que contêm mais mioglobina são mais avermelhadas e utilizam energia predominantemente oriunda do metabolismo energético oxidativo que, por sua vez, tem característica de potencial energético lento, traduzindo em um processo de contração muscular menos veloz. Ao contrário, as fibras que contêm pouca mioglobina têm coloração mais branca e aproveitam substratos anaeróbicos para produção energética, que tem potencial metabólico mais veloz e se reflete em ciclos contráteis mais rápidos. Fibra muscular tipo 1: Fibras de contração muscular lenta, predominantemente avermelhadas e extremamente capilarizadas. Fibra muscular tipo 2a: Fibras de contração rápida, predominantemente arroxeadas e intermediariamente capilarizadas. Fibra muscular tipo 2 b: Fibras de contraçãomuito rápida, predominantemente branqueadas e menos capilarizadas em comparação as demais. O Quadro 1 elenca as principais características de cada tipo de fibra muscular. Característica Tipo I Tipo IIa Tipo IIb Velocidade de Contração Lenta Rápida Muito Rápida Resistência à fadiga Alta Moderada Baixa Força Baixa Alta Muito Alta Estoque de PCr Baixo Alto Alto Quantidade de Mioglobina Alta Moderada Baixa Tamanho de fibras Menores Maiores Maiores Capacidade Aeróbia Alta Moderada Baixa Capacidade Anaeróbia Baixa Alta Muito Alta Fibras por Neurônio Motor 10 a 180 300 a 800 300 a 800 Principal combustível armazenado Triglicerídeos PCr e Glicogênio PCr e Glicogênio Densidade Mitocondrial Alta Alta Baixa A distribuição dos três tipos de fibras musculares é usual em qualquer indivíduo, engajado ou não em atividades físicas. A indução à distribuição da tipagem de fibras inicialmente tem relação fenotípica, ou seja, é geneticamente programada ao nascimento. Todavia, o estilo de vida e a adesão a práticas esportivas podem determinar remodelamento e readaptação da formação e da manutenção da predominância e da utilização das fibras musculares. TIPOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR A biomecânica de ação do tecido muscular pode ser executada por meio de variações de programas de treinamento que utilizam formas diferentes de contração muscular. Alguns exercícios são capazes de promover melhor reabilitação e regeneração das fibras musculares, enquanto outros são profiláticos contra lesões ou mesmo adaptativos ao crescimento homogêneo. Três tipos de contração muscular são amplamente debatidos pela literatura científica Contração muscular isotônica Contração muscular que gera modificações no comprimento da fibra muscular e do ângulo articular. O termo isotônico advém da compreensão inicial de manutenção de igualdade de tensão no processo contrátil. Contração dinâmica Esse tipo de contração apresenta duas possíveis subdivisões: i. Contração excêntrica. Alongamento do comprimento das fibras musculares. ii. Contração concêntrica. Encurtamento do comprimento das fibras musculares. Contração muscular isométrica Contração muscular executada com o máximo de manutenção postural, isto é, sem perturbação no comprimento geral das fibras musculares. Ocorre a produção de movimento e de força com ângulo articular do movimento inalterado. Contração muscular isocinética Contração muscular que mantém velocidade do movimento, ou cinética, constante. Todavia, para sua execução, é imprescindível a utilização de dinamômetro isocinético para a estabilização tanto do processo articular quanto da musculatura adjacente ao grupamento muscular trabalhado. VALÊNCIAS ESPORTIVAS O desenvolvimento do desempenho esportivo busca, por vezes, melhorar resultados de treino/competição baseados em programas de treinamento que aprimorem valências esportivas. Objetivamente, valências esportivas são atributos e qualidades físicas que podem resultar em remodelamento do volume, vigor e poder da musculatura. Dentre as principais valências, emergem as aptidões de força, potência, hipertrofia e resistência muscular. Introdução ao metabolismo humano Por definição, o metabolismo consiste no somatório de processos de síntese de produtos de vital importância ao corpo humano com participação central no controle da homeostasia. Dentre as substâncias mais prementes do controle metabólico, destacam-se os nutrientes, como água, carboidratos, lipídios, proteínas e álcool. Esses componentes são utilizados para uma série de desenvolvimentos de produtos, sobretudo a formação de energia na forma de Adenosina Trifosfato (ATP). O anabolismo consiste no conjunto das vias metabólicas que combinam por ligações químicas nutrientes em suas formas mais simples, como aminoácidos, ácidos graxos e glicose em macromoléculas complexas, como glicogênio, proteínas e triglicerídeos. Basicamente, o movimento metabólico do anabolismo concentra reservas energéticas em diversos tecidos pela disposição abundante de nutrientes. Inversamente, o catabolismo representa a integralidade de reações bioquímicas que degradam as ligações de moléculas complexas em blocos construtores simples para a formação significativa de ATP. Objetivamente, o movimento catabólico é antagonista ao anabólico e vice-versa. Contudo, ambas as vias compartilham moléculas que funcionam como intermediários fomentadores de suas finalidades (armazenar ou provisionar energia); e que são compreendidos em processos denominados anfibolismo (ALEKSANDROVA et al, 2014). O exercício físico, especificamente, intensifica a demanda de energia para atender às necessidades de contração e relaxamento muscular. Nesse sentido, o ATP (principal molécula de provisão energética) é produzido a partir do catabolismo das reservas nutricionais em diversos tecidos corporais com a participação (aeróbico) ou sem a participação (anaeróbico) do oxigênio. Aditivamente, durante o exercício, também se observa o catabolismo de substratos energéticos, que praticamente não são afetados no estado de repouso, como fosfocreatina e glicogênio muscular, trazendo certa peculiaridade à demanda esportiva. Regulação do Catabolismo Energético durante o exercício O controle do metabolismo energético é centralizado pela percepção hipotalâmica na falta ou no excesso de energia disponível no corpo. Quando há quantidade significativa de nutrientes simples disponíveis no sangue, como no período pós-prandial, por exemplo, o hipotálamo sinaliza estímulo da secreção de hormônios anabólicos, tais como a insulina e a somatomedina C (também conhecida como IGF-1). Por outro lado, na falta de abundância de nutrientes e energia disponível, o hipotálamo desencadeia uma série de reações catabolizantes no intuito de aumentar a oferta de moléculas simples para fabricação de ATP. Esses mecanismos de geração catabólica são ordenados por reações bioquímicas em cascata por meio do controle do eixo hormonal, que se inicia no hipotálamo, perpassa pela hipófise e culmina nas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins. De maneira simples, o hipotálamo (localizado no Sistema Nervoso Central) secreta Hormônio Liberador de Corticotrofina (CRH), ao perceber a necessidade de arranjo catabólico corporal. O CRH é endereçado à hipófise, que recebe uma mensagem química hormonal e, por conseguinte, secreta seu próprio hormônio contendo informações de fomentar o catabolismo: a Corticotrofina ou Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH). Por sua vez, o ACTH é enviado para as adrenais e desencadeia a produção hormonal local de diversos agentes catabolizantes, especialmente glicocorticoides, como o cortisol, e catecolamínicos, como a adrenalina. Tanto o cortisol como a adrenalina são hormônios que deflagram cascatas catabolizantes nas reservas nutricionais corporais. Observa-se o aumento da proteólise do tecido muscular esquelético; da lipólise do tecido adiposo; da gliconeogênese hepática; da frequência cardíaca; e da imunodepressão em função da secreção destes hormônios. Esses cenários contribuem para manutenção da homeostasia e para a oferta de energia e de nutrientes durante os períodos de estresse, como na atividade física. Quando esses hormônios se encontram com concentrações significativas na corrente sanguínea, há uma redução da secreção hormonal hipotalâmica e hipofisária para evitar o excesso de catabolizantes disponíveis. Esse feedback negativo visa preservar o estado imune, inflamatório e a própria longevidade do sistema energético. Metabolismo Energético Muscular durante o exercício Existem três tipos de sistemas energéticos que colaboram para a oferta de ATP durante o catabolismo energético de maneira integrada, concomitante e desproporcional: Sistema Fosfagênio ou ATP-CP ou anaeróbico alático ou imediato. Sistema anaeróbica lático ou glicogênio-lactato ou glicólise anaeróbica. Sistema aeróbico ou oxidativo. As três rotas metabólicascolaboram e fornecem substratos para a formação de ATP simultaneamente, entretanto com magnitudes diferentes de contribuição energética que dependem essencialmente de fatores como intensidade e duração do treino; e condicionamento físico, estado nutricional e treinabilidade do indivíduo. Via aeróbica alatica: Produz energia a partir das quebras das reservas de fosfagênios, precisamente da concentração de fosfocreatina. Via aeróbica lática: Sintetiza energia por meio da degradação completa e em sequência de carboidratos, desde o glicogênio intramuscular, passando pela quebra total da glicose em piruvatos e sua eventual conversão a lactato. Sistema Anaeróbico Alático (ATP-CP) Entre as rotas metabólicas que contribuem para a formação energética, a via ATP-CP fornece condições para ressíntese de ATP de forma mais ágil e emergencial, contudo ela é limitada por sua pequena, porém tangenciável, concentração intramuscular, e por processos de fadiga periférica. Em situações de rápida e intensa contração muscular, as naturais reservas de fosfocreatina (PCr) intramusculares são catabolizadas pela enzima Creatinokinase (CK), formando, como produtos, a liberação de fosfato, energia e creatina. Tanto a energia quanto o fosfato são utilizados para ressintetizar ligeiramente o ATP do tecido muscular. O ATP desenvolvido é, então, hidrolisado, liberando energia química para o sarcômero realizar interação entre as proteínas miofibrilares e o movimento cinético, tendo como resultado a contração/relaxamento muscular e o acúmulo de Adenosina Difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi). Paralelamente, a creatina produzida é acumulada no sarcoplasma da fibra muscular até a significativa redução da intensidade ou o término do exercício para que sua molécula seja encaminhada para o espaço mitocondrial e ressintetizada a fosfocreatina. A presença de creatina acumulada dentro do músculo ocorre pela combinação da ingestão de fontes dietéticas com a própria produção endógena da molécula. Tecnicamente, a creatina é um aminoácido não essencial e não proteinogênico, que depende de aminoácidos precursores como arginina, ornitina, glicina e metionina. Um indivíduo onívoro consome em média cerca de 1g de creatina em sua dieta. A Tabela 1 elenca fontes alimentares e seu conteúdo de creatina disponível. Alimento Creatina (g/kg) Arenque 6,5-10 Carne suína magra 5 Carne bovina magra 4,5 Salmão 4,5 Atum 4 Bacalhau 3 Peixe solha 2 Leite 0,1 Frutas silvestres 0,02 Uma pessoa de aproximadamente 70 quilos apresenta uma concentração média de 100 a 140 gramas de creatina disponível, sendo cerca de 65% de seu armazenamento observados no estado de PCr. De toda a creatina, fosforilada ou não, 95% são encontradas dentro do tecido muscular esquelético, enquanto as demais reservas podem ser identificadas no cérebro, no coração e nos testículos. Para a modificação das reservas de creatina e PCr, é fundamental não apenas sua ingestão, mas também o estímulo adaptativo de treinamentos mais intensos, explosivos e curtos. A combinação da oferta dietética com a seguida demanda energética imediata é capaz de, paulatinamente, elevar a capacidade de reserva de fosfagênio muscular (WILLIAMS; KREIDER; BRANCH, 2000). No contexto dessas atividades, a demanda rápida por energia mantém as atividades de ressíntese de ATP elevadas justamente pela emergência por fosfatos, e uma dessas consequências é o aumento de produção de amônia via ciclo das purinas, na qual há conversão de AMP em inosina (IMP). A amônia, em condições controladas, é destinada para o tecido hepático que se encarrega de transformá-la em ureia ou de associá-la ao glutamato para síntese de glutamina. Todavia, atletas com dificuldade de tempo de recuperação de sessões de treinamento ou em final de temporada podem apresentar hiperamonemia e estímulo à fadiga central pela dificuldade dos hepatócitos em lidar com esse incremento de requerimento (WILKINSON, 2010). Sistema Anaeróbico Lático Em atividades físicas de alta intensidade com duração aproximada de 10-60 segundos de repetidas contrações musculares, a via anaeróbica lática se sobressai como protagonista no fornecimento de energia. Nessa rota, o polissacarídeo de armazenamento glicídico intramuscular denominado de glicogênio sofre reações de divisão hidrolítica, conhecidas como glicogenólise, produzindo quantidade razoável de moléculas de glicose-1-fosfato (glicose com presença de ligação de fosfato acoplado ao primeiro carbono de sua estrutura). Nesse cenário, inicia-se processo de glicólise anaeróbica muscular, no qual a glicose-1-fosfato será totalmente degradada em duas fases divididas em nove reações enzimáticas para a formação de três moléculas de ATP, que serão destinadas ao sarcômero durante o exercício. Em resumo, podemos destacar as seguintes características da glicólise anaeróbica (ver Figura 10): Cada molécula de glicose-1-fosfato que sofre quebra total produz duas moléculas de piruvato, 3 ATP e duas moléculas de Nicotinamida Adenina Dinocleotídeo reduzida (NADH + H+). A Figura 10 resume todo o processo dessa rota metabólica. O NAD (reduzido ou oxidado) é uma fundamental coenzima para produção energética anaeróbica ou aeróbica. Especificamente no caso da glicólise anaeróbica, é imprescindível que exista ressíntese de sua forma oxidada (NAD+) para manutenção da via glicolítica. Ao contrário de outros tecidos, o saldo da glicólise anaeróbica muscular é de + 3 ATP, uma vez que a formação de glicose-1-fosfato da quebra do glicogênio muscular não demanda fosfato adicionado via hexokinase na fase 1 (investimento) da glicólise. A glicogenólise intramuscular oferece glicose pronta para degradação dentro do próprio tecido. Isso poupa tempo e energia, além de ser estratégica devido, principalmente, ao fato de que a grande demanda de glicose sérica, cerca de 60%, costuma ser destinada ao cérebro. Lactato e ácido lático não são moléculas idênticas ou sinônimos. São estados distintos do mesmo composto que apresentam valores diferentes de pKa (valor de pH ótimo para maior concentração de determinada substância). A síntese e a conversão muscular decorrentes do piruvato restringem-se somente na formação de lactato. A redução do pH muscular e o aumento da acidez local não ocorrem em função da presença do lactato. Na verdade, é exatamente o oposto dessa condição. A biossíntese de lactato muscular melhora as condições locais de tamponamento de pH. O aumento de acidez do músculo em exercícios de alta intensidade decorre do aumento notório de prótons de hidrogênio (H+), produzidos durante a redução de NAD+ a NADH + H+ e hidrólise de ATP não mitocondrial. Quanto maior a concentração de H+ no meio muscular (ou qualquer outro), menor a concentração do pH, e maiores a acidez e a fadiga do tecido. Em exercícios de alta intensidade, o NADH + H+ produzido não é endereçado ao interior mitocondrial para síntese de ATP na cadeia de transporte de elétrons, pois, pela emergência da demanda energética, não há tempo hábil para essa condição. Quanto maior a remoção de lactato do músculo, maior será a lactatemia (presença de lactato no sangue). A hiperlactatemia pode ser considerada biomarcador de fadiga muscular, uma vez que altas concentrações de lactato no sangue em detrimento de sua redução no músculo provocam redução do pH pelos motivos já expostos. Portanto, embora usualmente atribua-se o aumento de acidez à presença de ácido lático em alusão à fermentação de piruvato a lactato (via lactato desidrogenase no sarcoplasma), esse conceito apresenta equívocos e confusões que devem ser corretamente atribuídas aos aspectos bioquímicos supracitados (HALL et al, 2016). Para maior especificidade, a presença de prótons de H+ é oriunda de reações de redução de NAD+, especificamente na conversão de Gliceraldeído-3-Fosfato a 1-3-Bisfosfoglicerato (Figura 11). Com maior presença de H+ no meiointracelular, ocorrem queda no valor de pH do músculo e indução à fadiga periférica. Assim sendo, uma das finalidades da conversão de piruvato a lactato está relacionada à oxidação de NADH + H+ em NAD+ para alimentar a continuidade da fase de pagamento da glicólise. Com uma menor formação de lactato, a glicólise é induzida a também reduzir a sua atividade, impactando na produção energética desse tipo de exercício (LEHNINGER, 2005). O conteúdo de glicogênio muscular ocupa, aproximadamente, de 1 a 2% das células musculares e cada grama de reserva acumula 3 gramas de água, ou seja, tornando o ganho de peso uma resposta notável à supercompensação dos seus estoques (MURRAY, 2018). Em vias gerais, a limitação da capacidade de longevidade da via anaeróbica lática está associada às condições de acidose do tecido e às quantidades do glicogênio muscular. O Quadro 2 apresenta os níveis de risco de distúrbios de acidez para algumas modalidades esportivas (POWERS, 2014). Esporte Risco de Distúrbio Acidobásico Corrida de 100m Baixo Corrida de 400m Alto Corrida de 800m Alto Corrida de 1500m Moderado a alto Corrida de 5000m Moderado Corrida de 10000m Baixo a moderado Maratona Baixo Sistema Aeróbico Caso o indivíduo que esteja engajado em uma atividade física em condições máximas de treinamento tenha o intuito de prolongar o exercício por períodos superiores a 60-120 segundos, as manifestações clínicas de queimação muscular devido à acidez local, invariavelmente, induzirão a redução da carga/velocidade e, por assim sendo, a intensidade do treino, aumentando substancialmente a contribuição energética a partir da via aeróbica. Logicamente, diversos praticantes de exercício físico também podem utilizar majoritariamente essa via quando iniciam ou, predominantemente, mantêm exercícios em intensidades moderadas ou baixas. Como em contrações musculares menos intensas não há uma emergência expressa para produção de energia, o metabolismo energético modela seus processos bioquímicos principalmente para oxidação intramitocondrial de produtos da glicólise e da lipólise, embora corpos cetônicos e aminoácidos ainda possam contribuir para provisão energética aeróbica, dependendo do estado nutricional e de outras características do treinamento. No caso da produção de energia aeróbica a partir da quebra da glicose, as moléculas de piruvato produzidas passam a ser prevalentemente convertidas a duas moléculas de um cetoácido chamado de Acetil Coenzima A (Acetil-CoA), praticamente a substância-chave para a iniciação das atividades aeróbicas no interior da mitocôndria. A partir de sua entrada na organela, ocorre uma condensação entre o Acetil-CoA e o oxaloacetato (outro cetoácido) para a formação de citrato. Desse ponto em diante, ocorre uma série de reações de descarboxilação desde o isocitrato até a nova formação de oxaloacetato, que produzem uma série de substratos para o processo oxidativo. As reações cíclicas descarboxilativas, em sua maioria, entre o citrato e o oxaloacetato, compreendem um círculo bioquímico denominado Ciclo de Krebs, em homenagem ao bioquímico Hans Krebs, descritor dessas reações. Dentre as várias possibilidades e finalidades do Ciclo de Krebs destaca-se: Produção de metabólitos importantes nos processos anfibólicos. Síntese de diversas coenzimas de NADH e Flavina Adenina Dinucleotídeo reduzida (FADH2), que servem como alimentadores do processo oxidativo nas cadeias de transporte de elétrons, responsáveis pela fosforilação oxidativa massiva de ATP. Síntese de precursores de aminoácidos e elementos do ciclo da ureia. CICLO ALANINA-GLICOSE O aminoácido em questão é lançado na corrente sanguínea em direção ao fígado em função da proteólise muscular. No fígado, a alanina sofre reações de gliconeogênese formando glicose, que, por sua vez, é enviada para ser novamente degradada e oxidada no tecido muscular, mantendo oferta aeróbica e auxílio constante na glicemia. CICLO DE CORI Em exercícios de duração superior a três minutos, cerca de 80% do lactato previamente produzido são removidos do tecido muscular para fomentar diversos tecidos, em especial os hepatócitos. No fígado, assim como a alanina, o lactato também é submetido a reações gliconeolíticas e produz moléculas de glicose que auxiliam na manutenção da glicemia e na oferta sérica desse carboidrato para a completa oxidação durante o exercício. OXIDAÇÃO DE AMINOÁCIDOS Diversos aminoácidos podem ser utilizados como precursores de intermediários do Ciclo de Krebs, como alfa-cetoglutarato, succinil-CoA, Acetil-CoA, piruvato e oxaloacetato, por exemplo. OXIDAÇÃO DE CORPOS CETÔNICOS A acetona, acetoacetato e hidroxibutirato são produtos da combinação sequencial de excedentes de Acetil-CoA mitocondrial, denominados corpos cetônicos. Essa robustez de concentração de Acetil-CoA geralmente associa-se à redução dos níveis de oxaloacetato no ciclo de Krebs para o fomento hepático da gliconeogênese em situações de catabolismo ou na privação excessiva de glicose disponível. O tecido muscular consiste no sítio de maior consumo de corpos cetônicos, especialmente em exercícios de predominância moderada e de grande duração. Integração intersistêmica durante o exercício A coexistência e a concomitância de ação dos sistemas energéticos são constantes sendo que nenhuma via contribui ou deixa de contribuir integralmente para a formação de ATP. O que ocorre com frequência é a oscilação de protagonismo no provisionamento energético geralmente mais associada às condições de carga/intensidade e ao volume/duração do treinamento. Os compartimentos energéticos de fosfocreatina e glicogênio muscular são amplamente recrutados nas provas de maior demanda de potência/explosão muscular tendo em vista seu caráter emergencial. A proporção de utilização de cada reserva e concentração dos níveis a serem estocados por meio da dieta devem respeitar as diferenças das modalidades e fases de treinamento e da competição no calendário dos atletas. Na Tabela 2, é possível analisar proporcionalmente as vias metabólicas utilizadas em diversas competições esportivas. Esporte/Atividade Alática Lática Aeróbica 100m/200m 98 2 Saltos 90 10 Lançamentos 90 10 400m 40 55 5 800m 10 60 30 1500m 5 35 60 5000m 2 28 70 Maratona 2 98 Em provas duradouras, como competições de fundo em atletismo, natação e ciclismo, a contribuição energética predominante passa a ser de origem aeróbica, especialmente por glicose sérica, ácidos graxos e corpos cetônicos. A oxidação de carboidratos e lipídios produz grandes quantidades de ATP, capazes de manter, por períodos importantes, a execução destes exercícios. Sendo assim, é interessante verificar a possibilidade de se estimular condutas nutricionais que podem promover maior síntese de proteínas mitocondriais (envolvidas no Ciclo de Krebs, beta-oxidação e cadeia de transporte de elétrons, por exemplo) e estoques balanceados de glicogênio hepático (contribuição para glicemia) e muscular (necessário em momentos de piques ou no aumento de intensidade nestas provas). Aumento de oxidação Levando em consideração que o exercício físico determinará o aumento da oxidação mitocondrial durante a prática de esportes de intensidade moderada ou leve ou após a prática de esportes de alta intensidade; quanto maior a demanda de um treinamento, maior será o consumo de oxigênio independentemente do timing de realização. Ainda nesta linha, considere que parte desta ingestão de oxigênio é necessariamente revertida (cerca de 1-3%) a radicais livres, especificamente espécies reativas de oxigênio. Os radicais livres oxidam diversos sítios celulares, levando ao aumento do envelhecimento celular e, consequentemente, à redução funcional progressiva do tecido Formação de microdanos musculares O processo sequencial de contração/relaxamento muscular na variação de cargas de treinamento é capaz de gerar danos microscópicos nas células musculares.Esse processo sinalizará, juntamente com a atividade oxidativa e metabólica, resposta inflamatória e indução à síntese proteica muscular. Obrigatoriamente, a dieta de indivíduos engajados na prática de esporte deve ter conteúdo hiperproteico quando comparada à dieta de indivíduos em repouso. Aumento de resposta inflamatória Todos os estímulos de degradação e proteólise muscular necessariamente resultam em resposta inflamatória local. A quimiotaxia de células de defesa (leucócitos em geral) direciona envio de mediadores inflamatórios, tais como citocinas para reparo da miofibrila muscular. Dentre os principais sinais do processo inflamatório destacam-se: dor, inchaço, vermelhidão e calor. Hemólise Durante o esporte, há indução ao aumento da taxa de quebra de hemácias por demanda oxidativa, uma vez que a hemoglobina é uma proteína intraeritrocitária que transporta oxigênio. Em função das variações do ciclo menstrual, mulheres podem ter necessidade de receber maior atenção nesse quesito Aumento de formação de metabólitos Em função do metabolismo de diversos substratos nutricionais intra ou extramusculares, além da resultante de ATP, é possível observar geração de metabólitos, tais como lactato e amônia. Ambos são produzidos pela grande necessidade de formação de ATP e manutenção do exercício, um pela fermentação do piruvato (produto do metabolismo glicolítico) e o outro pela ressíntese de ATP e metabolismo de aminoácidos. A remoção de lactato do tecido muscular pode alterar o padrão de acidez local ao reduzir o pH e afetar tamponamento local. Como consequência, observa-se sensação de fadiga associada à queimação no processo de contração muscular. No que tange à hiperamonemia, o aumento das concentrações de amônia induz a sensação global de fadiga. É comum observar deterioração da capacidade biomecânica do indivíduo. Estratégias de dieta e suplementação de tamponantes, como equilíbrio ácido básico via beta- alanina e bicarbonato de sódio, costumam resultar em amenização da fadiga. Interferências na resposta imune A glutaminólise estimulada pelo exercício para colaboração energética via mecanismos de transaminação em adição aos eventos de déficit energético e dano oxidativo é capaz de alterar a defesa tanto da barreira imune intestinal quanto da promoção momentânea de proteínas relacionadas à defesa corporal. A oferta de nutrientes imunorreguladores, como a própria glutamina, antioxidantes, anti- inflamatórios e simbióticos, deve ser considerada. Disbiose Por conta de menor perfusão de tecidos do trato gastrointestinal, é possível que microrganismos benéficos da flora intestinal reduzam suas atividades e população, caracterizando risco de disbiose pela facilitação da translocação bacteriana. Além disso, algumas espécies de microrganismos naturais do intestino auxiliam no processo digestório e absortivo. Assim, em quadros de disbiose, é possível identificar dificuldades de desenvolvimento nutricional e esportivo do indivíduo. O termo termorregulação é atribuído ao processo hipotalâmico de ajuste da temperatura no meio interno do organismo com finalidade de se evitar medidas consideradas de calor ou frio extremos, que podem trazer consequências, inclusive fatais. De fato, vivemos apenas a alguns graus da morte, pois temperaturas altas podem sinalizar desnaturação proteica enquanto medidas muito baixas resultariam em retardo significativo das atividades enzimáticas e metabólicas, comprometendo função de diversos órgãos vitais à saúde. Em outras palavras, tudo o que se ganha de calor em função do ambiente (ou demais fatores) deve ser eliminado e vice-versa. Nesse sentido, o principal propósito da termorregulação é combater sistemicamente cenários de superaquecimento (hipertermia) ou super- resfriamento (hipotermia) tendo hipotálamo como termostato do corpo. A atividade física é um evento que pode aumentar significativamente a temperatura interna do corpo, principalmente por conta do ambiente de treinamento/competição, hiperatividade do catabolismo energético e da própria hidrólise do ATP produzido. Neste contexto, o sistema circulatório tem papel importante na condução da temperatura interna, também conhecida como profunda, em direção a pele. É possível identificar indivíduos, principalmente caucasianos, que estão aumentando a temperatura interna simplesmente observando manifestação clínica de rubor na pele. Isso sinaliza que o fluxo sanguíneo se intensifica na direção mais superficial do corpo para tentar eliminar o calor adquirido. Quando a temperatura interna sobe, o hipotálamo dispara processos hormonais associados à dissipação de calor, conduzido pelo sangue, por meio de sudorese e evaporação na pele. Em contrapartida, na redução drástica de temperatura, mecanismos de aumento termogênicos são induzidos, associados à redução da taxa de perda de calor natural. Paralelamente, a Taxa Metabólica Basal (TMB) acompanha a demanda hipotalâmica: quando muito frio, a TMB aumenta; e no inverso, diminui com objetivo de preservar ou eliminar calor, respectivamente. Entretanto, existem outras possíveis maneiras de auxiliar o controle da homeotermia que não dependem exclusivamente do hipotálamo. Essas possibilidades têm relação com a interação do indivíduo junto ao ambiente; comportamento nutricional; condicionamento físico; e intensidade/tipo do exercício físico. Ganho de calor a. Exercício físico b. Tremor (contração muscular involuntária) c. Termogênese associada ao tecido adiposo ou à atividade hormonal tireoidiana d. Interações com o ambiente Perda de calor a. Evaporação do suor b. Interações com o ambiente A termogênese associada ao tecido adiposo aumenta suas atividades em função da percepção hipotalâmica de queda da temperatura interna. Nesse mecanismo, o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) secreta adrenalina, que, por sua vez, inicia atividade lipolítica nos adipócitos, em especial naqueles encontrados no Tecido Adiposo Marrom (TAM). O TAM é um dos três tipos de tecido adiposo que são encontrados em humanos, além de outros mamíferos. Os demais são Tecido Adiposo Branco e Bege. Não é somente a diferença na cor que se observa a partir destes adipócitos, a estrutura interna da célula tem diferenças fundamentais nas suas atividades e reservas energéticas. Enquanto o adipócito branco armazena triglicerídeos em uma única gota interna lipídica que ocupa quase 90% da célula, o BAT possui diversas gotas distribuídas ao longo do citosol. Além disso, o adipócito branco possui maior tamanho e menor número de mitocôndrias. Contudo, a diferença mais acentuada entre esses tecidos reside na condição de que a membrana mitocondrial interna do BAT, além de ser capaz de realizar processos de oxidação de nutrientes, também realiza termogênese por meio da atividade de proteínas desacopladoras, ou UCPs, que produzem calor na mitocôndria que é propagado para o restante do corpo. Outro ponto fundamental aponta que, no TAM, o número de receptores de hormônios tireoidianos, especialmente triiodotironina (T3) é maior em comparação às demais células lipídicas. Os hormônios tireoidianos têm, dentre outras funções, grande influência nas oscilações de TMB, seguindo estímulos hipotalâmicos quando há necessidade de ganho ou perda de calor Irradiação Ganho ou perda de calor em função da transferência de raios infravermelhos entre individuo- ambiente (e vice-versa), sem contato físico direto. Por exemplo, o Sol irradia calor (subproduto de sua vasta energia) por meio de ondas infravermelhas para nossa pele. Nesse caso, o Sol está perdendo calor por irradiação, e os indivíduos que estão sob suas ondas infravermelhas ganham calor pelo mesmo processo. Isto é, também é possível reduzir a temperatura corporal por irradiação. Isso é notável em função do gradiente térmico da pele ser maior, em dias mais amenos, do que a temperatura de objetos. Condução Transferência de calor por contato físicodireto entre duas superfícies diferentes. Ao colocar a mão em uma panela quente, recebemos calor por condução, aumentando a temperatura do nosso corpo, ao mesmo passo que nossa mão, numa temperatura inferior, reduz, quase que imperceptivelmente, a temperatura da panela. Convecção Transferência de calor pela água ou pelo ar para a superfície da pele. Os ventos ou as águas convectivas podem arrefecer ou aquecer a temperatura corporal, dependendo da sua própria temperatura. Quando um corredor joga água fria sobre seu corpo, ele está colaborando para a redução da temperatura por convecção da água-pele. Já quando indivíduos mergulham no mar gelado em um dia quente de verão, é possível também ganhar calor por convecção. Os fornos convectivos emitem ventos quentes sobre os alimentos para aquecê-los para consumo. Dentre todos os processos de arrefecimento corporal, a evaporação consiste na melhor forma de reduzir a temperatura interna. Nesse processo, há uma sequência de atividades guiadas pelo hipotálamo para reduzir a temperatura interna. Basicamente, o hipotálamo sinaliza aumento da produção de suor pelas glândulas sudoríparas, localizadas na derme, por cascatas hormonais. O suor produzido recebe calor interno advindo do fluxo sanguíneo e aumenta a temperatura superficial na pele. Todavia, o suor somente elimina o calor quando evaporado, caso contrário a temperatura corporal continuará a subir, e o indivíduo pode atingir fadiga ou sofrer um choque térmico. Assim, para que o calor seja eliminado por evaporação do suor, é fundamental que a pressão de vapor de água do ambiente seja inferior à da pele. Nesse cenário, é importante conhecer/medir a temperatura e a umidade relativa do ambiente. Ambientes muito úmidos dificultam a evaporação e acumulam calor interno. De fato, o ambiente mais perigoso de competição é aquele que combina grandes temperaturas associadas a umidades relativas elevadas, com poucos ventos convectivos. Em suma, é necessário compreender que, na resistência do processo evaporativo, a queda de desempenho será notável, uma vez que o superaquecimento interno aumenta o gasto energético via catabolismo acelerado de substratos, eleva frequência cardíaca e gera outras manifestações clínicas e alterações fisiológicas que aceleram processo de fadiga. O Quadro 3 resume controle da termorregulação tanto para ganho quanto para perda de calor (BROOKS, 1998). Temperatura Vias eferentes Respostas Fria Vias simpáticas periféricas Vasoconstricção Hormônios tireoidianos Aumento da TMB Glândulas adrenais Aumento de adrenalina Centro motor hipotalâmico Tremor Hormônios catecolamínicos Lipólise de adipócitos Quente Glândulas sudoríparas Suor para evaporação Vias parassimpáticas Vasodilatação Inibição de centros simpáticos centrais Redução de TMB No que tange ao treinamento, fatores como condicionamento físico, treinabilidade e aclimatação exercem influência na facilidade/dificuldade de evaporação. Indivíduos que não estão adaptados à intensidade, duração e ao local (temperatura, altitude, umidade relativa, ventos/ares convectivos) de treinamento atingem mais rapidamente a fadiga. Logicamente, o estado nutricional hídrico também pode exercer poder sobre o processo de eliminação de calor. A ingestão hídrica preparatória e de manutenção durante a atividade física pode ser determinante para antecipação ou prolongamento do estado de fadiga associados ao treinamento, embora, por vezes, o consumo de água/fluidos seja subestimado ou negligenciado. ESTRATÉGIAS DE HIDRATAÇÃO A água é considerada como principal recurso ergogênico para o indivíduo engajado no esporte. Sua ingestão traz melhorias sobre: Volume de Oxigênio Máximo (VO2Máx) Frequência Cardíaca Máxima (FCMáx) Frequência Cardíaca submáxima Débito Cardíaco (DC) Pressão Arterial (PA) Volume plasmático Percepção do esforço Cognição no esporte A desidratação, portanto, pode gerar resposta negativa de performance e bem-estar. O Quadro 4 apresenta as consequências relacionadas ao aumento da desidratação induzida pelo exercício físico. Aumentam Frequência Cardíaca Submáxima Concentração de Lactato sérica Hipertermia Distúrbios térmicos Índice de percepção de esforço Risco de fadiga/Choque térmico Reduzem Volume Plasmático VO2 Máximo, DC, Volume sistólico, PA Perfusão Taxa de sudorese e evaporação Tempo de atividade, cognição e motivação Rendimento esportivo geral Para reconhecimento das condições de perda hídrica, algumas estratégias devem ser elencadas, tais como: Perda hídrica do treino Teor de suor Avaliação bioquímica e clínica urinária Avaliação bioquímica sanguínea/sérica A perda hídrica do treino pode ser facilmente avaliada com pesagem do indivíduo imediatamente antes e após a prática esportiva, corrigindo-se a diferença encontrada a partir de uma eventual ingestão de água ou fluidos durante o teste de pesagem pré/pós-treino. Qualquer atividade de fluxo urinário durante o teste também deve ser considerada. A fórmula utilizada para observação da perda hídrica é assim estabelecida: Perda Hídrica do Treino = Peso Antes do treino – (Peso Depois do treino – eventual ingestão hídrica ou de fluidos + perda urinária). A partir do valor da perda hídrica do treino, é possível determinar percentualmente qual o grau de desidratação o indivíduo sofre naturalmente durante sua prática esportiva regular. Para tal, aplica-se a seguinte fórmula: Percentual de desidratação corporal: Perda Hídrica do Treino x 100/Peso Antes A Tabela 3 lista o grau de gravidade de desidratação de acordo com a perda hídrica percentual. Grau de desidratação Percentual de Perda Hídrica do Peso Corporal Desidratação leve < 1% Desidratação moderada 1-3% Desidratação grave >3% O Teor de Suor pode ser encontrado pela razão entre a perda hídrica do treino e o tempo do exercício em horas. A equação pode ser assim descrita: Teor de Suor: Perda Hídrica do Treino/Tempo (horas). Para conversão do tempo de treinamentos em minutos para horas, basta dividir o valor por 60, uma vez que cada hora possui 60 minutos. A taxa média de perda de suor de atletas é de, em média, 0,3-2,4L/h, dependendo de variáveis como temperatura, umidade relativa do ar, intensidade, duração, treinabilidade, altitude, fitness e aclimatação. Para atletas que apresentam taxas de teor de superior a 1,2L/h, recomenda-se, além da reposição hídrica, o ajuste de sódio, pelo risco de hiponatremia associado à sudorese excessiva. Em média, cada litro de sódio perdido durante o exercício é acompanhado de 1g de sódio eliminado. Indivíduos que apresentam menos de 10 mmol/L ou mEq/L de sódio no sangue já apresentam risco elevadíssimo de hiponatremia Para realização da análise clínica urinária, o teste de coloração consiste no método mais simples, ágil e eficaz. Indivíduos hidratados apresentam urina com tonalidade transparente até amarela pálida. Cores que se aproximam do marrom/âmbar indicam desidratação. Em relação à avaliação bioquímica sérica/sanguínea e urinária, alguns biomarcadores podem identificar estado de desidratação do indivíduo. A Tabela 4 segmenta detalhadamente principais indicadores bioquímicos relacionados ao estado hídrico corporal (ACSM, 2007). Amostra Biomarcador Desidratação Urina Gravidade > 1020 g/mL Urina Osmolalidade > 700 mOsmol/kg Sangue Osmolalidade > 250 mOsmol/kg Sangue Razão Ureia/Creatinina > 20 Sangue Sódio > 145 mmol ou mEq/L Para reposição hídrica diária, recomenda-se ingestão de 35mL ou 0,035L para cada kg de Massa Corporal por dia adicionada à reposição da perda hídrica do treino. As equações abaixo descrevem recomendações hídricas diárias ou associadas ao treino (ACSM, 2007; ACSM, 2016). Ingestão Hídrica Diária: (0,035 x Peso) + Perda Hídrica do Treino Ingestão Hídrica do Treino: Reposição de 100 a 150% da Perda Hídrica do Treino Em períodos de pré-temporada de atletas de elite,a ingestão hídrica deve subir para aproximadamente 450mL/30 min. de treino. Além disso, como parte da educação nutricional, deve-se orientar aos atletas não depender de sede para ingestão hídrica, em virtude da polidipsia considerada sintoma de desidratação inicial (cerca de 1-2% da perda corporal) (MACHADO-MOREIRA, 2006; PÉRIARD; RACINAIS, 2015). Outros micronutrientes, tais como cloro, potássio e magnésio, podem ser reduzidos em função da perda eletrolítica associada ao suor. Em média, a perda de magnésio é de 0,8 mEq/L de suor; a de cloro é de 30 mEq/L de suor; e a de potássio de 5mEq/L de suor. A reposição desses componentes depende da avaliação bioquímica de cada elemento-traço ou da manifestação de cãibras associadas ao treinamento, principalmente se houver bilateralidade. Adicionalmente, a ingestão de carboidratos deve depender do interesse do indivíduo em repor (ou não) o glicogênio muscular durante o exercício para manter (ou não) performance atlética. Com intuito de reajuste dos estoques, recomenda-se ingestão de 30 a 60g de carboidrato concentrados de 5 a 8% na preparação para se evitar estresse ou distúrbios gastrointestinais ou digestórios (ACSM, 2007). Por fim, o Quadro 5 sintetiza as diretrizes de consumo hídrico no esporte segmentado por períodos pré, durante e pós-treino/competição, de acordo com o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2016). Antes Durante Após 2 a 4 horas antes consumir 5- 10mL/kg Massa Corporal. 0,4-0,8L/hora de treino. Observações: o Flavorização pode facilitar ingestão. o Baixas temperaturas auxiliam no resfriamento corporal e ingestão. o Cuidados com hiper-hidratação e hiponatremia (Sódio plasmático < 135 mmol/L). o Ingestão de sódio principalmente para atletas com altas taxas de sudorese (>1,2L/h), suor salgado e exercícios prolongados (>2h). o A concentração de sódio média é de 1g/L de suor (50mmol/L). Minimizar taxas de diurese. Sem restrição de ingestão de sódio. Cerca de 125 a 150% da perda pós treino convencional. Não ingerir bebidas alcoólicas. Cafeína inferior a 180mg. Aula 2: ÍNDICE GLICÊMICO X CARGA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS Definição e interpretações O índice glicêmico é a taxa de entrada na corrente sanguínea do carboidrato presente no alimento ingerido isoladamente num dado momento. Ele é avaliado pela presença de glicose especificamente na corrente sanguínea em uma população saudável. Para isso, emprega-se o pão de sal e/ou a glicose pura como referência. Já a carga glicêmica constitui a estimativa da quantidade de carboidrato presente na porção média do alimento que impacta os níveis séricos de glicose. Isso não informa qual deles emagrece mais ou engorda menos, mas possibilita uma noção quantitativa da saciedade dos alimentos consumidos isoladamente. Emagecimento: Muitas pessoas apresentam hiperfagia justamente por priorizar alimentos de alto índice glicêmico. Perfomace ou hipretrofia: Precisamos ser muito pontuais com atletas, já que, durante esse processo, geralmente há ganho de gordura. No entanto, esses ganhos poderão ser minimizados se houver um controle da prescrição dos alimentos e de suas combinações para influenciar o índice glicêmico da refeição. Melancia Ig = 72; Cg = 4 numa porção de 120g. Arroz branco cozido Ig = 69; Cg = 30 numa porção de 150g. Batata-doce Ig = 44; Cg = 11 numa porção de 150g. Podemos interpretar os valores desses alimentos de acordo com objetivos propostos. Geralmente, o consenso é que aqueles de alto índice glicêmico são ruins, pois eles ajudam a aumentar interleucinas e citocinas pró-inflamatórias do corpo, como TNF-α e IL-6. Além disso, eles não trazem uma saciedade, ou seja, fazem a pessoa querer se alimentar antecipadamente, o que pode gerar compulsão alimentar e hábitos piores. No entanto, quando falamos de objetivos atrelados à prática de atividade física, devemos ampliar nossas formas de interpretá-la. Analisando isoladamente, a batata-doce apresenta um índice glicêmico baixo e uma carga glicêmica média, o que, na prática, se traduz em quantidade significativa de carboidrato com entrada lenta no corpo. Isso confere saciedade por mais tempo, ajudando seu usuário a não ter compulsão alimentar e aderência ao planejamento alimentar proposto. Já a melancia, apesar de seu índice glicêmico alto, apresenta uma carga glicêmica baixa devido à baixa quantidade de carboidratos, ou seja, para chegarmos à mesma quantidade de carboidrato da porção de batata-doce, deveríamos ingerir 506g dela. Essa prática aumentaria a saciedade, mas deixaria a pessoa com sensação de estufamento. Em casos do tipo, deve-se levar em consideração a inclusão de fibras, proteínas e lipídios para equilibrar a velocidade de entrada do carboidrato, a saciedade e os objetivos envolvidos. Outro ponto importante a ser observado é a individualidade bioquímica e fisiológica. Seu propósito é evitar os alimentos de alto índice glicêmico para aquelas pessoas com tendência à hipoglicemia. Carboidratos Supercompensação Como é sabido, o carboidrato é a principal fonte de energia rápida para o ser humano, porém seus estoques são limitados em comparação aos da gordura. Por conseguir ser utilizado no metabolismo aeróbio e anaeróbio, ele é altamente valoroso para o rendimento esportivo de endurance.Quanto mais tempo indivíduos treinados ficarem em uma intensidade limítrofe entre a baixa e a média intensidade, mais carboidrato será requerido, ainda que forma comedida (junto dos lipídios). Contudo, se um atleta já possui naturalmente muita mitocôndria, por que então não se utiliza apenas a gordura como fonte de energia? Para terem a chance de subir no pódio, os atletas, afinal, têm de manter uma velocidade média entre 20 e 21km/h durante cerca de 2 horas. Com isso, o fluxo de energia precisa ser mantido em velocidades e volumes ideais; para tal, o metabolismo anaeróbio láctico será um pouco mais acessado, fazendo com que os estoques durem menos ainda. Mas existe um problema: geralmente, uma esteira elétrica comum de academia alcança, no máximo, a velocidade de 16km/h. Pensando nisso, foi criada a estratégia de supercompensação de carboidratos. Seu propósito é aumentar de duas a três vezes os estoques normais de glicogênio muscular. Essa estratégia foi pensada para competições – e não para treinamento. A supercompensação deve ser testada em um momento fora da competição devido a seus possíveis efeitos colaterais, como, por exemplo, diarreia, mal-estar, náusea, dor muscular e até baixo rendimento, já que, a cada 1g de glicogênio armazenado, vêm juntos 2,7g de H₂O – ou seja, muito mais peso com que o atleta está acostumado. Recomendações na performance esportiva Existem muitas modalidades esportivas cujo propósito é melhorar o desempenho; para isso, deve-se atender às quantidades específicas de carboidratos. Elas são baseadas na intensidade de treino, o que envolve variáveis, como, por exemplo, tempo total de treino, velocidade de execução e força. Seu objetivo é manter as reservas do glicogênio muscular e do hepático sempre preenchidas, pois atletas de alto rendimento enfrentam treinos sucessivos e longos com uma alta necessidade energética. Conheceremos agora o guideline das necessidades diárias de carboidratos para que os atletas possam manter uma alta performance nos treinos e na recuperação de tecidos: Intensidade Características Recomendação de CHO (g/kg/dia) Leve Atividades de baixa intensidade ou habilidades cotidianas. 3 a 5 Moderada Exercícios moderados (1h/dia). 5 a 7 Alta Programa de endurance ou moderada a elevada intensidade: 1- 3h/dia. 6 a 10 Muito alta Comprometimento extremo ou de moderado a elevada intensidade: > 4-5h/dia. 8 a 12 Já na tabela a seguir, veremos as necessidades agudas de carboidratos para a promoção de uma alta performance em dias de competição ou em treinos cruciais: Abastecimento CaracterísticasRecomendação de CHO (g/kg/dia) Geral Preparação para eventos com duração < 90 min. 24h antes de 7 a12g CHO/kg Carregamento de CHO Preparação para eventos com duração > 90 min de exercícios intermitentes. 36 a 48h antes de 10 a 12g CHO/kg Reabastecimento rápido < 8h para reabastecer entre 2 sessões. 1 a 1,2g CHO/kg nas primeiras 4 horas Abastecimento pré-evento Antes de exercício com duração > 60min. 1 a 4g CHO/kg consumidos 1-4h antes do exercício Baixas ingestões na performance Levando em consideração o consumo máximo de oxigênio, quanto maior for o percentual de VO₂ máx de uma atividade praticada, mais rápida deverá ser a liberação de energia para atender ao volume e à velocidade de demanda energética. Ou seja, quanto mais rápido o exercício, mais intenso. Da mesma forma, quanto mais carga uma atividade tiver, mais glicose será necessária. Afinal, por mais mitocôndria que a pessoa tenha, existe um limite de volume por vez em que é possível metabolizar a gordura devido ao maior tempo de entrega de energia por meio desse substrato, já que a demanda de oxigênio é maior e somente em metabolismo aeróbico é possível metabolizá-la. Se um praticante estiver até mais ou menos em 45% do VO₂ máx, ele priorizará a gordura como fonte energética. Ele, portanto, utilizará todos os substratos ao mesmo tempo como fonte de energia, mas a maior parte alocada, nesse cenário, será proveniente dela. Se um praticante estiver até mais ou menos em 45% do VO₂ máx, ele priorizará a gordura como fonte energética. Ele, portanto, utilizará todos os substratos ao mesmo tempo como fonte de energia, mas a maior parte alocada, nesse cenário, será proveniente dela. Se um praticante estiver até mais ou menos em 45% do VO₂ máx, ele priorizará a gordura como fonte energética. Ele, portanto, utilizará todos os substratos ao mesmo tempo como fonte de energia, mas a maior parte alocada, nesse cenário, será proveniente dela. Não é a atividade específica que determina o nível de VO₂, e sim a intensidade atrelada à determinada atividade. Como exemplifica a tabela abaixo, multiplica-se, segundo o valor de MET (equivalente metabólico de intensidade e gasto energético), o peso do praticante pelo tempo praticado em horas. MET Contexto principal Atividade específica (exemplos) 7,0 Correr Jogging em geral 8,0 Correr Jogging estacionário 4,5 Correr Jogging em uma miniexcursão 14,0 Correr Correr 13,8km/h (4,3min.km-1) 15,0 Correr Correr 14,4km/h (4,0min.km-1) 16,0 Correr Correr 16,0km/h (3,7min.km-1) Quando há uma ingestão de carboidratos (quadros de protocolos acima) abaixo do recomendado para uma performance, o metabolismo de gordura e os aminoácidos aumentam sua participação além do padrão. Esse fenômeno ocorre pelo fato de a demanda energética da atividade não ter mudado. No entanto, verifica-se que o principal substrato (carboidrato) diminuiu. O metabolismo tentará compensar isso fazendo mais lipólise e metabolização de gorduras, assim como proteólise e metabolização de aminoácidos em energia. Isso pode impactar negativamente na performance do atleta, pois tanto os aminoácidos quanto os lipídios levam mais tempo e utilizam mais oxigênio a fim de fornecer a energia que o carboidrato forneceria para aquela demanda. Desse modo, certas variáveis como velocidade de execução e tempo total podem ser prejudicadas. Elas serão ainda mais impactadas quando, além de reduzir a quantidade total de carboidratos, as calorias totais necessárias não forem atendidas. O atleta, ainda assim, vai querer manter o volume de treino. Só que, nesse novo cenário, o organismo tentará preencher essa lacuna com mais gordura e aminoácidos. Ainda que haja aumento da ingestão de proteína na dieta, o organismo, por mais que a absorva, não conseguirá utilizar a tempo os aminoácidos na mesma velocidade exigida pela intensidade do treino. Isso fará com que os estoques de glicogênio reduzam em menos tempo para atender a essa demanda. Recomendações de proteínas e lipídios na performance Em relação ao metabolismo de aminoácidos no fornecimento de energia, muitos são os caminhos, mas todos levam ao ciclo do ácido cítrico (ou Krebs). O ciclo de Krebs, bem como o metabolismo energético como um todo, é um conjunto de reações de transformação das cadeias químicas dos elementos provenientes dos macronutrientes. Carregados eletronicamente, esses elementos precisam, para liberar essa energia, ser modificados a cada etapa. Desse modo, eles transferem sua energia sob a forma reduzida de NADH E FADH2 na fosforilação oxidativa pela via aeróbica. Para comandar a maior ou menor necessidade de aminoácidos no fornecimento de energia, as vias principais precisam estar preenchidas com mais ou menos metabólitos de glicose e ter mais ou menos mitocôndrias por adaptação ao exercício. Desse modo, isoladamente, a suplementação de aminoácidos não consegue aumentar o fornecimento de energia. javascript:void(0) Os aminoácidos mais comuns prescritos por profissionais ou não nutricionistas – ou seja, sem embasamento científico – são a glutamina, o BCAA (sigla de branched chain aminoacids) e os aminoácidos de cadeia ramificada (ACR). No entanto, a captação de aminoácidos se mantém estável por períodos curtos. Além disso, a suplementação somente evita que a musculatura forneça esses aminoácidos, preenchendo apenas a parte que lhe cabe: suplementar de 20 a 30g de proteínas durante a prática de exercícios de longa duração (acima de 90 minutos, embora eles ultrapassem as 2 horas). Suplementos mantêm a performance, porém não a melhoram. Para um atleta de alto rendimento, como, por exemplo, ciclista de longa distância, maratonista ou triatleta, o gasto de energia é tão alto que os estoques de glicogênio diminuem drasticamente, não mais sustentando o mesmo volume de glicólise necessário para manter a performance. Dessa maneira, à medida que isso acontece, também aumentam paralelamente a lipólise e a proteólise na tentativa de preencher o vazio deixado pelo volume de glicólise anterior. Para não haver proteólise em um volume significativo e diminuição do potencial muscular direto, é aconselhável, nesses casos, uma suplementação de proteínas de fácil digestão durante a competição. No caso desse perfil de atleta, pode chegar a até 15% do total de energia versus 5% para atletas comuns ou simples praticantes de atividade física. Levando em consideração a divisão igualitária do total de proteínas, os protocolos delas para os atletas de alto rendimento variam de 1,2 a 2,0g por kg de peso/dia com intervalos entre 3 e 5h. Por mais proteínas que tentemos absorver, temos um limite na utilização delas. Esse limite é mediado por: Quantidade de reparos Reestruturação tecidual Fornecimento de energia Quando se atinge o ápice de sua utilização, o excesso é excretado via renal, já que não fazemos reserva de proteína no organismo. Já os lipídios devem estar entre 20 e 35% do total do vet (valor energético total) ou: ˂ 7% de saturadas ˂ 10% poli-insaturadas ˂ 20% de monoinsaturadas Do total em gramas das poli-insaturadas, deve-se ofertar de 3 a 8% de ômega 6 e 0,8 a 1,2% de ômega 3. Recomendações de micronutrientes para atletas onívoros e vegetarianos Os micronutrientes são compostos por vitaminas e minerais cuja função é, entre outros fatores, participar na produção de: Energia Antioxidantes Síntese proteica Sistema imunológico Em 2018, a Anvisa, com a Instrução Normativa nº 28, atualizou os novos parâmetros limítrofes superiores de prescrição. Não há, portanto, benefícios para valores maiores que os permitidos. Contudo, vale ressaltar que, para atletas, geralmente são encontradas deficiências de vitamina D, de ferro, de cálcio e de alguns antioxidantes devido à maior produção de EROs (espécies reativas de oxigênio ou subprodutos do metabolismo de gorduras). Independentemente do tipo de público, seja ele onívoro seja vegetariano,a prática regular de atividade física já aumenta naturalmente a produção de EROs, aumentando, com isso, o cansaço por uma menor quantidade de coenzima Q10 (ubiquinona). As quantidades de precursores de Q10 na alimentação não chegam perto dos efeitos vistos pela suplementação. Os resultados têm se mostrado positivos com uma suplementação de 100 a 600mg de ubiquinona por dia. Já outros micronutrientes antioxidantes, como as vitaminas C e E, em especial, consumidos próximo do horário de – principalmente após – uma atividade física, têm se mostrado prejudiciais à recuperação muscular, não sendo necessárias quantidades maiores do que as recomendadas pela DRI, salvo, claro, nos casos de uma comprovada deficiência. No entanto, o ácido alfalipoico, que é um ácido graxo de cadeia curta, tem se mostrado eficaz no combate aos excessos de EROS, regenerando as vitaminas C e E, assim como a glutationa (antioxidante endógeno formado pela junção de ácido glutâmico, cisteína e glicina). Já as antocianinas, de forma geral, têm sido eficientes na recuperação muscular. Os alimentos ricos em nitrato, como, por exemplo, a beterraba, serão muito eficientes em performance se forem utilizados – mais comumente como suco – cerca de uma hora antes do treino devido à conversão de nitrato em óxido nítrico, um potente vaso dilatador. Isso permite uma maior circulação sanguínea e, consequentemente, uma oxigenação com menos esforço cardíaco. Veremos agora outros exemplos de alimentos e de seus compostos bioativos que impactam diretamente as citocinas e as interleucinas pró-inflamatórias e/ou anti-inflamatórias: Compostos bioativos Fontes alimentares Efeito na resposta inflamatória Resveratrol Uvas (Vitis vinifera) COX-2, ↓iNOS, ↓ JNK, ↓ MEK, ↓ NF-kappa B, ↓ AP-1, ↓ PKC, ↓ 5-LOX, ↓IL-6, ↓ IL-8, ↓ IL-1, ↑ Nrf2, ↓ VCAM-1 Curcumina Cúrcuma (Curcuma longa) ↓ NF-kappa B, ↓ AP-1, ↑ PPARγ, ↑ Nrf2, ↓ JNK, ↓ PKC, ↓ VCAM-1, ↓ 5- LOX, ↓ COX-2, ↓iNOS, ↓ TNF-α, ↓IL-6, ↓ IL-8, ↓ IL-12, ↑ GSH-px Genisteína Soja (Glycine max) ↓ NF-kappa B, ↑ GSH-px Quercetina Frutas cítricas, maçã ↓ NF-kappa B Sulforafano Crucíferas ↓ NF-kappa B Capsaicina Pimenta vermelha (Capsicum annum) ↓ NF-kappa B Indol-3- carbinol Crucíferas ↓ NF-kappa B Ácido elágico Romã (Punica granatum) ↓ NF-kappa B, ↓ COX-2, ↓ MMP-9 6-Gingerol Gengibre (Zingiber officinale) ↓ TNF-α, ↓ NF-kappa B, ↓ AP-1, ↓ COX-2, ↓ iNOS, ↓ p38MAPK Catequinas Chá verde (Camellia sinensis) ↓ NF-kappa B, ↓ AP-1, ↓ JNK, ↓ COX-2, ↓MMP-9, ↓IL-6 Além disso, não há uma comprovação de que o uso acima do recomendado – seja de lipídios essenciais, aminoácidos isolados, vitaminas e minerais – aumenta a imunidade na tentativa de se prevenir doenças ou condições patológicas. No entanto, ao manter diariamente alimentos que sejam uma fonte de todos javascript:void(0) javascript:void(0) esses nutrientes para alcançar as DRIs, seu usuário diminui a incidência de algumas condições patológicas ou de enfermidades. A soma desses hábitos é um preditor de saúde ou de doenças; assim, deve-se dar atenção às pessoas que, mesmo tendo uma alimentação equilibrada e em quantidade ótima, não exacerbam os outros fatores responsáveis pelo esgotamento desses nutrientes antes do tempo. No entanto, a recomendação para elas, tendo como base a DRI, se mantém, ficando somente a ressalva de se avaliar: Dieta atual e seus micronutrientes. Função intestinal para o máximo de absorção possível. Uso (quando necessário) de suplementação de micronutrientes em paralelo à alimentação tanto para vegetarianos quanto para onívoros. Nutrientes Unidades ≥ 19 anos Nutrientes Unidades ≥ 19 anos Colina Mg 3.235,15 Vitamina K mg 149,06 Vitamina A Μg 2.623,61 Cálcio mg 1.534,67 Vitamina B6 mg 98,60 Cobre mg 8.975,52 Vitamina C mg 1.916,02 Manganês mg 1,66 Vitamina D μg 50,0 Molibdênio mg 1.955 Niacina mg 35 Fósforo mg 2.083,89 Vitamina E mg 1000 Selênio mg 319,75 Ácido Fólico μg 614,86 Zinco mg 29,59 Ácido pantotênico mg 5,64 Iodo mg 919,02 Biotina μg 45 Ferro mg 34,31 Riboflavina mg 2,74 Magnésio mg 350 Tiamina mg 2,02 Cromo mg 250 Vitamina B12 μg 9,94 Dietas atuais muito restritivas contribuem severamente para propiciar carências ou agravar aquelas preexistentes. O motivo é que muitos alimentos fontes de micronutrientes podem ser excluídos. Das dietas restritivas excludentes, destacam-se a paleolítica, o low carb e a cetogênica. Geralmente, essas dietas são movidas por propósitos estéticos, não levando em consideração a fisiologia e a bioquímica. Isso leva a desfechos insatisfatórios. Listaremos a seguir algumas sintomatologias ou sinais decorrentes disso: Cansaço Queda de cabelo Diminuição de libido Unhas fracas Envelhecimento precoce O público vegetariano, apesar de poder ter uma alimentação mais diversificada, tem se mostrado mais propenso à fragilidade óssea devido a valores baixos constantes de: Vitaminas D e B12 Minerais, como, por exemplo, zinco, cálcio e ferro Ômega 3 Verificar a densidade óssea e o aparecimento de câimbras é de vital importância para evitar acidentes momentaneamente limitantes ou até mais severos durante os treinos ou as competições. Ainda que os vegetarianos tenham esses cuidados, as recomendações para eles permanecem as mesmas. HIPERTROFIA E SUAS NECESSIDADES Conceitos O efeito mais estudado com a prática de exercícios resistidos é a hipertrofia, porém há uma confusão sobre o significado dela e o que é a síntese proteica. A síntese proteica diz respeito à formação de proteínas para criar uma célula ou simplesmente reparar um tecido sem aumentá-lo, mas não ocorre nela necessariamente a hipertrofia, já que ela é o aumento do volume celular. Atleta ou não, um praticante de atividade física faz a síntese proteica, mas o que vai determinar se ele terá hipertrofia é a união de alguns fatores: Tipo de estímulo dado à musculatura. Volume de treino. Carga versus número de repetições. Valor energético total versus quantidade total de carboidratos e proteínas. Deve-se estressar de maneira consistente a musculatura para a quantidade de estímulo ser compatível com o nível de hipertrofia esperado e possível. Para que isso ocorra, as variáveis mais comuns são: Número de repetições Carga Porcentagem de 1 RM (uma repetição máxima) Número de exercícios específicos por grupos musculares. O conceito de repetição máxima se baseia em dado exercício conseguir ser executado apenas uma vez com a carga máxima, ou seja, cada pessoa tem sua carga máxima para cada exercício possível. Com base na carga encontrada (100%), prescreve-se a série de exercícios em um percentual abaixo disso com um número de repetições maiores, as quais, em teoria, seriam o suficiente para estressar de forma consistente a musculatura, gerando, assim, mais hipertrofia, força ou resistência. Com essa carga, dificilmente se chega às 12 repetições – e essa é a ideia. Isso significa que o nível de estímulo está no limite para o esperado. Com isso, o nível de hipertrofia será o máximo possível e ainda aumentará a força, ainda que não se alcance também o máximo de força possível. Com repetições de maior número, como, por exemplo, 15, 20 ou 25, o percentual de 1 RM cai bastante para se conseguir chegar a esse número de repetições. Isso muitas vezes exige a resistência, a reabilitação de lesões ou o fortalecimento da região, mas também pode gerar um ótimo nível de hipertrofia, contanto que o volume de treino seja similar ao do exemplo anterior. Modificando as variáveis, esse volume determinará o nível dela. Outro ponto específico a ser levado em conta é o número de exercícios diferentes para o mesmo grupamento muscular. Obviamente, esse exemplo exige mais tempo para a realização total do exercício. Muitas vezes, portanto, não é questão de escolha do paciente, e sim de tempo disponível. A musculação não é o único exercício possível para se obterhipertrofia muscular. Crossfit, calistenia, elástico, kettlebell e muitos outros podem ser aplicados, embora todos tenham suas limitações. Além disso, para haver hipertrofia, deve-se ter um superavit calórico, o qual, por sua vez, varia de acordo com a fase de desenvolvimento do treino e a adaptação de seu praticante. Para o aumento de até 454g de massa magra por semana (o máximo possível sem o uso do hormônio testosterona), é indicado incluir de 5 a 8kcal por cada grama almejado. Um iniciante na prática de musculação, neste caso, conseguiria hipertrofiar 454g a cada sete dias. Desse modo, o cálculo de 454 x 5 a 8kcal resultaria em 2270 a 3632kcal por semana de acréscimo, as quais, por sua vez, dariam de 324 a 519kcal a mais por dia no VET. Mas como saber quanto se deve acrescentar para cada paciente/cliente? Levando em consideração que ele seja um iniciante, devem ser avaliados: javascript:void(0) javascript:void(0) Histórico evolutivo Perfil corporal Dedicação ao treino Disponibilidade para treinar o é porque uma possibilidade existe que seu paciente fará de tudo para conquistá-la, já que, durante esse processo, também ocorre um aumento de gordura total. Dessa maneira, vale começar o treino pensando em menos gramas de hipertrofia por semana como objetivo. No mês seguinte, pode-se fazer uma avaliação por intermédio do percentual de gordura para verificar o resultado do seu planejamento nutricional versus a dedicação do paciente (ou mesmo o metabolismo dele). Quanto mais treinado for seu cliente, menos hipertrofia será possível a cada mês. Da mesma maneira, será necessário haver mais cuidado com a distribuição de macro e micronutrientes, bem como com as fibras e a saciedade da dieta para o cliente se ater apenas ao que foi prescrito, não havendo um consumo ainda maior. Essa preocupação é devida, já que o ganho de gordura existente pode se tornar ainda maior. Recomendações de carboidratos e proteínas Depois da definição do aporte calórico, destacaremos agora os protocolos de carboidratos para esse propósito: Recomendações de CHO para hipertrofia muscular Sexo Masculino e feminino Nos dias de exercícios na semana CHO g/kg/dia 5 a 7 Recomendações de CHO para hipertrofia. Quadro: Extraído de KLEINER; GREENWOOD-ROBINSON, 2014, p. 7. Essas recomendações se baseiam nos efeitos do carboidrato em poupar musculatura. Como está em superavit calórico, ele proporciona o cenário anabólico perfeito, já que aumenta naturalmente a insulina (hormônio anabólico) responsável por favorecer o máximo de aproveitamento das proteínas da dieta e ainda proporciona a quantidade de energia rápida para atender à demanda do exercício que estimulará a hipertrofia. Muitas pessoas podem não estar acostumadas a dietas com maior densidade de carboidratos e, principalmente, maior volume alimentar. Por isso, é importante escolher alimentos com maior densidade de carboidratos e menos volume alimentar, como é o caso da batata-doce que acabou virando alvo de prescrições para esse propósito, já que se enquadra perfeitamente. Os protocolos de proteína para a hipertrofia variam de 1,2 a 2,2g/kg de peso/dia. O índice mais utilizado é o de 1,5 a 2,2g/kg de peso/dia, pois menos do que isso serviria mais para a manutenção da massa magra para praticantes já experientes. Essas recomendações são para pessoas que não usam hormônios. Embora não haja protocolos que sirvam de guia para os usuários de hormônios, o estímulo ao aproveitamento proteico anabólico é maior que o de uma pessoa comum. Desse modo, quantidades superiores às descritas oferecem resultados melhores, embora elas dependam dos níveis hormonais de um(a) paciente. Além disso, vale ressaltar que o excesso de proteína pode levar a danos renais e hepáticos. O ideal é avaliar seu paciente de forma global. Para as pessoas que não usam hormônios, quantidades superiores a 2,2g/kg de peso/dia para a hipertrofia não têm benefício; porém, para aquelas que visam à redução de gordura corporal, consegue- se, com índices acima disso (chegando até a 2,5g/kg de peso/dia), poupar ao máximo a massa livre de gordura durante o processo de emagrecimento. Algumas pessoas – e até profissionais de nutrição – criam mitos que confundem os desavisados como a possibilidade de hipertrofiar e/ou fazer a síntese proteica durante o emagrecimento. Isso se deve à perspectiva desse entendimento versus a variável do significado de hipertrofia, que, por si só, significa aumento do volume celular. Para haver hipertrofia, deve-se estar em superavit calórico e emagrecimento com deficit calórico. Tem sido muito comum o consumo de suplementos proteicos e/ou carbonatados para a hipertrofia ou a performance; no entanto, para o público comum, não existe a necessidade de suplemento proteico, já que conseguimos alcançar as quantidades de proteínas facilmente por meio de produtos cárneos, bem como pelos carboidratos disponíveis nas principais fontes. Porém, como efeito da vida moderna, o tempo tem sido tomado cada vez mais pelo excesso de trabalho e por outros afazeres, gerando, assim, poucos cuidados com a variedade de alimentos, além de haver a prioridade por refeições prontas, processadas e pouco nutritivas. Com isso, a suplementação opera como uma ferramenta de praticidade. A grande preocupação é a má influência causada pelas mídias sociais. Em sua grande maioria, ela surge graças a pessoas comuns ou profissionais da área da saúde que não são capacitados, exacerbando, com isso, a real necessidade proteica e fazendo com que o consumo seja muito acima do recomendado. Isso pode influenciar negativamente a densidade óssea, já que o excesso de proteínas aumenta a excreção de cálcio pelos rins. Já os suplementos de carboidratos, algumas vezes, são necessários, pois alguns pacientes não conseguem consumir o volume alimentar prescrito para o objetivo de hipertrofia ou, principalmente, da performance. Geralmente, a maltodextrina e o waxy mayze são utilizados por praticantes de musculação, embora atletas, de forma geral, também os utilizem. Para os vegetarianos de forma geral, as fontes de carboidratos são as mesmas, assim como o uso de suplementos de carboidratos funciona da mesma forma. As proteínas, porém, dificilmente conseguem ser atingidas de forma natural para a hipertrofia, já que o objetivo inclui, além da hipertrofia, um percentual de gordura baixo. Em muitos casos, as principais fontes vêm de leguminosas também ricas em carboidratos e com volume alimentar, tornando difícil a tarefa de se alcançar as quantidades de proteína sem ultrapassar em muito o VET. No entanto, tem aumentado a diversidade de alimentos vegetais fontes de proteínas. A absorção de proteínas vegetais não é tão alta quanto a de fontes animais; além disso, alguns aminoácidos estão em menor quantidade nos alimentos vegetais. Por mais que tenham todos, eles precisam estar em quantidades ótimas, não estando meramente presentes. A suplementação de proteínas vegetais tem crescido também; com isso, seu preço tem caído ao longo dos anos. Contudo, ela inda não está tão barata quanto a albumina em pó ou o whey protein concentrado. As proteínas mais comuns no Brasil são as de arroz, ervilha e soja. Todas serão isoladas para aumentar sua absorção e corrigidas nos aminoácidos quando elas forem baixas ou não existirem na fonte alimentar do suplemento. O objetivo é conseguir melhorar a adaptação ao treino, oferecendo o mesmo nível de hipertrofia que de um onívoro. A absorção de proteínas vegetais não é tão alta quanto a de fontes animais; além disso, alguns aminoácidos estão em menor quantidade nos alimentos vegetais. Por mais que tenham todos, eles precisam estar em quantidades ótimas, não estando meramente presentes. A suplementação de proteínas vegetais tem crescido também; com isso, seu preço tem caído ao longo dos anos. Contudo, ela inda não está tão barata quanto a albumina em pó ou o whey protein concentrado.
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