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INFECÇÕES DURANTE A GESTAÇÃO TOXOPLASMOSE Transmissão A taxa de transmissão vertical do toxoplasma é de 14% no primeiro trimestre, 29% no segundo e 59% no terceiro. No momento do parto, essa taxa pode ser de 80%. Porém, a gravidade do acometimento fetal é muito maior nos casos da doença na 1ª metade da gravidez. No terceiro trimestre, a retinocoroidite ocorre, mas as calcificações cerebrais e hidrocefalia não são mais observadas. Sorologia e conduta IgM(+) E IgG(-) Infecção aguda Iniciar espiramicina + repetir sorologia em 14-21d → se IgG permanecer negativa = IgM é falso positivo → suspende espiramicina e conduz como susceptível Se IgG positivar = infecção aguda → encaminha PNAR para amniocentese e USG + TTO • > 16s = suspende espiramicina e inicia tto tríplice • < 16s = mantem espiramicina até 16s e depois de 16 inicia tto tríplice. IgG e IgM (-) SUSCEPTÍVEL IgG(+) e IgM (-) IMUNE IgM e IgG (+) Iniciar imediatamente espiramicina 3g/dia até descartar infecção aguda ou até o final da gravidez. Se ≤ 16s pede o teste de avidez • > 60% (alta) = mais de 4s de infecção, não precisa tto • < 30% (baixa) = < 4s de infecção = tto Espiramicina só trata a mãe. SPAF trata o feto também. Se diagnosticar no 3º trimestre, usar o esquema tríplice. Amniocentese No líquido amniótico, a pesquisa do parasita é realizada pela técnica do PCR e/ou cultura e isolamento. A coleta do líquido amniótico deve ser realizada, preferencialmente, após quatro semanas do início da infecção, e também a sensibilidade do PCR é maior quando o procedimento é realizado após a 21ª semana de gravidez. • PCR de líquido amniótico positivo e/ou USG obstétrico anormal = TTO P+S+AF até o parto. • PCR de LA negativo e USG obstétrico normal = suspende S+P+AF e mantém espiramicina até o parto. Avaliação fetal – achados típicos ao USG • Microcefalia • Hidrocefalia • Calcificações cerebrais • Catarata (opacificação do cristalino no USG) • Hepatomegalia Recomendações pata gestantes susceptíveis 1. Não ingerir carnes cruas ou malcozidas. 2. Toda carne deve ser cozida até atingir temperatura superior a 670°C. 3. A água deve ser tratada ou fervida. 4. Lavar frutas e verduras adequadamente. 5. Usar luvas para manipular carnes cruas. 6. Não utilizar a mesma faca para cortar carnes e outros vegetais ou frutas. 7. Evitar contato com qualquer material que possa estar contaminado com fezesnde gatos, como solo, gramados e caixas de areia. Tratamento da infecção fetal • Sulfadiazina 3,0 g/dia (2 comprimidos de 500 mg de 8/8 horas); • Pirimetamina 50 mg/dia (1 comprimido de 25 mg de 12/12 horas); • Ácido folínico 15 mg/dia (1 comprimido de 15 mg ao dia) A pirimetamina e a sulfadiazina são antagonistas do ácido fólico, atuam sinergicamente no ataque aos taquizoítas e podem causar supressão da medula óssea. Entre os efeitos adversos estão anemia, leucopenia, plaquetopenia e insuficiência renal reversível → adm ácido folínico. O tratamento é contraindicado durante o primeiro trimestre da gestação, devendo ser iniciado a partir da 16a semana. No primeiro trimestre utiliza-se a espiramicina na dose de três gramas ao dia e, nos casos com o resultado da pesquisa do toxoplasma no líquido amniótico negativo, mantém-se a espiramicina até o final da gestação Complicações no RN A maioria dos recém-nascidos é assintomática ao nascimento, sendo que a tríade clássica de retinocoroidite, hidrocefalia e calcificações intracranianas está presente em apenas 10% dos casos. Na maioria das crianças afetadas, as sequelas são tardias e a manifestação mais comum é a retinocoroidite, que pode acometer até 70% dos infectados. SÍFILIS GESTACIONAL Risco de transmissão vertical é maior a 1ª e 2ª. Testes Não treponêmico VDRL RPR TRUST Quantificáveis, servem para acompanhamento Treponêmico Teste rápido FTA-abs ELISA/EQL TPHA/TPPA 1º a positivar = diagnóstico Permanecem reagentes mesmo após o tto. Diagnóstico = teste treponêmico + não-treponêmico, MAS na gestação inicia pelo teste treponêmico, principalmente teste rápido, pois a gestante já sai da consulta diagnosticada e tratada. Quando testar? • 1ª consulta de pré-natal. Ideal 1º trimestre • Início do 3º trimestre (a partir de 28ªs) • Parto (ou aborto, exposição de risco e VS) Tratamento Iniciar com apenas um teste reagente, treponêmico ou não treponêmico. Estadiamento Esquema Alternativa (EXCETO GESTANTE) Recente: primária, secundária e latente recente (até 1 ano) Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI IM, dose única (1,2 em cada glúteo) Doxiciclina 100mg 12/12h VO por 15 dias Tardia: latente tardia (> 1 ano), latente de duração ignorada ou terciária Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI IM, 1x por semana por 3 semanas (total de 7,2 milhoes) Doxiciclina 100mg 12/12h VO por 30 dias Neurosífilis Penicilina potássica/cristalina 18- 24 milhões UI, 1x/dia, EV, adm em doses de 3- 4milhões UI, a cada 4h ou por infusão contínua por 14 dias Ceftriaxona 2g IV 1x/dia por 10 a 14 dias. Se gestante alérgica a penicilina = CTI para dessensibilização. Tratamento parceiro • Tratar independente da sorologia. • Não reagente = 2,4 milhões • Reagente = tratar conforme estadiamento Acompanhamento • VDRL mensal = cair duas titulações em o 6 meses na sífilis recente o 12 meses na sífilis tardia • Retratamento o Ausência de resposta esperada com tto adequado o Aumento em duas titulações ou mais o Persistência ou recorrência de sinais e sintomas HIV NA GESTAÇÃO Testes • 1ª consulta de pré-natal • 3º trimestre de gestação • Na admissão para o parto Exames de rotina • CD4, carga viral e genotipagem (escolha do esquema) • Função hepática a cada 3 meses • Função renal, especialmente pela toxicidade do tenofovir – a cada 3 meses • Hemograma a cada 3 meses (toxicidade medular) Rastreio de infecções concomitantes • Sífilis • Toxoplasmose • Hepatites A, B e C • CMV • Tuberculose com prova tuberculínica • Doença de chagas • HTLV • HPV • Clamídia e gonococo • Vaginose bacteriana • Candidíase • Blastomicose Transmissão vertical Determinado por: • Carga viral materna • Uso de terapia antirretroviral (TARV) na gestação • Relação entre tempo de uso de TARV efetiva e parto TARV 2 inibidores da transcriptase reversa + 3º ARV • Preferência: tenofovir + lamivudina (TDF 300mg + 3TC 300mg) + dolutegravir (DTG 50mg) • Zidovudina + lamivudina (AZT/3TC) Se CV < 50 cópias/Ml = manter mesmo esquema Uso de ácido fólico reduz a ocorrência de defeitos no tubo neural e pode ter efeito protetor na exposição ao DTG Vacinação • Vacinas do pré-natal habitual • Meningococo • Pneumococo Via de parto A definição da via de parto deverá ser baseada no resultado da carga viral materna, realizada a partir da 34ª semana, em associação com a avaliação obstétrica • Se CV indetectável – indicação obstétrica e cesariana eletiva • Se CV detectável > 35s, principalmente > 1.000 cópias/Ml → cesariana eletiva (ideal 39s) precedida de 3h de AZT venoso + profilaxia estendida na criança • Para as gestantes que chegam à maternidade em trabalho de parto e que não fizeram profilaxia antirretroviral durante a gestação, a indicação da via de parto deve levar em consideração a fase do trabalho de parto em que se encontra a parturiente e o prognóstico do tempo de evolução para parto • TP em franca evolução com prognóstico de nascimento rápido → parto vaginal • TP em fase inicial com 3-4cm de dilatação e BI ou bolsa rota <2h → cesariana imediata Cuidados no TP • Administrar AZT endovenoso desde o início do trabalhode parto até o nascimento e clampeamento do cordão umbilical. o Dose: 300mg VO no começo do trabalho de parto ou na admissão, seguida de 300mg a cada três horas, até o clampeamento do cordão umbilical. • Clampear o cordão umbilical imediatamente após o nascimento, sem realizar ordenha • Evitar procedimentos invasivos • No parto vaginal, evitar a episiotomia sempre que possível • Evitar toques repetidos • Se ruptura precoce de membranas → ocitocina SN Conduta no puerpério • Inibição da lactação com cabergolina (1mg em dose única – pode repetir SN); • Manter binômio em alojamento conjunto; • Fornecimento de fórmula láctea ao bebê; • Orientações sobre contracepção; • Retorno agendado para recém-nascido e para a puérpera na Atenção Primária e no Serviço Especializado; • Reforço da adesão à Terapia Antirretroviral ( TARV). RUBÉOLA Geralmente, apresenta-se como uma infecção leve ou assintomática em adultos ou crianças. Raramente, resulta em complicações clínicas mais graves como encefalite, artrite e trombocitopenia. Quanto mais próximo da concepção, maior é o dano produzido. Sintomas • Febre baixa • Linfadenopatia retrauricular, occipital e cervical • Exantema máculo-papular que se inicia pela face e estende-se pelo tronco e extremidades Diagnóstico: sorologia Complicações • Abortamento • Óbito fetal • Síndrome da Rubéola congênita Síndrome da rubéola congênita • Surdez grave • Catarata congênita • Microcefalia • Retinopatia • Anormalidades cardíacas ((ducto arterioso persistente, defeitos do septo interatrial ou interventricular, estenose da artéria pulmonar) • CIUR • Atraso mental Tratamento O tratamento fetal durante a gestação não existe no presente. A gestante, mediante o diagnóstico de comprometimento fetal pelo vírus, deve ser acompanhada em serviço especializado de Medicina Fetal. Prevenção Vacinação. • A vacinação é contraindicada durante a gestação devido a um risco teórico de infecção fetal e deve- se evitar a gestação, por pelo menos 30 dias, após a vacinação contra esse agente. • A sorologia para rubéola deve ser inclusa nos exames de rotina pré-natal. Puérperas suscetíveis devem receber a vacinação durante o puerpério. CMV Citomegalovírus (CMV) são vírus DNA de cadeia dupla, da família Herpesviridae. Embora a maioria das infecções seja oligo ou assintomática, o CMV pode ser eliminado em diversas secreções biológicas e sua transmissão pode ocorrer por contato sexual (esperma e/ou muco cervical), com sangue infectado, urina, saliva, secreções respiratórias e leite materno. Sintomas • Geralmente assintomáticas • Síndrome mononucleose-like = febre, calafrios, mialgia, mal-estar, leucocitose/linfocitose, função hepática alterada e linfadenopatia Após a infecção primária, o CMV, a exemplo de outros herpesvírus, pode permanecer latente em células hospedeiras e recorrer, desencadeando nova infecção → infecção secundária. Transmissão vertical • Transplacentária • Canal do parto • Amamentação Rastreio No Brasil, o rastreamento da CMV durante o pré-natal não é recomendada, pois não há imunidade permanente contra essa infecção nem terapia que possa ser utilizada durante a gestação. Marcadores ao USG • Calcificações periventriculares; • Ventriculomegalia cerebral; • Microcefalia; • Intestino fetal hiperecogênico; • Restrição do crescimento fetal; • Hepatoesplenomegalia; • Calcificações hepáticas; • Hipoplasia cerebelar; • Pseudocistos periventriculares; • Grande cisterna magna; • Anormalidades do LA: polidrâmnio; • Ascite e/ou derrame pleural; • Hidropsia fetal; • Espessamento placentário. Repercussões no RN • Assintomáticos no momento do nascimento • Icterícia • Petéquias, trombocitopenia • Miocardite • Hidropsia fetal • Hepatoesplenomegalia • Hepatite • Coriorretinite • Perda auditiva neurossensorial • Retardo mental HEPATITE B Transmissão: Parenteral, sexual e vertical (pp perinatal – 70 A 100% dos casos se gestante com HBeAg positivo) Diagnóstico • Triagem com HBsAg na 1ª consulta de pré-natal • Marcadores o Anti-HBaAg (+) = vacinação prévia ou cura o HBsAg = infecção aguda. Se > 24s presente = doença crônica o HBeAg (+) = replicação viral. Prevenção Vacinação 0-30d-180d se sem histórico de vacinação ou esquema incompleto Conduta • Se exposição durante a gravidez por relação sexual ou acidente com material biológico = Imunoglobulina anti-HBV + vacina • Gestantes portadoras de hepatite B podem fazer uso de tenofovir 300mg VO MID para reduzir transmissão vertical • Gestantes que já faziam tto previamente a gravidez com TDF e/ou lamivudina deverão continuar com as medicações. Se usar entecavir ou interferon, trocar por tenofovir. • Via de parto = indicação obstétrica • Não contraindica amamentação, apenas se houver fissuras no mamilo e em mulheres que recebem antivirais porque análogos nucleos(t)ídeos podem estar presentes no leite materno. O tenofovir, no entanto, pode ser utilizado durante a amamentação Conduta no RN • Imunoglobulina e vacina, simultaneamente, em agrupamento muscular diferentes e preferencialmente na sala de parto ou até as primeiras 24h pós-parto. INFECÇÃO POR GBS O estreptococo do grupo B ou Streptococcus agalactiae é um coco gram-positivo, beta-hemolítico. Está presente na flora gastrointestinal de 1,6% a 36% das gestantes, de forma transitória ou crônica. Estima-se que nas pacientes colonizadas, a transmissão vertical ocorra em até 50% dos casos, e a infecção fetal em 1% a 2%. Complicações Principal complicação: sepse neonatal precoce Complicações maternas: bacteriúria assintomática, ITU e pielonefrite Principais fatores de risco • Prematuridade (<37s) • RPMO > 18h • Febre durante trabalho de parto • Filho anterior infectado por essa bactéria Profilaxia • Rastreio universal por meio de swab vaginal e retal entre 35-37s o (+) = profilaxia o (-) = não faz profilaxia • Na impossibilidade do rastreio = profilaxia conforme presença de fatores de risco • Bacteriúria assintomática • ITU por estrepto B na gestação atual Caso a paciente apresente trabalho de parto prematuro ou amniorrexe prematura e cultura com resultado negativo para estreptococo do grupo B, e sua gestação avance por período superior a 5 semanas, a cultura deverá ser repetida É importante lembrar que mesmo as pacientes com programação para cesariana eletiva deverão realizar o rastreamento entre 35 e 37 semanas. ATB • 1ª linha = penicilina cristalina com dose inicial de 5 milhões UI IV, seguida de dose de manutenção de 2,5 milhões UI a cada 4 horas até o parto • 2ª linha o cefazolina na dose inicial de 2 g IV, seguida de 1 g IV a cada 8 horas até o parto ou o clindamicina 900 mg IV a cada oito horas até o parto ou a vancomicina, 1 g IV a cada 12 horas até o parto ou o ampicilina na dose inicial de 2 g IV seguida de 1 g IV a cada 4 horas até o parto A antibioticoprofilaxia não está recomendada quando a cultura de estreptococo foi realizada em intervalo menor que 5 semanas e é negativa, na cesariana eletiva (sem trabalho de parto ou amniorrexe prematura) independentemente do resultado da cultura para estreptococo do grupo B, quando na gravidez anterior a cultura foi positiva para estreptococo do grupo B, mas na gestação atual é negativa PARVOVÍRUS Lembrar de: • Padrão sinusoidal na CTG = anemia • Hidropsia fetal não imune
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