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AQUICULTURA NO BRASIL: PASSADO, PRESENTE E FUTURO. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DISCIPLINA: AQUICULTURA PROFESSOR: AMBRÓSIO PAULA BESSA JUNIOR MOSSORÓ/RN 2021 INTRODUÇÃO Brasil ● Maiores bacias hidrográficas do mundo ○ 12% de toda a água doce superficial do planeta ○ + de 4 milhões de ha de represas artificiais e reservatórios de água ● Extenso litoral (cerca de 8700 km de extensão) ○ Estuários ○ zona econômica exclusiva no Oceano Atlântico ● A maior parte do Brasil apresenta temperaturas amenas durante todo o ano. ● Grande mercado consumidor ● Comunidade científica de suporte aos ecossistemas aquáticos O INÍCIO DA AQUICULTURA NO BRASIL ● Século 17 ○ Pernambuco ■ Holandeses governaram a região nordeste do país de 1630 a 1654. ● Primeiro relato da prática da aquicultura no Brasil ○ Obra Rerum per octennium em Brasília et alibi nuper gestarum de Joannes Blaeu “Este mesmo jardim tinha três grandes lagos que continham todos os tipos de peixes. No primeiro trimestre após a construção dessas lagoas, a pesca era tão abundante que três barcos não davam para transportar todos os peixes, sem falar naqueles que a liberdade do conde deu aos soldados ”. ● Escritora britânica Maria Graham, ao passar pelo Recife em 1821 ○ Extensas lagoas que “garantem o abastecimento de peixes nos momentos em que o mar agitado das estradas externas impede a saída das canoas” ● Edição de 8 de abril de 1862 do jornal “ O Liberal ” ○ Arrendamento de uma pequena quinta, que, contém três viveiros de peixes. O INÍCIO DA AQUICULTURA NO BRASIL ● Região de Recife e Olinda ○ 280 viveiros distribuídos em 42,7 ha. ○ Rendimentos variavam de 20 a 1500 kg / ha. ● Meados do século XVII até o final da década de 1980 ○ Atividade de subsistência exercida por pequenos agricultores ● Década de 1990 ○ Produção do camarão branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei) O INÍCIO DA AQUICULTURA NO BRASIL ● Segunda metade do século 20 ○ Atraiu a atenção ■ Legisladores ■ Gestores de reservatórios de água ■ Empresas hidrelétricas ■ Pesquisadores ■ Agricultores ○ Cultura de peixes ornamentais ○ Grande desenvolvimento e diversificação O INÍCIO DA AQUICULTURA NO BRASIL PRODUÇÃO ATUAL GERAL ● 1,6 milhão de toneladas em 2018 ○ Aquicultura (50%) ● Peixes de captura ○ 800 mil toneladas ● Aquicultura ○ Duplicou a produção ■ 400 mil t (2009) - 800 mil t (2018) PRODUÇÃO ATUAL GERAL ● Regiões ○ ~ metade nas regiões sul e sudeste ● Espécies ○ Peixes de água doce ○ Camarão marinho ● + 60 espécies de organismos aquáticos comestíveis ○ Tilápia do Nilo (O. niloticus) ○ Tambaqui, pacu e seus híbridos ● 250 espécies de peixes ornamentais, invertebrados e plantas aquáticas PRODUÇÃO ATUAL GERAL ● Grupos principais: ○ Peixes de água doce ○ Camarões de água doce (M. rosenbergii) ○ Rãs (Lithobates catesbeianus) ○ Camarões marinhos (L. vannamei) ○ moluscos bivalves marinhos (mexilhões, Perna perna e ostras Cras-sostrea gigas e Crassostrea gasar) ■ Tartarugas ■ Jacaré (crocodilos Caiman) ■ Peixes marinhos ■ macro e microalgas PRODUÇÃO ATUAL GERAL PRODUÇÃO ATUAL GERAL ● Tanques ○ Maioria dos sistemas de produção brasileiros ● Orientada horizontalmente ● Sistemas de monocultura Alguns dados sobre peixes de água doce ● Produção de 530 mil toneladas em 2019; ● Aumento de 25% nos últimos 5 anos; ● Quase 90% de produção aquícola; ● 95% do total das propriedades; ● 80% em tanques de terra. Tilápia do Nilo ( Oreochromis niloticus ) ● 110 mil estabelecimentos rurais; ○ Em todos os estados; ● Cultivo em tanques de terra e gaiola-rede; ● Principais linhagens; ● Produção anual nas propriedades; ○ 30-60 t; Tilápia Gift Tilápia Chitralada Tilápia do Nilo ( Oreochromis niloticus ) ● Preço de compra e venda; ○ 1000 alevinos com 0,5 - 1 g; ■ 82,50-165 reais; ○ 0,7 a 1,2 kg; ■ 4,40-6,60 reais; Carpa’s ● Uso da Carpa no Sul; ● Primeiro lugar em número de produtores; ● Aquicultura de subsistência; ● Produzidas em IFM e IA; ● IA para carpas não alimentadas; ○ 4 - 6 t/ha em um ciclo de um ano; ○ peixes com 1-2 kg; ○ renda anual de 16,5 a 27,5 mil por ha; Espécies Nativas ● 287,930 mil toneladas em 2019; ● As espécies redondas; ○ tambaqui; ○ pacu; ○ tambacu; ○ patinga; ○ tambatinga; ● Produzindo em tanques de terra e gaiola-rede; ○ em todo território nacional; ● Consumo limitado em algumas regiões; Tambaqui e Tambatinga ● Regiões mais produtoras; ○ Centro Oeste e Norte - tambaqui ○ Nordeste e Mato grosso - híbridos ● Processo de produção semelhante; ● Tanque de terra; ○ juvenis com 2-5 g; ○ 0,4 - 0,7 peixes /m2; ○ durante 12 meses; ○ 0,8 a 3 kg; ○ 4,95 a 6,60 reais o kg; ○ produtividade de 5 - 12 t /ha/ano; Pacu, Patinga e Tambacu ● Principais regiões; ○ tambacu sendo no norte e nordeste também; ● Tem protocolos de produtividade semelhante; ● Cultivo em tanques de terra e gaiola-rede; ○ juvenis com 2-3 cm; ○ estocados de 0,5 a 2 peixes/m2; ○ ciclo de 10 a 12; ○ 1,2 - 2 kg; ○ 7,15 - 10,45 reais kg; ○ produtividade de 10-12 t/ha/ano; Piscicultura ornamental ● Ramo bem difundido em São Paulo e Minas Gerais; ● 4º animal de estimação; Guppy ( Poecilia reticulata )Beta ( Betta splendens )Discus ( Symphysodon aequifasciatus ) Cultivo de camarão de água doce ● Camarão Gigante do Rio ( Macrobrachium rosenbergii ) ● Pólo de produção; ○ Espiríto santo; ● Incubatórios comerciais; ● Preço compra e venda; ○ 1000 PL por 110-165 reais; ○ 20-70g - 33-66 reais; ● Produção; ○ 2-3 t - IFM; ○ 0,8- 1 t - IA; ● Outras espécies nativas; ○ Camarão amazônico ( Macrobrachium amazonicum ); ○ Camarão canela do rio ( Macrobrachium acanthurus ); ○ Camarão-de-rio-pintado ( Macrobrachium carcinus ); Cultura de Rãs ● Restrita ao sudeste; ● Produtividade anual; ○ 80 t; ○ 22 fazendas; ● Rã-Touro Norte-Americana (Lithobates catesbeianus) ● Sistemas; ○ anfigranja; inundados; gaiolas; ● Preços; ○ 66 reais kg; Cultura de peixes marinhos ● Permaneceu como subsistência; ● P&D para as principais espécies; ● Cobia como espécie alvo; ● Sudeste em operação; ○ 100 toneladas em 2019; ○ 3,5-5 kg; ● Piscicultura marinha ornamental; Cobia ( Rachycentron canadum ) Peixe-Palhaço ( Amphiprion ocellaris ) Cultura do Camarão Marinho ● Setor bem organizado; ● Monocultura; ● Camarão de perna branca do pacífico ( Litopenaeus vannamei ); ● RN e Ceará; ● Preços de compra e vendas; ○ 1000 PL 8,25 - 11 reais; ○ 8-10g 16,50 - 22 reais; ● Produção ao ano; ○ 2-6 t; Cultura dos Moluscos ● Caráter familiar e artesanal; ● Estados costeiros; ○ sul; ● Produção anual em 2019; ○ 15.200 t; ● Mexilhão Marrom ( Perna perna ); ○ 13.000 t. ● Ostra do Pacífico ( Crassostrea gigas ) ○ cerca de 2.000 t; Cultura de Algas ● Estudos sobre macroalgas; ● Suprir necessidades internas; ● Minimizar impactos ambientais; ● Principais espécies; Gracilaria Porphyra Hypnea Pesquisa e desenvolvimento ● 100 instituições voltadas para P&D em aqüicultura ● 45 programas de graduação, 30 programas de especialização, 30 programas de mestrado e 13 programas de doutorado ● Boa base científica para apoiar o desenvolvimento da aquicultura. ● As principais linhas de pesquisa: ○ Pesquisa investigativa e aplicada para consolidar tecnologias de melhoramento ○ Nutrição e gestão sanitária para o cultivo de potenciais espécies nativas ○ Sistemas IMTA em águas interiores e costeira ○ Determinação da capacidade de carga dos reservatórios; ○ Cultura de macro e microalgas; ○ Mineração de biomoléculas para agregar valor a produtos e subprodutos; ○ Avaliação dos serviços ecossistêmicos na aquicultura para fornecer aos agricultores créditos ambientais; ○ Maricultura ○ Offshore. Sustentabilidade ● Não é uma atividade sólida e sustentável ● Fragilidades: ○ serviços de extensão, política de crédito, licenciamento ambiental, ○ legislação, processamento, distribuição e comercialização. ○ dependência de sistemas MFI, que são ineficientes no uso de rações erecursos naturais e apresentam maior risco de propagação de doenças ● Aquicultura gera muitas oportunidades de trabalho ● Sub-relatação das condições de trabalho ● Diferença de oportunidades Sustentabilidade ● Prioridade para espécies nativas. ● Preservação de áreas ecologicamente sensíveis ● Conservar a qualidade da água de rios e lagos. ● Uso generalizado de espécies exóticas e híbridos interespecíficos é um problema. Evoluindo para a aquicultura 4.0 ● OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2019) - Quarta revolução industrial ou Revolução 4.0. ● Sistema de controle industrial rígido e centralizado ● Uso de tecnologias modernas ● Tecnologias atualizadas e inovações ○ melhorar a previsibilidade e uniformidade do processo produtivo. Evoluindo para a aquicultura 4.0 Atualmente: ● Observação direta ou monitoramento por meio de sensores manuais ● As decisões são tomadas de acordo com a experiência dos agricultores No entanto: ● Sensores permanentes, dados armazenados em nuvens. ● Processar, interpretar e sugerir soluções através de algoritmos. ● Comandos de ação enviados diretamente para o equipamento Evoluindo para a aquicultura 4.0 Exemplos de novas tecnologias: ● Cepas geneticamente melhoradas, ● Novos ingredientes dietéticos e equipamentos, como sensores em tempo real ● Software para monitorar e controlar remotamente a qualidade da água Tendência geral dos consumidores: ● Produtos alimentícios naturais. Evoluindo para a aquicultura 4.0 Circularidade nas fazendas: ● por meio da reciclagem e reaproveitamento de resíduos, pode reduzir custos, aumentar a lucratividade e ampliar as oportunidades de mercado. ➔ A inclusão de uma ou duas espécies contribui para a reciclagem de resíduos e melhora drasticamente o FCR. ➔ A utilização de dietas fermentadas produzidas com subprodutos de baixo custo e misturas fermentativas ➔ Diferentes cortes de pescado que aumentam a produção de carne e atendem ao mercado Conclusão e perspectivas ● Riqueza em recursos naturais adequados para a produção de organismos aquáticos. ● Grande mercado interno. ● Ineficiência produtiva para atender a demanda nacional ○ Mais de 350 mil toneladas de pescado são importadas todos os anos. ● Políticas públicas e os serviços de extensão devem levar em conta a diversidade de problemas e soluções ● Mudança de mentalidade. Conclusão e perspectivas O maior desafio da aquicultura: ● Desenvolver sistemas de produção verdadeiramente sustentáveis para manter uma indústria perene e lucrativa.