Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Trombose venosa profunda 1 Trombose venosa profunda Trombos são massas sólidas ou tampões formados na circulação sanguínea por constituintes do sangue, que podem levar à isquemia por obstrução vascular local ou embolia à distância. A TVP é quando esses trombos se formam em veias profundas. FISIOPATOLOGIA Tríade de Virchow: Lesão endotelial: alteração da parede do vaso. Estase venosa: alteração do fluxo sanguíneo. Hipercoagulabilidade: alteração dos componentes do sangue. Pode ocorrer em qualquer seguimento do sistema venoso profundo, mas acomete mais frequentemente os membros inferiores. É distal quando acomete vasos distais ás veias poplíteas e é proximal quando acomete as veias citadas abaixo. Veias mais acometidas: v. popilítea, v. femoral, v. ilíaca. FATORES DE RISCO Genéticos: trombofilias hereditárias, deficiência de inibidores fisiológicos da coagulação, mutação do gene do fator V, mutação da protrombina. Adquiridos: idade, obesidade, neoplasias, doenças mieloproliferativas, hemoglobinúria paroxística noturna, SAF, DII, síndrome nefrótica, LES, Trombose venosa profunda 2 trombose venosa superficial prévia. Transitórios: cirurgia, trauma, cateter venoso central, imobilização, gestação, puerpério (5x maior do que na gestação), ACO, TRH. QUADRO CLÍNICO Dor Dor à palpação da musculatura da panturrilha, que pode se estender para a região da coxa ou se localizar ao longo da distribuição do sistema venoso profundo. Edema e eritema locais Aumento da consistência muscular Aumento da temperatura local da pele Presença de trajetos venosos superficiais visíveis Deve-se suspeitar de TVP em qualquer paciente com dor ou edema em membros inferiores, principalmente se unilateral e assimétrico. O edema é geralmente depressível. CRITÉRIOS DE WELLS Sinais semiológicos: Sinal de Homans: desconforto ou dor na panturrilha após dorsiflexão passiva do pé. Sinal da Bandeira: menor mobilidade da panturrilha quando comparada com o outro membro. LABORATÓRIO Trombose venosa profunda 3 D-dímero: alto valor preditivo negativo. Não deve ser utilizado de forma isolada e não exclui diagnóstico em pacientes com alta probabilidade clínica de TVP. USG com doppler: método de escolha de TVP em mmii. DIAGNÓSTICO Realizar teste de probabilidade através dos critérios de Wells. Probabilidade baixa ou moderada: realizar d-dímero. Se negativo, encerrar investigação. Se positivo, realizar USG doppler. Em pacientes portadores de condições prévias que elevem o d-dímero, procede-se com o USG doppler sem dosar d- dímero. Probabilidade alta: USG doppler. Se USG doppler negativo, dosa-se d-dímero. Se negativo, não tratar. Se positivo, repetir USG em 1 semana. Indicação de rastreamento de trombofilias: TVP idiopática em pacientes < 50 anos; HF (1° grau) de TVP; Mulheres com HF de TVP + gestantes ou que pretendem engravidar, antes do início de ACO ou de TRH; TVP recorrente; TVP em locais inusitados, como veias portais, mesentéricas e hepáticas; Complicações com varfarina, como necrose cutânea sugestiva de deficiência de proteína C ou e proteína S. Trombose venosa profunda 4 TRATAMENTO Objetivos: prevenir a extensão do trombo, prevenir e impedir a recorrência de TEP. Condições para tratamento ambulatorial: Paciente estável com sinais vitais normais; Ausência de alto risco de sangramento; Ausência de insuficiência renal grave; Capacidade de administrar a medicação e possibilidade de monitorização posterior. Paciente com condição de tratamento ambulatorial: Rivaroxabana: 15mg 12/12h por 21 dias e, após isso, 20mg 1x/dia por 3 meses. Encaminhar ao vascular. Tratamento hospitalar: FASE AGUDA Trombose venosa profunda 5 HNF: ataque (80UI/kg) + manutenção em bomba (18UI/kg/h) + controle TTPA 1,5-2 x o normal. HBPM: enoxaparina (1mg/kg SC de 12/12h). Tempo médio de uso por 10 dias. A segurança da HBPM se aplica a indivíduos com função renal normal e peso entre 40 e 120 kg.. A medicação pode ser prescrita em disfunção renal, mas, nesse caso, a monitorização com dosagem sérica de heparina ou com inibição antifator-Xa é obrigatória. MANUTENÇÃO Warfarina: 2,5-10mg/dia VO. Iniciar junto com a heparina, a qual deverá ser mantida por 5 dias. Interromper quando INR no alvo por 2 dosagens consecutivas com intervalo de 24h. Também podem ser utilizados os novos anticoagulantes orais. FILTRO DE VEIA CAVA Indicação de filtro de veia cava: CI a anticoagulação, complicações com o uso de anticoagulação, TVP e TEP recorrente, incapacidade de atingir a meta terapêutica com o uso de anticoagulação. TEMPO DE TRATAMENTO Para pacientes com TVP causada por cirurgia ou fator de risco transitório: 3 meses. Para pacientes sem fator precipitantes de TVP: 3 meses. Trombose venosa profunda 6 Para pacientes com episódios recorrentes de TVP: é recomendada anticoagulação por período estendido em casos de risco baixo e moderado de sangramento e 3 meses em casos de alto risco. Para pacientes com neoplasia maligna ativa: pelo menos 6 meses, podendo ser estendido independentemente do risco de sangramento. Para pacientes com TVP distal e poucos sintomas: pode-se seriar imagens por 2 semanas e, caso não ocorra extensão da TVP, não iniciar anticoagulação. Em casos de sintomas graves ou fatores de risco para extensão, deve-se iniciar anticoagulação. MEDIDAS ADJUVANTES Meias elásticas: são recomendadas após 1 mês do episódio agudo ou precocemente quando o paciente reinicia a deambulação. Deve ser mantidas por 6 meses após o episódio inicial. O benefício é a redução da síndrome pós-trombótica. A meia, para ser útil, deve ter compressão graduada (30 a 40 mmHg) e deve ser ajustada ao tamanho do membro inferior do doente.
Compartilhar